domingo, 20 de fevereiro de 2011

Os egípcios e sua revolução

É cedo para avaliar com segurança causas e efeitos do levante popular contra Hosni Mubarak e sua família. Com surpresa vemos só agora no noticiário a fortuna que essa tribo possuía em bancos suíços. Algo em torno de 70 bilhões de dólares (Ftelina) depositados só em bancos daquele país, uma terra que enriqueceu usando fortunas de contas secretas além da exportação de algumas megaindústrias.
Fica a pergunta, agora os suíços querem mostrar seriedade?
A miséria no Egito espantou minha cunhada Ida em recente viagem por aquela região. Note-se que ela é brasileira e vive em contato com gente pobre na baixada santista, é dentista em Cubatão. Seus relatos impressionam, foram feitos alguns dias antes do início do processo popular que derrubou os Mubarak.
Na Wikipédia, apesar disso, encontramos elogios ao governo deposto (deve estar sendo corrigida...). De lá extraímos o seguinte: “A economia do Egito baseia-se principalmente na agricultura média, exportações de petróleo e turismo... O governo tem lutado para preparar a economia para o novo milênio, por meio de reformas econômicas e investimentos maciços em comunicações e infra-estrutura física. Desde 1979, o Egito recebe em média 2,2 mil milhões de dólares em ajuda dos Estados Unidos. Sua principal fonte de renda, porém, é o turismo, bem como o tráfego do Canal de Suez. O país dispõe de um mercado de energia desenvolvido e que se baseia no carvão, petróleo, gás natural e hidrelétricas... Após um período de estagnação, a economia começou a melhorar, com a adoção de políticas econômicas mais liberais, que se juntaram ao aumento das receitas turísticas e a um mercado de ações em alta. No seu relatório anual, o FMI avaliou o Egito como um dos principais países do mundo a empreender reformas econômicas, que incluem um corte dramático das tarifas de importação... Um dos principais obstáculos com que se defronta a economia é a distribuição de renda. Muitos egípcios criticam o governo pelos altos preços de produtos básicos, já que seu padrão de vida e poder aquisitivo permanecem relativamente estagnados.”
Ou seja, esqueceram o povo.
Critérios do FMI servem para nações extremamente ricas e fortes, capazes de ignorar suas receitas quando não lhes interessam, como é o caso dos EUA e de muitos outros países desenvolvidos.
A corrupção estratosférica e o nepotismo no Egito (aqui isso não existe), entretanto, dão o sabor do deboche, da indiferença em relação à opinião pública.
Os líderes podres provavelmente cairão nos melhores balneários do mundo, protegidos por leis de defesa a asilados políticos e tratados com o respeito da sociedade das elites empapuçadas pelas riquezas mal explicadas que apreciam tanto (Napoleoni, 2010).
Vimos e ouvimos o discurso de Dilma Rousseff, presidente do Brasil, que colocamos em blog (Engenharia - Economia - Educação e Brasil)para não perder esse momento e lutamos em Curitiba para ajustes em lógicas de governo. Quem não é criança sabe que o Brasil teve momentos semelhantes aos do Egito. Infelizmente as oportunidades foram perdidas, mas a esperança de sermos um país sério e responsável, honesto e atento às necessidades de seu povo persistem.
Felizmente o potencial econômico de nossa terra é imenso e não estamos tão expostos a radicalismos como é o caso do Oriente Médio, onde o petróleo gerou riquezas tremendamente mal distribuídas (inclusive além-fronteiras) e o Canal de Suez, que desde sua abertura é motivo de atenção especial das grandes potências.
Nosso país precisa de lógicas aprimoradas de distribuição de renda e de desenvolvimento. Felizmente o Governo Lula deu atenção especial ao Norte e Nordeste onde hoje temos projetos extremamente importantes, apesar da resistência de conservadores que gostavam do jeito como as coisas eram.
Vamos mudar com a Banda Larga acessível a todos os brasileiros, com o PRONATEC, com atenção focada na Educação e na redução da dívida que justifica juros absurdos, para gáudio dos banqueiros. Mudaremos mais ainda se adotarmos uma estratégia de comércio exterior que priorize o mercado interno.
Não esquecemos quando, em 1970 ou 1971 o eng. Leitão nos disse em Telêmaco Borba que era importante para eles ultrapassarem a barreira de atendimento ao mercado interno (papel de imprensa – Klabin), só aí poderiam exportar.
Nessas décadas em que o Brasil quebrou diversas vezes, o FMI imperou e até adotamos leis como a Kandir (Kuntz), priorizando exportações sem atenção à necessidade de se agregar valor aqui, e não lá fora.
Não podemos pagar mais caro pelo que produzimos estimulando exportações de alimentos, por exemplo, ou importando produtos manufaturados sobre exportações privilegiadas de nosso país.
A questão do nióbio (Silva) aparece com força assim como de muitos outros minerais e utilidades que poderíamos industrializar aqui.
Novo governo, a liberdade de ajustes.
É hora de mudar.

Cascaes
12.2.2011

Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 11 de 2 de 2011, disponível em Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/
Ftelina, M. (s.d.). Savoir-la-verité. Acesso em 12 de 2 de 2011, disponível em Tribune de Genève: http://savoir-la-verite.blog.tdg.ch/archive/2011/02/05/fortune-de-moubarak-70-milliards.html
Kuntz, R. (s.d.). Brasil em mudança, um projeto de poder. Acesso em 12 de 2 de 2011, disponível em Portal SESCSP: http://www.sescsp.net/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=361&breadcrumb=1&Artigo_ID=5558&IDCategoria=6362&reftype=1
Napoleoni, L. (2010). Economia Bandida. (P. J. Junior, Trad.) Rio de Janeiro: Difel.
Silva, E. C. (s.d.). Nióbio, a riqueza que o Brasil despreza. Acesso em 12 de 2 de 12, disponível em Resistência Militar: http://resistenciamilitar.blogspot.com/2011/02/niobio-riqueza-que-o-brasil-despreza.html

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