quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Prioridades nacionais e as Forças Armadas

Prioridades nacionais e as Forças Armadas

O Brasil precisou engolir sapos de todo tipo após a ascensão do gauleiter (Chefe de distrito na Alemanha hitlerista; na Segunda Guerra Mundial, administrador de um território ocupado pelo exército alemão... pessoa de conduta arrogante e tirânica (Houaiss)) Hugo Chavez, do presidente boliviano Evo Morales e outros com vocação totalitária (Origens do Totalitarismo, 2007) na América Latina. Felizmente o Presidente Lula manteve a serenidade, evitando aventuras que poderiam ter mergulhado a América do Sul num conflito extremamente inoportuno e conveniente às potências estrangeiras.
De qualquer forma, se a ordem fosse reagir quando Evo Morales desapropriou instalações da Petrobras, estávamos despreparados para a armadilha que a Bolívia e seus parceiros haviam montado.
Um país com as dimensões do Brasil não pode se dar ao luxo de ser fraco, viver desarmado. Nossa história tem exemplos disso, onde a Guerra do Paraguai é emblemática (Narloch, 2009) e a atuação dos países mais fortes, impondo seus interesses, é fato inquestionável. Em crise, na América Latina, governos com líderes de perfil caudilhesco (Caudilhismo) procuram conflitos regionais para durarem um pouco mais nos seus palácios. O brasil sempre foi alternativa de estrelismo dos nossos vizinhos.
Vivemos sob democracia com liberdade de imprensa e de comunicação sob todos os aspectos. Ótimo, sem censura pode-se analisar decisões e projetos, por melhores que sejam as suas intenções. O Poder Judiciário é a melhor forma de questionamento da honestidade; infelizmente no Congresso Nacional as dúvidas são tão grandes quanto o Brasil, com algumas certezas degradantes e exemplos belíssimos. Isso exige de todos nós atenção maior ao que se decide em Brasília (e aqui na província também).
As décadas perdidas a partir das crises do petróleo e erros grosseiros de planejamento com avaliações equivocadas do cenário internacional demoliram o Brasil sob muitos aspectos. Graças a isso somos especialistas em planilhas de custos, tarifas, cálculo de inflação, juros, agiotagem, Bolsa de Valores, mas perdemos o resto.
A situação da nossa infraestrutura de transportes, saúde, segurança e até na área energética não é a ideal, nem poderia ser. “Sem dinheiro, sem documento” (Simoninha) foi feito o que era possível, foi necessário “andar a pé... seminu, a favor do vento” até podermos voltar a acreditar na possibilidade de um Brasil grande, brioso, forte, sonhando até com Trem de Alta Velocidade (Ministério dos Transportes e ANTT).
Chegou a hora de investir no Brasil, onde?
Alguns projetos em andamento com certeza mudarão o perfil de regiões cronicamente abandonadas. A Amazônia, por exemplo, é alvo de interesses mal camuflados de grupos estrangeiros. Já mandaram até cantor para convencer multidões de que devemos continuar na era paleolítica, vendendo papagaio e deixando o pessoal contrabandear diamantes, ouro, minérios estratégicos etc.
Na plataforma continental descobriram petróleo. Possivelmente muito mais poderá ser extraído do fundo do mar, isso a revista Seleções (Um Navio Reescreve A História da Terra, 1973) já dizia há muito tempo.
Felizmente temos agora um Ministro da Defesa (Nelson Jobim) consciente das suas responsabilidades e em condições de enfrentar debates difíceis (Federal) e até justificar contratos polêmicos e projetos audaciosos, ótimo!
Nossas Forças Armadas precisam de tudo, ou seja, estamos com uma excelente oportunidade de estabelecer acordos de extremo interesse ao Brasil, entre eles a transferência ou parceria tecnológica, fonte de inúmeros produtos que usamos e consumimos sem saber que nasceram em laboratórios militares.
Na mídia aparecem, em torno da nossa estratégia de reconstrução das Forças Armadas, os preços de contratos em valores absolutos (quais seriam os prazos?) e artigos ingênuos ou bem pagos para atrair clientes, no caso o Ministério da Defesa do Brasil, simplesmente deixando-nos confusos em relação ao mérito de cada alternativa. Assim nossa esperança recai sobre o sentimento de patriotismo e capacidade de raciocínio daqueles que decidem.
Acreditamos termos um comando federal com esses predicados. Só o tempo demonstrará a real qualidade de nossos atuais governantes, sempre pressionados por alguns grupos alheios às prioridades nacionais.
Vimos, por exemplo, nesse início de 2011 as nossas fragilidades contra fenômenos naturais, que deveriam ter causado muito menos vítimas e prejuízos. Esse é um exemplo perfeito do cenário nacional. Afinal atingiu a região mais desenvolvida do país.
A capacidade administrativa de Sua Excia. Dilma Roussef é inquestionável, vamos agora observá-la enfrentando na arena política o jogo dos lobistas e poderosos da nação brasileira.
A realidade é que regredimos em termos de Engenharia, Arquitetura, Urbanismo, competência administrativa etc. Precisamos refazer o Brasil e seus profissionais, principalmente cobrando de quem entende posicionamentos e orientações adequadas com algo muito raro: honestidade intelectual.
Aproveitar bem as necessidades das Forças Armadas é uma atitude de extrema prudência diante de nossas dificuldades e necessidades em geral.
O preço e detalhes técnicos dos equipamentos militares é infinitamente menos importante do que quanto pudermos ganhar criando no Brasil oportunidades de desenvolvimento tecnológico, industrial e de garantia da soberania, perdida quando fomos obrigados a agradar irrestritamente os irmãos da América do Norte.

Cascaes
23.1.2011

Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
colaboradores. (s.d.). Nelson Jobim. Acesso em 23 de 1 de 2011, disponível em Wikipédia, a enciclopedia livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Jobim
Federal, S. (s.d.). 31a Reunião Extraordinária da CRE e da 30a RE da CCT. Acesso em 23 de 1 de 2011, disponível em Documents for Small Business & Professionals: http://www.docstoc.com/docs/56830277/SENADO-FEDERAL-COMISS-DE-RELAE
Houaiss, A. (s.d.). Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
Iglesias, F. (s.d.). Caudilhismo. Acesso em 23 de 1 de 2011, disponível em Histórianet - a nossa história: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=40
Ministério dos Transportes e ANTT. (s.d.). Estudos de Viabilidade - TAV. Acesso em 23 de 1 de 2011, disponível em TAV Brasil - trem de alta velocidade: http://www.tavbrasil.gov.br/
Narloch, L. (2009). Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. São Paulo: Textos Editores Ltda.
Schiller, R. (1973). Um Navio Reescreve A História da Terra. Seleções do Reader's Digest, 27 a 33.
Simoninha, W. (s.d.). É Bom Andar a Pé. Acesso em 23 de 1 de 2011, disponível em letras.terra.br: http://letras.terra.com.br/wilson-simoninha/1266297/

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