quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Aprendendo com a idade


É normal participar de palestras e ver reportagens sobre como conviver com uma pessoa com deficiência – PcD. Existem orientações para todas as espécies de limitações e as ouvimos, normalmente, sem muita atenção. Mais curiosidade e menos preocupação dominam as pessoas enquanto não sentem na própria família o significado dessas lições. Se, contudo, alguém mais próximo nasce ou torna-se PcD, aos poucos vamos compreendendo a dimensão do desafio e a importância para a pessoa amada de que sejamos acessíveis e capazes de interagir com elas.
Todos nós queremos viver muito. O que muitos esquecem é que a vida nos prepara para a morte, retirando gradativamente as facilidades da juventude (Os idosos no Brasil). Assim vamos perdendo, gradativamente, todas as facilidades que exercitávamos com orgulho e mesmo sem perceber, ignorando a importância da boa visão, o olfato apurado, a audição completa, o paladar sofisticado, o tato, a mobilidade atlética, a capacidade de raciocinar com rapidez, a tranquilidade de cair e só ter escoriações, a dentição completa, a beleza e atratividade sexual, sem falar de atributos que para os homens recomendam o Viagra...
Nessa “bela idade” temos vantagens. Podemos andar de ônibus de graça se conseguirmos entrar e sair deles (O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia), viajar e usar (temos tempo) aviões e aeroportos cada vez piores, subir escadas em caracol de ônibus interurbanos (que até trazem adesivos de acessibilidade), isso se conseguirmos caminhar pelas calçadas (Cidade do Pedestre), atravessar ruas, usar escadas comuns etc. sem sermos atropelados, assaltados, acidentados de uma ou outra forma. Dentro das rodoviárias e aeroportos, por exemplo, o desafio é pegar e carregar malas, entender avisos, sair correndo com tudo para não perder a viagem. E como é bom conhecer cidades diferentes quando têm banheiros públicos a distâncias bem calculadas, bancos onde possamos descansar, saber onde fica o pronto-socorro mais próximo e entender o que contêm os alimentos oferecidos, afinal alguns poderão ser autênticos venenos para cardíacos, diabéticos, obesos etc.
Nisso tudo o pior é ser pessoa com deficiência - PcD, caso extremo. O cadeirante pode estar com o pescoço fragilizado, impossibilitado de resistir às batidas das rodas nas pedras irregulares (belas e hostis ao extremo). O deficiente visual precisa entender o caos urbano e poder usar o que aprendemos no Instituto dos Cegos do Paraná (O Deficiente Visual e o IPC) e com nossos amigos Cayo Martin (Conversando com o Cayo Angel Martin) e a Lilian (Conversando com a Lilian e seus alunos).
Sabemos melhor o que é a surdez (O deficiente auditivo). A rotina é quem está conosco exigir que usemos o aparelho de surdez, sem saber que o aparelhinho, um amplificador de sons, aumenta todos sem as maravilhas do sistema auricular. Ou seja, ouvimos muito bem o aparelho de ar condicionado, o som ligado, os ruídos da rua e, somando tudo isso, o que todos falam, o desafio é entender. Pior ainda, para quem está perdendo a audição, essa redução não é linear, assim não existe prótese 100% eficaz, pois não ouvimos certas frequências. Deixamos de compreender algumas pessoas que, para nosso azar, têm uma composição sonora não reproduzida fielmente pelo nosso aparelhinho de surdez, isso sem falar no preço absurdo das melhores próteses. E teríamos tanto a contribuir se pudéssemos participar pró-ativamente das conversas...
Quando sabemos que fortunas trilionárias são gastas em armamentos e guerras e falta dinheiro para que as cidades sejam acessíveis e a pesquisa e desenvolvimento de soluções para a PcD é quase inexistente, compreendemos a frieza de nossos políticos e executivos.
Os prefeitos adoram enfeitar cidades para turistas. O povo vive em shoppings e parques, quando não está no trabalho ou nas igrejas ou templos ou ainda torcendo desvairadamente por um time de futebol. Ficamos pensando em quanto poderíamos ganhar se nossos administradores públicos e legisladores realmente se preocupassem com os idosos ou as Pcd, em vez de explorá-las politicamente, distribuindo favores a conta gotas para garantir votos. Afinal não é segredo para ninguém o que é necessário para a inclusão social de todos com segurança, por quê fazem tão pouco? Ou a FIFA deverá dizer para nossos governantes que só aceita realizar a Copa do Mundo em cidades que respeitem os idosos, as Pcd, as pessoas com doenças debilitantes e até as crianças?
Existem soluções (Acessibilidade e o Arq Ricardo Mesquita), uma visita à Reatech em 2007 é inesquecível (Inspirado na Reatech 2007) e a Tecnologia avança exponencialmente, precisamos apenas de determinação e polos de pesquisa e desenvolvimento além de irradiação de cultura a favor da PcD [exemplo (Universidade para os Surdos do Brasil)].
Temos Leis, Decretos, Normas, Estatutos etc., só falta respeitá-los (direitos das pessoas com deficiência).

Cascaes
28.12.2010

(2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Acessibilidade e o Arq Ricardo Mesquita: http://acessibilidade-e-o-arq-ricardo-mesqui.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O deficiente auditivo: http://surdosegentequeluta.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Os idosos no Brasil: http://idososbrasileiros.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em direitos das pessoas com deficiência: http://direitodaspessoasdeficientes.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Universidade para os Surdos do Brasil: http://universidadeparaossurdos.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2007). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Inspirado na Reatech 2007: http://inspiradonareatech2007.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Conversando com o Cayo Angel Martin: http://conversando-com-cayo-angel-martin.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Conversando com a Lilian e seus alunos: http://conversando-com-a-lilian.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O Deficiente Visual e o IPC: http://o-deficiente-visual-e-o-ipc.blogspot.com/

domingo, 26 de dezembro de 2010

A liberdade e seu preço


A liberdade e seu preço
Quem escreve precisa ler, ler muito, mesmo sem as facilidades dos jovens, visão perfeita, cabeça boa. Com a idade, enfrentando-a, não aceitando aposentadorias medíocres, tornamo-nos seletivos, talvez aí o grande perigo, podemos simplesmente procurar leituras que reforcem radicalismos pueris. Por outro lado, se aposentados, temos tempo para uma boa leitura, filmes especiais etc.
Com imenso prazer deleitei-me hoje com a leitura do artigo “A liberdade enriquece” (Magnoli, 2010). Diante das muitas formas de tentativa de reimplantação da censura no Brasil, o artigo em questão é perfeito e com citações importantíssimas. Já havia lido o livro “Uma gota de sangue” (Magnoli, 2009), simplesmente genial, agora vi referências a Rosa de Luxemburgo, de quem conheci mais detalhes lendo “Homens em tempos sombrios” (Arendt, 1991), uma mulher extraordinária que ousou contrariar os donos da verdade no início do século passado. Ainda neste livro merece destaque a biografia de Walter Benjamin, onde Hannah Arendt colocou as frases “...a habitual suspeição acadêmica em relação a tudo quanto não seja garantidamente medíocre” e na página seguinte (187) “...a única coisa que contava era a fidelidade ideológica, pois só a ideologia, e não o nível ou a qualidade, pode garantir a coesão do grupo.” Falar da Academia faz sentido diante da reverência brasileira diante de tudo que é adjetivado como tal.
A intolerância é uma tremenda doença comportamental.
Felizmente os ensinamentos de Sócrates (Rossellini, 1971) encontraram discípulos e para não repetir sua frase famosa prefiro lembrar o que disse Bertrand Russel “a certeza absoluta é, por si só, suficiente para impedir qualquer progresso mental naqueles que a possuem” (Russell, Princípios de Reconstrução Social, 1958).
Voltando ao Dr. Demétrio Magnoli seu artigo é extremamente importante em sua referência ao livro Areopagitica (Areopagitica) e à vida e obra política do seu autor John Milton (Barros, 2007), pois estamos num país onde a liberdade de expressão encontra-se em perigo. Notamos que a censura aumenta atingindo poderes que deveriam sustentá-la.  É a praga da desonestidade, intolerância, do caudilhismo, fascismo e fundamentalismo que crescem no Mundo, num prólogo da Terceira Guerra Mundial.
Infelizmente todos chegam a momentos de desespero diante da morte e de suas fragilidades. Quando poderosos podem querer eternizar suas forças enfraquecendo os mais jovens, sentimos situações que um livro (Ferrero, 1945) publicado em 1940 no Brasil mostra de forma detalhada, falando da história europeia e com um título neutro, talvez para enganar os censores de Getúlio Vargas. Freud e Maquiavel explicam.
O que é trágico diante de tudo é passividade dos rebanhos, que se satisfazem tendo um bom pasto e pastores que as protejam...
É uma ilusão acreditar na inteligência humana, o mais razoável é a insistência em valores éticos que, mesmo sem compreender totalmente, aceitem por intuição ou, admitindo algo melhor, lembrando Bertrand Russell (otimistamente) que disse:
 “O homem necessita, para a sua felicidade, não apenas de gozar disto ou daquilo, mas de ter esperança, realizar e mudar. Como Hobbes bem o diz, “a felicidade consiste em prosperar, não em haver prosperado”. Entre os filósofos modernos, o ideal de uma felicidade infindável, imutável, foi substituído pelo de evolução, no que se supõe haver um progresso ordenado rumo a um objetivo que jamais é atingido, ou que, pelo menos, até hoje não foi atingido. Tal mudança de perspectiva é, em parte, devida à substituição da dinâmica pela estática, a qual começou com Galileo, afetando cada vez mais, todo o pensamento moderno, quer científico, quer político” (Russell, 1954).
Um livro recente, A Vida do Espírito (Arendt, A Vida Do Espírito, 2009), é mais contundente:
“A ausência de pensamento é realmente um poderoso fator nos assuntos humanos, estatisticamente, é o mais poderoso deles, não apenas na conduta de muitos, mas também na conduta de todos. A premência, a a-scholia dos assuntos humanos, requer juízos provisórios, a confiança no hábito e no costume, isto é, nos preconceitos.”
Essa estática reflete-se no saudosismo, na reabilitação de paradigmas antigos e discursos ridículos de alguns líderes sul-americanos, para não falar do resto. Aliás, discursos tremendamente oportunistas, pois criaram legiões de fantoches e permitem a seus chefes governar por “Decreto Lei”.
Concluindo, foi um tremendo prazer poder ler mais esse artigo do Sociólogo Demétrio Magnoli e sua defesa da liberdade com exemplos que precisam ser conhecidos. Acima de tudo a liberdade enriquece o ser humano materialmente, politicamente e, principalmente, espiritualmente, a ausência dela, contudo, é o atalho para todo tipo de arbitrariedades, ditaduras, loucuras e finalmente as guerras e os campos de concentração. Felizmente no mundo moderno é mais difícil queimar livros e a internet veio para romper barreiras.
Cascaes
26.12.2010


Arendt, H. (1991). Homens em tempos sombrios. Lisboa, Portugal: Relógio d1Água.
Arendt, H. (2009). A Vida Do Espírito. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.
Areopagitica. (s.d.). Acesso em 26 de 12 de 2010, disponível em Wikipedia, the free encyclopedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Areopagitica
Barros, A. R. (2007). Milton e o direito do povo na República. In: Cadernos de Ética e Filosofia Política - 11 (pp. 67-81). São Paulo.
Ferrero, G. (1945). O Poder, Os gênios invisíveis da cidade. (C. Domingues, Trad.) Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti - Editores.
Magnoli, D. (2009). Uma Gota de Sangue, História do Pensamento Racial. São Paulo: Contexto.
Magnoli, D. (22 de setembro de 2010). A liberdade enriquece. Veja, 80 e 81.
Rossellini, R. (Diretor). (1971). Sócrates [Filme Cinematográfico]. Itália: Versátil Home Vídeo.
Russell, B. (1954). Ensaios Impopulares. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Russell, B. (1958). Princípios de Reconstrução Social. São Paulo: Companhia Editora Nacional.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Educação século 21

Eventualmente pode-se ter experiências extremamente educativas. Filho e neto de eletricistas, formado numa escola de engenharia que oferecia excelentes professores, laboratório e biblioteca, isso após um cursinho em São Paulo genial e começando a trabalhar na Copel em ensaios e laboratório, aprendi muito. Mais ainda porque entrei na empresa num momento de arrancada, de comissionamento de grandes usinas e quando o Setor Elétrico Brasileiro começava a se interligar, assim ganhei também a oportunidade de fazer um mestrado excelente (UFPR – 1972) e voltar para grupos de trabalho extremamente didáticos.
Aprendi na Copel o que pode ser a Engenharia e os desafios da atualização constante. Daquele início (dezembro de 1968) até minha saída em 1995 a empresa cresceu e vivenciou mudanças de soluções impressionantes. As transformações eram simplesmente constantes, principalmente para engenheiros que tinham o desafio de fazer funcionar um sistema que se agigantava dia a dia.
Nesse contexto aprendi a importância da inovação, da mudança de paradigmas. Não é pouco assumir responsabilidade por usinas e cidades enormes, influir em decisões nacionais e tentar se ombrear aos melhores, como foi o caso da COPEL em seu todo.
Recentemente, em congresso do CONFEA em Cuiabá vi e ouvi afirmações de especialistas que me fizeram lembrar o passado recente, ou seja, a tecnologia, o conhecimento humano e as soluções crescem e aparecem exponencialmente, aparecendo sem parar em velocidade cada vez maior.
Assim ficamos preocupados com nossas escolas. Estariam preparando seus alunos para o século 21 (Educação para que futuro?)? As dúvidas existem também quanto aos valores do futuro e do passado (Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes), mas a verdade é que o mundo e a humanidade mudam constantemente e as escolas precisam ajustar-se para não perderem seus alunos.
Pior ainda, problemas gravíssimos ganham proporções assustadoras, exigindo máxima competência e capacidade de encarar a realidade sem preconceitos e radicalismos antigos.
Na internet descobrimos filmes geniais, feitos nos EUA, para motivação de mudanças em direção a novas formas de ensino, de preparação dos jovens para o futuro. Os norte-americanos formam uma nação extremamente poderosa graças a soluções educacionais oportunistas, realistas, objetivas. Quando falharam, erraram mais pelo efeito de visões conservadoras, anacrônicas.
Felizmente ainda estamos sob democracia. Graças a isso teremos mudanças de governo e pela primeira vez uma mulher na Presidência da República. Isso é importantíssimo, pois assim teremos novos paradigmas, avaliações diferentes e talvez mais do que necessárias num mundo machista, talvez misógino.
Dilma Roussef pode ter defeitos, é natural, mas também chegou a esta condição graças à sua própria competência. Pode-se dizer que, se escolhida por Luiz Inácio Lula da Silva, se isso aconteceu foi porque simplesmente chamou a atenção do Presidente para sua capacidade de comandar pessoas tão complexas e diferentes entre si quanto são os militantes do Partido dos Trabalhadores e, mais tarde, o mundo do MME e a Casa Civil.
De todas as nossas prioridades, contudo, precisamos superar atavismos e corporativismos para introduzir em nossas escolas novas tecnologias e diretrizes (Internet e Inovação). Se exemplo faltar, vale a pena conhecer o trabalho de uma professora no Colégio Altair da S. Leme, Geane Poteriko (Os objetivos da Oficina de Mídias), que, graças ao apoio da diretoria do Colégio, ensina técnicas modernas de mídia a seus alunos.
Essas e outras experiências nos dão esperanças no Brasil e a preocupação de que os próximos governos valorizem novas estratégias pedagógicas. Precisamos de cidadãos inovadores, criativos e competitivos com espírito de fraternidade e consciência de suas responsabilidades.

Cascaes
25.12.2010

Cascaes, J. C. (2010). Educação para que futuro? Acesso em 25 de 12 de 2010, disponível em Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Os objetivos da Oficina de Mídias. Acesso em 25 de 12 de 2010, disponível em Oficina de Mídias na Vila Liberdade - Colégio Professor Altair da S. Leme: http://oficina-de-midia.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (25 de 12 de 2010). Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes. Fonte: Quixotando: http://www.joaocarloscascaes.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Internet e Inovação. Acesso em 25 de 12 de 2010, disponível em PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA: http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O dia da mentira e o Natal

Em primeiro de abril comemoramos o Dia da Mentira, quando procuramos pregar alguma peça nos amigos. É um dia de brincadeiras, de alegria.
A mentira pode assumir outras formas, ser instrumento de privações, tristezas e até de falsas confissões de fé, ou melhor, de louvação oportunista a seres superiores, tanto no plano material quanto metafísico.
Quando muitas religiões disseram que o homem foi criado à imagem e semelhança do Criador, com certeza deram uma tremenda demonstração de ignorância e ousadia... Deus não é hipócrita.
Disciplinar hordas, contudo, levou muitos líderes a apelarem para sacerdotes e rituais assustadores e outros, espetaculares, mostrando a conveniência do bom comportamento. Por medo ou esperança as multidões faziam de conta que acreditavam.
O Natal é uma dessas festas com rituais religiosos que intrigam tremendamente em nossos tempos modernos. Afinal, o que se comemora?
A mercantilização e a eterna desinteligência do ser humano comum conseguem perverter momentos que deveriam ser de profunda reflexão, no mínimo por aqueles que se dizem fiéis a Cristo. O Jesus Cristo que descobrimos na Bíblia era muito diferente de seus seguidores atuais. Suas pregações eram de amor ao próximo, de humildade, de preocupação sincera com o ser humano, ainda que preso a tradições de seu povo. Teve coragem de enfrentar os poderosos e sofreu o martírio para, no mínimo, demonstrar coerência com seus ensinamentos. Muitos apóstolos entenderam essa mensagem criando uma religião que, infelizmente, afastou-se demais das pregações originais.
Vale, contudo, acreditar que em algum dia do futuro nossos crentes leiam com mais atenção os ensinamentos de Cristo, em especial o Sermão da Montanha.
Cristo, contudo, sabia o que era um ser humano. Assim ensinou o perdão, dando exemplo até em meio a dois ladrões no Gólgota, anistiando-os, prometendo-lhes o céu, assim como não vociferou contra a multidão que o condenou à morte.
O importante é que Jesus Cristo nasceu, existiu. Ele e outros seres humanos iluminados, capazes de nos fazerem pensar na importância da vida fraterna e da necessidade de amor ao próximo têm espaços de destaque na História da Humanidade e até anonimamente, simplesmente sendo pessoas realmente boas.
O Natal deveria ser um dia de autocrítica, de revisão de comportamentos. Transformou-se em momento de troca de presentes, muitas vezes sem qualquer preocupação com a lógica de suas origens, aliás, tão irracional que nosso Papai Noel usa roupas de inverno, vermelhas e com enfeites estrangeiros, e as árvores (pinheiros) mostram neve, aparecendo apenas uma vez por ano nesse Brasil tropical. Se Jesus recebeu presentes, isso aconteceu quando os reis magos o visitaram. Na manjedoura seus pais, com certeza, nada tinham a oferecer exceto muito amor e respeito pela criança recém-nascida.
Será que nossos cristãos ainda se lembram e querem viver sob os ensinamentos de Cristo?

Cascaes
24.12.2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Comunidade Escola em Curitiba e ações na RMC

Educar é muito mais do que ensinar, escolarizar. Educar é transmitir valores sociais, ética e comportamentos. Obviamente podemos educar e ser mal educados, mas, racionalmente, o que interessa à sociedade é que seus cidadãos saibam viver em comunidade e nela cresçam de acordo com as oportunidades e potenciais de cada um, respeitando e valorizando as melhores qualidades individuais e de interesse comum.
A formação de um adulto começa no berço e não termina nunca. Precisa, contudo, de ambientes sadios para criar uma personalidade adequada à sua época e ambiente. Cidades grandes são arquipélagos culturais, têm diversidades, formas e bases diferentes. Esse é um desafio que todo professor percebe quando muda de bairro ou escola. Não é simples, é um grande desafio que obriga nossos mestres, quando sob bom governo, a estudarem sempre, (algo mais fácil, atualmente, graças ao EAD (Cascaes, EAD e seus formatos, 2010), salas virtuais, à internet) e, principalmente, a se transformarem em líderes de pais e filhos.
Existem ações, contudo, que dependem de modelos e vontade de praticá-los.
Sabemos da importância da escola e mais ainda da família. Assim, nada melhor do que a aproximação de pais e alunos em ambiente escolar. Professores vivenciando comportamentos familiares saberão dirigir melhor suas estratégias educacionais, assim como aprenderão com os pais experiências de lares eventualmente complexos, desafiadores. Obviamente, nas salas de aula e pátios de colégios palestras, cursos, prática de esportes, leitura, debates etc. serão oportunidades valiosas para uma população, mal preparada para as responsabilidades familiares, desenvolver - se, entender melhor os seus filhos e ajudá-los a crescer, a serem vencedores. Finalmente, é mais do que evidente a sensação de afeto que qualquer criança ou jovem percebe quando nota a presença dos pais ao lado em seu local de aprendizado escolar.
Em Curitiba o Programa Comunidade Escola vem crescendo com essa preocupação e já obtendo resultados extremamente empolgantes, como tivemos a oportunidade de ver e registrar no blog (Mirante do Comunidade Escola, 2010). Um aspecto espetacular é ver o entusiasmo de professores e professoras nesse trabalho, que desenvolve atividades sob orientações de especialistas de diversas secretarias da Prefeitura Municipal de Curitiba – PMC e coordenação da Dra. Liliane Sabbag.
Os resultados obtidos demonstram o sucesso e a importância do voluntariado bem conduzido. É gratificante descobrir pessoas dedicadas e empolgadas com o Programa Comunidade Escola, passando o dia com as crianças, trazendo disposição para ajudar a educar uma garotada que será o nosso futuro, bom ou mal, tudo dependendo de nós.
A verdade é que descobrimos lá uma Curitiba diferente, comunicativa, alegre e de gente simples, sem afetação. Nosso povo é bom e se está, muitas vezes, sob o domínio de bandidos, é pela ausência daqueles que poderia mostrar outros rumos.
Temos problemas graves na capital paranaense. Por falhas diversas algumas comunidades se transformaram em fortalezas do tráfico de drogas. Em outras, gente sem preparo para a vida em grandes cidades luta para sobreviver de qualquer jeito. O esforço social necessário à redenção de migrantes, pessoas deserdadas pela história de nosso país, é grande e precisa ser maior. Para isso o voluntariado é importantíssimo, inclusive para orientar ações políticas de maior profundidade.
Tivemos, para reforçar essas palavras, outras experiências como, por exemplo, nos projetos que o professor Nilson Pegorini empreendeu (e mantém) nesses anos em que o conhecemos, em parceria entusiasmada com o professor Tosihiro Ida e o time do Lions Batel, FAE, Colégio Bom Jesus, FIEP (Ações ODM em Curitiba e RMC), Sanepar, UFPR, Clube Santa Mônica, ONGs e comunidades da Região Metropolitana de Curitiba. Vilas como a Zumbi (Projeto Zumbi - Mauá), Mauá, Ana Maria, Liberdade (PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA), Audi (Projeto Sol Nascente na Vila Audi) foram e são o alvo desse trabalho, nem sempre facilitado por aqueles que deveriam ter interesse na ação social de voluntários. Eventualmente encontramos barreiras inacreditáveis e situações absurdas...
Em Curitiba, o aspecto empolgante, é notar a atuação da própria PMC organizando e estimulando essa atuação no ambiente das escolas.
Um programa, o Comunidade Escola, para fazer a gente acreditar no futuro.

Cascaes
23.12.2010


Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 23 de 12 de 2010, disponível em Projeto Zumbi - Mauá: http://zumbimaua.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 23 de 12 de 2010, disponível em PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA: http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 23 de 12 de 2010, disponível em Projeto Sol Nascente na Vila Audi: http://projetosolnascentevilaaudi.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 12 de 23 de 2010, disponível em Ações ODM em Curitiba e RMC: http://odmcuritiba.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Fonte: Mirante do Comunidade Escola: http://mirante-do-comunidade-escola.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). EAD e seus formatos. Fonte: Ensino a Distância Inteligente: http://eadinteligente.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Comédia ou tragédia

Uma peça de teatro francês, “O Diabo Vermelho” (Le Diable Rouge), contém um diálogo que reflete à perfeição esse momento político brasileiro, quando falam em mais pedágios, taxas, inspeções pagas (franquias de governo) e o retorno da CPMF. Traduzindo seria o seguinte (Torres), algo que pode estar acontecendo em muitos palácios brasileiros:

Diálogo imaginário travado entre Jean-Baptiste Colbert (ministro de estado e da economia) e o Cardeal Mazarin (primeiro-ministro), no reinado de Luís XIV (Rei de França entre 1643 e 1715), inserto na peça de teatro contemporâneo, intitulada «Diable Rouge», publicada por Marc Philip em 15 de Outubro de 2010.

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Primeiro-Ministro, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
• Mazarin: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se…Todos os Estados o fazem!
• Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
• Mazarin: Criam-se outros.
• Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
• Mazarin: Sim, é impossível.
• Colbert: E então os ricos?
• Mazarin: Os ricos também não. Se o fizéssemos eles deixariam de gastar dinheiro, e um rico que gasta dinheiro faz viver centenas de pobres.
• Colbert: Então como havemos de fazer?
• Mazarin: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.

O Brasil parou durante décadas para recuperar sua credibilidade e agora precisa refazer estradas, portos, aeroportos, investir forte em Educação, Saúde, Saneamento Básico etc.. Essa seria a expectativa em relação ao futuro imediato, no entanto, descobrimos que o Poder Legislativo e o Executivo aprovam, a toque de caixa, aumentos elevadíssimos em salários que se refletirão em todas as áreas.
Criamos, assim, um tremendo impulso inflacionário, estímulo para outras reivindicações salariais, e mais um peso na competitividade e contas internas de nosso país num momento em que a prudência deveria ser regra máxima. Nossos sindicatos de trabalhadores e patronais precisariam reagir, o povo vai pagar a conta.
O Brasil para. As férias começam. Agora pode-se aprovar qualquer coisa, ninguém reclama. Mais ainda, aqueles que terão seus ganhos aumentados substancialmente em cima do contribuinte estarão “embriagados” com as boas notícias salariais.
Talvez o Brasil esteja realmente muito rico, nadando no dinheiro. Se isso fosse verdade, contudo, os juros e a vida do povo em suas classes mais baixas estariam muito melhor. Teríamos saldos positivos nas nossas contas externas e internas. A criminalidade reduzida, a ninguém faltaria habitação digna, atendimento clinico, creches e escolas, trabalho etc. Isso está acontecendo? Onde?
Diante de tudo isso só podemos lamentar e lembrar a todos que teremos momentos complicados adiante, afinal alguém pagará a conta, com certeza os aposentados, os trabalhadores, os empreendedores, a nação.
Em tempo, parabéns ao bispo Dom Edmilson da Cruz que recusou comenda criada e dada pelo Senado Federal (Comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara) em protesto contra os 61,8% de aumento salarial aprovado pelos parlamentares em causa própria.

Cascaes
22.12.2010

Le Diable Rouge. (s.d.). Acesso em 22 de 12 de 2010, disponível em Wikipédia - L'encyclopédie libre: http://fr.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Accueil_principal
Sentido, Conselheiros do Estado. (s.d.). Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV - a história repete-se. Acesso em 22 de 12 de 2010, disponível em Estado Sentido de um Sentido de Estado: http://estadosentido.blogs.sapo.pt
Torres, F. (s.d.). O Diabo Vermelho. Acesso em 22 de 12 de 2010, disponível em o escrevinhador: http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2010/12/o-diabo-vermelho.html

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Acessibilidade para quem?

O Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004, que regulamenta as Leis 10.048, de 08 de novembro de 2000 e 10.080, de 19 de dezembro de 2000, a essa altura deveria ser motivo de atenção prioritária do governo, empresas e ser motivo de campanhas educativas fortes, algo parecido ao que fazem em torno do CO2, que tanto assusta nossas elites.
No Brasil existem leis que pegam e outras não. Pelo que sentimos as cláusulas deste decreto (5.296/2004) serão relaxadas, prazos ampliados ou esquecidos. Simplesmente não sentimos mobilização ampla e eficaz para o cumprimento dessas leis e sua regulamentação. Pior ainda, a má educação não se corrige por decreto, assim ficamos vivenciando situações absurdas, praticadas “inocentemente” por pessoas que provavelmente cresceram sem a devida orientação ética, moral, cívica e humanística.
Vivemos a época dos super-homens de laboratório, das mulheres esculpidas em clínicas estéticas, da propaganda em torno de qualidades de interesse comercial. Mídia e família não contribuem para a aceitação de um mundo mais humano, mais fraterno.
As barreiras são imensas. Temos, por exemplo, leis que impõem cotas de contratação de pessoas com deficiência(s), mas nossos vereadores e prefeitos pouco fazem para que a cidade garanta mobilidade e segurança. O clientelismo em torno de favores especiais impede ações gerais, mais eficazes, menos úteis aos políticos que exploram essa situação.
Vemos limitações que poderiam ser facilmente corrigidas, como, por exemplo, as calçadas. A mudança das leis municipais transferindo do proprietário do imóvel para as administrações municipais a responsabilidade pela construção e manutenção dessas ruas de pedestres viabilizaria soluções imediatas e um mercado de trabalho enorme. Sempre lembrando que sob o piso das calçadas e acima delas temos circuitos explorados pelas concessionárias, haveria como distribuir custos na proporção da utilização dessas polivias.
Se para cadeirantes a visibilidade dos problemas é imediata, para outras deficiências nem tanto. Assim o pesadelo cresce para os cegos, surdos, deficientes intelectuais, idosos, doentes debilitados por doenças etc. As crianças, por sua vez, deficientes pela falta de instrução e desenvolvimento pleno de suas capacidades, são vítimas numerosas de atropelamentos, talvez só superadas pelos idosos. Optamos, contudo, por sistemas de transporte mortais e desprezo pelo pedestre.
A utilização irracional do transporte motorizado individual em nosso país transformou nossas cidades em arquipélagos, onde passar de uma ilha para a outra é um risco considerável.
Pode-se, entretanto, compreender tudo isso quando sentimos que nas escolas de terceiro grau raramente encontraremos preparação completa dos futuros profissionais. A moda é sustentabilidade da Natureza sem o ser humano.
2 de dezembro foi um dia melancólico. Não mereceu festas, apenas o sentimento de frustração. E ficamos preocupados vendo o dinheiro dos impostos sendo desperdiçado, usado de forma indevida pelo Governo em seus três Poderes. Os pacotes salariais desse final de ano desviam fortunas para corporações que se protegem bem, esvaziando os cofres da nação, que precisará rever projetos e programas, afinal mais dinheiro só aumentando impostos, criando outros.
Quantas décadas levarão para corrigir esse imenso Brasil, se é que em algum dia do futuro chegaremos a um padrão razoável de governo?
Em tempo, Boas Festas!

Cascaes
20.12.2010

Prioridades e governo

O povo brasileiro ainda não compreendeu o significado da palavra contribuinte. Essa ignorância custa caro. Vemos até com desprezo os beneficiários dessas facilidades governamentais, não reagimos, contudo.
De alguma forma deveríamos proibir a utilização da expressão “o Governo paga”, obrigando autoridades, repórteres e oradores, sob pena disciplinar, a dizer ”O CONTRIBUINTE PAGA” quando tratassem de obras e decisões administrativas com custos sobre a receita fiscal. Isso ganha significado quando sentimos a facilidade perdulária de pessoas que deveriam respeitar quem trabalha e paga impostos, taxas, carimbos, encargos, inspeções, placas, etc. Decisões absurdas, como vimos nesse final de ano, podem fazer a alegria de muitos, o resultado, contudo, é comprometer o futuro da nação num momento em que precisa desesperadamente de tudo. Nossos empresários e o cidadão comum esperam menos impostos, maior competitividade e melhor distribuição de renda. Em poucos momentos da história brasileira sentimos tanta irresponsabilidade.
A forma inconsequente de governar significa muito dinheiro nos bolsos de algumas corporações, mas também a falta de recursos para se construir e manter creches, escolas, universidades, fazer estradas, portos, aeroportos, hospitais, saneamento básico etc. Ou seja, muita gente é condenada a uma vida miserável porque, quando nossos governantes puderam, desperdiçaram o dinheiro do contribuinte.
Precisamos lembrar que o volume total dos impostos arrecadados é a fonte de todos os investimentos e do custeio administrados pelos governos (Municipal, Estadual e Federal). Algo mais pode ser feito com a receita das estatais, quando o projeto se aplica a alguma delas. Fora isso existe um maná, as fundações das estatais que, se não servem para fazer propaganda de clubes, podem investir em bons projetos. Tudo isso sob o comando dos poderes executivos e vigilância de uma tonelada de outros órgãos, inclusive do Poder Legislativo.
Quando o Estado incha, cresce demais, ficamos sem recursos para obras típicas da administração pública. Talvez seja essa a intenção de quem decide. Travar o Governo para que ele delegue às empresas privadas tudo o que seria esperado com o dinheiro do contribuinte. Ganhamos assim um segundo imposto na forma de pedágios, remuneração de capitais etc.
Existem opções de associações com a iniciativa privada (PPP, abertura de capital) até a privatização total. O aspecto ruim disto é que temos dificuldades de gerenciar e ordenar processos de privatização acima de qualquer suspeita, normalmente criando contratos e condições excelentes para os concessionários, os sócios privados e cláusulas péssimas para o povo. Pelo menos o governo nós podemos mudar via eleições, a diretoria e as contas das concessionárias privadas fogem da vigilância e controle social.
De qualquer forma seria justo ver o dinheiro dos impostos ser bem usado a favor do povo.
No Paraná existem inúmeros projetos esperando recursos, projetos que vão de alguns milhões de dólares a bilhões de reais. Para que aconteçam, contudo, o Estado precisa reservar uma parte de sua receita para esses investimentos. Assim é extremamente preocupante quando vemos o governo criando aumentos que elevarão o patamar das contas públicas em mais quatro bilhões de reais de 2011 em diante.
Antes disso tudo seria prudente uma auditoria feroz na estrutura e nos gastos dos três Poderes, a simplificação de processos, leis mais inteligentes e discussão com a sociedade sobre prioridades. Teoricamente isso deveria ter acontecido durante a campanha eleitoral, o que vimos, contudo, foi uma sequência de discursos inúteis.
Felizmente nosso povo dispõe de escolas melhores e sistemas de comunicação mais eficientes, talvez em algum momento futuro reaja, mude esse nível de alienação. Com certeza os circos vão acontecer e a distribuição de esmolas com o dinheiro dos impostos também. Agora o desafio será, pelo menos entre aqueles que observam o Governo, avaliar o desempenho e a forma de pagamento. Vão fazer o quê? Recriarão a CPMF? Privatizarão as estatais? Vão inventar outro imposto? A arrecadação precisará crescer para pagar esse presente de fim de ano.
De qualquer jeito, não existe milagre, o contribuinte paga.

Cascaes
19.12.2010

Ressaca

Quando o mar e a Terra brigam vemos as ressacas; com fúria as ondas chegam e o nível da bronca sobe. É um espetáculo da Natureza, que não se cansa de lembrar a nós todos que ela pode muito.
Passávamos as férias, sem meu pai que não se afastava de sua loja em Blumenau, no litoral catarinense. Lá, pior que as ressacas eram (e são) as tempestades, impressionantes e quase diárias (no verão). As chuvas, por sua vez, traziam as enchentes. Esse era um espetáculo assustador nos tempos em que não existiam celulares, serviços de meteorologia, satélites, internet etc.. Blumenau, na base de uma descida de quatrocentos metros, colhe o que a bacia do Rio Itajaí Açu recebe dos céus, não é pouco.
Temos, também, a ressaca das festas, essas raramente matam, mas chegam perto disso.
Festas religiosas, por exemplo, antigamente eram realizadas entre orações e meditações, jejuns e procissões, agora a coisa migrou para as lojas, bares e festas das quais saímos estropiados. Pior ainda, existe um entendimento de que todos precisam oferecer uma comemoração ou algo parecido, assim, caso máximo, as duas últimas semanas do ano são um teste de saúde física e mental. Sob o stress de músicas, que por alguma razão extraterrestre são tocadas sempre acima do razoável, saímos desses locais de suplício (exagerando) completamente desmontados, mais ainda quando, com a idade, “ganhamos de presente” as sequelas da vida (tinnitus, doenças cardíacas, isquemias etc.)
Nossos legisladores adoram fazer leis. Talvez a favor da saúde de todos valesse a pena criar uma ordem sequencial para festas, dividindo-as ao longo do ano, após acordo com autoridades eclesiásticas (dizem que somos uma nação católica) e criando limites comportamentais. Outra hipótese é investir em pesquisa e com a engenharia genética e outras coisas criar um segundo fígado e o que for necessário para suportarmos esse desafio. Dificilmente, contudo, voltaremos às práticas antigas, até porque as penitências e fogueiras doíam muito para quem não obedecesse.
O ano de 2010 termina também com a ressaca política. Tivemos campanha eleitoral, enchemos os ouvidos com acusações mútuas entre candidatos, perdemos, diante de tudo isso o diferencial da moralidade. Com o voto obrigatório escolhemos entre os piores, já que as acusações mal foram negadas. Alguns nem isso fizeram, venderam seus votos ou usaram critérios prosaicos, e assim temos um resultado que lembra a ressaca, a cabeça dói com o que fizemos. O corpo da Nação está machucado, parece que doente.
Felizmente as ressacas provocadas pelo ser humano são sequelas que se curam principalmente com palavras, com Educação; assim temos esperanças de, aos poucos, resistirmos e escolhermos melhor as bebidas e os candidatos. Quanto à Natureza, nas praias e em nosso corpo, ela manda.
Ressaca, como pesa, está difícil escrever mais.

Cascaes
18.12.2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Droga barata, miséria cara

Os alquimistas “pretendiam a transmutação dos metais inferiores ao ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as doenças e daria vida longa àqueles que o ingerissem. Ambos os objetivos poderiam ser atingidos ao obter a pedra filosofal, uma substância mística. Finalmente, o terceiro objetivo era criar vida humana artificial, os homunculus (Wikipédia)”. Graças a essa preocupação a Humanidade teve um braço importante no seu desenvolvimento tecnológico e a Química pode ser considerada filha direta dessa fase do conhecimento humano.
Modernamente temos a lógica invertida dos alquimistas. Um dos subprodutos do conhecimento humano é, agora, a possibilidade de se produzir drogas alucinógenas a baíssimo custo, drogas potentíssimas que viciam rapidamente, escravizando e destruindo sua vítima.
Graças às facilidades do contrabando da cocaína (querem até duplicar a Ponte da “Amizade”) vivemos um crescendo macabro de consumo e multiplicação de viciados facilmente visível em nossas cidades e até em áreas rurais, onde, conforme dizem alguns amigos, impera sem controle.
Produzir “derivativos” da cocaína levou essa indústria bandida ao crack, uma pedra nada filosofal, mortal da pior maneira. Transforma crianças, jovens e adultos em homúnculos antes de matá-los de um jeito ou de outro.
Reportagens recentes mostram meninas e meninos viciados em crack. Seus corpos raquíticos ilustram o inferno em que mergulharam. Crianças abandonadas é o espelho de uma sociedade cruel e desatenta a esse pesadelo, apesar de muitas repartições públicas que, nominalmente, deveriam enxergar e fazer mais do que nossos repórteres.
De norte a sul, leste a oeste do Brasil pode-se encontrar essa praga, que por ser de baixo custo, tornou-se acessível a qualquer pessoa, atacando cruelmente as crianças de rua, as mais pobres.
Temos, pois, um produto que faz a riqueza dos traficantes (principalmente dos maiores, sempre bem protegidos), é ouro para eles, e a desgraça para dezenas ou centenas de milhares de pessoas. Com certeza uma praga colossal, agora universal graças ao livre comércio, tão desejado pelos titãs do século 19, quando, inclusive, promoveram as Guerras do Ópio, ocupando espaços estratégicos na China que só largaram recentemente.
A Alquimia, agora a Química, pode, contudo, ser a solução para a minimização dessa desgraça. A criação de produtos para inibir ou criar repugnância às drogas será infinitamente menos custoso do que a perda de tantos seres humanos. Investir em policiamento moderno, inteligente, é o caminho bélico. Finalmente teremos que resolver carências de Educação e a necessidade de salvar nosso povo de sua maior praga, a miséria.
É interessante ver como as pessoas se assustam com o uso do crack, mas só pensam nas crianças pobres no Natal ou na Páscoa. Não incomoda saber que em volta das cidades existem casebres e famílias comendo restos de lixo, que colheram durante o dia em longas caminhadas, puxando carrinhos que atrapalham o trânsito dos belos automóveis que marcam o “progresso” de nossa sociedade.
Pior ainda, mais uma vez de acordo com as lógicas capitalistas mais radicais revoltam-se contra programas sociais e as lógicas distributivistas.
Aos poucos, aqui no Brasil com certeza, percebemos que precisamos de mais e mais policiais, de proteção contra pessoas desesperadas ou alucinadas ao volante, embriagadas por essa ou aquela droga.
Precisamos urgentemente de mudanças de comportamento e diretrizes mundiais mais racionais. Fortunas são gastas em armamentos, exércitos, templos, luxos e desperdícios, poderiam ser melhor usadas a favor do ser humano. Diante dos progressos tecnológicos devemos ficar preocupados com produtos futuros, onde poderemos até ser vítimas de gases viciantes, que aspiraremos sem saber. Com a Ciência aplicada para o bem da Humanidade, entretanto, talvez tenhamos soluções químicas contra as drogas.
A erradicação ou redução substancial da miséria material dependerá da evolução cultural dos povos. Isso será possível?

Cascaes
15.12.2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Surpresa positiva

O transporte coletivo urbano nem sempre é agradável, pior ainda em dia de chuva.
Quando precisamos usar ônibus podemos, eventualmente, sentir atitudes inconvenientes ou imperícia. Esse sentimento de desconforto se agrava com a idade. As mazelas da velhice são suficientes para deixar qualquer um razoavelmente irritado sem motivo externo. À medida que envelhecemos ganhamos algumas fragilidades, que nos preocupam e podem resultar em situações desconfortáveis para nós e para outras pessoas, que simplesmente nos acompanham num veículo. Usar o transporte coletivo é, portanto, um desafio, seja ele por terra, mar ou ar.
Por exemplo, um sistema que aos poucos se transforma em pesadelo é o aeroviário. Viajar de avião vai se tornando um teste de resistência física e psicológica.
Vamos, entretanto, relatar uma situação positiva, agradável e surpreendente.
Gostamos (eu) de “andar” de ônibus em Curitiba, mais ainda agora, com o passe livre para o idoso. Além das vantagens de um sistema inteligente, comparando com outras cidades, é bom e seus profissionais competentes. Obviamente existem exceções e quando as sentimos nem sempre reagimos de forma adequada.
Hoje, dia 14 de dezembro de 2010, mais do que outras vezes, fomos surpreendidos por uma série de atitudes e informações que nos empolgaram.
Chovendo forte e chegando ao ponto de embarque precisei (para não confundir, na primeira pessoa do singular) contornar por dentro o abrigo, imaginando que perderia o ônibus que chegava. Ledo engano. O motorista parou e teve paciência para me aguardar até embarcar. Ônibus em trânsito, precisava me recompor, assim parei no banco de entrada quando o cobrador simplesmente me deu um cartucho de plástico para colocar o guarda chuva dentro. Ufa! É um guarda chuva que trava com dificuldade (imaginem o “mico” de vê-lo abrir dentro do ônibus) e poderia molhar o piso do veículo, tornando-o escorregadio. Naturalmente fiquei surpreso com a cortesia e comecei a conversar com o cobrador Adriano (Mirante pela Cidadania).
Assim descobri que ele faz cofrinhos, que ele denomina “cofre forte”, à prova de tentativas de pesca de moedas e feito para estimular a economia. Contou que um amigo, a quem dera um para induzi-lo a fazer uma poupança, quando o abriu descobriu que tinha guardado R$ 1.700,00 de moeda a moeda. E o dispositivo que inventou suporta as tentativas de pegar as moedas; tem, por dentro, proteção para “desistências intempestivas”. O dinheiro guardado foi para o amigo do Adriano uma bela surpresa em tempo de Natal.
Segurança, inventou uma luva (par) elétrica. Assim garante um pouco mais sua vida no exercício desta segunda profissão.
Falou do filho que perdeu ao se separar da esposa e da tristeza de estar longe dele, da vontade de trazê-lo de volta. Comentava tudo com a dor da saudade, mas deixando transparecer a alegria de viver e lembrando que poderia ter escolhido outra vida, optou, contudo, pela honestidade e seriedade.
Adriano, cobrador de ônibus, serralheiro, segurança, pintor e inventor trabalha duro para se reerguer de um prejuízo passado. Religioso convicto, descansa aos sábados, dorme de madrugada e acorda cedo para dar conta do recado.
Não perdi tempo, vendo que ele seria um exemplo de dignidade e de criatividade, talvez até viabilizando-lhe uma oportunidade de trabalho melhor, pedi-lhe e ele me autorizou a “entrevistá-lo”, gravando a conversa com minha valente filmadora.
Ganhei assim uma entrevista de uma pessoa que serve de exemplo para milhões de brasileiros e mostra que todos podem e são capazes de fazer muito, querendo e trabalhando duro. Mais ainda, estava num ônibus bem dirigido, com profissionais capazes e corteses.
Vale o registro, não?

Cascaes
14.12.2010

Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Mirante pela Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O direito de caminhar



Muitos “estudos de caso” e teses de doutoramento podem ser desenvolvidos em torno das calçadas curitibanas (Cidade do Pedestre) diante da insistência em mantê-las, para gáudio de quem não as utiliza, com as formas e imagens dos tempos das titias. É o exemplo perfeito da alienação de alguns dos nossos planejadores, doutores urbanistas e autoridades técnicas e políticas.
Normas antigas e critérios superados fazem dos passeios um pesadelo para a PcD  (Cascaes, O deficiente Visual e o IPC, 2010), o idoso  (Cascaes, Os idosos no Brasil, 2009) e o simples caminhante (Cascaes, Cidade do Pedestre).  Para podermos andar com dignidade sem ficar curvados, olhando para o chão e de vez em quando para frente, de modo a não trombarmos com coisas maiores, se quisermos caminhar com segurança, é fundamental que esses circuitos sejam feitos com a melhor técnica, o melhor padrão e sem descontinuidades e obstáculos. E as calçadas devem ser bem cuidadas, respeitadas.
No Brasil tivemos um processo de crescimento hiperacelerado das cidades mais atraentes. Nossa população urbana ainda não percebeu o que é e quais são as suas responsabilidades. O desprezo pelo cidadão que anda chega a extremos quando pensamos nos deficientes visuais (Cascaes, Conversando com a Lilian e seus alunos, 2010) e cadeirantes.
Diante disso faz sentido, por exemplo, por efeito de leis municipais, atribuir ao proprietário do imóvel a responsabilidade pela calçada na fronteira com a pista de automóveis, caminhões, ônibus, etc.? Merecemos centenas de milhares de gerentes de passeios, cada qual com seus critérios e cultura?
E para que servem esses espaços entre a pista dos automóveis e os muros, cercas, paredes ou outras espécies de barreiras entre os espaços realmente privados e o público?
Lembrando que sob o piso dos passeios temos canalizações de esgoto, água potável, águas pluviais e raízes de árvores inadequadas ao local além de eletrodutos com fios para energia e telecomunicações? E nelas ainda colocam canteiros, bancas de revistas, rampas para veículos, postes, orelhões, pontos de embarque e desembarque de ônibus, placas de sinalização, painéis de propaganda etc..
Diante de tudo isso, ainda tratando de simples passeios, é lógico os proprietários de imóveis serem obrigados a fazer e manter calçadas? Não seria mais razoável transformá-los em fiscais após estabelecimento de normas técnicas divulgadas em portais adequados?
As administrações municipais, assumindo a responsabilidade pelas calçadas, poderiam contratar financiamentos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)) e outras fontes para as reformas e manutenções necessárias, criando de “lambuja” uma atividade constante e remunerada para centenas de pessoas (para cada cidade).  Um acordo entre as prefeituras e as concessionárias não seria lógico? Esses custos poderiam ser rateados entre proprietários de imóveis, prefeituras (o povo em geral) e concessionárias.
Em Curitiba agora temos, finalmente, uma Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (PMC), antiga Assessoria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, sob o comando de Irajá de Brito Vaz (PcD). O prefeito é médico.
O Senador Flávio Arns (Wikipédia) será nosso vice-governador e assumindo, inclusive, a Secretaria de Educação. Sua Excia. é uma grande esperança de maior atenção à pessoa com deficiência – PcD - em nosso estado. A biografia do Senador é a melhor indicação para essa crença.  
Com certeza temos muito a ser feito, melhor ainda, não é difícil, é só querer e a vida das pessoas com deficiência(s), dos idosos e cidadãos e cidadãs em situação de risco poderá ter avanços de qualidade significativos.
Esperamos, com lideranças conscientes, que agora as cidades paranaenses mudem rapidamente a favor dos idosos, PcD e até das crianças. O tema é de Educação e infraestrutura adequada e, assim esperamos, prioridades absolutas de Governo.
Vimos na Colômbia (Cascaes, Visitando a Colômbia, 2010)] exemplos empolgantes, por quê não aqui, com tantos governos e líderes de “esquerda” no Poder?
Nossa esperança é grande porque há muito a ser feito em todos os setores públicos e privados. As soluções não implicam em malabarismos, em ampliações do direito de endividamento dos municípios, flexibilização da legislação dentro dessa coisa denominada “Solo Criado” nem isenção de impostos para atividades oportunistas. Precisamos apenas de alguns ajustes pequenos, mas extremamente importantes a favor do cidadão que precisa viver em comunidade.
Teremos o tempo de um mandato para avaliação do Governo do Estado que assume e mais dois anos para observar os prefeitos, para acompanhar suas decisões e lutar pelas propostas justas, necessárias e suficientes à dignidade dos paranaenses, principalmente da pessoa com deficiência, dos idosos, dos seres humanos com doenças debilitantes e das crianças.
Precisamos, enfim, proteger todo cidadão da ignorância de outros para que a vida melhore para todos, inclusive para aqueles que não sabem o que isso tudo que foi dito significa.

Cascaes
13.12.2010

BNDES. (s.d.). Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Mirante pela Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2009). Fonte: Os idosos no Brasil: http://idososbrasileiros.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Fonte: Visitando a Colômbia: http://visitando-a-colombia.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Fonte: O deficiente Visual e o IPC: http://o-deficiente-visual-e-o-ipc.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Fonte: Conversando com a Lilian e seus alunos: http://conversando-com-a-lilian.blogspot.com/
Exatas Online. (s.d.). Leonardo da Vinci. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Exatas Online: http://www.exatas.com/fisica/davinci.html
Forato, T. C. (s.d.). Isaac Newton. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Instituto de Física Gleb Wataghin: http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Newton/Newton3.htm
PMC. (s.d.). Secretaria Especial dos Direitos daPessoa com Deficiência. Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Prefeitura de Curitiba: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/equipe-sedpd-secretaria-especial-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/7
Pombo, O. (s.d.). Arquimedes. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Instituto de Educação da Universidade de Lisboa: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/arquimedes/index.htm
Wikipédia. (s.d.). Engenharia. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Wikipédia, a Enciclopédia Livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia
Wikipédia. (s.d.). Flávio Arns. Acesso em 11 de 12 de 2010, disponível em Wikipédia, a enciclopédia livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Arns


domingo, 12 de dezembro de 2010

Dia do Engenheiro no Paraná

Dia do Engenheiro no Paraná

No dia 11 de dezembro foi comemorado o Dia do Engenheiro.
A dificuldade é descobrir por que tanta festa, apesar da excelência e atuação de inúmeros profissionais. Vimos isso ontem, quando o Instituto de Engenharia do Paraná premiou profissionais de destaque nessa área. Com certeza temos bons engenheiros, alguns excepcionais, merecendo honrarias e registros públicos de excelência, como as pessoas apontadas pelo IEP para uma justa homenagem em Curitiba.
Na Companhia Paranaense de Energia, bem nascida e brilhantemente presidida pelo eng. Pedro Viriato Parigot de Souza (Andreoli, 1994), aprendemos a admirar profissionais excepcionais ao longo de sua história, assim foi com imensa satisfação que vimos alguns copelianos entre os homenageados, com destaque para o eng. Paulo Procopiak de Aguiar (Mário Bhering - Memórias do Setor Elétrico Brasileiro).
No Brasil, infelizmente, temos muito a lamentar.
Passamos por um apagão da Engenharia que resultou num cenário desolador após três décadas perdidas por efeito da “gastança” na década de setenta, usando um termo que nossos neoliberais adoram usar para defender privatizações, juros e cassinos.
Os erros de avaliação de perspectivas de crescimento levaram nosso país a desperdiçar montanhas de dinheiro em projetos superdimensionados, inoportunos e temerários. Tivemos para isso o apoio de outros profissionais. Depois veio a conta.
Na década de oitenta e início dos anos noventa do século passado vimos o que representou para nós a falência e aplicação de lógicas de “aprendiz de feiticeiro”. O prêmio Nobel da irresponsabilidade deveria ser dado àqueles que resolveram usar indiscriminadamente a “Correção Monetária”, algo que qualquer estudioso em malhas de controle poderá explicar, ou seja, é impossível estabilizar qualquer processo com realimentação positiva. Aplicada indiscriminadamente num país que precisava desvalorizar a moeda diariamente, impossibilitado de importar por carência de divisas e assim se transformando no paraíso dos cartéis, foi um desastre monumental. Depois ainda ganhamos o artigo 37 da Constituição Federal de 1988 (já existiram muitas), regulamentado via Lei 8.666/93 (Congresso e Poder Executivo Federal) e pessimamente usado contra a boa Engenharia. Deixamo-nos dominar por lógicas estranhas à nossa profissão.
Falando de Engenharia, contudo, é bom gostar da profissão que abraçamos e lembrar que ela é a “ciência e a profissão de adquirir e de aplicar os conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos na criação, aperfeiçoamento e implementação de utilidades, tais como materiais, estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas ou processos, que realizem uma determinada função ou objetivo (Wikipédia).
Em contribuições através da mídia interpessoal recebemos que “A engenharia é uma das profissões mais antigas da história da humanidade, e data de épocas em que estudiosos-filósofos como Arquimedes[ (Pombo) ( 287 Antes de Cristo)], Leonardo da Vinci [ (Exatas Online) (1452 DC)], Isaac Newton [ (Forato)(1642 DC)] e tantos outros, exploraram intensamente a busca do conhecimento humano em todos seus aspectos, inclusive técnico. Os nomes aqui lembrados foram, sem sombra de dúvida, os precursores da busca do conhecimento cientifico e mais recentemente do conhecimento tecnológico.” Engenharia, caros amigos, é a aplicação do conhecimento humano, nem sempre a favor do bem estar da Humanidade, com critérios técnicos e ponderando custos econômicos e possibilidades financeiras e conveniências dos patrões.
Precisamos, acima de tudo, de engenheiros apaixonados pelo ser humano, dispostos a trabalhar firmemente pelo bem de todos. Provavelmente códigos de ética profissional estabeleçam isso, mas o que vemos é muito distante do que poderíamos esperar de nossos companheiros, principalmente daqueles já livres dos compromissos de trabalho e, portanto, em condições de dispor seus conhecimentos a favor da comunidade.
Há muito a ser feito.
Ontem, por exemplo, foi bom ouvir o engenheiro Ivo Mendes Lima falar de sua paixão engenheiral : o Programa Casa Própria (Cascaes, engenheiro Ivo Mendes Lima e o Projeto Casa Fácil) e saber do presidente do IEP, o eng. Jaime Sunye, que continuamos atentos a desmandos (Cascaes, Projeto País - IEP, 2010).
Existem momentos que compensam certas frustrações.

Cascaes
12.12.2010

Andreoli, A. (1994). Pedro Viriato Parigot de Souza - Lembranças. Curitiba.
Cascaes, J. C. (23 de 08 de 2010). Projeto País - IEP. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Engenharia - Economia e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/2010/08/projeto-pais-iep.html
Cascaes, J. C. (s.d.). engenheiro Ivo Mendes Lima e o Projeto Casa Fácil. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Somos ainda quase cidadãos: http://quase-cidadao.blogspot.com/2010/12/engenheiro-ivo-mendes-lima-e-seu.html
Congresso e Poder Executivo Federal. (s.d.). Lei 8.666 de 21 de junho de 1993. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Presidência da República Federativa do Brasil: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm
Exatas Online. (s.d.). Leonardo da Vinci. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Exatas Online: http://www.exatas.com/fisica/davinci.html
Falcão, A. (s.d.). Mário Bhering - Memórias do Setor Elétrico Brasileiro. Insight Engenharia de Comunicação.
Forato, T. C. (s.d.). Isaac Newton. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Instituto de Física Gleb Wataghin: http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Newton/Newton3.htm
Pombo, O. (s.d.). Arquimedes. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Instituto de Educação da Universidade de Lisboa: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/arquimedes/index.htm
Wikipédia. (s.d.). Engenharia. Acesso em 12 de 12 de 2010, disponível em Wikipédia, a Enciclopédia Livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Nossa amiga Janine Rodrigues lembrou-nos algo que simplesmente não poderíamos nunca esquecer: hoje, 10 de dezembro, é o Dia Universal dos Direitos Humanos (ONU)., aprovado em assembleia no ano de 1948.
Nossas autoridades, tão ávidas de festejos, deveriam planejar solenidades especiais nos lugares públicos de maior destaque, quem sabe até distribuindo medalhas, diplomas e outras honrarias a quem merecesse destaque na defesa dos direitos humanos.
Infelizmente a mídia em torno de determinados tipos de “heróis” está criando paradigmas alienantes, algo fácil de perceber entre crianças, jovens, adultos, idosos e talvez até no além. Precisamos ter orgulho de gente que no mundo em que vivemos batalhou pela valorização do ser humano, simplesmente.
Na história da humanidade podemos identificar pessoas e instituições que entenderam a importância da liberdade, da fraternidade e da igualdade, sofrendo, por isso, a antipatia e até violências absurdas. A ignorância, a estupidez e o fanatismo criaram as câmaras de gás, as fogueiras de livros e infiéis, tortura e a caça às bruxas, os diversos tipos de intolerância e discriminação como já está virando rotina nos noticiários nacionais.
A Segunda Guerra Mundial trouxe um tremendo sofrimento a centenas de milhões de pessoas e a destruição em proporções ciclópicas. Maravilhosamente, contudo, deu argumentos a favor de valores que se perdiam na década de trinta do século passado. O ressurgimento dos ideais humanistas foi extremamente importante num momento em que pareciam desaparecer a favor de propostas raciais extremamente radicais.
O tema é antigo. Muitos poderão fazer livros e mais livros sobre a evolução de algo que teve muitas versões em épocas diversas e até mereceu formatos ideológicos e religiosos. Esse acordo, contudo, em 10 de dezembro de 1948, merece destaque especial quando sentimos que os conceitos de Corte, de pessoas acima da Lei, o arbítrio e desonestidades de gente poderosa ainda podem voltar ao nosso mundinho, ou mais claramente, persistem de forma preocupante.
Evidentemente, assim como aconteceu com “Os 10 Mandamentos” (Povo Judeu), a partir dessa base aqueles que a aceitaram criaram uma coleção de leis, regras, preceitos, rituais etc.. O aspecto maravilhoso, contudo, é a simplicidade e concisão do texto principal, oferecendo à humanidade diretrizes basilares ao seu desenvolvimento, evolução ainda que truncada por períodos de regressão, terror e insanidades.
Concluindo, repetindo, enfatizando, é nosso dever recolocar o ser humano como objeto máximo de atenção, nada melhor do que lembrar, portanto, que nesse ano a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz seu 62º. aniversário.

Cascaes
10.12.2010

ONU. (s.d.). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Acesso em 10 de 12 de 2010, disponível em Centro Acadêmico Livre de Pedagogia: http://www.calpe.ced.ufsc.br/direitoshumanos
Povo Judeu. (s.d.). Dez Mandamentos. Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dez_Mandamentos

A acessibilidade impossível


Há muitos anos o Brasil entrou na proposta de se construir um país acessível, com oportunidades justas de trabalho, lazer; seguro e saudável para todos os brasileiros, com destaque as Pessoas com Deficiência - PcD, idosos e idosas, cidadãos e cidadãs com doenças crônicas e lesionantes e a preocupação, quando possível, de se evitar condições de risco de deficiência sensorial, intelectual, motora ou alguma combinação dessas situações. Afinal de contas ganhamos a Constituição Cidadã (JB).
Lamentavelmente entrou em cena Al Gore e suas neuroses (ou malícia política), talvez até reais, mas infinitamente menores do que a coleção de propostas que existiam para a construção de um mundo melhor. Já antes, na Europa, os partidos verdes ganharam força e o ser humano se transformou num vetor de destruição, razão dos males de um planeta que deve existir para baleias, elefantes, tigres etc. O interessante é que esse pessoal não defende os ratos, os sapos e pererecas, as minhocas, as bactérias e outros seres menores...
Estamos sob o império das preocupações de uma elite que fala em saco plástico e não dispensa em hipótese alguma o automóvel, que vive em imóveis desproporcionais às suas necessidades, usa aparelhos de ar condicionado e viaja de avião, se possível aviões executivos. Desperdiça espaços, energia, objetos e o que importa é a novidade, a grife, o discurso vazio.
Esses líderes dessa geração alienada, mundiais, nacionais e locais, criaram outras teses para dividir um pouco mais a humanidade. Assim as guerras étnicas vão se viabilizando e as religiosas voltaram com força.
O combate ao tráfico de drogas é tão ineficiente que dá para imaginar grandes conveniências internacionais sustentando tudo isso. Afinal, corromper é um passo importante no processo de dominação.
E a acessibilidade? O ser humano? A dignidade?
Vivemos em Curitiba, assim usamos essa cidade como exemplo. Se outras são melhores ou piores, sabemos alguma coisa, mas não o suficiente para podermos fazer comparações matemáticas e precisas.
A capital paranaense é uma grife em urbanismo. Nada mais justo diante de iniciativas enérgicas tomadas a partir da administração de bons prefeitos (saneamento básico, educação, planejamento, reurbanização, transporte coletivo etc.) e, em coisas visíveis, Jaime Lerner (com tantos títulos e honrarias que fica difícil escolher um(a)) é um paradigma dessa era de urbanização que tinha o mérito de valorizar o transporte coletivo urbano, por exemplo.
Ou seja, a responsabilidade dos curitibanos é enorme. A questão é: e a acessibilidade? A mobilidade de quem precisa caminhar? Usar cadeira de rodas ou empurrar algum carrinho de bebês? Usar ônibus? Entrar e sair de prédios, casas, lojas, restaurantes, escolas, repartições públicas etc.? Falar com o porteiro, o atendente e quem não domina a LIBRAS? O cego pode caminhar entre raízes, pedras soltas, buracos e orelhões? Uma senhora idosa com osteoporose deve subir e descer as escadas dos ônibus ou solicitar que todos a esperem entrar com plataformas elevatórias? Precisamos atravessar as ruas correndo? Os motoristas têm prioridade nas ruas?
A mobilidade do cidadão (todos) é fundamental para que possam se integrar a qualquer sociedade. Ele precisa de transitabilidade segura para poder trabalhar, namorar, divertir-se, fazer compras, rezar etc.
Para isso, felizmente, existem soluções e tecnologias já criadas há décadas e usadas em alguns lugares desse mundo no sistema solar. Os shoppings centers são um bom exemplo, ainda que imperfeito se lembrarmos do estado da arte.
Com certeza, sabendo que o conhecimento humano dobra a cada 72 horas (Mirante do Aprendiz, 2010) e disso tudo, a cada instante, algo mais pode ser acrescentado na viabilização da vida justa e necessária a todos, que dependem de próteses e cuidados especiais, temos a convicção de que, se existir disposição real de nossas autoridades, há como melhorar a vida de todos rapidamente.
Mais ainda, as cidades, se conscientes do que significa o respeito ao próximo, já que amor parece impossível, precisam corrigir erros de urbanismo e de construção que podem ter algum valor histórico, mas acabam sendo tremendamente cruéis ao ser humano que anda, fala, ouve ou enxerga com dificuldades ou que, simplesmente, vive sem os privilégios dos mais ricos.
Ainda lembrando a 67ª. Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e o 7º. Congresso Nacional dos Profissionais, realizado em Cuiabá, MT, de 22 a 28 de agosto de 2010, recordamos a pouquíssima atenção dada ao ser humano em geral. Era um evento corporativo, não precisava, contudo, exagerar na ignorância em relação às questões relativas às PcD e idosos, que, salvo a iniciativa de alguns (CREA-MS), mostrou muito pouco do que deveria existir naquele evento.
Aqui notamos seminários, congressos etc. que simplesmente esquecem os tradutores em LIBRAS (Legislação de Libras), nossa segunda língua nacional por lei.
No Paraná devemos entrar em outra fase. Temos esperanças enormes e com base em fatos reais.
A PMC já mostra uma secretaria especial com o Irajá Brito Vaz (PMC), o prefeito é médico (PSB) e no estado temos Flávio Arns (Wikipédia) como vice governador. Nossa senadora Gleisi Hoffmannn (Cascaes, Observando o trabalho da Senadora Gleisi Hoffmann) demonstra disposição pela causa. Isso tudo sem falar em outras lideranças que mereceriam destaque. Ou seja, é hora de lutar, de reivindicar, de formular propostas e ter esperanças, pelo menos no Paraná.
Nossas ONGs precisam renascer e fazer mais do que têm feito. Agora temos em quem nos apoiar.

Cascaes
6.12.2010


Aprendiz, A. -A. (s.d.). Legislação de Libras. Acesso em 7 de dezembro de 2010, disponível em Língua Brasileira de Sinais: http://www.libras.org.br/index.php
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Observando o trabalho da Senadora Gleisi Hoffmann: http://observando-a-gleisi-hoffmann.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). (J. C. Cascaes, Produtor) Fonte: Mirante do Aprendiz: http://mirante-do-aprendiz.blogspot.com/2010/08/engenharia-e-arquitetura-e-ousadia.html
JB, C. (s.d.). 1988- A Constituição Cidadã. Acesso em 7 de dezembro de 2010, disponível em HOJE na História: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=5137
PMC. (s.d.). Secretaria Especial dos Direitos daPessoa com Deficiência. Acesso em 7 de dezembro de 2010, disponível em Portal da Prefeitura de Curitiba: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/equipe-sedpd-secretaria-especial-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/7/68
PSB. (s.d.). Luciano Ducci. Fonte: Luciano Ducci: http://lucianoducci.com.br/luciano-ducci/
Wikipédia. (s.d.). Flávio Arns. Fonte: Wikipédia: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:HNn6y2dpAagJ:pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Arns+fl%C3%A1vio+arns+%22wikip%C3%A9dia%22&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Livro dos Mortos

Livro dos Mortos

No antigo Egito, cujo povo acreditava na reencarnação, ou seja, no ressuscitamento de quem se comportasse bem, as múmias eram “enterradas” e com elas colocado um livro, um pergaminho enrolado, não um livro (LEI do Livro) exatamente como diz nossa legislação meticulosa, com instruções e frases que o digníssimo defunto, seu espírito, deveria dizer a quem o julgasse no mundo dos mortos. Na Wikipédia (Livro dos Mortos) encontramos uma explicação bondosa das finalidades do Livro dos Mortos, com outras opções de ilustração e informação em outros sites [por exemplo em  (Netto, 1998)]. Pelo que vimos e ouvimos em reportagem científica via TV, na verdade o livro continha uma série de sugestões de truques para enganar e conquistar os favores divinos. Era um manual de advogado antes do inquérito entregue ao seu cliente. Os bons livros e a mumificação eram caros...
O que merece destaque, contudo, era o formato de um tribunal, ainda que etéreo, em épocas tão antigas, fantástico para os estudiosos de Direito.
Abraão quase matou seu filho Jacó querendo agradar seu Deus. Aliás, algo imperdível é o possível diálogo que Abraão poderia ter feito com sua própria consciência (Kierkegaard, 1843). Afinal, como diz Hannah Arendt (Arendt, 2009), Freud explica (Rowell) e podemos aprender com detalhes adicionais, complicando um pouco (Carl Gustav Jung – Os arquétipos e o inconsciente coletivo). Temos níveis de consciência que governam nosso comportamento.  
Diante de tudo isso o processo de julgamento é complexo, valendo inclusive a questão, somos realmente responsáveis pela nossa vida? Para quê a Justiça?
A sociedade humana, para existir, precisa independentemente de critérios éticos, de regras firmes e razoáveis, aceitas e atualizáveis, lógicas e com tons divinos, afinal, quem realmente o ser humano pode temer quando nossas autoridades policiais e o Judiciário falham?
As religiões tiveram o mérito de viabilizar o mundo moderno. Se durante algum tempo criaram bases eventualmente cruéis, aos poucos deram substância à Justiça, pois a aceitação de ordens e policiamentos depende muito de fórum íntimo. Um bom exemplo é o vandalismo, as gangues, os grupos violentos e organizados que, carecendo de educação adequada, mergulham em ações inacreditáveis em pleno século 21 no centro de nossas cidades, expondo-se à violência da Lei e dos presídios.
No Brasil e no Mundo o clima criado pela Segunda Guerra Mundial e seus horrores levou a Humanidade a acreditar que poderia fazer um mundo novo. Infelizmente isso afundou com as drogas, a xenofobia, o fundamentalismo religioso e ideológico e a nossa inteligência ainda não dominante. Quem disser que o ser humano é racional, um ser pensante, deve fazer um péssimo juízo do que significa “pensar”.
Passamos, nós brasileiros, por um processo eleitoral. Vimos em reportagens e podemos descobrir no site do TSE (ELEIÇÕES 2010) ou em outros o que isso significa democracia em país atrasado [ ver, por exemplo (Financiamento público de campanha: um debate que não pode mais ser adiado)]. No Paraná sentimo-nos humilhados observando pessoas explicitamente envolvidas em processos, sob suspeitas de ilícitos flagrantes, sendo eleitas a peso de ouro (Campanha para a Assembleia custou 59% a mais neste ano). De modo geral percebe-se que candidato sem dinheiro não se elege, com raras e fantásticas exceções. A qualidade moral, social e técnica pouco importância têm. Isso não é privilégio de brasileiro, mas nos deixa extremamente envergonhados. Vale a pena ler os livros de (Gore Vidal) sobre a política nos EUA (romanceados).
Precisamos corrigir leis, estabelecer regras de convivência, definir o futuro da nação. Com quem?
Parecemos candidatos a múmias procurando “Livros dos Mortos” para garantir a próxima vida, rezamos muito e fazemos muito pouco pela vida aqui na Terra.

Cascaes
8.12.2010

Bibliografia
Arendt, H. (2009). A vida do Espírito. (C. A. Almeida, Trad.) Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.
Carl Gustav Jung – Os arquétipos e o inconsciente coletivo. (s.d.). Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Blog Ebooks grátis: http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/tecnicos-e-cientificos/psicologia-carl-gustav-jung-os-arquetipos-e-o-inconsciente-coletivo/
ELEIÇÕES 2010. (s.d.). Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Tribunal Superior Eleitoral: http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/eleicoes_2010.htm
FÉLIX, R. (s.d.). Campanha para a Assembleia custou 59% a mais neste ano. Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Jornal Gazeta do Povo: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1074571&tit=Campanha-para-a-Assembleia-custou-59-a-mais-neste-ano
Gore Vidal. (s.d.). Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Gore_Vidal
Kierkegaard, S. (1843). Crainte et Tremblement.
Livros, S. N. (s.d.). Lei do Livro. (S. C. Sistemas, Editor) Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Portal Editorial: http://www.portaleditorial.com.br/lei.htm
Netto, I. S. (1998). http://www.fascinioegito.sh06.com/livromor.htm. Acesso em 8 de dezembro de 2010, disponível em O fascínio do Antigo Egito: http://www.fascinioegito.sh06.com/
PATERNIANI, L. (s.d.). Financiamento público de campanha: um debate que não pode mais ser adiado. Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em Boteko Vermelho: http://botekovermelho.blogspot.com/2010/12/financiamento-publico-de-campanha-um.html
Rowell, M. H. (s.d.). Teoria Psicanalítica Clássica. (P. Papers, Produtor) Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em The Freud Page: http://www.freudpage.info/freudpsicoteoria.html
Wikipédia. (s.d.). Livro dos Mortos. Acesso em 8 de 12 de 2010, disponível em http://pt.wikipedia.org/: http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_dos_Mortos


Amigo CASCAES,

sou meio egiptólogo e gostei muito do artigo de hoje comparando o Livro dos Mortos aos manuais dos advogados. E a realidade do mundo e da política de hoje. Consumi teu texto com ardor. Parabéns ! Um detalhe: Deus segura a mão de Abrahão para que ele não mate Isaac ou Isaque, seu filho, que é pai de Jacó e portanto neto, e não filho, de Abrahão.
Dica de um intelectual para outro! Abração, e espero o artigo de amanhã,

Alcy
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