terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vocações pervertidas

Vocações pervertidas
Um dia desses, numa palestra na Vila Ana Maria, município de Colombo, perguntamos que profissão os meninos queriam ter, algo em torno de 80% deles respondeu com entusiasmo: jogador de futebol. Alguns minutos mais tarde um jovem apareceu na sala preocupado, tinha ido fazer um teste num clube de jogadores profissionais, temia não ser aceito.
Na RMC (Região Metropolitana de Curitiba) temos excelentes escolas públicas e uma demanda enorme de profissionais. A carência de bons técnicos é enorme, e existem vagas para quem quiser ser pedreiro, eletricista, encanador etc. mas os alunos são relativamente poucos. Por quê?
A mídia em torno do futebol é imensa. Até o presidente da República volta a ser criança vestindo uma camiseta do seu clube. Na programação das TVs sob concessão privada, um tempo enorme é gasto em reportagens sobre clubes de futebol, jogadores, técnicos etc.
Jogadores bem sucedidos aparecem de brinquinhos e dirigindo carros de luxo. Conquistam as namoradas dos seus sonhos e partem para clubes que são galerias de promoção de egos e destruição de personalidades. O lado ruim disso tudo é, de vez em quando, a notícia de quando alguns deles escapam ao controle dos donos dos seus passes. Assim dão prejuízo...
Diante de tudo isso não seria natural procurar o caminho fácil da glória? Ela é possível, com certeza. Quantos, entretanto, serão os Pelés de amanhã? A fama e as lógicas do futebol, estimuladas ao máximo por aqueles que faturam fortunas com isso, desviam nossa juventude de profissões mais do que necessárias, urgentes, estratégicas, essenciais. Existem outros caminhos. E a garotada é motivada a trabalhar duro?
Nos bairros mais pobres os traficantes mandam e mostram sucesso material. Gangues impõe terror e o medo de assassinatos é onipresente. Afinal, se algum cidadão humilde é assassinado aparece, talvez, em alguma reportagem das páginas policiais e vira estatística. O Governo dá pouquíssima atenção aos bairros, a segurança é um pesadelo. Para não morrer, o jeito é silenciar, apoiar discretamente o tráfico e rezar para que um dia as coisas melhorem. Talvez as reportagens padrão Rede Globo motivem nossas autoridades...
A cidade do Rio de Janeiro mostra cinematograficamente onde podemos chegar e dizem que o filme “Tropa de Elite 2” é sensacional. Não fomos ver porque conhecemos bem essas histórias e a realidade à nossa volta mostra tudo isso diariamente.
Há alguns anos, viajando de ônibus em Santa Catarina, ficamos ouvindo, naqueles tempos ouvíamos bem, um cidadão falando exaltadamente com a pessoa ao seu lado. O irmão daquele passageiro da vida fora assaltado, assassinado e seu caminhão roubado. Provavelmente esse senhor que viajava podia gastar seu tempo investigando, procurando os bandidos. Ele simplesmente disse, ao final, que desistira quando descobriu que os chefes da quadrilha que roubara e matara seu irmão eram altas autoridades federais... Seria verdade?
Vivemos num país estranho. Poderia ser belo, forte e rico. Não haveria um brasileiro passando fome, sem casa, saneamento básico, escola etc. se a fraternidade, honestidade e visão objetiva de Governo imperassem. Infelizmente ganhamos lógicas de desprezo ao povo e nessa onda hoje temos duas classes de pessoas, aquelas que devem cumprir as leis e as outras.
Gente pobre também sonha com facilidades. As prisões de garotos, jovens ainda imberbes e rostos endurecidos pela criminalidade demonstram, no Rio de Janeiro, a vivo e a cores, a que ponto chegamos. Favelas imensas, feitas sem qualquer capricho, mas demonstrando muita competência, afinal resistem às chuvas, abrigam centenas de milhares de brasileiros cujos sonhos talvez sejam conquistarem a fama jogando futebol ou se entregando ao comércio de drogas, ou se Deus permitir, um dia poderem viver sem medo e trabalhando honestamente. A criminalidade no mínimo dá mídia, dinheiro e prestígio na vila, ainda que, para os bandidos, uma vida extremamente curta...

Cascaes
28.11.2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Gangrena social e política

Quem passou sua vida trabalhando no Setor Elétrico e conviveu com eletricistas, alguém que é eletricista de fato, provavelmente já teve a desgraça de vivenciar algum acidente grave com eletricidade. O mais impressionante, em muitos casos, é que nem os médicos saberão afirmar qualquer coisa sobre a dimensão do estrago. É a gangrena que indicará os tecidos mortos que deverão ser retirados, muitas vezes aleijando ou matando após longo sofrimento a pessoa vitimada pela passagem de alta corrente elétrica pelo corpo.
Os acidentes acontecem por descuido, ignorância, desprezo a normas de segurança ou fatalidades.
No Rio de Janeiro (e aqui também) vemos a gangrena social, a atrofia do estado e o desencanto dos mais lúcidos com governos e parlamentos incompetentes e, ou, venais. Alguém poderá até dizer que nossos governantes e legisladores foram eleitos, de que jeito?
As relações da Corte eleita ou não, do dinheiro e das leis com o nosso povo é a pior possível. Não vemos, com raras exceções, disposição para enfrentar problemas graves que não criem atos midiáticos pomposos. Assim vamos ganhando favelas, drogados, criminosos que fazem da população carcerária do Brasil, apesar da falta de estrutura, a terceira maior do mundo. Temos uma quantidade colossal de leis (e decretos, portarias, regulamentos, normas, carimbos, cartórios etc.), muitas equivocadas, outras inúteis ou mal feitas e algumas óbvias, escritas porque assim manda o ritual da Ordem e da Justiça. Teriam acontecido desta maneira de propósito?
Existe gente séria e competente, nos EUA, por exemplo. O livro Freakonomics (Steven D. Levitt, Freakonomics, O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta, 2007) gasta muitas páginas analisando a questão da violência nos Estado Unidos da América do Norte. Vale a pena ler, estudar, analisar, aprofundar as teses colocadas pelos autores, no mínimo saem da mesmice dos nossos “especialistas”.
Infelizmente vivemos sob o império de conceitos éticos e sociais estabelecidos nos tempos dos faraós e esquecemos de enxergar uma realidade mais do que cruel.
O Governador do Rio de Janeiro está 50% (número fantasia, maneira de dizer que, entretanto, expressa o que entendemos) certo. Precisa enfrentar com rigor aqueles que sonham criar guetos impenetráveis às nossas leis (por piores que sejam) ao lado das praias cariocas. E a orla? Quem são os financiadores dos traficantes presos em Catanduvas? Quem pode viajar e voltar de locais produtores de drogas? Por quê as leis, Governo e povos de países que servem de base para essa gente não mudam para, num espírito de fraternidade sul americana, evitarmos as mortes, prisões, leitos hospitalares, clínicas de reabilitação dos mais ricos e penitenciárias e tiros de fuzis militares para os pobres, o pesadelo de tantos brasileiros? Vamos duplicar pontes em vez de implodi-las, criando avenidas do tráfico? O combate ao tráfico por outros caminhos não estaria exigindo a participação mais enérgica de soldados e pilotos? Não está na hora das Forças Armadas se integrarem para valer às organizações policiais para combater a criminalidade, ou isso só vale para o Haiti? Parabéns ao Governo Federal que, agora, ao que tudo indica, assumiu essa bandeira.
O que vemos no Rio de Janeiro não é novidade por aqui. Passamos por um período de desmobilização de nossa PM e da Polícia Civil e os resultados estão sendo trágicos. Infelizmente o atual governo não pode resolver tudo em tão pouco tempo, apesar dos esforços empreendidos.
Existe, contudo, a parte que nos compete. Na condição de cidadãos devemos estudar mais e fazer o que estiver ao nosso alcance. Perdemos tempo demais em reuniões inúteis, para sairmos delas com medo do primeiro que se aproxima andando, com o dinheiro separado no bolso para o “guardador de automóveis” e procurando um ambiente protegido de mil maneiras para levarmos a família para uma tarde de lazer ou simplesmente almoçar ou jantar.
A falência do Estado leva-nos a sonhar com mudanças radicais... Sentimos já os efeitos da gangrena política e social, último estágio antes da amputação ou morte do paciente.

Cascaes
28.11.2010

Evitar desperdícios

Um fenômeno recente é descobrir reportagens de autoridades viajando para falar ou participar de eventos ligados à preservação ambiental. Talvez grandes fundações tenham mudado de estratégia na inibição do desenvolvimento de nosso país ou, simplesmente, com o máximo de honestidade queiram motivar nossos chefes para questões tão importantes quanto a sustentabilidade no século 21.
Não há necessidade disso tudo. Precisamos, sim, educar e disciplinar nosso comportamento, projetos, o desenvolvimento etc. e já sabemos muito, não dúvidas quanto ao essencial. No Setor Elétrico, só para dar uma dica e com muito orgulho, há décadas o Programa Procel (http://www.eletrobras.com/elb/procel ) trabalha nesse sentido.
Apesar de todo o esforço, será que temos consciência de quanto desperdiçamos? Por acaso alguma ONG, centro de pesquisas, universidade ou qualquer grupo de cientistas já se deu ao trabalho de ver, medir, analisar e divulgar quanto uma família desperdiça realmente dos produtos que usa e serviços que utiliza? Mais ainda, essa gente mediu os danos ambientais de tubos de pasta de dentes, uso de automóveis, deixar televisores ligados sem necessidade, usar os aparelhos de ar condicionado sem critério, gastar água desnecessariamente?
Usar embalagens plásticas é um crime ambiental em praias e outros lugares, principalmente onde venta ou chove muito, pois essas embalagens vão parar onde não deveriam estar. Em alguns lugares da costa brasileira é fácil descobrir áreas de mangue e dunas cobertas com embalagens plásticas (vimos isso em Fortaleza), que turistas usam nas praias. Dentro de contrafortes de muros em rios descobrimos lixo (baía de Guajará, lembrando um flagrante) que, ironicamente, é produzido por lâmpadas econômicas. E em qualquer cidade a poluição gasosa e sonora indica uso excessivo de veículos que matam e dependem de quilômetros quadrados de asfalto (qual é a área total asfaltada em Curitiba?) ou concreto para poderem trafegar, isso sem falar nos combustíveis fósseis que consomem e dos pneus que transformam em resíduos que respiramos.
É dentro de casa, contudo, que essa multidão de predadores em que nos transformamos se deseduca. Casas de classe média para cima são paraísos do desperdício, com raras e belas exceções. Em muitos lugares pais e filhos usam mal tudo, com destaque para a água e a energia elétrica, sem lembrar os espaços inúteis e a decoração inadequada.
E o desperdício rende montanhas de dinheiro de impostos para governos que deveriam trabalhar para racionalização do consumo. Infelizmente é uma tremenda fonte de renda para as cidades e estados consumidores, recursos que em grande parte serão gastos para maior disponibilidade de espaços e capacidade de trânsito dos automóveis e oferta de energia para os gastadores.
O descaramento é mais freqüente do que imaginamos, ou a ignorância, simplesmente, pois vemos ativistas falando em preservação ambiental e, sempre que sobra algum tempo, embarcam em automóveis e/ou aviões para fazer longe o que fariam melhor mais perto de casa.
Temos, sob a desculpa de discutir a poluição, o meio ambiente e seus problemas, as famosas convenções, congressos e viagens técnicas para autoridades saírem pelo mundo afora e dizerem obviedades e, se é que participam desses eventos, serem pacientes ouvintes de palestras chatas, sem novidades, quando muito dizendo as coisas de sempre em tons mais candentes.
Precisamos, com certeza, rever conceitos e paradigmas, analisar detalhes aparentemente insignificantes tais como o uso e destino de tubos de pasta de dentes e saquinhos de plástico até lógicas de urbanismo e redistribuição da população, adensada e em crescimento em áreas de preservação ambiental, não por capricho dos ecochatos, mas porque são realmente espaços estratégicos da Natureza, que se transformam em florestas de concreto e asfalto, cheias de animais metálicos barulhentos e consumidores de combustíveis e gente produzindo esgoto e buscando água já em rios distantes.
Na área energética, entre outras, pode-se fazer muito, muito mesmo se as pessoas realmente quiserem. O desperdício é imenso. Em urbanismo simplesmente é necessário rever tudo, refazer modelos, mudar cidades e paradigmas. Na área fiscal, é hora de premiar a produção e punir o consumo.

Cascaes
25.11.2010

Cargos públicos, direitos e deveres e o Ronald Thadeu Ravedutti

Talvez a maior imprudência que qualquer indivíduo possa cometer seja ocupar a presidência ou o cargo de conselheiro de alguma estatal e similares. Nosso Brasil burocrático e formalista sofreu uma avalanche de leis, decretos, portarias e... recados com a democratização pós 1988.
Sem acreditar na má fé dos legisladores, ganhamos uma enxurrada de documentos que atormentam qualquer executivo e transformam toda empresa pública na mais clássica das repartições, algo muito semelhante ao que já vimos em chanchadas da década cinqüenta, ou, sendo atrevidos, arriscando o pescoço, em instrumento de ações eficazes a favor do povo.
O formalismo é o paraíso dos bandidos. Quem quer é só respeitar regras de quadrilha e terá o apoio dos parceiros e tudo o mais. Afinal quem entende de leis e as utiliza em benefício próprio sabe orientar seus pupilos. Ou seja, uma Copel, por exemplo, pode muito, mas enfrenta a violência de leis mal feitas e pessimamente regulamentadas. O sucesso de sua equipe dirigente depende muito de atitudes como vimos o ex-presidente Ronald assumir, negando apoio da Fundação Copel à ampliação da Arena do Atlético, algo que alguns queriam, sugerindo a desculpa da mídia positiva (e inútil, nesse caso).
Felizmente o Governo Federal descobriu essa situação ao querer implementar seu famoso PAC. Talvez tenhamos um período de ajustes nessa parafernália, paraíso dos achacadores, chantagistas e oportunistas.
Os mais “espertos” usam bem seus poderes. Qualquer investigação independente descobrirá, em qualquer nível, como alguns exploram direitos esquecendo deveres. Os mais honestos acabam se afastando de obras e serviços públicos. Aliás, por equidade e a favor do povo, seria justo e necessário a divulgação ampla e irrestrita, em detalhes, da administração das concessionárias privadas, afinal prestam serviços essenciais ou, no mínimo, de interesse geral. O público centra atenção sobre as empresas estatais e se esquece das outras, não menos importantes; algumas até com imensas responsabilidades técnicas e sociais.
Temos heróis e bandidos no serviço público. O resultado da abnegação desses valentes executivos e conselheiros é a perda da saúde, a necessidade do apoio de amigos advogados, pois qualquer ação nessa área custa uma fortuna ao réu, dedicação 24 horas por dia, vigilância máxima ou a entrega ao Diabo de sua alma e cargo.
Felizmente existem situações gratificantes, oportunidades raras de realizar e ser alguém respeitável. Quando amigos chegam a essa situação é motivo de orgulho mostrar-se com eles e de pesar quando algo ruim lhes acontece.
Assim soubemos com imensa tristeza do acidente que vitimou o Economista Ronald Thadeu Ravedutti.
Conhecemos esse jovem em tempos de trincheira política e pudemos indicá-lo, na primeira ocasião possível, à diretoria da Copel. Lá teve competência e capacidade que revelaram um executivo hábil e capaz de lidar com companheiros nem sempre razoáveis e freqüentemente sem preparo para o desafio de administrar a COPEL. Com ele, entre 1993 e 1994, abrimos o capital da empresa e fizemos muito, algo que só cresceu quando lhe deram poder nos diversos cargos após 1994.
Insistimos em dizer, é fácil criticar, muito, mas muito difícil conciliar interesses e tomar a melhor decisão em ambiente poluído por interesses pessoais, políticos, corporativos e necessidades sociais imensas.
A Copel cresceu com ele e agora partia para a internet em banda larga (BEL), com certeza algo mais importante para o estado do Paraná do que as obras que a empresa venceu em São Paulo. Para manter sua corporação afiada, contudo, e os interesses de acionistas, era importante assumir projetos de grande porte na área energética, o que a Copel fez com o atual presidente eng. Raul Munhoz Netto, na época diretor, e o Ronald presidente.
Infelizmente o Paraná perdeu um cidadão que poderia continuar trabalhando pelo seu povo, perdeu-o muito cedo. Mais ainda sua família, sua esposa Tânia e seus três filhos. Para eles não haverá o que console. Sabemos do amor entre eles, algo fácil de entender diante da personalidade alegre, comunicativa e amiga do Ronald. O Paraná perde um executivo competente, nós deixamos de conviver com mais um amigo, entre tantos que o Grande Arquiteto já levou para outra dimensão.
Nossos pêsames a todos, em especial à Tânia e suas crianças, como são os filhos em qualquer idade de qualquer casal apaixonado.

Cascaes
26.11.2010

Prioridades justas, necessárias e prudentes e o PACidadania

O mundo demora a sair da crise econômica em que mergulhou por um conjunto de fatores adversos e perversos. Talvez o mais grave, apesar de minha formação não ser de economista (leitor apaixonado, contudo), tenha sido o endeusamento da Econometria, que Allan Greenspan (Aventuras em um novo mundo, 2007) coloca num pedestal. Vendo gráficos e esquecendo o que é uma empresa nossos “analistas” dão cada vexame...
Hobsbawn [ (A Era do Capital, 1848-1975, 2007) (Hobsbawm, A Era dos Impérios, 1875-1914, 2006)] mostra onde se pode chegar com a supervalorização da livre exploração dos seres humanos, isso sem esquecer as didáticas guerras que a Europa e EUA moveram contra a China no século 19 (Guerras do Ópio) sob a desculpa de se defender o “livre mercado internacional”. Aliás, tirando as religiosas e as mais primárias, quais guerras não foram movidas por motivos econômicos ou obra de lunáticos? Imperdível o livro “Origens do Totalitarismo" (Arendt, 2007) onde podemos ter um exemplo tenebroso da personalidade totalitária de alguns chefes de estado. Agora temos a Economia Bandida (Napoleoni, 2010) que merece o máximo de estudos e atenção. Temos livros brasileiros mais antigos que devem ser lidos, em especial (História Geral da Civilização Brasileira, 1978) que, na década de sessenta, aguçou nosso interesse em Economia e História.
Isso tudo sem esquecer meu pai, Pedro Cascaes, que tinha paciência para conversar diariamente comigo (anos cinqüenta e início da década de sessenta) sobre esse assunto, antes que eu me mudasse para São Paulo, onde fiz cursinho e depois Engenharia em Itajubá (Engenharia).
Vamos à nossa atualidade. Parece que os marqueteiros das maldades econômicas ganharam força. Aparecem com tudo. Falam pouco do principal. A necessidade da reforma fiscal (utopia de acordo com muitas autoridades), a diminuição da tremenda burocracia existente em nosso país, a assustadora parafernália fiscal, a redução da quantidade absurda de leis (temos uma agora para o filtro solar, obra de um iluminado), decretos, portarias e, conseqüentemente, fiscais e varas para pegar os contribuintes “criminosos” e empresários etc. O ideal é ser funcionário público, pacato, bem comportado...
A quase impossibilidade de ser empresário pequeno ou médio no Brasil e a mídia excessiva em torno de padrões de vida, que nosso povo está distante de possuir, estão criando as “Forças Armadas Revolucionárias do Brasil”, as futuras FARB que, por compensação ao que nosso governo faz, possam ser reconhecidas oficialmente por alguns governos irresponsáveis. A geração dos anos sessenta colhe o que plantou.
Nossas contas externas perdem fôlego com a adoção simplória de teses de comércio internacional que só o Brasil respeita... Como sempre somos os trouxas do mundo, fosse o contrário e seríamos uma grande potência militar e econômica, com todos os reflexos que isso significa. Afinal, de uma forma nem sempre louvável, mas pragmática, o financiamento e desenvolvimento de novas armas deu às grandes potências a desculpa que precisavam para formar parques tecnológicos importantíssimos. A proteção (ainda que por motivos militares) de indústrias estatais, mistas ou privadas garante autonomia para enfrentar muita coisa.
Felizmente vamos para outro governo sobre os sucessos do anterior, que muitos insistem em atribuir ao Banco Central, esquecendo que a agroindústria brasileira assim como o bom desempenho de algumas outras permitiu-nos conseguir montanhas de divisas num período em que gigantes como a China e Índia começaram a consumir alimentos. O governo Lula aprendeu, no final de sua gestão, que é importantíssimo apoiar a industrialização do Brasil. Assim nossos estaleiros estão produzindo grandes navios e outras fábricas, ainda que multinacionais, dão dólares ou evitam a evasão descontrolada de divisas. Onde e quando a iniciativa privada falha, que voltem as empresas estatais fazendo usinas, portos, estradas, ferrovias, etc. ótimo! E vice versa. Melhor ainda se criarem um padrão de PPP confiável.
O resgate da miséria, naturalmente, passa pela esmola estatal. O “Bolsa Família” é um programa importantíssimo, como qualquer outro, passível de aprimoramentos.
Mais do que tudo devemos investir em boa Educação. Para isso as escolas de primeiro grau devem evoluir para serem escolas integrais e termos programas modelo “Comunidade Escola” (Mirante do Comunidade Escola, 2010) em todas as cidades brasileiras. O Exemplo de Curitiba merece ser imitado.
Com certeza o Brasil deve rever as lógicas de combate às FARB, talvez em nova Constituinte introduzindo a pena de morte e simplificando estratégias de julgamento de bandidos, sejam eles fantasmas ou tão reais quanto os traficantes de nossas metrópoles.
Na Economia os mestres simplistas deveriam estudar mais. Essa ciência deve existir para apoiar o desenvolvimento da Humanidade e não para eternizar a escravidão, penalizar os idosos, as PcD, as cidades, o povo. Vemos e ouvimos discursos de arrepiar, está na hora no Brasil do PACidadania.

Cascaes
25.11.2010

anônimo. (s.d.). Guerras do Ópio. Acesso em 25 de novembro de 2010, disponível em Wikipédia: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:y1Uzc96U2uUJ:pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio+guerra+do+%C3%B3pio&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Cascaes, J. C. (novembro de 2010). Fonte: Mirante do Comunidade Escola: http://mirante-do-comunidade-escola.blogspot.com/
Greenspan, A. (2007). Alan Greenspan, a era da turbulência. (A. C. Serra, Trad.) São Paulo: Elsevier e Campus.
Hobsbawm, E. J. (2007). A Era do Capital, 1848-1975. (L. C. Neto, Trad.) São Paulo: Editora Paz e Terra.
Hobsbawm, E. J. (2006). A Era dos Impérios, 1875-1914. (Y. S. Sieni Maria Campos, Trad.) São Paulo: Paz e Terra.
Napoleoni, L. (2010). Economia Bandida. (P. J. Junior, Trad.) Rio de Janeiro: Difel.
Sérgio Buarque de Holanda, P. M. (1978). História Geral da Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: DIFEL.

Automação, vida melhor, competição e ideologias

Na história da humanidade tivemos uma evolução quase constante, com retrocessos terríveis em alguns períodos. Esse ciclo de pensar, propor, lutar, vencer, testar, avaliar, corrigir ou abandonar, recomeçar novos comportamentos levou nossa espécie animal ao patamar em que se encontra e à vitória um tanto relativa contra outras espécies vivas. Nessa caminhada ao longo dos tempos o cérebro humano se desenvolveu, perdeu acuidade sensorial, ganhou massa cefálica, mas ainda mantém arquétipos dos seus tempos mais selvagens.
Estamos sempre ensaiando modelos e conceitos.
De tempos em tempos alguns iluminados descobrem “soluções permanentes”. Nada mais evidente desse comportamento do que as religiões e as ideologias. No embate filosófico e nas lutas armadas ganhamos estratégias de convencimento que podem ter sido utilíssimas em algumas circunstâncias. Podemos perceber, contudo, que inibem o raciocínio, a capacidade de julgamento das pessoas, levando-nos para comportamentos de intolerância perigosos, quando não explicitamente agressivos e violentos, ou simplesmente a ser formais, burocratas, autômatos nas mãos de KGBs e delegados de partido.
Pior ainda quando as ideologias se transformam em religiões ou se unem a essas formas de explicar e governar os processos sociais. As fogueiras inquisitoriais e os campos de extermínio nazista são alguns dos exemplos possíveis. O genocídio muitas vezes ancorou-se na necessidade de mandar para outro mundo os infiéis ou simplesmente criar espaços vitais para raças superiores, assim entendidas porque teriam a missão divina de colonizar a Terra.
Quando falamos de extermínio sistemático não podemos esquecer o que aconteceu nas três Américas. Nessa parte do planeta, dando continuidade ao que povos pré-colombianos já faziam, nações “indígenas” (entre aspas porque essa denominação é um tremendo equívoco e já deveria ter sido proibida pelos amantes da semântica) foram eliminadas (As veias abertas da América Latina) para que os colonos pudessem rezar com mais tranqüilidade, plantar, colher, criar gado e até fazer uma reforma agrária em cima de territórios indígenas, como aconteceu nos EUA no meio do século 19.
A humanidade é, assim, territorialista, materialista apesar das religiões mais zen, tribal, egocêntrica. Afinal, apesar de tudo, o egoísmo é ruim? Não seria fundamental à sobrevivência em ambiente hostil? Seja como for, a ignorância e os excessos causaram tragédias colossais.
Precisamos avançar, evoluir. Para crescer intelectualmente todos deveriam estudar, ler, aprender sobre si mesmos, praticar esportes, freqüentar museus, ver, cheirar, ouvir, tocar a natureza que aos poucos está perdendo. De que jeito?
Obviamente sempre existirão utopias. Utopias porque ignoram a espécie humana. Assim sendo devemos nos ater a novas tecnologias e a coisas óbvias tais como uma legislação trabalhista associada à fiscal, que iniba o trabalho exaustivo, escravo, infantil, excessivo. Devemos aos poucos substituir atividades por autômatos e teletrabalho, fugir dos depósitos de gente onde pretensos administradores proíbem até o cafezinho, exigindo deslocamentos poluentes e cansativos entre residência e local de trabalho, simplificar hábitos, exigir menos aparência física e ter mais orgulho do engrandecimento intelectual.
Precisamos esquecer um pouco (ou muito) o Produto Interno Bruto (PIB) e valorizar a Felicidade Interna Bruta (FIB) (Susan Andrews, 2010). É fundamental combater drogas alucinantes, pois nunca foi tão importante a inteligência sadia.
Usar nossa competência para lembrar que o amor é a chave de uma vida feliz. Vamos valorizar acima de tudo as crianças, a maternidade, a mulher em suas atividades mais do que vitais. Esquecer o esporte espetáculo e refazer praças de esporte, de ginástica e de saúde. Diante da saturação das monstrópolis devemos aproveitar espaços desperdiçados num país de oito e meio milhões de quilômetros quadrados redistribuindo cidades. Impõe-se repensar técnicas de urbanismo, transporte, acessibilidade e acima de tudo fugir das teses dispersivas, falsas, ilusórias.
Nós, brasileiros, temos oportunidades infinitas, ainda. Só devemos cuidar para não cair nos figurinos gastos, desacreditados. É tempo de ler e reler os livros [ (Masi, A Economia do Ócio) (Masi, O Futuro do Trabalho, fadiga e ócio na sociedade pós-industrial, 1999) (Masi, O Ócio Criativo)] de Domenico De Masi.

Cascaes
23.11.2010
Galeano, E. (1978). As veias abertas da América Latina. (G. d. Freitas, Trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Masi, D. D. A Economia do Ócio. Rio de Janeiro: Editora Sextante (GMT Editores Ltda.).
Masi, D. D. (1999). O Futuro do Trabalho, fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. (Y. A. Figueiredo, Trad.) UNB e José Olympio.
Masi, D. D. O Ócio Criativo. Sextante.
Susan Andrews. (2010). Felicidade Interna Bruta - FIB. Fonte: site daproposta FIB: http://www.felicidadeinternabruta.org.br/

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Automação, vida melhor e ideologias

Na história da humanidade tivemos uma evolução quase constante, com retrocessos terríveis em alguns períodos. Esse ciclo de pensar, propor, lutar, vencer, testar, avaliar, corrigir ou abandonar, recomeçar novos comportamentos levou nossa espécie animal ao patamar em que se encontra e à vitória um tanto relativa contra outras espécies vivas. Nessa caminhada ao longo dos tempos o cérebro humano se desenvolveu, perdeu acuidade sensorial, ganhou massa cefálica, mas ainda mantém arquétipos dos seus tempos mais selvagens.
Estamos sempre ensaiando modelos e conceitos.
De tempos em tempos alguns iluminados descobrem “soluções permanentes”. Nada mais evidente desse comportamento do que as religiões e as ideologias. No embate filosófico e nas lutas armadas ganhamos estratégias de convencimento que podem ter sido utilíssimas em algumas circunstâncias. Podemos perceber, contudo, que inibem o raciocínio, a capacidade de julgamento das pessoas, levando-nos para comportamentos de intolerância perigosos, quando não explicitamente agressivos e violentos, ou simplesmente a ser formais, burocratas, autômatos nas mãos de KGBs e delegados de partido.
Pior ainda quando as ideologias se transformam em religiões ou se unem a essas formas de explicar e governar os processos sociais. As fogueiras inquisitoriais e os campos de extermínio nazista são alguns dos exemplos possíveis. O genocídio muitas vezes ancorou-se na necessidade de mandar para outro mundo os infiéis ou simplesmente criar espaços vitais para raças superiores, assim entendidas porque teriam a missão divina de colonizar a Terra.
Quando falamos de extermínio sistemático não podemos esquecer o que aconteceu nas três Américas. Nessa parte do planeta, dando continuidade ao que povos pré-colombianos já faziam, nações “indígenas” (entre aspas porque essa denominação é um tremendo equívoco e já deveria ter sido proibida pelos amantes da semântica) foram eliminadas (As veias abertas da América Latina) para que os colonos pudessem rezar com mais tranqüilidade, plantar, colher, criar gado e até fazer uma reforma agrária em cima de territórios indígenas, como aconteceu nos EUA no meio do século 19.
A humanidade é, assim, territorialista, materialista apesar das religiões mais zen, tribal, egocêntrica. Afinal, apesar de tudo, o egoísmo é ruim? Não seria fundamental à sobrevivência em ambiente hostil? Seja como for, a ignorância e os excessos causaram tragédias colossais.
Precisamos avançar, evoluir. Para crescer intelectualmente todos deveriam estudar, ler, aprender sobre si mesmos, praticar esportes, freqüentar museus, ver, cheirar, ouvir, tocar a natureza que aos poucos está perdendo. De que jeito?
Obviamente sempre existirão utopias. Utopias porque ignoram a espécie humana. Assim sendo devemos nos ater a novas tecnologias e a coisas óbvias tais como uma legislação trabalhista associada à fiscal, que iniba o trabalho exaustivo, escravo, infantil, excessivo. Devemos aos poucos substituir atividades por autômatos e teletrabalho, fugir dos depósitos de gente onde pretensos administradores proíbem até o cafezinho, exigindo deslocamentos poluentes e cansativos entre residência e local de trabalho, simplificar hábitos, exigir menos aparência física e ter mais orgulho do engrandecimento intelectual.
Precisamos esquecer um pouco (ou muito) o Produto Interno Bruto (PIB) e valorizar a Felicidade Interna Bruta (FIB) (Susan Andrews, 2010). É fundamental combater drogas alucinantes, pois nunca foi tão importante a inteligência sadia.
Usar nossa competência para lembrar que o amor é a chave de uma vida feliz. Vamos valorizar acima de tudo as crianças, a maternidade, a mulher em suas atividades mais do que vitais. Esquecer o esporte espetáculo e refazer praças de esporte, de ginástica e de saúde. Diante da saturação das monstrópolis devemos aproveitar espaços desperdiçados num país de oito e meio milhões de quilômetros quadrados redistribuindo cidades. Impõe-se repensar técnicas de urbanismo, transporte, acessibilidade e acima de tudo fugir das teses dispersivas, falsas, ilusórias.
Nós, brasileiros, temos oportunidades infinitas, ainda. Só devemos cuidar para não cair nos figurinos gastos, desacreditados. É tempo de ler e reler os livros [ (Masi, A Economia do Ócio) (Masi, O Futuro do Trabalho, fadiga e ócio na sociedade pós-industrial, 1999) (Masi, O Ócio Criativo)] de Domenico De Masi.

Cascaes
23.11.2010
Galeano, E. (1978). As veias abertas da América Latina. (G. d. Freitas, Trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Masi, D. D. A Economia do Ócio. Rio de Janeiro: Editora Sextante (GMT Editores Ltda.).
Masi, D. D. (1999). O Futuro do Trabalho, fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. (Y. A. Figueiredo, Trad.) UNB e José Olympio.
Masi, D. D. O Ócio Criativo. Sextante.
Susan Andrews. (2010). Felicidade Interna Bruta - FIB. Fonte: site daproposta FIB: http://www.felicidadeinternabruta.org.br/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Medo de imagens e a privacidade

Quem usa filmadoras e gosta de fotografar e filmar enfrenta um problema delicado que pode inibir boas reportagens. Pode ou não filmar? Fotografar? Entrevistar? Divulgar em youtube (YOUTUBE e a revolução digital, 2009)? Blogs?

Com certeza temos exemplos diversos de mau uso desse tipo de atuação. Não deve ser agradável servir de motivo de chacota em programas denominados “pegadinhas” ou alertar bandidos para os seus hábitos e a própria figura.

Infelizmente, contudo, por necessidade de segurança em geral há muito tempo deixamos de poder esconder nossos rostos, tipo de sangue, raça etc.; até em carteiras de identidade querem que se anotem detalhes talvez excessivos, ou seja, existem bancos de dados a nosso respeito de diversas formas (discretos, indiscretos, públicos e privados, com boas e más intenções). Sigilosamente podemos ser grampeados de todas as maneiras possíveis. A última campanha eleitoral, por exemplo, mostrou a ponta de um iceberg que se tornou mania dos poderosos: gravar para extorquir, chantagear. Tem governo que se quisesse revogaria a lei da gravidade, se fosse decisão humana. Isso não é privilégio de políticos. Empresários com interesses em grandes negócios podem contratar os melhores times de arapongas...

Gravadores para dados diversos, filmadoras e registradores fotográficos capturam detalhes nossos, diariamente, em mercados, lojas, ruas, agências bancárias, aeroportos etc. e caminhamos para o rastreamento total. Até nossas casas a Google já mostra em fotografias ultra-detalhadas, via satélites e equipamentos poderosíssimos para quem quiser ver. Falam até em chips que muitos já deixaram embutir em seus carros e até sob a pele para rastreamento num planeta mais e mais feroz graças ao radicalismo religioso, político, carências de toda espécie e comportamentos patológicos.

Precisamos, contudo, mostrar a si próprios quando queremos trabalhar, produzir algo e ter alguma segurança melhor.

O sucesso pessoal depende demais da exposição e convivência tão ampla e irrestrita quanto possível.

Melhor ainda, os depoimentos, as imagens e sons passíveis de registro e divulgações ilimitadas estão se transformando em poderosa arma contra maus governos. Talvez por isso queiram reintroduzir a censura em nosso país. Deve incomodar demais a alguns donos do poder a sensação de que possam estar sendo vigiados.

Temos visto reportagens incríveis de problemas seculares no Brasil, só agora visíveis graças à imprensa livre e algumas indiscrições. A série “Diários Secretos” da Gazeta do Povo e RPC que o diga, vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo 2010 (O Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de imprensa do Brasil). Dessa, os que erraram não escapam mais. Talvez não sejam punidos pela Justiça, mas o povo já fez seus julgamentos, avaliações que devem pesar na consciência de todos, eleitores e eleitos.

Quem não deve não teme. Aparecer em qualquer ambiente estudando, trabalhando, produzindo algo de útil deve ser uma honra para qualquer um de nós. É a boa vaidade de que tanto precisamos.

Vivemos e ainda estamos existindo em lógicas de louvação [pg. 355 de (A vida do Espírito) e a primeira parte do livro (Crainte et Tremblement) como exemplo] a um ser superior (aqui e no céu).

O ser humano exerce um poder incrível de criar e viver com rituais (e seus profissionais). Aliás, isso já foi motivo de muitos estudos e livros dos quais destacamos o “Poder do Mito” (Campbell, 1990), excelente em sua parte inicial. Sendo um cientista, gasta muito espaço de sua obra demonstrando o que diz, mas o primeiro capítulo é imperdível. E podemos ver em outras obras essa questão colocada de diversas formas clínicas, filosóficas, objetivas ou não.

Precisamos acreditar em nós mesmos, não ter medo, mostrar a cara a menos, é claro, que tenhamos muito a esconder.

Ninguém é perfeito, quem não erra formalmente num país que é o paraíso dos advogados, pois cria leis, decretos, normas, regulamentos, portarias etc. em profusão? A boa intenção do legislador é indiscutível, mas quem, em sã consciência, saberá e interpretará de forma justa e precisa tudo que produzem? Precisamos simplificar e centrar ações em cima de questões reais e não dispersar a atenção em detalhes que só complicam a vida.

Perdemos privacidade e ganhamos a possibilidade de usar os meios de comunicação para o principal: mostrar e servir de exemplo para leis implícitas, mensagens subliminares ou propostas reais e concretas como vimos no final de semana no trabalho do Programa Comunidade Escola em Curitiba (Mirante do Comunidade Escola). Que maravilha! Com alguns receios fizemos filmes, pois acreditamos que esse é um bom motivo de registro e divulgação. Se errar é humano, acertar é um momento de muita alegria. A Prefeitura de Curitiba está de parabéns. Fez e mantém um bom projeto educacional e social, melhor ainda criando amor, fraternidade e sentimentos de cidadania. Por isso recebeu um prêmio que merece registro. Após avaliação nacional conquistou um troféu pelo segundo lugar no “Prêmio Nacional em Direitos Humanos – 2010” (Grupo SM, 2010) em (http://www.educacaoemdireitoshumanos.org.br/ ).

Concluindo podemos afirmar que o século 21 será extremamente diferente do anterior. Se antes era possível esconder-se, evitar publicidade, contato, agora nada é impossível. O desafio é usar bem o potencial da tecnologia.



Cascaes

22.11.2010

Arendt, H. (2009). A vida do Espírito. (C. A. Almeida, Trad.) Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.

Campbell, J. (1990). O Poder do Mito. São Paulo: Editora Palas Athena.

Cascaes, J. C. (20 de novembro de 2010). Mirante do Comunidade Escola. Fonte: blog : http://mirante-do-comunidade-escola.blogspot.com/

Grupo SM. (novembro de 2010). O Grupo SM é um grupo de Educação de referência na Espanha e na América Latina liderado pela Fundação SM. Fonte: Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos 2010: http://www.educacaoemdireitoshumanos.org.br/

Jean Burgess, J. G. (2009). YOUTUBE e a revolução digital. (R. Giassetti, Trad.) São Paulo: ALEPH.

Kierkegaard, S. (1843). Crainte et Tremblement.

O Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de imprensa do Brasil. (novembro de 2010). Fonte: Prêmio Esso de Jornalismo: http://www.premioesso.com.br/site/home/index.aspx

Privatização forçada

Viajando pela Colômbia ouvimos de muitos, que lá vivem, que a privatização foi a única saída contra a corrupção que encontraram. Essa não era uma afirmação de gente rica, mas sim de pessoas comuns em qualquer lugar. Algo “espantoso” é que os serviços privatizados funcionam bem e a Colômbia mostra uma boa infra-estrutura, que certamente seria melhor se não precisasse gastar uma fortuna na guerra contra as FARC.
No Brasil, além dos problemas que a campanha eleitoral apontou, temos de forma preocupante a corrupção e a incompetência de empresas privadas, que só não são melhor percebidas porque, estranhamente, as pessoas (e a mídia) pensam que numa concessionária de serviços públicos “não estatal” o problema é dos proprietários das empresas, esquecendo que companhias mal administradas trabalham mal, podendo até criar situações perigosas. Por exemplo, estamos com centenas de projetos de centrais de energia em mãos particulares. Será que estão sendo devidamente auditadas? As empresas de transporte aéreo estão em dia com os cuidados técnicos necessários? Os gasodutos são confiáveis? As ferrovias estão funcionando bem? Os projetos, obras, manutenções e a operação são adequados, justos, suficientes e de boa técnica? Essa é uma pergunta para as estatais também, pois aqui é comum notar que a Engenharia deu lugar para a economia porca. É bom lembrar que desastres com barragens, transporte de gás, trens e similares não se limitam a interrupções de serviços...
E a privatização?
Vender estatais pode ser uma ação eficaz desde que dentro de processos honestos e justos. Pior é perdê-las por incompetência.
Pode-se privatizar um estado submetendo-o a ações ineficazes, deixando suas estatais nas mãos de pessoas inabilitadas e/ou desonestas, criando-se precatórias, não pagando dívidas etc. Um mau governo tem, em pouco tempo, condições de desmontar estruturas que mereciam o respeito de todos. Sem opções, o povo se vê na última hipótese que é vender suas empresas e esperar que as coisas melhorem.
Quem quebra cai nas mãos dos credores.
No segundo mandato FHC o Brasil sentou no colo do FMI por efeito de um longo e colossal período de desperdício de divisas. Em alguns estados a venda de estatais foi a única solução para dívidas impagáveis e vícios crônicos na administração pública. O que precisa ser visto, lembrado, repetido, contudo, é que os remédios nem sempre são razoáveis.
A Europa e os EUA passam agora por uma tremenda turbulência, vamos ver que xerifes colocarão nas economias e administrações de seus países. Quebraram no dominó da especulação e de critérios errados de investimentos perdulários.
Aqui estamos sob intervenção dos emprestadores de dinheiro. É fácil perceber isso na preocupação embutida via mídia sobre a independência do Banco Central e manutenção dos cuidados monetaristas.
O Brasil perdeu tempo, dinheiro, desenvolvimento etc. com lógicas de má administração de tudo, simplesmente.
E a política?
Talvez a pior privatização que existe em nossa terra seja a das campanhas eleitorais, onde alguns candidatos gastam fortunas explícitas para se elegerem, outros, além dessas fortunas “democráticas”, ainda consomem doações via caixas 2, 3 etc.
Cascaes
20.11.2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

República brasileira

O verbete República tem muitos significados, explicações e histórias. De Platão ao mundo dos estudantes podemos contar muita coisa.
A melhor, a mais simpática é “habitação particular e coletiva de estudantes”, que tiramos do Houaiss com muitas saudades dos tempos de estudante longe da casa, lutando por um lugar na universidade ou, melhor ainda, estudando Engenharia (nas horas que sobravam).
Algo sensacional foi morar numa república. Em Itajubá, durante dois anos emeio tive a felicidade de conviver com uma turma muito especial. Três sargentos do Batalhão de Engenharia local, três estudantes no IEI que mudou para EFEI, e, completando o time, mais três vestibulandos, eventualmente algum outro, aumentando o número de pagantes daquele apartamento no Edifício Issa.
Aprendi muito e me diverti mais naqueles anos sessenta.
Antes (1963), em São Paulo, fazendo cursinho (Di Túlio), conheci gente fantástica, numa república em que alunos do ITA, da Politécnica de SP e vestibulandos moravam, dividiam a mesa comigo e espaço para estudar, pensando no vestibular (eu). Nesse ambiente conheci o primeiro torcedor fanático e folgazão do Corinthians; era alvo da gozação da turma a luta por um título que seu clube perseguia há anos. Lá também senti na plenitude a São Paulo quatrocentona de Adoniran Barbosa.
Apelando mais uma vez ao Houaiss que diz, transcrevendo tudo, uma república é:
(1) forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos
(2) Rubrica: termo jurídico.
forma de governo na qual o povo é soberano, governando o Estado por meio de representantes investidos nas suas funções em poderes distintos(p.ex.: Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário)
(3) Derivação: por extensão de sentido.
o país assim governado
(4) habitação particular e coletiva de estudantes
(5) Derivação: por extensão de sentido.
o grupo de estudantes que aí vive
(6) Uso: informal.
associação em que há muita desordem

Talvez, de tudo isso, a descrição mais apropriada ao nosso país seja a (1) mais (6), apenas acrescentando que somos um estado constituído de modo a atender o interesse geral de alguns cidadãos.
Vamos ao dia e à nossa história formal.
15 de Novembro é data de comemoração da República do Brasil, que talvez merecesse outras denominações. Surgimos, contudo, com promessas de modernidade e influências positivistas. Esse era o discurso de 1889, que da espada com grandes filosofias passou ao café com leite, etc.. As razões do interesse sobre o bem público, contudo, até hoje, insistindo, merecem inquéritos e ajustes diante da visão de elites, que se consideram acima de leis que elas próprias fazem.
Por bem ou mal avançamos muito. Talvez mais por efeito de guerras estrangeiras, ideais fascistas perderam força e o espírito escravagista vai se exaurindo devagarzinho...
Devemos, mais do que nunca, ter esperanças no Brasil. De forma não linear, como poderíamos dizer em linguagem matemática, avançamos rumo à universalização da cultura, escolas melhores e ambientes de maior potencial de aprendizado. Trazendo invenções estrangeiras, em destaque o mundo WEB, e aplaudindo algumas decisões competentes de nossos últimos governantes progredimos, evoluímos. Nossos grandes chefes erraram muito, mas merecem este crédito de valor inestimável.
É especialmente bom ver em nossas escolas de primeiro e segundo graus, pelo menos aqui no Paraná, as salas de Informática, professores estudando em cima de terminais, fazendo cursos especiais e a possibilidade de ampliação de tudo isso com novas tecnologias de acesso à cultura (com destaque para o EAD e literatura digital via internet).
As universidades foram multiplicadas de forma exponencial (termo matemático, vício de engenheiro), a ponto de entidades corporativas ficarem assustadas com a concorrência de mais e mais profissionais em suas searas.
Ou seja, o dia da República do Brasil pode finalmente merecer comemorações sinceras.
Cascaes
15.11.2010

domingo, 14 de novembro de 2010

O ensino, a tecnologia e o EAD

O Brasil precisa de profissionais, muitos e com urgência. Nosso país é gigantesco, viabilizar a universalização do ensino de que jeito?
Se existe algo que favorece o desenvolvimento sustentável, a PcD, o idoso, pessoas que trabalham, mobilidade, acessibilidade a pessoas mais humildes, universalização da formação profissional etc. é o Ensino a Distância – EAD, principalmente se oferecido sem complicações inúteis, tais como as salas virtuais, prazos e restrições mequianas. Afinal para que existe o mercado de trabalho, a avaliação de clientes e empregadores? Existe algo mais eficaz do que o bom serviço para qualificar um profissional?
Do terceiro grau em diante ou mesmo a partir do primeiro grau, dependendo da idade e educação do estudante, a sala de aula com presença obrigatória do estudante é absolutamente desnecessária.
Chegamos a um patamar tecnológico em que os estudantes poderiam comprar cursos em bancas de jornais e, simplificadamente, depender de tutores via internet e provas similares a jogos digitais, feitas à distância. A desmoralização do ENEM demonstra a que serve a radicalização burocrática e a exigência de exames convencionais.
Aulas práticas aconteceriam em ambientes virtuais ou, quando necessárias, em locais de excelência, realmente bem preparados e não simulacros de laboratórios.
Para o aluno com deficiência(s) poder estudar sem humilhações e deslocamentos inúteis e repetindo quantas vezes necessitasse temas e aulas mais complexas o EAD é algo fantástico.
Com o Ensino a Distância as cidades ganhariam espaços, atualmente saturados, em parte graças ao trânsito de veículos em determinadas horas indo e vindo de escolas, algumas com centenas de salas iluminadas, perdulárias e poluentes. Essas salas poderiam se transformar em ambientes de consulta e debates acadêmicos e profissionais.
É até interessante observar o que chamamos de universidades, atualmente, nelas as áreas de estacionamento, dentro e fora, estão ocupando mais espaços que os alunos que, apesar de freqüentarem aulas presenciais, mal se conhecem...
Precisamos de pólos de formação de cursos (gravação), pesquisa e desenvolvimento de material de estudos, treinamento de tutores e de modernização do ensino sem os tenebrosos corporativismos que sentimos em nosso dia a dia.
Aliás, seria tremendamente oportuno se sindicalistas e políticos se lembrassem quais eram os maiores sindicatos de São Paulo, por exemplo, no início do século passado.
Recordando, mais uma vez, as excelentes palestras da 67ª. SOEAA (Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia) e na seqüência, o 7ª. CNP (Congresso Nacional dos Profissionais), em Cuiabá de 22 a 28 de agosto de 2010, destacamos afirmações de um executivo da Brainstorming Assessoria, Dr. Raul José dos Santos Grumbach: “O mundo está com transformações cada vez mais rápidas e que aqueles que gerenciam seus negócios têm que estar atentos. Porque senão vislumbrarem essas mudanças, eles serão surpreendidos”.
E qual é o negócio de quem quer aprender? Estudar. De que jeito se tiver barreiras nem sempre superáveis de tempo, mobilidade, acessibilidade e (ou) disponibilidade financeira?
O EAD é infinitamente mais barato do que o ensino convencional e mais eficaz a partir do momento em que o jovem ou adulto sentir que ele é responsável pelo seu futuro, e não o MEC (que deve ajudar e não atrapalhar), os pais ou os professores.
O desafio de nosso povo é descobrir a importância do EAD e induzir nossos governos a investirem em internet, sistemas de banda larga e centros de produção de material didático e pedagógico com plena acessibilidade e máxima qualidade.
Os jovens precisam compreender que, se existe um pequeno espaço para heróis do esporte, no Brasil temos um ambiente de oportunidades infinito para quem quiser trabalhar, para isso, contudo, devem estudar, estar preparados para o século 21.
Maravilhosamente o terceiro milênio já começa com soluções incríveis e um tremendo potencial de desenvolvimento...

Cascaes
14.11.2010

sábado, 13 de novembro de 2010

A obra mais cara

“O TCU manteve o veto às obras de duas refinarias da Petrobrás: a Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. Os dois investimentos tinham sido brecados pelo TCU no passado, mas Lula ignorou a recomendação, autorizando a liberação de recursos para ambas. Caberá agora aos parlamentares da Comissão Mista de Orçamento (CMO) decidirem se apoiam o órgão ou se endossam a iniciativa de Lula. ... (Jornal O Estado de São Paulo em 10 de 11 de 2010)”
Ótimo! É extremamente importante sentir a atuação enérgica do Tribunal de Contas da União. Devemos, contudo, perguntar, seria essa a atitude correta?
A obra mais cara é a inacabada. A mais perigosa é aquela feita aos trancos e barrancos ou desrespeitando normas e boas técnicas. Qual seria a situação real desse conjunto de projetos? A OAB, CREA, SENGEs, IAB, CNI etc. não deveriam montar uma comissão técnica e jurídica de altíssimo nível para assessorar o TCU e o Governo Federal nessa questão?
Note-se que, de modo geral, são projetos importantíssimos. Significarão um grande passo para nossa infraestrutura que precisa, desesperadamente, evoluir. Muitos deles criarão receitas fiscais enormes (como é o caso das refinarias e usinas de energia). Outros reduzirão o “custo Brasil” e temos obras que melhorarão o conforto e segurança do nosso povo.
Compensa, simplesmente, paralisar obras?
Com certeza, se têm erros graves, os responsáveis por esses “equívocos” deverão ser punidos exemplarmente, sem esquecer, contudo, que muitos acabam criando artifícios para poder trabalhar sob um tremendo volume de leis mal feitas, mal regulamentadas e pessimamente aplicadas, algo que merece a atenção firme dos nossos legisladores. Precisamos racionalizar o Brasil. Isso, entretanto, não é fácil. Quando vemos políticos eleitos com dificuldades até para ler e escrever, tornamo-nos céticos em relação à eficácia do Congresso. No Poder Executivo as nomeações exigem critérios técnicos mais severos. O Governo, em todos os níveis, deveria dar “uma banana” para os doadores de campanha e centrar a atenção na qualidade administrativa. Companheiros ou não, os cargos de maior responsabilidade precisam ser preenchidos criteriosamente.
As cobranças “políticas” já começaram. Será que os governadores e a nossa Presidente da República serão suficientemente firmes e conscientes da importância da boa administração que o Brasil precisa?
Felizmente agora temos o TCU, a internet e muitos jornais e outros meios de comunicação atentos ao governo, além de alguns congressistas que se exaurem apontando equívocos e desvios de conduta. Precisamos da vigilância de todos para que o Brasil saia de alguns lugares ruins em algumas classificações internacionais sobre qualidade de vida e moralidade.
Obviamente “pão e circo” poderão distrair nosso povo. Não é sem sentido vermos tantos políticos “fissurados” em torno da Copa do Mundo, por exemplo. Podemos até acreditar que o futebol seja bom, que isso dará desculpas para a implementação de obras necessárias, que o esporte desvia jovens da criminalidade etc. Mas essa é a prioridade de um país onde sentimos uma tremenda precariedade de tudo?
Pelo menos a economista Dilma Roussef não é ignorante. Pode ser dura, ter dificuldades de fazer belos discursos, atuar de forma diferente de outros, mas a vida dela mostra que aceitou riscos enormes em defesa dos seus ideais. Vamos torcer para que aquela jovem que arriscou tanto, deixando de ser uma patricinha mineira, tenha coerência com seus ideais mais nobres e agora se dedique a fazer uma boa administração do Brasil, inclusive racionalizando leis e decretos e exigindo de seus comandados mais competência na implementação dessa legislação em seus cargos.
As denúncias do Tribunal de Contas da União merecem atenção, inquéritos justos, racionais e punições inteligentes.
Cascaes
13.11.2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Riscos, Engenharia, Fraudes e desvios de verbas públicas

Nossa legislação precisa criar punições severas contra consultores, consultorias e autoridades venais, omissas ou eventualmente coniventes com atos desonestos ou displicentes.
Vemos agora a notícia de que a Polícia Federal enquadrou diversos prefeitos na Bahia. Infelizmente isso não é “privilégio” daquele estado.
Na iniciativa privada, exemplificando, auditores podem enxergar mal as contas de empresas (vide Banco Panamericano) colocando investidores em situação difícil.
Na Europa lemos reportagens dos erros que levaram aqueles países à situação atual, entre elas a de que “especialistas” contratados para análise de planos de investimentos simplesmente erraram, e erraram feio. Quem paga a conta, nesse caso, é o povo que vê seus países mergulharem em crises monumentais.
No Brasil agora teremos a Copa do Mundo, trem bala e outras coisas. Teremos divisas, impostos, taxas etc. e conseguiremos pagar as contas? Vão aumentar os impostos? Quem fez os estudos de viabilidade? Temos, ancorando esses profissionais, grandes empresas de seguro em condições de compensar erros de cálculo, mudanças de cenário?
Quem toma decisões precisa ter confiança naqueles que o orientam, quanto? De que jeito?
As conseqüências de relatórios errados, auditorias precárias, projetos improvisados, obras inoportunas, mal executadas, manutenções e operações mal feitas podem ser catastróficas (sob diversos aspectos). Por exemplo, no Brasil temos centenas de barragens em construção, máquinas enormes sendo instaladas, prédios gigantescos, pontes monumentais, metrôs, gasodutos, portos etc., e se falharem? Quem paga os prejuízos? Algum dinheiro do mundo compensa a perda da família sob as águas de alguma enxurrada ou queimada em grandes incêndios, esmagada sob escombros ou no fundo de deslizamentos de encostas erodidas ou abaladas por explosões?
O que vemos após acidentes significativos e até em empresas e instituições quebradas por efeito de fraudes é a perda de qualidade de companhias de auditoria, projeto e consultoria. Isso até é compreensível, afinal o Brasil parou e regrediu durante as décadas da crise econômica.
Agora, contudo, retoma obras e programas ambiciosos, faltando tudo, até profissionais técnicos capazes dos serviços mais simples.
Vimos na lógica da “contratação pelo menor preço” o aviltamento de profissões. Essa idéia nem sempre sensata, ou melhor, raramente prudente, expôs o Brasil a desastres que já aconteceram e a outros em potencial, alguns poderão ser assustadores. Explorar ao máximo trabalhadores especializados, que deveriam atuar com tranqüilidade, parece ser a tônica desse mundo extremamente avarento e irresponsável.
Ou seja, a humanidade carece de outra dinâmica de avaliação de profissionais e contratação de projetistas, auditores etc. e até de seleção de políticos. Não podemos viver simplesmente sob a lógica da menor tarifa possível, do melhor discurso. Precisamos entender que as leis da Natureza são intocáveis, inclusive algumas da Economia e que preço é qualidade. Qualidade significa segurança.
Nossas instalações, edifícios, empresas etc. se agigantam. Queremos tirar petróleo do fundo do mar. Exigimos trens mais velozes. Os aeroportos deverão ser maiores assim como imensas usinas produzirão energia elétrica (hidrelétricas, nucleares e até aerogeradores gigantescos). Podemos conviver com tudo isso ou estaremos fazendo um castelo de cartas?
Tudo e todos se adaptam a leis e normas. Se fazer porcaria é a regra, vamos rezar mais e continuar pagando menos.
Os grandes acidentes e até as fraudes contra o sistema financeiro nacional e de outras nações recomendam uma rediscussão de estratégias de formação de especialistas, de contratação de profissionais. Diante de tudo o que aconteceu e continua sendo descoberto, qual é a competência e a idoneidade de nossos executivos e de políticos com grande responsabilidade administrativa? A legislação coíbe efetivamente a incompetência e a desonestidade desses líderes?
Perdemos ciência e ganhamos diplomas, qual será, no futuro, o custo dessa ingenuidade legislativa e de administração?

Cascaes
11.11.2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Leituras fantásticas

Uma grande vantagem da aposentadoria, apesar de todas as dificuldades inerentes à idade, é poder ler, estudar, pensar sem a preocupação financeira, do trabalho compulsório sob diversas razões. Ganhamos liberdade com a idade, quando amparada por uma pensão necessária e suficiente aos remédios, próteses e pequenos luxos que conquistamos.
De uma maneira ou de outra, afinal em grandes cidades, pelo menos nelas, existem boas bibliotecas, onde podemos sentar a alguma mesa e ler tranquilamente o que desde jovens sonhávamos ter em mãos para estudos sem finalidades lucrativas.
Com um pouco de sorte talvez escapemos das leituras de terror, dos livros assustadores feitos para disciplinar selvagens e que prometiam infernos a quem pecou, ou seja, não fez o que os sacerdotes determinavam. Aliás, templos, rituais, sacrifícios, paramentos, etc. foram inventados para submeter povos à vontade de um chefe material e outro espiritual, esse outro como aval de tudo que o material fazia. Com a laicização do Estado temos outras formas de aliciamento... esperamos ampliar a liberdade de leitura.
É bom, portanto, poder ler (e agir) sem medo de perder o emprego ou desagradar os caciques. O idoso até pode ser chato, impertinente, afinal, na opinião de multidões, são velhos caquéticos.
E os bons livros?
Em nossos tempos século 21 o volume de obras literárias e científicas cresce exponencialmente. Dizem que o conhecimento humano dobra a cada 72 horas e que em torno de três mil livros são publicados diariamente. Maravilha!
Melhor ainda, desenvolvem sistemas de produção, de transmissão e leitura de livros que independerão de prateleiras e estantes em livrarias, normalmente cheias de livros infantis, ou melhor, de livros de gosto popular, inúteis para quem aprecia pensar e aprender algo que preste.
Os “e-books”, usando mais esse anglicismo, eles merecem o respeito, vêm com tudo. Assim não precisaremos gastar com armários de madeira, matéria prima também dos livros convencionais, metros quadrados mais e mais caros de construção, não teremos crises de alergia ao abrir volumes antigos e poderemos levar nossa “biblioteca” a qualquer lugar, no fundo de algum bolso. Se ainda são rígidos, logo terão telas flexíveis, facilitando o transporte. Outras facilidades deverão acontecer, principalmente a redução de custos, ainda, oportunisticamente, extremamente caros em todas as formas.
Temos, portanto, mantendo-se a liberdade imprensa, algo que os fundamentalistas religiosos e os políticos abominam, condições de leituras (estudos também) extraordinárias, redescobrindo o passado e sonhando com o futuro, até porque melhores obras aparecem, somando-se às antigas. Isso é importante, pois vamos ganhando descendentes e queremos que tenham um mundo melhor.
Os livros também já podem ser ouvidos.
Escritos digitalmente, há como transformar textos em sons, assim como simplesmente procurá-los em formato sonoro. As letras poderão ter o tamanho que quisermos (já é possível) e se alguém, como faço, gosta de borrar as melhores afirmações, elas são possíveis nos bons e-books (e PCs, notebooks, laptops). Pode-se ler via notebook (em outros padrões) sem incomodar a companheira(o) que quer dormir e até ouvi-los com fones de ouvido. Logo teremos livros em LIBRAS e quem sabe, algum dia, com padrões de compreensão ainda desconhecidos.
Tudo isso, para o idoso, até para aqueles que pretendam estudar melhores formas de agradar algum Ser Superior, agora é fácil, já é possível. O que falta, para completar esse sonho, é a existência de bons empreendedores, os donos do dinheiro descobrirem esse filão e o governo estimular pesquisa e desenvolvimento de produtos modernos, bons e acessíveis intelectualmente, fisicamente, sensorialmente e financeiramente.
Cascaes
10.11.2010

Terceirização de serviços e contratação de obras

No Brasil temos o hábito de “peitar” leis, procurar dar um “jeitinho”, corromper autoridades etc. quando o mais lógico estaria na otimização de nossa legislação e da jurisprudência em torno de cada conjunto de leis, decretos, normas, portarias etc..
Temos estatísticas assustadoras em função das complicações criadas, algo que desaba sobre a população mais humilde, sem condições de pagar boas bancas de advocacia.
A legislação complicada é um prato cheio para os bandidos (eles sabem se defender e usá-la em benefício próprio) e dá ao Brasil uma posição tenebrosa no ranking da burocracia e necessidade de facilidades para empreender e trabalhar.
Esse é um tema que gostaríamos de ver a OAB, CREA, IAB, etc. debatendo com profundidade, permanentemente. Sendo, contudo, órgãos eventualmente mais corporativos que atentos às necessidades do povo brasileiro, o tema cai no colo de quem escreve e não pertence a essas áreas profissionais.
O Brasil, contudo, parece caminhar em direção ao bom senso, principalmente em algumas áreas. Nesse contexto os Ministérios Públicos e o Tribunal de Contas da União têm sido importantíssimos, muitas vezes enquadrando questões que teriam solução mais fácil na área política, se nossos representantes no Congresso realmente agissem de forma objetiva. Não sentimos ações e reações inteligentes no Congresso Nacional e em Câmaras estaduais e municipais, menos ainda no Poder Executivo (por quê? Não são burros). Evidentemente existem exceções, mas sendo minorias pouco podem realizar.
O Poder Executivo, como é até natural, procura acertar apoios políticos para poder governar e acaba deixando muitos rombos na estrutura administrativa do país. Não deve ser fácil gerenciar uma empresa com centenas de milhares de funcionários, multidisciplinar, tão complexa quanto é o Estado de um país, que acredita demais em papel e muito pouco na sensatez das pessoas.
É gratificante, neste cenário, ver a atuação dos Ministérios Públicos e do TCU. Tornaram-se nossa esperança, substituindo outras instituições e repartições públicas na defesa do povo brasileiro. No plano Federal o Tribunal de Contas da União merece nossos aplausos.
Hoje, dia 9 de novembro de 2010, vemos o TCU divulgando questões (ou denúncias, conforme o ponto de vista) muito graves. Insiste na suspensão de obras importantes, mas com suspeitas severas (talvez o ideal seja outra espécie de punição) e denuncia a terceirização excessiva de serviços. Ou seja, tocou em dois temas de extrema importância, que mereceriam ações rápidas dos legisladores e do Poder Executivo. Afinal supõe-se que o TCU tenha qualidades técnicas e idoneidade necessárias e suficientes a atitudes dessa espécie.
Em São Paulo, graças a denúncias irrefutáveis via Jornal Folha de São Paulo, a concorrência pública (bilionária) para mais linhas e ampliações do metrô foram canceladas. Aí palmas para o padrão de vigilância de um jornal paulista.
Vemos que poderíamos estar melhor, que os editais mostram falhas insuperáveis quando a omissão é a regra, que o Brasil parece dividido entre cartéis e jogos de poder. Tudo isso representa custos que, a essa altura de nossa democracia, deveriam não existir mais, afinal já temos uma legislação razoavelmente madura, ainda que excessivamente complexa.
Em tudo fica a convicção de que talvez estejamos evoluindo. Afinal no passado os desvios de conduta foram tantos que motivaram ações violentas. A campanha eleitoral trouxe-nos tantas denúncias que chegamos a temer pela conclusão pacífica do embate político. De qualquer forma elas, explicitadas até pelos candidatos, agora merecem investigações e atitudes enérgicas.
Entre as muitas que merecem atenção especial, principalmente pelos nossos sindicatos, está a terceirização de serviços e os editais possivelmente frágeis, tecnicamente mal feitos. Será que nosso povo entende a gravidade do assunto? Ou prefere pensar na Copa do Mundo...

Cascaes
9.11.2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Orquestra natural

O bairro Vila Izabel (Curitiba) ainda tem muitos sons naturais, que, durante o dia, se misturam à zoada de aviões, automóveis e caminhões além de outros barulhos diferentes. Mudou muito em trinta anos. Quando viemos morar por aqui, um pouco mais do que três décadas passadas, tínhamos a orquestra dos anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas), que simplesmente desapareceu. Felizmente ainda somos brindados com o canto dos passarinhos, alguns em gaiolas, a maioria soltos, sobrevivendo apesar do foguetório que eventualmente fazem para comemorar alguma coisa, a fumaça dos veículos e principalmente a perda de terrenos onde árvores distantes das ruas viabilizavam seus ninhos.
De Blumenau permanece na lembrança os tico-ticos, coleirinhas, saíras, canários da terra (reaparecendo em Curitiba), azulão... e o sabiá.
Assim, com nostalgia, revejo alguns na capital paranaense, que além de usar assustadoramente o tal de “solo criado”, ou melhor, malcriado, cresce perigosamente incrustada na Mata Atlântica, de onde muito poderemos recuperar se tomarmos alguns cuidados.
A audição sumindo e o tinnitus (Dá-se o nome de zumbido, ou ainda acúfeno, tinnitus ou tinido, a uma sensação auditiva cuja fonte não advém de estímulo externo ao organismo, é um sintoma associado a várias formas de perda auditiva. Ele pode ser causado por exposição prolongada a sons acima do volume limite para a saúde humana, 105 decibéis, acima do qual é possível causar dano permanente na audição, e ainda outros problemas, como de circulação. Wikipédia) incomodando, procuramos sons que poderemos perder em breve.
Felizmente podendo dormir e acordar a qualquer hora, afinal esse é um privilégio de crianças e idosos aposentados, não é difícil acordar de madrugada para saborear a cantoria de inúmeros pássaros que na primavera aparecem por aqui. Onde estão? Que passarinhos são eles? Não sabemos, mas o canto do sabiá é inconfundível, forte e com muita arte.
Quem sabe algum músico possa colocar em pauta, escrita de músico, o que esses pequenos grandes seres conversam. Felizmente temos a evolução dos computadores, transdutores, softwares. Talvez em breve possamos “baixar” em nossos computadores portáteis alguns programas que, mais microfones, permitam ver, ler e ouvir de diversas formas os sons que eram nossos há meio século e poderão desaparecer em breve. Maravilhosamente as máquinas fotográficas digitais são, também, filmadoras e boas gravadoras de sons; temos o youtube e os blogs, assim já é fácil registrar, arquivar e mostrar muito de nossa fauna e flora.
Ou seja, já podemos construir “livros digitais” sem prateleiras, públicos ou, egoisticamente, se assim quisermos, para uso exclusivo de alguns. O que é importante agora é sabermos usar a Tecnologia para preservação e, se possível, recuperação de maravilhas da Natureza em processo de degradação (infelizmente).
De qualquer forma, com ou sem gravadores e internet, não podemos perder o que sobrou. Precisamos repensar nossas cidades e padrões de vida para darmos espaço ao paraíso que estamos destruindo com o “progresso”.

Cascaes
7.11.2010

domingo, 7 de novembro de 2010

Surpresas de viagem

Fizemos um passeio com muitas dúvidas iniciais e, ao final, a certeza de termos conhecido um país diferente e extremamente interessante, sabendo, contudo, antes de desembarcar em Bogotá, que iríamos conhecer uma região com muita história, histórias de povos que estão na América há milênios e de uma região riquíssima, tendo justificado ações predatórias e sistemáticas dos colonizadores europeus e impérios coloniais (inclusive norte-americano).
Obviamente um país que enfrenta as FARC e tem dentro de suas fronteiras milícias e cartéis de drogas é preocupante, mas a verdade é que a segurança que sentimos passeando por três de suas cidades (Cartagena, Bogotá e Zipaquirá) foi muito maior do que vivendo em Curitiba.
Logo descobrimos as delícias dos refrescos que preparam com coco. Em Cartagena, principalmente, sabem usar essa fruta que, aproveitada de forma adequada, é extremamente saudável, lembrando, contudo, que exige alguns cuidados (algo que nosso povo do Nordeste conhece bem mas desperdiça oportunidades de exploração, criando produtos produtos atraentes). Registrando e usando a Wikipédia: “O valor nutritivo do coco varia de acordo com seu estado de maturação, apresentando de maneira geral bom teor de sais minerais (potássio, sódio, fósforo e cloro), e fibras, importantes para o estímulo da atividade intestinal. Devido ao seu conteúdo em sais de potássio e sódio, é um alimento adequado contra aterosclerose, para o sistema nervoso, cérebro e pulmões, além de ser um bom alimento para os diabéticos. A água de coco é muito saborosa. Pode ser empregada como diurético, por ser inofensiva e rica em sais de potássio. É também indicada nos casos de diarréia, vômitos ou mesmo desidratação. Tem grande eficácia nos casos de pressão alta, problemas cardíacos, cãibras, astenia, dores de cabeça e mal-estar. Ajuda também no crescimento infantil e no combate ao colesterol. Já o coco maduro é contraindicado às pessoas com problemas cardíacos e que tenham alta taxa de colesterol no sangue...Cem gramas de coco maduro fornecem 266 kcal (quilocalorias) e 100 miligramas de água de coco, 22 quilocalorias.” Depois dessa descrição ganhamos a convicção de que aproveitamos bem nossos aperitivos, pois tinham as boas qualidades que a saúde recomenda para quem já está no meio dos sessenta. Por quê tanta ênfase? Mais uma vez, os cartagineses fazem maravilhas com o coco, inclusive em pratos diversos usando camarões e lagostins.
Pois é, e tem história. Cartagena de Índias, cidade fundada em 1533 é Patrimônio Mundial pela UNESCO. Além do aspecto monumental de suas fortificações, guarda parte significativa da história latino americana em suas ruas, fortalezas e fortins, igrejas e sobrados (com belíssimos balcões) e em alguns lugares os espaços ajardinados, internos, surpreendendo quando, entrando por alguma porta, descobrimos um restaurante ou bar cercado de flores, folhagens e arcadas.
Mais do que tudo é o gosto e respeito pelas artes do povo colombiano que impressiona. Estátuas externas (destaque para Botero) e internas (não roubam para fundir o metal delas) e o batuque no centro de praças de Cartagena mostram gente que aprecia sua cultura e a preserva com cuidados especiais. Em Bogotá 52 museus (vimos alguns geniais) permitem passear pela história e cultura, principalmente a latinoameriana.
E, como já tínhamos notícia, vimos o Transmilênio em Bogotá, um sistema de transporte coletivo urbano semelhante ao nosso (feito com assessoria de curitibanos), com aprimoramentos importantes e grande capricho na execução das obras de canaletas, ruas, calçadas, ciclovias, passarelas, viadutos e sistemas de drenagem.
Zipaquirá é uma pequena cidade com cuidados especiais a favor do cidadão e, também, com belezas especiais. Perto de Bogotá, é fácil visitá-la.
Infelizmente ficamos pouco tempo na Colômbia, onde pretendemos voltar com mais calma e condições de conhecer tudo o que oferece.
Cascaes
7.11.2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Assimetrias e comportamentos na Colômbia

Assimetrias e comportamentos na Colômbia

A Colômbia e o Chile têm sido apresentados como “alter ego” de outros países da América Latina. Realmente, abraçaram o liberalismo econômico e assim destoam daqueles, talvez mais realistas e sensíveis à realidade mercantilista do mundo, que aproveitam suas riquezas naturais e a capacidade de trabalho dos seus povos para a construção de uma sociedade mais justa.
A Justiça, contudo, tem aspectos relativos.
Voltando a falar da República da Colômbia, país com pouco mais que um milhão de quilômetros quadrados, quarenta e quatro milhões de habitantes e índices sociais não muito diferentes dos nossos, é país interessante e cheio de surpresas.
Estivemos nesse mês de outubro na Colômbia e diversas vezes perguntamos a colombianos porque lá até a segurança nas praias (contra afogamentos) era não estatal, a resposta foi sempre a mesma, foi o caminho encontrado contra a corrupção nas praias, empresas, rodovias etc..
Talvez isso nos levasse a crer estarmos em um país puritano ou insensível ao povo. Não foi o que vimos.
Algo, por exemplo, que chamou a atenção foi a qualidade de suas obras. Bem feitas, com padrões de projeto, execução e atenção às necessidades das PcD, por exemplo, excepcionais.
Nas rodovias, numa delas, ao menos, vimos ciclovias protegidas ao longo da pista para os carros e passarelas muito bem feitas.
Bogotá tem 52 museus. Podemos concordar que a história dos povos précolombianos é fascinante, justificando tantos mostruários. Mas num desses lugares de Cultura para o povo, sem custos, com o patrocínio de alguma instituição, vimos dois museus, contíguos, geminados, geniais. Um museu sobre arte, com mais espaço para Botero, mas muitas obras de artistas internacionais famosos, e o outro da moeda, lembrando até os tempos em que os galeões partiam cheios de ouro e prata para a viabilização de guerras, castelos e catedrais na Europa ao preço da destruição da cultura americana mais antiga.
De tudo o que vimos, contudo, chamou demais à atenção a cidade de Zipaquirá.
Compensa apresentá-la:

Zipaquirá é uma das cidades mais antigas de Colômbia, suas origens antecedem à época da Conquista. De seu atual nome há duas possíveis origens um deles é extraído do povo indígena que habitou ao pé do Cerro do Zipa, "Chicaquicha", que traduz "nosso cercado grande" ou segundo outras fontes "Cidade de nosso pai" e até o Século XIX se exibia com C, e a outra corresponde a Zipa título outorgado ao que era o governador do povo e de sua esposa conhecida com o título de Quira, de ali Zipa-Quirá. Os indígenas, que ali habitavam, localizavam-se na parte alta da mina chamada "Povo Velho", agora conhecido como Santiago Pérez, aproximadamente 200 metros acima em relção ao lugar que hoje ocupa a cidade, onde à chegada dos cronistas espanhóis (1536) "alçavam-se uma centena de moradias, com uma população de 1.200 pessoas".
Estas terras pertenciam aos domínios do Zipa de Bacatá (Bogotá atual), senhor de parte-a sul do povo Muisca. Esta zona da Savana de Bogotá era cercada naquela época por uma sucessão de pequenos lagos e ribeirões, que permitiam o transporte de seus habitantes em canoas, meio pelo qual os habitantes de Nemocón, Gachancipá e Tocancipá chegavam a Chicaquicha para se abastecer no precioso sal, que trocavam por vasilhas e tecidos. O sal era também trocado com povos de toda a região andina de Colômbia incluindo os Panches, Tolimas e Pantágoras no atual departamento do Tolima, e os Muzos do atual departamento de Boyacá.
O município conta também com uma importante atividade agrícola na qual se destaca a produção de leite. A atividade industrial da região está estreitamente associada com a produção, processamento e refinamento de sal. Tem uma população estimada em uns 100,000 habitantes (zipaquireños).
... um dos eventos mais reconhecidos na região são suas majestosas procissões de Semana Santa, organizadas há 54 anos pela Congregación de Nazarenos de Zipaquirá, quem percorrem durante toda a semana as ruas da cidade com as mais formosas imagens religiosas espanholas que atraem aos próprios e estranhos. Os turistas participam ativamente durante a Sexta-feira Santa quando a procissão do Caminho da Cruz sobe até a Praça do Mineiro na entrada de Catedral de Sal.

Nela visitamos uma Catedral de Sal (70% do povo colombiano é católico praticante), feita dentro de uma antiga e já explorada mina de sal. Aliás, o cloreto de sódio é base da história daquele povo que, extraindo-o do solo e convertendo-o em sal de cozinha, mantinha sua nação pré-colombiana. Mais tarde virou indústria comum, essa mina esgotada pela produção intensiva.
Melhor que qualquer detalhamento comercial e industrial é ver o respeito ao pedestre e ao ciclista. Calçadas impecáveis, ciclovias excelentes.
As calçadas mostram detalhes de acessibilidade e modernização técnica, apesar da riquíssima história daquele povo. Mais importante que a preservação de valores culturais em Zipaquirá é a atenção ao PcD, ao idoso, ao cidadão em suas diversas formas e capacidades. Que diferença do Brasil!

Cascaes
5.4.2010

Assimetrias e comportamentos na Colômbia

A Colômbia e o Chile têm sido apresentados como “alter ego” de outros países da América Latina. Realmente, abraçaram o liberalismo econômico e assim destoam daqueles, talvez mais realistas e sensíveis à realidade mercantilista do mundo, que aproveitam suas riquezas naturais e a capacidade de trabalho dos seus povos para a construção de uma sociedade mais justa.
A Justiça, contudo, tem aspectos relativos.
Voltando a falar da República da Colômbia, país com pouco mais que um milhão de quilômetros quadrados, quarenta e quatro milhões de habitantes e índices sociais não muito diferentes dos nossos, é país interessante e cheio de surpresas.
Estivemos nesse mês de outubro na Colômbia e diversas vezes perguntamos a colombianos porque lá até a segurança nas praias (contra afogamentos) era não estatal, a resposta foi sempre a mesma, foi o caminho encontrado contra a corrupção nas praias, empresas, rodovias etc..
Talvez isso nos levasse a crer estarmos em um país puritano ou insensível ao povo. Não foi o que vimos.
Algo, por exemplo, que chamou a atenção foi a qualidade de suas obras. Bem feitas, com padrões de projeto, execução e atenção às necessidades das PcD, por exemplo, excepcionais.
Nas rodovias, numa delas, ao menos, vimos ciclovias protegidas ao longo da pista para os carros e passarelas muito bem feitas.
Bogotá tem 52 museus. Podemos concordar que a história dos povos précolombianos é fascinante, justificando tantos mostruários. Mas num desses lugares de Cultura para o povo, sem custos, com o patrocínio de alguma instituição, vimos dois museus, contíguos, geminados, geniais. Um museu sobre arte, com mais espaço para Botero, mas muitas obras de artistas internacionais famosos, e o outro da moeda, lembrando até os tempos em que os galeões partiam cheios de ouro e prata para a viabilização de guerras, castelos e catedrais na Europa ao preço da destruição da cultura americana mais antiga.
De tudo o que vimos, contudo, chamou demais à atenção a cidade de Zipaquirá.
Compensa apresentá-la:

Zipaquirá é uma das cidades mais antigas de Colômbia, suas origens antecedem à época da Conquista. De seu atual nome há duas possíveis origens um deles é extraído do povo indígena que habitou ao pé do Cerro do Zipa, "Chicaquicha", que traduz "nosso cercado grande" ou segundo outras fontes "Cidade de nosso pai" e até o Século XIX se exibia com C, e a outra corresponde a Zipa título outorgado ao que era o governador do povo e de sua esposa conhecida com o título de Quira, de ali Zipa-Quirá. Os indígenas, que ali habitavam, localizavam-se na parte alta da mina chamada "Povo Velho", agora conhecido como Santiago Pérez, aproximadamente 200 metros acima em relção ao lugar que hoje ocupa a cidade, onde à chegada dos cronistas espanhóis (1536) "alçavam-se uma centena de moradias, com uma população de 1.200 pessoas".
Estas terras pertenciam aos domínios do Zipa de Bacatá (Bogotá atual), senhor de parte-a sul do povo Muisca. Esta zona da Savana de Bogotá era cercada naquela época por uma sucessão de pequenos lagos e ribeirões, que permitiam o transporte de seus habitantes em canoas, meio pelo qual os habitantes de Nemocón, Gachancipá e Tocancipá chegavam a Chicaquicha para se abastecer no precioso sal, que trocavam por vasilhas e tecidos. O sal era também trocado com povos de toda a região andina de Colômbia incluindo os Panches, Tolimas e Pantágoras no atual departamento do Tolima, e os Muzos do atual departamento de Boyacá.
O município conta também com uma importante atividade agrícola na qual se destaca a produção de leite. A atividade industrial da região está estreitamente associada com a produção, processamento e refinamento de sal. Tem uma população estimada em uns 100,000 habitantes (zipaquireños).
... um dos eventos mais reconhecidos na região são suas majestosas procissões de Semana Santa, organizadas há 54 anos pela Congregación de Nazarenos de Zipaquirá, quem percorrem durante toda a semana as ruas da cidade com as mais formosas imagens religiosas espanholas que atraem aos próprios e estranhos. Os turistas participam ativamente durante a Sexta-feira Santa quando a procissão do Caminho da Cruz sobe até a Praça do Mineiro na entrada de Catedral de Sal.


Fonte http://pt.wikilingue.com/es/Zipaquir%C3%A1.


Melhor que qualquer detalhamento comercial e industrial é ver o respeito ao pedestre e ao ciclista. Calçadas impecáveis, ciclovias excelentes.
As calçadas mostram detalhes de acessibilidade e modernização técnica, apesar da riquíssima história daquele povo. Mais importante que a preservação de valores culturais em Zipaquirá é a atenção ao PcD, ao idoso, ao cidadão em suas diversas formas e capacidades. Que diferença do Brasil!

Cascaes
5.4.2010
Nela visitamos uma Catedral de Sal (70% do povo colombiano é católico praticante), feita dentro de uma antiga e já explorada mina de sal. Aliás, o cloreto de sódio é base da história daquele povo que, extraindo-o do solo e convertendo-o em sal de cozinha, mantinha sua nação pré-colombiana. Mais tarde virou indústria comum, essa mina esgotada pela produção intensiva.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um projeto urgentíssimo – a criação da Defensoria Pública

Em Bogotá lemos na fachada (frontispício) do Palácio da Justiça: “Colombianos, las Armas los han dado Independência, las Leyes os darán Libertad”. Que belíssima mensagem, apesar do mérito eventualmente duvidoso das leis.
Mesmo com imperfeições eventuais, sem ordem e disciplina nenhum estado poderá viver em paz. Leis e respeito ao que se entende por tal são fundamentais para se evitar os excessos daqueles que, eventualmente, entendem-se fora, acima ou alheios aos nossos códigos. Não existe Democracia sem Justiça consolidada.
Nada pior do que viver com a sensação de se existir num mundo de privilégios ou injustiças, arbitrariedades, falta de liberdade... O respeito às leis é fundamental a qualquer povo, principalmente se forem o produto de uma democracia consolidada, honrada. Temos, além disso, que aplicar as leis de forma equânime, com respeito ao cidadão, seja ele rico ou pobre, político ou fantasma, criminoso ou não.
Estatísticas publicadas em nossos jornais revelaram uma situação deprimente em presídios paranaenses, onde os reclusos nem sempre lá estão por culpa formada, condenados e dentro do custo de suas penas. Muitos deles poderiam estar em liberdade (já cumpriram pena ou poderiam aguardar julgamento em liberdade) ou foram mal defendidos, permanecendo tempo excessivo na Universidade do Crime, como de hábito são os presídios.
Para defender a população mais humilde, “data vênia”, inconsciente de seus direitos, haveria a Defensoria Pública, criada pela Constituição Federal de 1988. Estabelece o artigo 134 que a Defensoria Pública é o órgão do Estado (União e Territórios, Distrito Federal e Estados Membros) destinado à prestação de assistência jurídica integral e gratuita à população desprovida de recursos para pagar honorários de advogados e os custos de uma postulação ou defesa em processo judicial, ou extrajudicial, ou, ainda, de um aconselhamento jurídico; é parte essencial num país ainda com uma parcela significativa do seu povo nessa condição. A Constituição Federal Brasileira dispõe, ainda, que a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, vale dizer, fundamental à própria Justiça (Justiça real), do mesmo modo que o Ministério Público.
Apesar disso não existe, formalmente, no Paraná.
Nosso Governador Orlando Pessuti, antes de assumir, já tinha o propósito de criá-la e colocá-la em operação. Por alguma razão pessoal, talvez pelo respeito às lógicas de igualdade, liberdade e fraternidade desenvolvidas entre Irmãos tenha consolidado esse sentimento. Encontra barreiras, entretanto. Lógicas políticas malditas estão atrasando esse projeto. Será que nossos deputados e o futuro governador sabem o que isso significa?
Nada pior que a sensação de injustiça para desmotivar e revoltar um povo. Está no cerne do ser humano a necessidade de respeito, o desejo de ser tratado com dignidade.
Obviamente tudo é possível entre os poderosos. Doenças comportamentais poderão justificar atitudes sado masoquistas, desprezo pelo povo, indiferença. Essa não é, contudo, uma endemia nem epidemia. Assim podemos e devemos pensar que a maioria dos paranaenses quer viver em um estado sério, responsável, justo. Não basta criar polícias e tribunais. É mais do que necessário a formação de estruturas de defesa de qualquer cidadão, principalmente se for carente, pobre, mais ainda diante da quantidade absurda de leis, decretos, portarias etc. num mundo que se esqueceu que nem os 10 Mandamentos são respeitados. Pior ainda, muitas punições são incrivelmente cruéis.
Vimos inúmeras vezes a diferença abissal de tratamento entre pessoas bem defendidas e aquelas que não podem pagar advogados. O resultado é a transformação de nossas idéias de Justiça em abastecedores de depósitos de gente pobre. Cidadãos que, não raramente, ficam meses ou anos esperando sentenças que lhes dariam liberdade.
Notamos com perplexidade a proposta de criação da Defensoria Pública no Paraná colocada no jogo político, esperando o ano, perdendo tempo.
Isso é necessário? Justo? Certamente não! Afinal tivemos apoios entusiásticos a projetos menos importantes.
Precisamos da atuação da OAB, das nossas lideranças civis, de todos os paranaenses em favor da criação formal e implementação urgente da Defensoria Pública; nosso povo tem sede de Justiça. O fundamental, contudo, em tempo, é o concurso e a qualidade dos futuros defensores, que, se possível, deveriam passar por algum teste de aptidão vocacional. A frieza, a alienação e o egocentrismo são um tremendo mal que nos aflige...
Nosso governador Orlando Pessuti sabe que não deve esperar. Precisa aproveitar o seu poder para, pelo menos, cumprir a Constituição Federal e dar aos paranaenses um direito que lhes tem sido sonegado desde 1988.

Cascaes
4.11.2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Democratização ou privatização da política

Dá arrepios sentir que a vitória do Presidente eleito, a economista Dilma Roussef, significará também a negociação de cargos federais. Deveria ser algo justo e necessário, a enxurrada de escândalos durante a campanha eleitoral mostrou, contudo, que não é por motivos patrióticos que os partidos apóiam este ou aquele candidato.
A degradação é proporcional aos custos das campanhas e a última foi muito cara. Ou os doadores, por alguma decisão divina, tornaram-se beneméritos da democracia no Brasil, ou agora insistem na indicação de acólitos aos cargos estratégicos. Podemos também ter lideranças puras, fortes, capazes de intimidar bilionários e conseguir doações e empréstimos de jatinhos sob mensagens de “dá ou desce”. Tudo é possível, mas, relembrando, a campanha eleitoral mostrou as entranhas de nosso processo político nas palavras dos próprios candidatos a diversos cargos.
Grandes democracias dependem de doações institucionais, estatais, fiscais. Como no Brasil elas não partem diretamente do contribuinte, aposentados, donas de casa, de micros e pequenos empresários nem de dependentes de “Bolsas Família”, tampouco de favelados, podemos imaginar o que pretendem os doadores privados. Isso pode significar a manutenção de políticas maldosas e bem construídas (para “enganar” os justiceiros). Afinal, os mega capitalistas podem ter todos os defeitos, menos a burrice.
Os pilares da economia serão mantidos, os grandes industriais terão as benesses do BNDES, os juros continuarão na estratosfera, pois o “spread” dos empréstimos, em hipótese alguma, poderão por em risco os amados bancos. Para os empréstimos consignados (uma mina de ouro) mais juros e menos contemplação com seus emprestadores (precisamos combater a inflação)... o câmbio será flexível, afinal o Brasil manda nas regras econômicas mundiais, todos farão o que determinarmos. É interessante comparar o câmbio de nossa moeda aqui e fora do Brasil, é difícil de entender porque nas casas de câmbio fora de nossas fronteiras o Real vale tão pouco.
Talvez as prioridades sejam definidas pelos patrocinadores de campanha. Temos questões sérias que correm o risco de paliativos ou serem passíveis de soluções penosas para suas vítimas, pois os interesses da nação nem sempre coincidem com os dos bilionários.
A dívida da Previdência é um pesadelo, não deverá ser objeto de paliativos. Criaram benefícios e não provisionaram recursos para compensar novos contingentes de aposentados. Quem pagou suas contribuições durante anos terá cada vez menos do que diziam vir a ser o valor da aposentadoria nos tempos em que foi viabilizada. O discurso do “pesadelo da Previdência” continuará.
E o SUS? Será que nosso Hospital das Clínicas (por exemplo) reabrirá seus duzentos leitos sem uso por falta de pessoal? É a nossa esperança.
O verão está chegando assim como os mosquitos e o câncer de pele. Na mídia uma preocupação constante com a Copa do Mundo, afinal interessa muito àqueles que faturam com o futebol. Privilégios inacreditáveis estão sendo dados. E as doenças endêmicas, o programa habitacional e o saneamento básico serão igualmente priorizados? Não dá mídia...
As esperanças existem, contudo. A exguerrilheira Dilma Roussef não se exporia à tortura e a quase 3 anos de prisão se não amasse seu povo. Poderia ter convicções erradas, tinha tudo para ser “patricinha”, não foi. Nossa esperança é de que aos poucos mostre suas convicções, sua vontade de fazer justiça social, de realmente levantar o nosso povo a padrões de vida, que nunca sonhou, afinal o brasileiro foi educado dentro de lógicas escravagistas, fatalistas, de passividade e muita reza...
Infelizmente Dilma Roussef parece ser escrava de sua formação profissional. Deve ter sido submetida a lavagens cerebrais em sua faculdade. Talvez agora a ideologia seja outra, acreditando nas maravilhas de um “Deus Mercado” que nunca mostrou grandes qualidades morais. Temos (caso extremo de imperialismo e liberdade de comerciar) até o exemplo da Guerra do Ópio, ainda no século 19 contra a China, que na América Latina se transformou em moeda com as qualidades da cocaína e da maconha.
O desafio de nosso presidente eleito, a Sra. Dilma Roussef, não é pequeno. Com certeza deverá, primeiro, atender conveniências “políticas”. Se souber agir, e ela sabe, aos poucos poderá chegar ao padrão de governo que sonhamos. Afinal, que tipo de brasileiro não quer honestidade, competência, seriedade e amor ao nosso povo?
Precisamos de um governo que estimule o empreendedorismo a favor do Brasil, que encontre soluções reais para imensos problemas de saneamento, educação, saúde, segurança, transporte, enfim, coerência e racionalidade administrativa.
Será que alguns políticos vão querer outro mensalão para “colaborar” com o governo? Os empreiteiros e banqueiros vão cobrar doações? Os sindicatos exigirão benefícios impossíveis? Está na hora de mudar formalmente o patrocínio de campanhas eleitorais para o bem do povo. Custe o que custar, será um reforço à nossa democracia, ainda muito dependente de jatinhos, cabos eleitorais e marqueteiros caríssimos.


Cascaes
2.11.2010