domingo, 20 de fevereiro de 2011

Deixa que eu pago

Teremos mais um Carnaval e somos um povo pacífico, pelo menos por enquanto, isso se desprezarmos a necessidade de se usar as Forças Armadas para recuperar a soberania sobre e República dos Traficantes.
O jeito brasileiro de ser é famoso, mais ainda quando lúdico, sensual e gozador.
Estamos observando as dificuldades do Governo Federal de retomar o controle monetário, a inflação causada, entre outras coisas, pela péssima administração técnica do país, deixando-o, assim, à mercê de qualquer aguaceiro, isso sem falar no custo incrível do Poder Legislativo e outros.
Nosso grande defeito é desprezarmos os cuidados da administração do dinheiro arrecadado (Estudos do IBPT) com tarifas, taxas, encargos, carimbos, selos holográficos, registros e impostos. Na cabeça do brasileiro “o governo paga” quando deveria ser “o contribuinte paga”, ou seja, ele. Essa falta de sensibilidade leva-nos a pedir benefícios impossíveis e perder aqueles realmente importantes, pois desperdiçamos o que o Governo arrecada em todos os níveis.
Pior ainda, nossa displicência é tão grande, que em processos extremamente importantes deixamo-nos ficar longe, talvez para assistir novela ou jogo de futebol ou, prosaicamente, estarmos em férias.
Vivemos uma fase em que a sustentabilidade ganha espaço e a miséria de parte significativa do povo é tão grande que qualquer benefício a favor dele leva-o a ser considerado em alguma classe superior. 100% de zero mais um pouquinho continua baixo, mas, para efeito de gráficos e de estatísticas, representam muito, mais do que nada em valores absolutos, mas significativos na Mídia política.
Habitamos um país com diferenças brutais de padrão de vida e nossas cidades e processos dão a impressão de existirem e serem feitos para os mais ricos. Sobrevoar a cidade de São Paulo de helicóptero é justo assim como deixar seu povo dentro d’água por circunstâncias da Natureza e do comportamento errado do próprio povo, que deixa o lixo onde não deve (grande explicação...).
Acompanhando as atividades do MPL (Transpoorte em Curitiba) na (Rede Ampla Contra o Tarifaço) e sabendo como tudo aconteceu em Curitiba não resistimos a pensar, e os outros? Será que não sabem que vão pagar as contas mal feitas, pessimamente distribuídas?
Precisamos ensinar nosso povo brasileiro a pensar e cobrar resultados. Devemos deixar de, sadomasoquistamente, aplaudir o Governo quando trava projetos e empregos porque gastou mal ou não teve o retorno esperado de obras sem prioridade.
Iniciamos o Governo Dilma com o anúncio de cortes inéditos. Paradoxalmente essa poderá ser a atitude que realmente produzirá efeito se conseguir reduzir os juros e forçar as fundações de previdência nacionais e estrangeiras a aplicarem seus recursos em obras de interesse nacional, terminando 2011 com bons resultados e melhorando a situação de nossa gente, que depende demais da caridade oficial e privada. De qualquer jeito, em princípio a perspectiva é ruim.
O MPL está vivenciando o drama das tarifas do transporte coletivo urbano. Poderia ver outras questões e discutir, em meio a seu público jovem, a política fiscal brasileira, tarifas de água e esgoto, pedágios etc..
O desafio do ordenamento técnico e ético é colossal, pois perdemo-nos em meio a jogos de poder e políticas de interesse pessoal de alguns. As frustrações não param de crescer, talvez comecem a refluir se gente nova se dispuser a fazer o que os mais velhos ignoram. A agenda de discussões é enorme e acima de tudo existe a necessidade de conscientização da necessidade de novos valores e paradigmas. Conceitos antigos de urbanismo, por exemplo, estão sendo desmontados por elites preocupadas com o fim do mundo, ótimo! A água está chegando ao nariz delas.
Agora, voltemos ao Carnaval. Que tal fazermos marchinhas, sambas, escolas e cordões carnavalescos satirizando e provocando nosso povo em relação ao que paga e recebe de serviços essenciais? Provocando curiosidade em relação a editais e contratos de concessão? Mostrando o valor e qualidade das obras e serviços?
Poderemos enriquecer a galeria de artistas e compositores e trazer mais gente para a luta por relações melhores entre o governo e as concessionárias a favor do povo brasileiro, com humor e eficácia.
Em última instância quem paga tudo é o trabalhador mais humilde, aquele sem poder para negociar, a quem impõem comportamentos dos tempos da escravatura.
Lutando contra tarifaços devemos conhecer a história dessas contas, elas dizem muito.

Cascaes
10.2.2011
(s.d.). Acesso em 10 de 2 de 2011, disponível em Rede Ampla Contra o Tarifaço: http://www.contraotarifaco.libertar.org/
Estudos do IBPT. (s.d.). Acesso em 10 de 2 de 2011, disponível em Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT: http://www.ibpt.com.br/home/publicacao.list.php?publicacaotipo_id=2&PHPSESSID=25655c1d52e89f67de899eb055f15622
Transpoorte em Curitiba. (s.d.). Acesso em 10 de 2 de 2011, disponível em MPL Curitiba: http://www.fureotubo.blogspot.com/

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