quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A degradação do exercício da Engenharia

A degradação do exercício da Engenharia
Engenharia e Arquitetura, ciências mais do que irmãs, tiverem seu período áureo no Brasil. Um diploma nessas áreas significava muito e exigia sacrifícios enormes de quem pretendia conquistar o direito do exercício dessas profissões, sem falar nas economias e angústias da própria família, sonhando ver os filhos formados em lugares distantes, mas honrosos. Em 1963, por exemplo, saímos de Santa Catarina para fazer cursinho em São Paulo e, em 1964, o vestibular e ingresso no Instituto de Eletrotécnico de Itajubá, IEI. Isso foi motivo de festa em nossa casa, em Blumenau.
Essa geração de profissionais, precedida por alguns expoentes, viabilizou a organização e construção da primeira etapa do Brasil moderno, interrompida abruptamente pela crise econômica, que se desenhou ao final da década de setenta e explodiu nos anos oitenta.
Minha esposa, Tânia Rosa, sua dissertação de mestrado (O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC - na Gênese do Processo Tecnológico Paranaense: Uma Contribuição ao Estudo da Técnica e da Tecnologia) apresenta na página 66 do seu trabalho um gráfico (ano a ano) do número registros de diplomas (creio que de ARTs) no CREA/PR, mostrando de forma eloquente, sem necessidade grandes comentários, a evolução da Engenharia, Arquitetura e Agronomia no Paraná em reflexo de nossa evolução tecnológica a partir da década de trinta até o início do século 21 e os efeitos das crises econômicas. Regredimos a partir de 1986 e só recuperamos vitalidade em torno de 2006. Com outras palavras o ppt do Professor Dr. Dionízio Paschoareli Júnior (Introdução à Engenharia) ilustra esse cenário e o blog (Engenharia Indignada) do eng. Raul Ferreira Bártholo (possui 3 blogs) expressa profeticamente pela última vez em 2008 (terá desistido de insistir no tema?) o que estamos pensando agora, vendo os efeitos das enchentes na Região Sudeste, repetindo tetricamente outras, todas ou evitáveis ou com possibilidades de redução radical do número de vítimas e tanto sofrimento.
Perdemos muito nesses últimos anos. A confusão entre atribuições e os maus exemplos de lideranças que deveriam ser mais coerentes no exercício da profissão viabilizaram uma tremenda anarquia, a ponto de vermos pessoas completamente despreparadas assumindo cargos não pela competência, simplesmente por acordos e compadrios letais ao exercício de cargos estratégicos.
Na disputa corporativa e no abandono da preocupação com a infraestrutura do Brasil (Engenharia - Economia - Educação e Brasil) os profissionais das Ciências Exatas deram lugar a outros e se deixaram dominar por oportunismos ruins, diante da necessidade de sobreviver num país que valoriza demais os discursos e esquece a realização de qualquer cidadão.
Felizmente, em termos de oportunidades, a profissão “Engenheiro” poderá se valorizar se crescermos como promete o Governo. O documento (Quanto Ganha um Engenheiro?) pode ajudar quem pretende seguir a carreira, mas, antes de tudo, é importantíssimo que os eleitores saibam escolher melhor seus candidatos e os empregadores e contratantes privados valorizem a qualidade e segurança de suas atividades.
É terrível ver pela televisão e certamente infinitamente pior ser vítima da incompetência que, somada aos desafios da Natureza, tem provocado acidentes terríveis nesse país sem terremotos, maremotos, vulcões em atividade e furacões, mas dominado pela demagogia irresponsável e a pior política administrativa da sua história, talvez.
Precisamos, entre outras questões, retomar a discussão do ensino da Engenharia (Começando com tragédias e o resultado do desprezo pela Engenharia) e pressionar nossas autoridades para, inclusive, regulamentar com mais cuidado a (Lei 8666/93) evitando-se a exposição precária e discussão “pro forma” dos editais, com destaque para a licitação dos contratos de concessão de serviços essenciais.
A criação de boas oportunidades para os engenheiros e a valorização técnica, política e social dos profissionais e suas carreiras poderão evitar tragédias imensuráveis.
Cascaes
19.1.2011

Bártholo, R. F. (s.d.). Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em Engenharia Indignada: http://raulbartholo.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Começando com tragédias e o resultado do desprezo pela Engenharia. Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em A formação do Engenheiro e ser Engenheiro: http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Lei 8666/93. Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em Com Democracia e Honestidade: http://democraciaehonestidade.blogspot.com/2011/01/lei-855593.html
Cascaes, T. R. (s.d.). O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC - na Gênese do Processo Tecnológico Paranaense: Uma Contribuição ao Estudo da Técnica e da Tecnologia. Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em UTFPR - Universidade Tecnológica do Paraná: http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2005/cascaes.pdf
Nascimento, E. (s.d.). Quanto Ganha um Engenheiro? Acesso em 19 de 1 de 2011, disponível em Salário dos Engenheiros: http://www.univasf.edu.br/~edmar.nascimento/iee/SalarioDosEngenheiros.pdf
Professor Dr. Dionízio Paschoareli Júnior, U. (s.d.). Seminário: Introdução à Engenharia.

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