quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

As cidades e o lixo, a água e o esgoto

As cidades e o lixo, a água e o esgoto
O Instituto de Engenharia do Paraná há uma década promoveu, num intervalo de dois anos, dois seminários sobre água, esgoto e lixo (Para lembrar o que foi dito no IEP em 10 de setembro de 2000). Nessa ocasião tivemos a oportunidade de debater com muitos especialistas diversas questões já preocupantes naquela época. Que problemas eram urgentes? Que alternativas existiam?
Sabemos que as soluções não podem ser tomadas em gabinetes fechados, muito menos na base da emergência, assim tentávamos chamar a atenção do povo curitibano para problemas relativos ao saneamento básico. O Presidente do Instituto de Engenharia do Paraná era o eng. Volmir Seelig que também colocou outras questões importantes, como a imposição de se fazer garagens subterrâneas em Curitiba (Cascaes, IEP de n. 533 de abril de 1999 - garagens subterrâneas e a Arena do Atlético - Copa do Mundo).
No Ministério Público do Estado do Paraná estivemos em diversas reuniões para discutir o tema “tratamento de esgotos” sob a direção do Dr. Saint-Clair. O que impressionava eram as divergências técnicas, ou seja, saíamos com mais dúvidas do que entrávamos nesses debates técnicos.
Posteriormente, em nome de uma grande multinacional fizemos contatos que concluíram com uma análise do lixo curitibano e a sugestão ao governo estadual e municipal de se criar uma usina de incineração do lixo.
Ou seja, vimos e ouvimos muitas alternativas técnicas e, infelizmente, a descontinuidade de discussões e a não convergência tácita para coisa alguma.
Ganhamos muito discurso e campanhas. Uma delas é contra os saquinhos de plástico, outra cuida da reciclagem de latinhas de cerveja etc. O que agora descobrimos, no Brasil inteiro, observando as enchentes e desastres paralelos às chuvas fortes é que paramos na perfumaria e esquecemos o essencial.
O lixo, se incinerado, poderia ser reunido sem grandes preocupações em poucos tipos de coleta. Chegamos a ver filas de recipientes com cores diferentes para coleta seletiva, só falta o manual de instruções nesses lugares.
Latas de lixo abertas viabilizam os catadores de lixo. Sem propostas de reeducação e orientação profissional, saem pelas ruas com seus carrinhos, alguns espalhando lixo, todos se arriscando a atropelamentos ou atrapalhando o trânsito de veículos e pedestres.
A água assusta. Quem é aquarista pode contar histórias sobre a qualidade da água distribuída em Curitiba e até lembrar quando um cano de água potável (na entrada de uma residência próxima) rompeu-se e se misturou com efluentes de esgoto na rua de nossa casa. Qualidade e segurança?
Sendo engenheiro, ficamos imaginando se a incineração de lixo e um sistema de coleta mais rigoroso não seria a melhor solução para as grandes cidades. Notem que uma das explicações para muitos alagamentos é o lixo jogado nas ruas e riachos. Inibindo-se a catação de lixo aleatória e impondo-se à empresa de coleta de lixo melhor tecnologia, talvez possamos aproveitar os resíduos e usar a energia da queima (se essa for a melhor solução) até para tratar os gases resultantes.
O que não tem sentido é vermos que caímos nas piores soluções e chegamos a depender de ações jurídicas para que Curitiba e sua região metropolitana ganhem alguma solução sem maiores protelações. Pelo resto do Brasil a situação parece não ser muito diferente.
O que está errado?
No Brasil, de norte a sul, leste a oeste vemos que a falta de gerência técnica eficaz é um pesadelo. Talvez tudo isso seja o resultado do desmonte dos estados e do governo federal à época Collor e FHC, tempos em que uma tremenda crise econômica e financeira paralisava o país (cenário recorrente no Brasil). Achamos petróleo, exportamos produtos primários e montamos aviões e automóveis, com alguma inteligência talvez voltemos a dar aos nossos empresários industriais condições de competitividade.
É o momento, ainda que tardio para aqueles que morreram vítimas da nossa incompetência, de voltarmos à boa Engenharia, às melhores propostas técnicas, sem improvisações e amadorismos que continuam cobrando um preço elevadíssimo em vidas, sofrimento e dinheiro de todos, contribuintes ou não.
Cascaes
18.1.2011
Cascaes, J. C. (s.d.). IEP de n. 533 de abril de 1999 - garagens subterrâneas e a Arena do Atlético - Copa do Mundo. Acesso em 18 de 1 de 2011, disponível em Mirante pela Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/2010/09/iep-de-n-533-de-abril-de-1999-garagens.html
Cascaes, J. C. (s.d.). Para lembrar o que foi dito no IEP em 10 de setembro de 2000. Acesso em 18 de 1 de 2011, disponível em Mirante pela Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/2009/04/para-lembrar-o-que-foi-dito-no-iep-em.html

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