sábado, 24 de julho de 2010

Risco técnico e as agências reguladoras e a Lei 8666

A relação entre usuário de serviços públicos, as concessionárias e os poderes concedentes tem sido prejudicada pela falta de visão enérgica e perspicaz do cidadão comum sobre o produto que lhe é oferecido. Nosso povo ainda vive na crença do paternalismo de Estado, de algum político amigo ou ainda, simplesmente, sem consciência de padrões adequados dos produtos e serviços que paga e deveria receber.

Soluções simplificadoras acabaram complicando. Telefones para reclamações geram impessoalidade e raramente o sistema permite um espelho, um registro imediato, impresso, da queixa apresentada. Para os mais velhos é um calvário, algo sem a familiaridade dos antigos guichês. Ao telefone somos obrigados a entender cuidadosamente os números que devemos clicar, esperar e fornecer mais números e explicar sem ver os olhos de quem nos atende e tendo dificuldades extremas de explicar e entender o que alguém do Call Center diz... Os portais são mal feitos, cheios de letras pequenas, palavras em inglês, publicidade e promoções que deixam o reclamante perdido, desafiado a encontrar soluções em meio a senas e truques criados para especialistas em computadores.

Pior ainda, nas reclamações, a ausência de documentos reais complica ações na Justiça, por sua vez excessivamente formal e complicada.

O processo de privatização de concessionárias de serviços públicos separou algumas atividades do Estado, ainda que, em muitos casos, as empresas continuem sob controle acionário de fundações de estatais, ou seja, indiretamente do Governo. As coisas se complicam, pois parece ser feio reclamar dessas empresas, que ainda conseguem privilégios em governos ingênuos. Nesse contexto perdemos o direito de não votar em políticos que patrocinem empresas ruins, ainda que continuem à frente de interesses dos patrocinadores de suas campanhas, ou de fundações que interessam a corporações que mandam no Brasil.

Com a Constituição Federal de 1988 e após sua proclamação alguns instrumentos de defesa apareceram com mais força, destacando-se o PROCON, o Ministério Público, Código do Consumidor e outros instrumentos de ação, principalmente a própria internet e seus blogs e youtube, onde pelo menos podemos divulgar nossas angústias via filmadoras, máquinas fotográficas, desenhos e textos que carregamos e digitamos em nossos PCs.

Temos algumas ONGs dedicadas à defesa do cidadão comum e de empresas contra abusos das concessionárias e nelas as esperanças de luta contra radicalismos do Poder Concedente.

Também descobrimos que alguns espertos se anteciparam e formaram associações de “defesa” e até federações dessas entidades, entrando formalmente nos ilustres “Conselhos de Defesa do Consumidor” de onde pouco sabemos, se eficazes, ativos ou inertes. Carecemos de legislação que torne esses dispositivos mais democráticos e transparentes. Um desafio para os bons políticos da próxima legislatura!

Lamentavelmente as agências reguladoras encontraram dificuldades para se estruturarem e, obviamente, precisam de tempo, treinamento e ferramentas abundantes e poderosas para exercerem suas funções. Por alguma razão, que nem o filósofo Sócrates e o mago Merlin explicariam, o Governo Federal demorou demais em liberar recursos a elas dedicados em nossas faturas para que se estruturassem. O Brasil é o país das magias...

E nossas agências, Ministérios Públicos, PROCONS precisam de especialistas técnicos em ciências exatas e em artes (sinônimo: sacanagens) industriais.

A situação é mais delicada quando se trata da avaliação de riscos de Engenharia (projeto, especificação, construção, operação assim como avaliação da aplicação de Normas Técnicas e uso de técnicas e procedimentos determinados por exigência dos contratos de concessão). Essa é uma condição fundamental em licitações, contratos e auditorias. Vale a Lei 8.666, mal regulamentada e vazando para todo lado. Afinal o Brasil é o país onde, se as armações acontecerem durante as férias, carnaval e campeonatos de futebol (temos poucos), tudo se torna possível, afinal, para que se incomodar em períodos de letargia praiana ou de euforia (ou fúria) futebolística?

Temos, pois, pois, observado uma ênfase quase radical, dependendo da unidade (município, estado ou União), nas questões tarifárias e ambientais (está na moda global), desprezando-se a qualidade, a confiabilidade, o conforto, a oportunidade de se oferecer serviços e produtos de acordo com as necessidades do cidadão, comunidades, cidades e empresas.

A ênfase nas tarifas e custos e a colocação de outros atributos em segundo plano são compreensíveis diante das dificuldades econômicas que o Brasil enfrentou (inflação, dívidas, insegurança institucional) e no desprezo dos legisladores e julgadores com as leis da Natureza. Essas leis são irrevogáveis, eternas e complexas apesar da má vontade dos filósofos e legisladores humanos.

Quem pode julgar um bom projeto de Engenharia? Quem está preparado para fiscalizar obras? Como o Poder Judiciário avaliará contratos e preços?

Nós, engenheiros, não tivemos a competência dos advogados que, através da OAB criaram os Exames da Ordem após os quais, e só depois de aprovados pela OAB, os bacharéis viram advogados e podem exercer profissões nem sempre bem aprendidas nos banquinhos de nossas universidades.

Felizmente nosso povo começa a viver em melhores condições, podendo querer qualidade na medida de sua capacidade cultural e financeira e desejos de vida.

Assim sendo um novo curso (se já não existe) pode ser criado para formação de nossos profissionais de agências reguladoras: a avaliação de risco técnico em Engenharia, com diversas cadeiras que iriam da matemática à física (propagação de erros, análise de estatísticas, cálculo probabilístico, coordenação e programação de atividades, Normas Técnicas, ensaios etc.). Algo que também se aplicaria muito bem às seguradoras e às próprias concessionárias. Ou seja, um segundo curso de nível superior enriquecido, obviamente, pela legislação e outras artes típicas dessas entidades, que se sobrepusesse aos convencionais, dando ao profissional a qualificação desejada, necessária e suficiente para início de carreira nessas agências, principalmente, e potencial de trabalho em qualquer empresa ou repartição dedicada à Engenharia, Urbanismo, Arquitetura e até na Medicina.

Sempre lembrando a relação “custos versus benefícios”, imaginamos que a preparação desses profissionais começaria pelas noções (tão profundas quanto possíveis) de cálculos e técnicas estatísticas, medição, probabilidade e confiabilidade. Nessas ciências, além das teorias matemáticas, será necessário ensinar aos treinandos a malícia industrial, os riscos da competição extrema, uso adequado de instrumentos de ensaios, medição e calibração, propagação de erros (insistindo), especificação de instrumentação, formatação e composição de equipes de projeto, conceitos e critérios de construção, comissionamento, manutenção e operação, enfim, em torno da Matemática e da boa Engenharia e de que maneira poderemos ter alguma certeza de que o usuário final da concessionária receberá o produto que paga.

Falando de precisão e propagação de erros, a utilização de computadores e softwares sofisticados e aparelhos com displays cheios de números criou mais uma ilusão em potencial, a certeza dos números com muitos dígitos em cima de bancos de dados nem sempre coerentes com a precisão anunciada. Com o máximo de urgência impõe-se educar o analista e usuário de estatísticas e CPDs que sua base de dados pode estar errada, saber com que precisão poderá usar e se manifestar, como poder fazer declarações ajustadas à qualidade das informações e instrumentos de cálculo que usar.

Note-se que a responsabilidade das empresas, que assumem serviços essenciais, é enorme; além da característica “serviço essencial” algumas delas se obrigam a construir e operar instalações com potencial para acidentes catastróficos ao meio ambiente e ao ser humano. Se essas concessionárias assumem riscos e qual é a dimensão desses desafios, para as agências reguladoras o desafio é maior ainda, pois nelas o povo deposita formalmente a responsabilidade da avaliação dessas empresas (privadas ou estatais).

O crescimento do Brasil multiplica instalações e concessionárias de forma acelerada, ampliando exponencialmente a necessidade de maior estrutura de regulação e fiscalização. Não interessa à comunidade, que perde bens materiais e humanos, ganhar simplesmente uma compensação.

O ideal é evitar acidentes, prejuízos e constrangimentos com efeitos, muitas vezes, irreversíveis.

É correto também pensar que os executivos de empresas prestadoras de serviços essenciais não têm interesse em assumirem riscos excessivos. Felizmente o Poder Judiciário evolui e leis mais severas poderão acontecer, cobrando responsabilidades que custarão muito caro àqueles que estiverem no comando de atividades faltosas. Lamentavelmente as tragédias acontecem, mas estimulando os legisladores, o Poder Judiciário e o próprio cidadão a cobrar mais e mais seus direitos e a exigir punição dos maus gerentes evitaremos acidentes que talvez já estejam em formação, quem sabe ainda evitáveis.

As agências, bem formadas e equipadas, serão instrumentos de ações e comportamentos preventivos, condição tranqüilizadora a acionistas, clientes finais e atores intermediários.

Nosso desafio é, pois, formar cultura e profissionais preparados para o desafio de garantir ao nosso povo um ambiente seguro e justo.

Teremos eleições, vamos torcer, rezar, fazer promessas para que tenhamos atenção para as concessionárias, não podemos ver aeroportos mal feitos, gasodutos explodindo, barragens se desmanchando, trens saindo dos trilhos, túneis, pontes e viadutos caindo, telefones mudos, faturas erradas, etc.

Está na hora de subirmos mais um degrau de racionalidade...



Cascaes

22.7.2010

Qualidade e política

Vamos agora ver, ouvir e estudar programas de governo.

Sempre esperamos coerência, apesar dos inúmeros e contínuos blefes que até já consideramos coisas da “política”.

Um tema que preocupa é pensar de que forma nossos candidatos enxergam o futuro (realmente, sem pretender esquecer discursos).

Uma forma de se avaliar esses indivíduos, que pretendem mandar na gente, é conhecer suas vidas como administradores e suas propostas para os serviços essenciais.

Poderão desejar a continuidade do passado, por exemplo. Afinal os pensamentos de Jean Jacques Rousseau ainda agradam muita gente.

Em épocas do início da nossa geração sexagenária o Brasil era mais verde, mas uma ligação de telefone, quando possível, levava horas ou dias para ser completada (ligação galvânica, fio a fio) e custava uma fortuna, a água vinha do poço mais próximo e se andava a pé, com um pouco de luxo de carroça ou num Ford de bigode, viajava-se de vapor, jardineira ou com algum DC3 da Segunda Guerra Mundial. Os serviços, agora ditos essenciais, não o eram tão significativos. Em compensação a mortalidade era alta (mordida de cobra, malária, tifo, varíola, meningite, poliomielite, coice de cavalo, afogamento no rio etc.). Os adultos morriam de tiro mesmo ou com o “figo” caído e coisas assim. O Brasil olhava perplexo o desenvolvimento acelerado de nações mais ligadas à qualidade e confiabilidade de sua infraestrutura enquanto nos divertíamos com Mazzaropi, Oscarito, Grande Otelo (que saudades!) etc..

A infra-estrutura não é um fim em si, mas uma das condições básicas do crescimento, da robustez econômica e social.

Nisso tudo é justo entender, pois, pois, o atavismo e a despreocupação com a tecnologia, principalmente se os candidatos (mais velhos) tiveram pouco contato com ambientes industriais. Vimos (e sentimos), contudo, reportagens atuais sobre nossos portos e estradas, serviços de telefonia e energia, água e esgoto, lixo, saúde, segurança etc.. A confiabilidade é deplorável e, por exemplo, o maior ponto de exportação de açúcar do Brasil (Santos) chega a deixar navios graneleiros esperando mais de um mês. No Paraná o “silo caminhão” é ainda uma realidade e o pedágio um absurdo. Vivemos a fase da “privatização maravilha” e da “reestatização tímida” para agora perceber os engodos da ingenuidade.

Nossa tese de mestrado foi, em 1974, UFSC, “Critérios para load shedding”, ou seja, como montar um sistema de proteção contra desligamentos elétricos. Assim aprendemos muito sobre a importância da eletricidade para certas atividades industriais. Fomos coordenador de equipes que estudou a Região Sul, projetou e instalou as proteções (1973 a 1974) para perdas repentinas de geração de energia elétrica assim como do seu desempenho eletromecânico. A FAFEN, fábrica de fertilizantes da Petrobrás à época, era uma referência aqui no sul do Brasil, tinha 3 fontes de alimentação independentes para evitar interrupções, que, se acontecessem por mais de 2 segundos custavam 3 dias de produção.

Eram tempos de grande crescimento. As estatais também investiam na gente. Assim pudemos voltar a estudar (1972) e fazer mestrado por conta da Copel, três anos depois de estar trabalhando em ensaios e comissionamento de subestações e usinas da própria empresa.

Já muitos anos, algumas décadas depois, fora da Copel, visitamos uma montadora instalada na RMC. Lá nos disseram que naqueles dias haviam tido um prejuízo de centenas de milhares de dólares graças a afundamentos de tensão, os robôs endoidaram...

Em casa vimos com pesar os peixinhos (aquários) morrerem por uma doença que adquiriram com a água da concessionária (e nós como ficamos?) e a necessidade de usar “no breaks” para não perder mais uma vez a placa do PC. Ficar sem energia elétrica pesa muito, pois até os serviços de água e esgoto param e voltam, após o desligamento, limpando os canos.

O silêncio em torno da qualidade e confiabilidade é preocupante. Não foi sem perplexidade que vimos o último grande apagão sumir dos noticiários. Simplesmente é inconcebível deixar São e Rio de Janeiro durante horas no escuro. Isso sem falar do inacreditável racionamento de 2001.

Usando o transporte coletivo urbano vemos pessoas idosas e/ou com problemas motores descendo uma autêntica ladeira para chegarem em calçadas esburacadas, ou seja, um equipamento ruim a um serviço essencial com layout errado (não tem piso rebaixado) e cidades mal cuidadas.

Restringindo a conversa aos serviços essenciais devemos lembrar que investidores calculam custos antes de construir suas fábricas ou grandes empresas comerciais. A qualidade e confiabilidade da energia, água, transportes, acessibilidade, segurança etc. somam-se às máquinas e prédios necessários às suas empresas, viabilizando ou não os empreendimentos ou, simplesmente, aumentando custos para os clientes.

A má qualidade de serviços públicos afeta até os queridos computadores que as secretarias de educação instalam em suas escolas. Queimam, perdem softwares, são roubados ou vandalizados se outras atividades sob concessão ou responsabilidade direta do estado (município, estado e/ou União) forem mal feitos.

E o Brasil é um país de dimensões continentais. Tudo encarece com a rarefação, as distâncias, a diversidade ambiental. Não é simples nem barato atender bem nosso povo.

Cuidando mal de serviços inevitáveis, básicos, geramos pobreza. Descuidamos dos mais pobres, criamos situações de risco e pauperização. Degradamos, assim, até nossos indicadores sociais.

Nos serviços essenciais, estratégicos, mas que dão mídia, alguns governantes preferiram forçar a redução de tarifas e salários, mantendo margens absurdas de cobrança de impostos. Dessa maneira as faturas que recebemos deveriam ter o logotipo da Secretaria e/ou Ministério da Fazenda e não da concessionária, simples repassadora de impostos, com uma fração para se manter e investir (com algumas exceções vexatórias).

Precisamos, portanto, pensar e propor com firmeza indicadores técnicos e sociais desafiadores e rediscutir com o máximo de inteligência a política fiscal. O Brasil está muito atrás de qualquer país considerado de grande porte, precisamos avançar, não apenas em direção ao fundo do mar procurando petróleo. Chega de falar apenas de tarifas e redução de custos, queremos ouvir discursos em torno de eficiência, de melhores padrões, de bons serviços de internet, telefonia, transporte, segurança, educação, saúde, energia, água e esgoto, lixo e até cemitérios. Basta, vamos parar com pedágios absurdos e taxas inúteis. Precisamos evitar concessões em serviços que não demandem esse tipo de contrato leonino. A fiscalização precisa ser aprimorada, agências reguladoras bem equipadas e vigiadas, ... e, bom senso. Em Curitiba conseguiram a proeza de transformar em concessionárias até as empresas funerárias.

Se feitos com honestidade e competência, os serviços essenciais não custarão tão caro e os resultados compensarão.

A questão é: nossos candidatos estão preparados para falar de infraestrutura e todos os desafios inerentes ao cargo pretendido? Quais são os compromissos, as propostas? Em quem acreditar? Alguns têm histórias ruins...



Cascaes

24.7.2010

A importância de respeitar o idoso e o PcD

A campanha eleitoral e as mudanças de governo são momentos extremamente importantes para sonhar com novos padrões de administração pública. Não tanto pela criação de leis, temo-las para tudo, e sim pelo respeito àquelas mais significativas em nosso dia a dia, onde, por incrível que pareça, nossos governantes colocam resistências à viabilização de conquistas que povo brasileiro tanto lutou para conseguir.

Os políticos preferem novidades e a última é a Copa do Mundo. Fazer o que a FIFA manda é algo imperioso, para eles a oportunidade de até endividar mais as nossas cidades.

Precisamos, contudo, de ambientes urbanos sadios, comportamentos civilizados, instalações etc. que se ajustem às necessidades do ser humano brasileiro comum, sem helicópteros, seguranças pessoais e carros blindados. Queremos atenção para as crianças, os idosos, as pessoas com necessidades especiais. Isso teve momentos de glória no passado, quando os governos (no Brasil) em todos os níveis anunciaram novas leis e até cargos e estruturas na administração pública.

Acreditávamos que aqueles que dependiam de calçadas bem feitas, escolas com tradutores LIBRAS, portos e aeroportos ajustados aos idosos e deficientes, campanhas e programas de mídia oficial, ementas de cursos novos ou feitos para essas mudanças, inúmeros projetos de P&D a favor dos PcD etc. já estariam firmes, bem apoiados.

E os padrões técnicos? As Normas Técnicas? Já deveríamos ter uma coleção de normas, se necessário feitas de imediato, pois não há muito que inventar, basta ajustar o que países mais desenvolvidos fazem. Algo como sempre se fez, quando foi o desejo dos poderosos, copiar e depois melhorar.

Isso não aconteceu. Os anos foram passando, a mídia centrou o discurso no CO2, floresta amazônica, paca, tatu, cotia e capivara e, apesar de todos os esforços, nossas autoridades urbanísticas, educacionais, aquelas que influem no comportamento dos brasileiros nada ou pouco fizeram, com raras e exemplares exceções.

Orgulhamo-nos, sendo catarinenses em Curitiba, de ouvir tantas boas referências ao nosso estado, mesmo sabendo que já foi melhor (a quantidade imensa de calamidades que afetaram muitas de suas boas cidades pode explicar uma parte dessa situação). Entristece descobrir o abandono de projetos que eram motivo de orgulho, encanta-nos, contudo, descobrir que Joinville foi uma das 6 cidades brasileiras escolhidas pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no projeto Cidade Acessível e Direitos Humanos (1.07.2010), que tem como meta melhorar a acessibilidade até o final de 2010 nestes seis municípios. Campinas (SP), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Joinville (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Uberlândia (MG) foram beneficiados pelo programa em função das ações de acessibilidade já desenvolvidas. Essas cidades servirão de modelo em áreas como mobilidade, acessibilidade e eliminação de barreiras, saúde, educação, transporte público urbano e habitação.

O prefeito de Joinville (cidade da Busscar, onde vimos há alguns anos dezenas de ônibus com adaptações, elevador inclusive, para o transporte intermunicipal na Costa Rica, prontos para exportação), Carlito Merss, assinou em nome dos demais gestores a adesão ao projeto dizendo:

"Quando aceitamos o desafio de ser uma das primeiras cidades a ser considerada acessível, sabíamos que estávamos assumindo um compromisso e um desafio. Queremos ser uma referência para o sul do país"... (do portal anunciando o programa).

Gostaríamos que essa fosse uma afirmação do prefeito de Curitiba e dos administradores de todas as outras cidades do Paraná, que o estado do Paraná assumisse esse compromisso e, finalmente, o Brasil virasse referência mundial... Por quê não sonhar?

Ontem, 23 de julho, participamos de dois eventos que nos marcaram. Em um deles, no Instituto Paranaense de Cegos, o quase desespero e esperança de que nosso novo prefeito corrija a cidade de Curitiba (considerada modelo de urbanismo) e a elaboração de documento (minutado, organizado pelo arquiteto Ricardo Mesquita) a ser entregue às nossas atuais autoridades e às próximas. Em outro, na ADAPTARE, a alegria da Mirella Prosdócimo e suas parceiras festejando a ampliação e aniversário de sua empresa dedicada à acessibilidade.

Assim vamos rindo, chorando, festejando e brigando, pensando e escrevendo, acionando o Poder Judiciário e o Ministério Público, propondo pesquisas, ajustes, novidades e vontades, fazendo passeatas e visitando quem possa entender o que é ser idoso, deficiente auditivo, visual, físico, mental ou uma combinação disso tudo, na esperança de que tenhamos progressos reais a favor do povo e não simplesmente projetos (bilionários) por determinação da FIFA ou do COI e vontade de... é melhor não pensar nisso.

Cascaes

23.7.2010

Brasil, corporativismo, eleições e desenvolvimento

No périplo das andanças via campanha eleitoral vamos ouvindo propostas e opiniões em relação ao que se deseja em relação ao próximo governo.

Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, que assim seja, mas com certeza o Grande Arquiteto do Universo colocou em todos, em cada um uma mistura diferente, uma quantidade diferente de limitações e potenciais que se digladiam no processo de aprimoramento desejado pelo Criador.

Assim é natural descobrirmos conflitos de idéias e a necessidade de evolução permanente.

A Democracia é processo recente na Humanidade, estamos na pré-história do que poderá ser. Isso se a Humanidade atingir o nível divino de compreensão da necessidade de fraternidade, união, igualdade de oportunidades e a importância da liberdade, do respeito a todos os seres humanos, mais ainda àqueles sem sindicatos ou corporações públicas ou privadas para defendê-los.

Infelizmente a gente mais pobre não encontra meios de se manifestar. Sempre existe uma esperança e a internet vem nesse sentido. A universalização desse sistema de comunicação viabilizará, se feito sem custos para esse povo, sua afirmação e inclusão na lógica da negociação de projetos, leis, impostos etc.. O fundamental é que a geração futura de eleitores saiba usá-la de forma adequada, aprendendo a explorar ao máximo seu potencial para dizer que existe, o que precisa, que golpes lhes aplicam, procurando formas de se defender e, acima de tudo, cobrando compromissos com seu mundo, até aqui pasto de demagogos.

Muito das injustiças que até já nos habituamos a ver são conseqüência da impossibilidade de expressão pública dos mais humildes.

Isso precisa acabar com a construção de redes sociais em torno deles, algo que empresas capitalistas, livres e sem fronteiras viabilizam graças aos blogs, youtube, twitter, facebook, etc. e à simples capacidade de escrever emails para amigos e desconhecidos, afinal spam não é apenas para perturbar os outros.

Estudos recentes do cérebro humano mostram que ele evolui. Em torno da amígdala ancestral apareceram volumes cheios de neurônios, colocando sobre o pescoço das pessoas um tremendo hardware, com sensores fantásticos: a visão, audição, olfato, paladar e tato e até uma qualidade quase desconhecida: haption. Pode mais, a inteligência não parará de crescer, de geração a geração.

Nossas glândulas, aos poucos aprendemos a dominá-las e dentro de tudo isso vem o software ancestral (Jung que o diga), o hormonal (aí saudemos as descobertas de Freud) e outros. O sistema operacional é genial. O software mais importante, contudo, é aquele que formamos em casa e nas escolas, no dia a dia, na vida como um todo, viabilizando o tremendo calidoscópio (isso mesmo, calidoscópio) que faz de cada um dos bilhões de seres humanos algo inédito, único.

Estamos, contudo, em campanha eleitoral. Nossos candidatos, coitados, esforçam-se para entender as multidões e descobrir ganchos que os elegerão. É até paradoxal, o eleitor, por mais culto e racional que seja, acaba votando por capricho, em cima de alguma mensagem simples, mas eficaz no toque de suas vaidades e necessidades básicas.

Se os problemas de nações teoricamente mais desenvolvidas é grande, o que esperar de um país ainda com tanto a fazer para atingir o mínimo respeitável de sobrevivência saudável?

As estatísticas estão aí, algumas são assustadoras apesar dos discursos ufanistas de gente de governo.

Precisamos evoluir, as eleições são, pelo menos, um sinal de que desejamos existir em liberdade e procuramos, pelo menos, igualdade de direitos, de oportunidades e de cidadania.

Cascaes

21.7.2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Entradas, bandeiras e capitais

O Brasil cresceu, formou-se, ganhou dimensão física graças a expedições que estudamos na escola primária (agora “primeiro grau”). De Laguna, por exemplo, saíram as bandeiras que ocuparam o território que forma o estado do Rio Grande do Sul. Assim o território nacional ganhou parte dos pampas gaúchos e uma riqueza imensurável, os tropeiros fizeram história e muito dinheiro levando charque para São Paulo.

O Tratado de Tordesilhas veio para evitar uma guerra entre um pequeno país, Portugal, e a potência militar da época, a Espanha, já capaz de bombardear muitas cidades. De qualquer jeito, pouco a pouco os portugueses residentes no Brasil ultrapassaram essa linha criada em nome da paz européia e sob autoridade papal.

Os portugueses, chegando da Europa, fizeram de Salvador, na Bahia, nossa primeira capital. Opção lógica diante da proximidade do monte Pascoal e da docilidade dos índios da região. Com o tempo viram a dimensão do continente que começaram a ocupar e, por muitas razões estratégicas a capital passou a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Em 1950 o Brasil era ainda um tremendo espaço de florestas com o seu litoral coberto de cidades que cresciam, tomavam forma. A cidade do Rio de Janeiro era maior que a de São Paulo e a Mata Atlântica perdia espaço a todo tipo de ocupação.

O Brasil teve formação geológica “sui gêneris”, assim a costa se levantou criando serras onde nascem grandes rios que correm para o interior, até descobrir o Oceano Atlântico, já bem longe de suas origens serranas. Com algumas exceções, ostentamos circuitos fluviais que vão descendo ao longo de milhares de quilômetros, em corredeiras ou cachoeiras, muitas delas dando-nos hidrelétricas que nos fazem líderes de energia renovável.

Sob a terra, além disso, existem aqüíferos colossais e nas florestas remanescentes, clima subtropical, uma riqueza biológica mal explorada, belíssima, que desaparece aos poucos, graças à fertilidade de nosso povo (crescendo e avançando sobre as florestas, praias e planícies) e às vacinas e remédios que prolongam a vida de todos nós.

Maravilhosamente, contudo, o Brasil é enorme, ainda com população reduzida. Enquanto na Europa e Ásia, “via de regra” viajamos pouco para chegar noutra cidade, aqui gastamos horas de viagem para descobrir algumas vilas.

O Brasil pede encarecidamente uma redistribuição da sua população. Vemos, assustados, o crescimento absurdo de cidades que já deveriam ter revertido sua evolução, sem degradar seus padrões de vida, ao contrário, devolvendo a elas a graça perdida.

Somos um país com muitos funcionários públicos. Vimos a quantidade gigantesca de gente a serviço das assembléias e do parlamento federal. Que tal mudar mais uma vez a capital do Brasil e dos estados? Esse povaréu arrastaria muita gente para outros lugares e geraria atividades acessórias importantes.

Criaríamos ambientes privilegiados, atraindo mão de obra, serviços, projetos... Inibiríamos a formação de favelas em torno de metrópoles e daríamos novo alento à economia de nosso país, até porque tudo isso poderia ser feito pela iniciativa privada, que daria de compensação os palácios tão desejados pelos políticos. Naturalmente imaginamos editais honestos e definição de regiões para apresentação de propostas, que seriam intensamente analisadas e discutidas pelos brasileiros. Entre outras, poderíamos revelar ao mundo novos urbanistas, arquitetos, engenheiros, sociólogos, ambientalistas, soluções inovadoras e tropicalizadas, tudo dentro das lógicas mais modernas de sustentabilidade.

E o que fazer com os palácios existentes? Bem, sempre existe a possibilidade de transformá-los em museus, escolas e outras coisas, dependendo da fama que tiverem.

Cascaes

19.7.2010

Mais uma vez os juros

Cobrança de juros no Brasil é algo que ultrapassou todos os limites do razoável graças a uma série de decisões macroeconômicas que implodiram a industrialização do Brasil, abriram nosso mercado a países sem leis nem documentos, construíram um gigantesco estado burocrático, formal, cheio de carimbos, tribunais e fiscais, ... e socializaram os riscos de forma explícita, indecente. O famoso “spread”, que nossos bancos cobram, nada mais é do que transferir para todos os brasileiros os perigos que nossos negociantes de dinheiro deveriam calcular melhor e assumir como parte seus “negócios”.

Obviamente, sem produção industrial própria e exportando tudo o que pode para pagar os luxos de uma parte privilegiada da população, o Banco Central descobre que a inflação é alta e deve aumentar o “enxugamento” do mercado de moedas, títulos etc. pagando mais a quem pretende ganhar sem qualquer esforço ou risco.

Não temos leis trabalhistas internacionais, o subsídio é livre quando praticado por nações entupidas de foguetes, bombas nucleares, porta aviões, armas e soldados de toda espécie. É utopia acreditar na “boa vontade” deles.

O livro Economia Bandida, de Loretta Napoleoni, editora DIFEL, traduzido por Pedro Jorgensen Jr. leva-nos a admirar a lógica islâmica do uso do dinheiro e a pensar num novo contrato social, principalmente diante do que estamos vendo no mundo ocidental, cheio de crises e tragédias absurdas.

Vamos ter eleições, ótimo!

Qual é a proposta dos nossos candidatos em relação à política econômica? Ao Banco Central? À nossa legislação indecentemente prolixa e restritiva?

Continuaremos construindo shoppings para gastar enquanto tivermos dinheiro? Vamos desperdiçar ou eregir uma nação forte, independente, respeitada?

O Seminário Nacional “Investimento Público: análise e perspectiva” realizado em 9 de julho de 2010, em Curitiba, promoção do (Senge-PR), da (Fisenge) e (Dieese) e com o apoio do (Ipea) e do (Crea-PR), que tivemos a oportunidade de filmar a sua quase totalidade (vide http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com) mostrou, entre outras coisas, a angústia ou ironia de alguns eminentes palestrantes, perplexos com tudo o que aconteceu nessas últimas duas décadas de Brasil.

A verdade é que erramos demais e caímos prisioneiros da banca internacional, a ponto do nosso presidente anunciar o comando da equipe econômica nos EUA, quando de sua primeira eleição (agora, sabendo falar em Inglês, deve usar algum telefone ou internet...).

Relembrando o livro Economia Bandida começamos a sonhar com a lógica monetária do que os autores chamam de “A Economia da Xariá”, estratégia que deveríamos estudar com profundidade e pensar, por exemplo, na “gharar”, a proibição islâmica de especular. Transcrevendo: “A economia da xariá está centrada no conceito de parceria e deriva de uma visão religiosa do mundo adotada por mais de um bilhão de muçulmanos. Seu Objetivo final é honrar os valores da comunidade a que serve, a Umma.” (pg. 285)

Ou, vide Wikipédia: “A operação bancária islâmica tem a mesma finalidade que a operação bancária convencional salvo que opera-se dentro do acordo com as regras de Shariah, conhecidas como Fiqh al-Muamalat (Regras islâmicas em transações). O princípio básico de operação bancária islâmica é a partilha do lucro e da perda e a proibição de riba (usura). Entre os conceitos islâmicos comuns usados na operação bancária islâmica seja partilha de lucro (Mudharabah), custódia (Wadiah), empreendimento misto (Musharakah), custo a mais (Murabahah), e aluguel (Ijarah).”

Com ou sem as lógicas do Cassino Internacional e observando alternativas, até o presidente Obama já se convenceu de que o mundo precisa mudar para enfrentar os agiotas e a jogatina internacional.

Para nós fica a pergunta, qual é a proposta do nosso futuro presidente da República e seus deputados e senadores?



Cascaes

19.7.2010

TV Qualidade

Uma coleção de acidentes gravíssimos nestes últimos anos merece atenção especial de todos, principalmente dos brasileiros que vivem sob a égide de leis mal feitas, pessimamente reguladas e precariamente analisadas no Poder Judiciário e tribunais de contas.

As desculpas podem vir de muitas formas, normalmente desaparecem da mídia, afinal o patrocínio é fundamental à sobrevivência dessas empresas. De qualquer forma, sob condução eficaz, todos poderão lucrar com a percepção da importância da qualidade, confiabilidade e oportunidade de serviços e empreendimentos essenciais ou invasivos, que de alguma forma nos afetem significativamente.

Na telinha temos os programas científicos feitos no exterior, ótimos para quem é poliglota e não tem problemas de audição. Infelizmente aí também é preciso muito cuidado, afinal os lobbies industriais e políticos (e agora as FIFAs e COIs da vida) pretendem conduzir a população a soluções que interessam suas entidades e, mais uma vez, a lobistas associados a grandes empresas.

Precisamos, contudo, rever a gerência técnica de obras, a escolha de projetos, fabricantes, aumentar a fiscalização, definir melhor os padrões, enfim, democratizar o conhecimento e alertar a população que não basta simplesmente escolher propostas pelo menor preço e cuidar da burocracia (paixão de nossos fiscais formais) de grandes trabalhos.

O acidente no Golfo do México mostrou em dimensão planetária o que uma petroleira mal administrada sob o ponto de vista técnico pode fazer. As declarações do presidente desta empresa ao Congresso Norte Americano são assustadoras, mas, infelizmente, não são novidades para os engenheiros brasileiros mais experientes.

Tivemos desastres inacreditáveis que, pelo jeito, não darão compensações justas às suas vítimas. Afinal, grandes empresas, excelentes advogados, e nossa jurisprudência mais parece jurisimprudência, em prejuízo das vítimas e, em última análise, dos brasileiros em geral. Justiça lenta não é Justiça e pior ainda quando nela encontramos válvulas infinitas a favor dos bandidos. Obviamente tudo isso acontece porque a legislação no Brasil não determina prazos, estruturas e simplificações inteligentes em torno do Poder Judiciário, um poder independente em suas decisões, quando sob o império de leis feitas pelos parlamentares e sancionadas pelo Poder Executivo (devidamente publicadas nos Diários oficiais).

Mas acima de tudo é fundamental educar, ensinar, preparar a nação brasileira (agora falam em estado mercado, evoluindo para a Economia Bandida) para o desafio de se fazer bem grandes obras.

Em todas as profissões deveríamos ter programas didáticos, claros, inequívocos e bem feitos mostrando como, quando, quanto, custos, profissionais, empresas etc. sobre o exercício de suas atribuições. Nossas TVs Educativas ganhariam dimensão se pudessem apresentar (em língua portuguesa e LIBRAS, nossas 2 línguas oficiais, brasileiras) o que é um viaduto, um gasoduto, aeroporto, poço de petróleo, refinaria, caldeira, turbina, usina e por aí afora e que padrões de qualidade são necessários e suficientes. Isso vale para todas as profissões. Afinal que médico procurar? Qual o tipo de advogado ideal para o problema que possamos ter? para que servem os engenheiros, arquitetos, urbanistas? ...

Na TV comercial aprendemos a fazer barreado, sushi e macarrão, está na hora de termos a oportunidade de podermos ter, rotineiramente, a TV (ou programa) Qualidade, muitas TVs Qualidade, não para dizer que tipo de formulário são necessários, mas para mostrar a condução de serviços, instalações, projetos, a construção, operação e manutenção de indústrias, barragens, pontes, túneis, viadutos, gasodutos, plataformas petrolíferas... de modo a que nós, brasileiros, sejamos minimamente capazes de perceber o que pode ser corrigido, o que está mal feito, quais são os benefícios e os perigos dessas coisas.

Não é difícil e seria uma excelente forma de usar recursos de mídia técnica e os encargos que pagamos em nossas contas de água, luz, telefone, transportes etc.

Teremos eleições, aproveitemos para escolher bem nossos legisladores e executivos políticos, é um bom (fundamental) começo. Temos bons candidatos, é só votar neles.



Cascaes

18.7.2010

Pimenta nos olhos dos outros não arde

Os legisladores fazem leis. A obrigação desses parlamentares seria conhecer nos mínimos detalhes a amplitude do que pretendessem fazer.

O senador, deputado ou vereador tem uma grande responsabilidade, criar restrições ou poderes compatíveis com a Constituição e a as lógicas jurídicas, pelo menos.

Administrar significa autoridade mais responsabilidade. Não se deve exigir de nenhum administrador público decisões contrárias à nossa legislação. Assim como ele deve lealdade a quem o nomeou, precisa estar atento às leis de nosso país, mais ainda, à lógica justa e necessária ao uso do dinheiro do povo, o grande acionista das estatais.

A proposta de que a Copel assumisse a conclusão do estádio do Atlético foi, acima de tudo, uma demonstração dos cuidados que devemos ter em relação àqueles que elegemos, aliás, sem novidade, pois vimos coisas escabrosas contra o povo da Vila Zumbi (onde atuamos pelo LIONS) e nas revelações fantasmagóricas da ALEP.

Agora, por azar de alguns deputados, atingiram uma Copel muito bem comandada pelo seu presidente, o economista Ronald Tadeu Ravedutti, nomeado pelo nosso governador Orlando Pessuti. O presidente da Copel, certamente após refletir muito, liberou nota informando ao povo paranaense da impossibilidade e inconveniência da empresa participar da conclusão do estádio do Atlético. Comentando o fato recebemos manifestações verbais e escritas, afinal é um tema que afeta todos os copelianos, na ativa e aposentados, paranaenses nativos ou adotados.

Vale transcrever uma análise que recebemos num blog que mantemos:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A COPEL entrando no jogo da FIFA":



A idéia de se utilizar recursos da Copel para a construção/reforma de estádio privado é tão absurda que levou o próprio Presidente da Copel, indicado pelo Governador Pessuti, a repudiar a mesma, tendo sofrido "puxão de orelhas" por tal rebeldia. Além da ilegalidade - caso se concretize tamanho absurdo inúmeras ações populares irão recair sobre os dirigentes da Copel - a proposta sequer atende aos mais comezinhos critérios de racionalidade (talvez por tal razão nenhuma empresa privada tenha se arvorado em tal empreitada). Vamos tentar discorrer sobre as argumentações mais comuns (e desavisadas) favoráveis ao "pa(i)trocínio:

a) A Copel Telecomunicações teria seu nome divulgado: i)O valor a ser usado seria equivalente a DUAS vezes o lucro do último exercício da Copel Telecom, nenhuma empresa do mundo investe tudo isso em uma única mídia; ii) O caixa da Copel Telecomunicações em dez/2009 era de R$ 31 milhões, ou seja, vai faltar dinheiro!;

b) A marca Copel será divulgada: Quando fosse erguida a placa com o nome da Copel se iniciaria a fase de obras, com tapumes e proteções ao redor visando a segurança, ou seja, ninguém veria o nome Copel; Quando o estádio estivesse pronto a FIFA exigiria a retirada do nome Copel, pois os direitos de imagem e todos os seus direitos acessórios serão de propriedade da FIFA;

c) Bancos estatais patrocinam clubes e portanto a Copel também pode: argumento falacioso e mascarado. Todos sabemos que os Bancos encontram-se sob regime concorrencial muito acirrado, sem qualquer comparação com o regime quase monopolista da Copel,desde a valorosa servidora do cafezinho até o Presidente da Copel, todos sabem que a Copel não precisa dessa "publicidade";

c) Em que pese a Copel estar com caixa significativo, nos próximos anos serão necessários vultosos investimentos para fazer frente a obrigações regulatórias e a novas obras que dêem musculatura à Companhia;

Paramos por aqui, lembrando aos "mentores" de tal idéia que o poder não dura para sempre, devendo os mesmos evitar o populismo!

Para descontrair, e em tom de brincadeira: Que tal gastar muito menos e patrocinar um ensaio da Larissa Riquelme usando um celular da Sercomtel, coligada da Copel?



Postado por Anônimo no blog quixotando em 16 de julho de 2010 15:34



Ou seja, o dinheiro do pagador de contas de energia deve ser usado de outra forma, acima de tudo em investimentos urgentes a favor da confiabilidade, qualidade e segurança que a empresa perdeu durante anos de equívocos, quando a lógica era simplesmente baixar tarifas, esquecendo que energia barata é sinônimo de desperdícios e a boa técnica é essencial à energia.

A COPEL precisa investir muito no aprimoramento de sua rede de distribuição. Por conseqüência disso tivemos o apagão que a capital do Paraná sofreu ao final de um jogo da Copa do Mundo deste ano, deixando metade da cidade no escuro e derretendo linhas que deveriam estar protegidas contra eventos dessa espécie, sem contar com o absurdo do desligamento de dois transformadores na subestação de Uberaba, causa principal desse acidente que afetou centenas de milhares de pessoas em Curitiba.

O comentário transcrito diz tudo, há necessidade de se acrescentar algo?

Por favor, quem tiver algo a dizer que o diga agora, ou mais adiante, mas não se cale.

Precisamos de investimentos em infraestrutura e aprimoramento de serviços essenciais, o resto é usar mal o dinheiro do povo. Exigir da diretoria da Copel apoio a essa fantasia seria colocar pimenta nos olhos dessa equipe, afinal o rojão iria explodir em colos alheios aos dos idealizadores dessa proposta indecente.



Cascaes

17.7.2010

sábado, 17 de julho de 2010

Constituintes perigosas e voto consciente

Vamos ter eleições, é extremamente importante a escolha de pessoas competentes, sensatas, dedicadas, operativas e aplicadas, comprometidas com a democracia e capazes de governar o país. Vivemos sob democracia ainda que relativa, é extremamente importante aprimorá-la gradativamente, valorizá-la sempre.

A compreensão do que seja “democracia” é difícil e escapa à visão da maioria das pessoas. Praticamente todas as nações ainda trazem o ranço do paternalismo, do feudalismo, da monarquia e, quando muito, ditaduras populistas ou totalitárias. A liberdade e a participação popular plena são situações relativamente novas e a falta de educação política é uma triste realidade mundial. No Brasil a Lei da Ficha Limpa, contudo, mostrou que os brasileiros estão amadurecendo e já aprendendo a usar seus poderes sem violências.

Normalmente as revoluções ditas democráticas criaram mais ditaduras do que estados de homens e mulheres livres. Serviram para o processo de substituição ou consolidação de elites e oligarquias e ainda são instrumentos dos poderosos, senhores da guerra, negociantes de escravos, mas lideranças carismáticas, capazes de mergulhar seus seguidores em lutas de onde emergem como chefes vitalícios fazendo de conta que vivem em liberdade e sob governos do povo, pelo povo e para o povo.

Naturalmente alguns grupos mais organizados costumam assumir o comando dos países e os cidadãos e as cidadãs, nas suas lutas diárias pela sobrevivência, deixam de acompanhar os processos eleitorais, os governos. Para isso os mais fortes não se descuidam, sempre com argumentos para conter a riqueza dentro de certos limites, impondo o crescimento controlado, tudo sob a desculpa (no Brasil) do combate da inflação que existiria se todos pudessem trabalhar e ter salários dignos, geram situações aflitivas e criam objetos de distração, pão e circo para todos.

Já nos disseram que gostamos de frases de efeito, sim, é importante simplificar, facilitar a digestão intelectual de quem nos ouve, lê, sente. Todos nós aprendemos a ter pressa, a querer tudo para digestão rápida, um “fast food” intelectual que pode ser perigoso.

Nesse mundo latino-americano, na pressa de oferecer soluções, de dizer algo ou preparar golpes, um discurso tem sido “criar uma nova constituição”. Nossos vizinhos, sob o peso de ditaduras populistas, sentem fortemente essa estratégia, ou seja, não têm a mínima idéia a que leis estarão submetidos nos próximos anos. Qualquer situação que dificulte os ditadores de plantão conduz a mudanças apoiadas pelas massas mais submissas e encantadas com os poderes do chefe, de onde sempre esperam ganhar alguma coisa.

Nova Constituição Federal... cada artigo da Lei Máxima produz uma coleção de leis, decretos, normas e até tribunais, quando não paredões, empastelamentos, linchamentos e conflitos extremamente perigosos. A simples indicação de mudança de leis conduz a paralisações, à espera das novas regras.

Muitos assumem governos sem experiência administrativa, acostumados, quando muito, a mandarem sem contestação em homens fardados ou pintados e vestidos de acordo com a tribo a que pertencem. Tivessem sido executivos, gerentes civis em companhias que existem sob leis perenes e liberdade maior, ainda que de mercado, fossem mais atentos e descobririam que o sucesso da empresa se deve muito mais à qualidade dos gerentes do que ao organograma e suas preciosidades descritivas, normas e regulamentos. Uma boa equipe faz qualquer coisa funcionar enquanto, ao contrário, excelentes instituições, bem organizadas e equipadas, naufragam se os seus líderes forem incompetentes. Mudanças estruturais via de regra criam hiatos perigosos.

O desafio, portanto, não é criar novas regras, mas escolher gente capaz.

A América Latina perdeu espaço para a do Norte exatamente porque sempre acreditou em revoluções.

Sim, temos uma constituição complicada que precisa ser simplificada, tem artigos demais. Aliás, vivemos sob uma parafernália de leis que assusta. Mais cedo ou tarde deveremos andar com laptops e sensores avisando que tipo de crime poderemos cometer a cada passo. Simplificar é fundamental para que nosso povo saia do carnaval confuso em que se meteu.

Outra constituinte, não, é pura loucura.



Cascaes

16.7.2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um estádio para a Copa do Mundo

A audiência pública para discussão das propostas de nossa famosa Assembléia Legislativa (ALEP) mostrou o insucesso de projetos açodados e pouco realistas.

Valeu saber que o presidente da Copel (Ronald Tadeu Ravedutti) reagiu de forma corajosa às pressões para a utilização do dinheiro da concessionária (federal) na conclusão de um estádio, que seus responsáveis já poderiam ter feito integralmente. Afinal, a paixão rubro negra é enorme, bastando uma forma de coleta racional de recursos para o clube conquistar o que falta e ser, sozinho, dono da bola fifense, que desta vez não será jabulani, mas tem cara de se transformar em outra pelota de curso instável.

Os projetos malucos, megalomaníacos, de arenas para a Copa do Mundo em 2014 poderiam ser substituídos, sem prejuízo da funcionalidade, por programas e obras ecológicas, sustentáveis sob todos os aspectos, realistas, sob a realidade pesada da crise econômica mundial atual e a preocupação com o povo brasileiro, meio ambiente, sustentabilidade, mobilidade etc..

Não querendo falar de outras cidades, Curitiba poderia ser objeto de um acordo entre Governos para transformar suas três praças próximas (Oswaldo Cruz, Ouvidor Pardinho e Afonso Botelho mais o atual estádio do Atlético) em pólo de educação esportiva, com áreas dedicadas a todo tipo de esporte amador.

Para completar as modalidades olímpicas teríamos as raias aquáticas longas, algo para o Parque Iguaçu, praticamente abandonado, e outras para equitação e similares.

Com uma proposta maior, todo o dinheiro necessário poderia vir diretamente do Governo municipal, estadual e federal, dinheiro justo e fruto de nossos impostos, para a criação de uma universidade poliesportiva, dedicada à educação física e aproveitando espaços e instalações existentes. Estaríamos, assim, sendo também alternativa para as Olimpíadas, podendo receber parte das competições previstas para o Rio de Janeiro.

O fundamental é dar ao que se pretender fazer uma utilidade permanente e compensadora e nada melhor do que a utilização educacional de áreas importantes para a prática esportiva e ensino convencional. A utilização futebolística profissional seria eventual, subproduto de lugares já conquistados.

Nossos arquitetos, engenheiros, educadores e urbanistas teriam, dessa forma, a oportunidade de usar o espaço de nossas praças e parques integrando-os num grande projeto e programa permanente de formação de atletas e, por que não, com ambientes para salas regulares para aulas convencionais, afinal essas praças estão localizadas no eixo previsto para a primeira linha de metrô.

As áreas existem, no Governo temos crédito e verbas à disposição de boas propostas, é só saber usar.

Com recursos públicos a arena do Atlético seria, assim, estatizada parcialmente, provavelmente sem grandes objeções, dando um exemplo de racionalidade nesse planeta que fala muito em sustentabilidade e educação, mas realiza muito pouco nesse sentido.



Cascaes

15.7.2010

Trens e arenas

A necessidade de satisfazer os caprichos dos cartolas da FIFA está provocando uma agitação interessante no Brasil e em Curitiba, pois seremos sede de alguns jogos desse evento “esportivo”.

Afinal, como separar o joio do trigo? O que realmente é importante, oportuno e inevitável? Qual é a autoridade técnica dos responsáveis pela FIFA para dizerem para nosso governo o que deve ser feito para atender alguns jogadores e os turistas que virão torcer por seus times?

Teríamos outras prioridades?

Vamos pagar essas contas de que jeito?

Obviamente projetos dessa espécie são a delícia de certos profissionais, empreiteiros e fabricantes. Estamos atrasados em tudo, inclusive na formação de bons arquitetos, urbanistas, engenheiros, técnicos etc. para o volume de obras que o Brasil precisa, com ou sem a Copa. A crise que nos derrubou no início dos anos 80 do século passado foi um pesadelo que durou décadas. Agora parece que teremos uma folga, que não deveremos usar para outro mergulho, ou seja, está na hora de sermos prudentes.

O Brasil é um país que tem um custo adicional gigantesco em seus produtos para consumo interno e exportações por falta de infraestrutura de transportes, silagem, portos e aeroportos etc. e leis que geraram uma tremenda burocracia. Nossas cidades estão rodeadas de favelas e nelas a mobilidade é um pesadelo. O saneamento básico ainda não atingiu níveis razoáveis, o povo reclama, com razão, dos problemas de atendimento em serviços essenciais. Carecemos de boas escolas, creches, áreas para esporte amador, postos de saúde... A segurança não existe, é um pesadelo que só faz crescer. As dificuldades acontecem até no uso da internet, cara e precária. Nesse cenário, quais são as nossas prioridades, cuidar da Copa do Mundo para mostrarmos o que não somos?

Obviamente o futebol é uma paixão brasileira e o prazer de ver nossa seleção jogando justifica muito esforço, mas quanto?

Vimos nessa Copa de 2010 jogadores profissionais que já falam português com sotaque, estão esquecendo a língua pátria, o hino nacional nem se fale... Pagos a peso de ouro, a maioria já emigrara para dar espetáculo em outros continentes, voltarão? São apaixonados pelo Brasil?

O aspecto positivo da intenção de realizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas foi mostrar a precariedade da infraestrutura existente para o transporte, acolhimento, segurança e conforto de pessoas, que deve melhorar muito na visão dos especialistas copeiros. Não chama atenção, entretanto, para a necessidade de estrutura para a produção, exportações, importações, tecnologia e serviços essenciais, assim como não entra no mérito da acessibilidade, do respeito às pessoas com deficiência. Afinal, quem pretende freqüentar arenas é uma parcela pequena de fanáticos, que se propõem a qualquer sacrifício para ver jogos. Os apostadores podem exercer seus vícios via internet, já não precisam viajar, e os torcedores mais comodistas têm as telinhas diante das quais poderão tomar cerveja e comer salgadinhos gritando e pulando, talvez rezando por seus times.

Como vimos no Seminário Nacional “Investimento Público: análise e perspectiva” em 9 de julho de 2010, em Curitiba, promoção do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), da Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros (Fisenge) e do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR) falta tudo, inclusive certezas em relação ao futuro da economia mundial e nacional (vide o blog http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com ).

É momento de prudência. O acidente da “British Petroleum / Deepwater Horizon” possui no nome da plataforma desastrada, por coincidência, o sugestivo “Horizonte das Águas Profundas”, que deve, com este desastre colossal, criar regras mais rígidas nesse tipo de aproveitamento. Qual a expectativa em relação ao Pré-Sal?

Com certeza todos os esforços razoáveis devem ser tomados pelos responsáveis pela Copa do Mundo de 2014, loucuras? Não! Já pagamos caro demais por erros ufanistas do passado, está na hora de mostrarmos ao mundo, acima de tudo, que nosso povo evoluiu e não aceita mais desperdícios. Se o anúncio e projeto do trem bala entre Campinas e Rio de Janeiro traz a expectativa de otimização de aeroportos e transportes, outros simplesmente aparecem sem consistência, frutos do açodamento ingênuo diante da pressão que se instala nesse país, que já perdeu tantas copas ganhas...



Cascaes

14.9.2010

Banda larga urgente

A Youtube amplia sua capacidade de “guardar” filmes de maior definição, ou seja, os sistemas padrão Google continuam progredindo, possibilitando usos diversos, inclusive didáticos, de lazer, culturais etc. com maior qualidade e eficácia.

Os países mais desenvolvidos e seus empreendedores sabem o que é importante, o que fazer. Viabilizar infraestrutura de comunicação de última geração é um handicap poderoso à indústria, à educação, à cultura, segurança, saúde, lazer, à pesquisa e ao desenvolvimento, ou seja, ao mundo século 21.

Enquanto apanhamos no futebol e nossas autoridades acham natural gastar montanhas de dinheiro para receber os gringos durante uma semana ou, quem sabe, algum tempo mais (principalmente se o tempo ajudar), atrasamos investimentos essenciais.

O Seminário Nacional “Investimento Público: análise e perspectiva” em 9 de julho de 2010, em Curitiba, promoção do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), da Federação Interestadual de Sindicato de Engenheiros (Fisenge) e do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR) foi uma oportunidade excelente de ouvir as opiniões de grandes especialistas e seus dados e gráficos (vide parte em http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com ).

As infovias são tão importantes que os EUA, em tempos de Bil Clinton (1993 a 2001), tinham um vice-presidente, Al Gore, que fazia delas seu discurso de rotina. No Brasil, análises recentes (IDEC entre eles) mostram nossos atraso e custos elevados em relação ao resto do mundo, por quê?

Os sistemas de telecomunicações foram privatizados. Erraram feio na avaliação de ativos, o prejuízo teria sido gigantesco se a proteção federal e legal criada para essa transferência não tivesse garantido tarifas absurdas e qualidade ruim.

Precisamos educar, ensinar, viabilizar todo tipo de ensino a distância, principalmente o ensino profissionalizante. Temos milhões de brasileiros com dificuldades de mobilidade e outros mais precisando de computadores para entender o que os professores falam. Tudo isso é mal utilizado porque, naturalmente, as empresas privadas de telefonia e de comunicação a cabo (fibras óticas) precisam ser remuneradas, ganhar bem, muito dinheiro como sói acontecer no Brasil com as concessionárias.

Felizmente o Paraná tem a Copel e nela o projeto Banda Extra Larga, o BEL, que poderá mudar de denominação por razões políticas e de marketing, mas que viabiliza um avanço rapidíssimo do nosso povo. A empresa talvez enfrente problemas com as agências reguladoras, afinal elas existem para garantir, acima de tudo, os investidores e consumidores em cenários restritos. A lógica das estatais foi banida nos tempos neoliberais. Temos, contudo, deputados e senadores dos quais esperamos apoio enérgico, firme, se necessário propondo mudanças na legislação federal para que a COPEL possa usar melhor seus cabos de fibra ótica, equipes de desenvolvimento, pessoal de telecomunicações etc.

Vendo as dificuldades monumentais das pessoas com deficiência visual, auditiva, mental e/ou motora em cidades sem calçadas e trânsito civilizado entendemos o medo dessas pessoas em freqüentar escolas convencionais, se não tiverem carros e motoristas à disposição. A mobilidade pode ser compensada com a melhor conectividade a escolas que ofereçam ensino a distância, EAD.

Temos um déficit enorme de profissionais, precisamos criar cursos rápidos de formação e apoio ao Brasil que parece acordar, voltar a crescer.

O EAD é uma ferramenta utilíssima, mais ainda se criarmos uma biblioteca de livros digitais que, sendo assim, poderão conter filmes educativos e recursos especiais, mas dependem de sistemas de comunicação de última geração.

Indústrias, universidades, empresas em geral, se bem administradas, saberão aproveitar os sistemas modernos de transmissão de dados, sons e imagens reduzindo custos. Essas facilidades devem acontecer onde estiverem, onde seus funcionários precisarem, como o teletrabalho precisar acontecer.

Assim dizemos com orgulho que no Paraná, graças à COPEL e ao que ela já preparou nesses últimos anos, temos solução e dentro de pouco tempo o estado poderá usufruir das benesses de novas tecnologias. O fundamental é a empresa contar com o apoio entusiástico do Governador e dos nossos deputados e senadores, desafiados a viabilizar o que for necessário a esse belíssimo projeto.

Aliás, a COPEL é uma tremenda empresa à disposição do Governador e dos paranaenses em geral, que poderão demoli-la ou reforçá-la, tudo dependendo da seriedade, competência, capacidade de discernimento e opções inteligentes.



Cascaes

13.7.2010

A Copa do Mundo na África acabou, e agora?

A Copa do Mundo na África acabou, e agora?


Durante um mês vimos jogos de futebol, diretamente, indiretamente, por osmose ou paixão. Os espetáculos esportivos não foram tão empolgantes. A violência contra a seleção brasileira marcou muito e a fraqueza de juízes e a dos técnicos mais ainda. De qualquer modo sem guerras diversos países mandaram suas seleções, muitas vezes formadas por jogadores que já estão esquecendo a língua pátria, afinal praticamente emigraram para outros continentes, mas substituíram formas de conflitos guerreiros, ótimo!

A África do Sul gastou muito. Assim como o Rio de Janeiro de 1950, ficará com estádios gigantescos. E as favelas, a infraestrutura social, a sobrevivência do seu povo? Ganhou o suficiente para compensar a espera de investimentos mais importantes?

No Brasil podemos ver o Rio de Janeiro com suas guerras intermináveis entre traficantes e destes com a polícia. Desde os tempos de Rodrigues Alves a prioridade de grandes investimentos, feitos já naqueles tempos, não foi resolver, dar dignidade, criar condições de desenvolvimento para o povo mais humilde da antiga capital federal. O Brasil saíra recentemente da escravidão, ou melhor, não tanto, o suficiente para naquela época manter hábitos aristocráticos e oligarquias distantes dos problemas do povo mais simples.

A cidade do Rio de Janeiro perdeu muitas oportunidades de desenvolvimento no século XX, até por efeito de sua maneira irreverente de tratar os ditadores de plantão.

A nossa ex-capital e a África do Sul servem, contudo, de exemplo para o que se pretende fazer até 2014. Quais serão as prioridades dos nossos governantes? Como a mídia vai focar essa questão, não esquecendo que entre torpedos e anúncios as emissoras de televisão são as grandes vencedoras desse processo? E as empreiteiras, com tanto a fazer, entrarão nesse barco ou optarão por outros projetos? Vamos gastar fortunas comprando equipamentos estrangeiros para que os turistas, no mês da Copa, tenham todo o conforto, mobilidade e segurança que a FIFA entende ser necessário?

De qualquer jeito, santa FIFA! Ela pegou nossos administradores públicos de calças curtas. Aos poucos vão descobrindo quanto falta para sediar um campeonato de futebol. Se o que a FIFA exige, exceto a monumentalidade de estádios, é o feijão com arroz que já deveríamos ter, é sinal que nos atrasamos muito.

Com certeza não poderão acontecer apagões de qualquer espécie nesse período, nem de aeroporto, estradas, energia, segurança etc. sob pena de sairmos extremamente desmoralizados, mais ainda se não conquistarmos a famosa taça que nossos heróis já levantaram com tremendo orgulho algumas vezes.

Teremos eleições. Excelente época para cobrarmos de nossos futuros parlamentares, governadores e presidente a forma de encarar essa questão e outras que nos assustam, tais como as endemias, o déficit habitacional, o transporte coletivo urbano, a mobilidade do pedestre, a sustentabilidade, enfim, tudo tão bem sintetizado nos ODM – os Objetivos do Milênio e suas metas que esperamos cumprir.



Cascaes

11.7.2010

Uma experiência maravilhosa

Assumi minha idosidade. Estive na URBS (Rua da Cidadania da Rui Barbosa) e em poucos minutos saí de lá com o meu “cartão transporte”. Com um pouco de vergonha, mas satisfeito de poder usar intensamente algo que valorizo muito, o transporte coletivo urbano, fiz minha primeira viagem para aprender. É necessário esperar um pouco após a passagem da fotografia da gente na placa sensora do aparelho, que decide se podemos entrar sem pagar. Passamos pela catraca meio ressabiados, acima de tudo denunciando a idade. Creio que muitas senhoras devem relutar em aproveitar essa condição de transporte.

Gostei da brincadeira, mais ainda porque agora não me preocupo mais com a quantidade de ônibus que preciso pegar para chegar a algum lugar. Eu mesmo escolho qual, onde e quando usar outro ônibus, fazer correspondência, transbordo, mudar de linha sem que isso represente um custo adicional.

Ou seja, o sistema de transporte coletivo ganhou uma dimensão infinitamente maior, fazendo-me lembrar as cartas de uso mensal que os franceses tinham tem em Paris, talvez agora com outro formato. Turista paga caro, uso eventual não é barato, mas quem, freqüentando intensamente o sistema (metrô, trem, bonde, ônibus e barcas) quiser, poderá adquirir esse cartão que dará direito a usar quando, onde e quanto puder (em Paris) o belíssimo conjunto de modais (para falar difícil) parisiense.

Tenho automóvel, até ganhei licença especial para vagas de idosos. Vou usá-lo em situações especiais, para quê carro pessoal em viagens curtas?

Existe um aspecto negativo. Nossos ônibus são desotimizados, feitos sem cuidados especiais com as pessoas idosas e operados para passageiros atletas. Pisos elevados obrigam-nos a subir e descer por uma escada perigosa, mais ainda quando o ônibus pára longe do meio fio de calçadas (linhas fora da canaleta), nem sempre bem feitas. Deslocando-se com velocidade, freando e acelerando ao máximo, bancos perigosos, precisamos de muito cuidado para não se machucar num desses carros que nas canaletas podem atingir 60 km/h, o que aumenta a preocupação com algum acidente grave (a energia cinética é proporcional ao quadrado da velocidade, ou seja, um choque frontal com dois veículos nesta velocidade (60 km/h) significará 2 vezes mais energia do que a 40 km/h).

De qualquer forma estou feliz, afinal não tenho osteoporose, o medo é menor.

Pelo menos nessa situação, ou seja, idoso, começamos a ganhar algum respeito e consideração e ter a possibilidade de transitar pela capital paranaense sem custos adicionais. Andar de ônibus sem esquentar a cabeça com a linha, horário, direção e sentido é importante, basta ter tempo que se chega a algum lugar de Curitiba sem a necessidade de pagar passagens, (desde que se tenha 65 anos ou mais).

Note-se que também me senti mais seguro.

Perseguido por um possível assaltante perto da Rodoferroviária, 20 horas, segunda feira, encontrei num tubo a forma de me refugiar do provável bandido, visivelmente drogado e talvez disposto a agressões para conseguir seu intento. Suas palavras, entendidas com dificuldade (surdez) sugeriam estar armado. Os vigias civis de um hotel próximo fizeram um grande esforço para não ver nada (devem estar enfadados com a violência local) e o 190 achou que era trote... quando liguei, preocupado com outros que poderiam ser vítimas do moço que me abordara.

A sugestão é que o sistema de transporte coletivo urbano seja fortemente subsidiado, aprimorado, ampliado e sirva à população inteira sem restrições, com segurança e conforto. Assim livraremos a cidade de dezenas a centenas de milhares de automóveis, fazendo do carro pessoal uma opção de passeio e não de deslocamento regular pela capital. Fonte dos recursos? Impostos sobre combustíveis (uso do dinheiro exclusivamente no transporte coletivo) e a comercialização de automóveis (idem), por exemplo, assim como a isenção de impostos sobre veículos e componentes do sistema público.

Os políticos estão com a palavra, o que pretendem fazer para diminuir a poluição, os acidentes, a loucura do trânsito e a necessidade de investimentos colossais para compensar a fobia individualista em nossas ruas? As eleições se aproximam, vote certo, vote consciente do significado desse ato cívico.

De qualquer forma, vale muito poder usar o passe livre para idosos.



Cascaes

8.7.2010



ODM e o Paraná e Brasil

O Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento dos Objetivos do Milênio tem algo extremamente importante: indicadores. Sem números, dados e fatos, não existe planejamento, principalmente indicadores, valores que possam ser comparados. É uma gracinha ouvirmos que devemos melhorar, estamos melhorando ou piorando, quanto? Quando? Onde? Como? Tendo-se referências, estatísticas e cálculos de probabilidade, é possível agir com segurança razoável, desde que os números sejam confiáveis.

As MDM - Metas de Desenvolvimento do Milênio – da Wikipédia: “surgem da Declaração do Milênio das Nações Unidas, adotada pelos 191 estados membros no dia 8 de setembro de 2000. ...

Concretas e mensuráveis, as 8 Metas – com seus 8 objetivos e 48 indicadores – podem ser acompanhadas por todos em cada país; os avanços podem ser comparados e avaliados em escalas nacional, regional e global; e os resultados podem ser cobrados pelos povos de seus representantes, sendo que ambos devem colaborar para alcançar os compromissos assumidos em 2000. Também servem de exemplo e alavanca para a elaboração de formas complementares, mais amplas e até sistêmicas, para a busca de soluções adaptadas às condições e potencialidades de cada sociedade.(Wikipedia)

Ou seja, como vimos em relação ao Paraná, graças ao esforço do presidente da FIEP, Dr. Rodrigo da Costa Rocha Loures (vejam portal da FIEP), temos registros e valores que mostram nosso atraso ou avanço em relação a questões reais, que afetam profundamente nosso povo.

Em campanha eleitoral, mais ainda quando grandes interesses econômicos movem o discurso dos candidatos, somos eventualmente induzidos a aceitar propostas que não seriam prioritárias, freqüentemente esquecendo a dimensão do Brasil, de nossa terra. Os ODM (ou MDM) podem ser desdobrados para nossos estados, cidades, bairros. Além de estabelecer metas que precisam ser negociadas, metas impossíveis são inúteis, elas balizam intenções de quem é realmente preocupado com o futuro do nosso povo.

Desde que a FIEP lançou o Programa Nós Podemos Paraná, baseado nos ODM, aprendemos detalhes importantes de nosso estado, descobrimos sucessos e fracassos que precisam ser considerados, ganhamos metas concretas e visíveis de avaliação de governos e sinalização aos próximos do que é necessário melhorar.

Obviamente muita coisa transcende a vontade dos governantes locais, da população afetada e suas lideranças. Ninguém se sente feliz vendo-se mal classificado. O importante é saber a direção, ver o caminho, querer melhorar.

A ONU evolui, se não pode acabar com as guerras e outras sandices humanas, pode, ao menos, reunir seus intelectuais e doutores e explorar seus contatos para mostrar à Humanidade onde e como está atrasada, e isso está fazendo muito bem, graças a esse programa criado em hora inspirada e estabelecido em reunião com chefes de estado em 8 de Setembro de 2000 nas Nações Unidas (189), que assinaram a Declaração do Milênio para que fossem implementados oito grandes objetivos mundiais até 2015:



“(…)

• Erradicar a pobreza e a fome

• Alcançar a educação primária universal

• Promover a igualdade entre os gêneros e a autonomia da mulher

• Reduzir a mortalidade infantil

• Melhorar a saúde materna

• Combater o HIV, a malária e outras doenças

• Assegurar a sustentabilidade ambiental

• Desenvolver uma parceria global para o Desenvolvimento

(…)”

As diretrizes se transformaram em números ajustados a cada país, dando-nos uma excelente orientação.

Nosso desafio, em tempos de eleição, é cobrar dos candidatos e partidos propostas reais para que continuemos nesse caminho. Nosso medo é que antes da ONU e os ODM, deixemono-nos empolgar pela FIFA e COI, gastando mais energia em cima de propostas secundárias, esquecendo algo sublime, importante e essencial à dignidade de nosso povo, a necessidade de viver e de se viabilizar o futuro do Brasil em termos reais, práticos e inegociáveis. Que venham as fantasias depois disso.



Cascaes

8.7.2010

Vídeo BP

Fabiano




Pode por esse vídeo no meu blog?

Creio que ajuda na compreensão do que escrevo.

Abraços



cascaes

7.7.2010



http://www.youtube.com/watch?v=2aM9l-gJdU0

Programas de campanha

Os candidatos a cargos executivos apresentam seus programas de governo. Muitos, com acesso precário às informações mais importantes, talvez prometam coisas inadequadas ou impossíveis, outros simplesmente reuniram alguns “companheiros” iluminados e agora mostram projetos nem sempre razoáveis, viáveis. Talvez nesse Brasil varonil tenhamos em algum estado um elenco de propostas sem apelos eleitoreiros (afinal ainda acreditamos em Papai Noel, fadas, duendes, Saci Pererê etc.).



Nunca é demais repetir, o Brasil já quebrou muitas vezes, quantidade muito inferior ao de cidades e estados que freqüentemente entram na lista vermelha das contas públicas. Os desastres financeiros geraram pesadelos econômicos. O mais recente durou décadas após erros crassos de planejamento e execução de obras na década de setenta do século passado.



Estamos saindo do sufoco sonhando, entre outras coisas, com o potencial do petróleo no fundo do Oceano Atlântico.



...enquanto o petróleo brota aos borbotões, a verdade vem à tona passo a passo. Subestimamos as complicações – confessa[i] o pecador arrependido Tony Hayward (presidente executivo da BP) – que podem se apresentar em uma perfuração petrolífera a 1.500 metros de profundidade. Ninguém dispõe das técnicas de segurança para evitar ou dar resposta a uma catástrofe desta magnitude...



Esse óleo deverá custar caro. O acidente da [ii]British Petroleum (gigantesco vazamento na Deepwater Horizon ainda não contido) deverá motivar ações enérgicas sobre as petroleiras. A ONU ou algo semelhante provavelmente criará novos padrões de segurança, mais severos ou, até mesmo, proibir esse tipo de exploração na ausência de certeza de segurança necessária e suficiente (após avaliação de comissões técnicas internacionais), independentemente da vontade de governos nem sempre atentos às questões de Engenharia e à confiabilidade desejada.



A crise brasileira deu-nos leis mal feitas (como a Lei 8.666) e lógicas primárias de licitação e contratação de obras e serviços. O resultado dessa utopia, que pretendia evitar o mau uso do dinheiro do contribuinte, foi uma coleção de projetos mal feitos. Antes de se aplaudir quantidade e preço de obras, nossos governantes devem valorizar a qualidade deles (algo difícil diante dos efeitos eleitoreiros), principalmente agora que o sufoco parece diminuir.



Temos candidatos e planos, o ideal seria que apresentassem suas prioridades devidamente escalonadas. Será que continuaremos a colocar o apoio ao cassino internacional como condição absoluta de governo? Os juros permanecerão altíssimos para garantir lógicas de banqueiros? A segurança estará em que nível de prioridade? A dignidade, a acessibilidade, a mobilidade e o respeito aos idosos e às pessoas com restrições físicas, mentais e/ou sensoriais serão considerados e estarão em que patamar de atenção dos futuros governantes? Saúde? Educação? Infraestrutura?...



Ou seja, antes de dizerem em detalhes o que farão, deverão deixar claro quais serão as suas prioridades, até porque planejamento de obras antes das eleições é fantasia, é brincar de governo.



Nossa legislação, dia a dia mais complexa e pouco inteligente, trava tudo e todos e não vemos políticos defendendo sua simplificação, ao contrário, principalmente os candidatos aos parlamentos prometem mais leis (e não falam a partir daí o que acontece: mais fiscais, impostos, varas, prisões, multas, restrições etc.), esquecem-se da necessidade urgentíssima de saneamento do que existe e viabilização do futuro de nosso povo.



Precisamos de compromissos, de propostas conceituais. Queremos e é importante saber, tão formalmente quanto possível, como raciocinam nossos candidatos. Devemos questionar nossos políticos sobre suas prioridades, de que forma decidirão, como formarão suas equipes e pretendem por em prática o que dirão nos palanques.



Resumindo: quais serão as prioridades reais dos futuros governantes e homens de leis? Diante de tantas incertezas (e algumas convicções) globais, pelo menos precisamos saber com clareza o que nossos governadores, o Presidente da República e os legisladores darão mais atenção, em qual escala, com que recursos.







Cascaes



7.7.2010







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[i] “BP, a Bastilha do petróleo?” Artigo de Ulrich Beck, professor emérito da Universidade de Munique e professor daLondon School of Economics



[ii] A BP, originalmente Anglo-Persian Oil Company e depois British Petroleum,[1] é uma empresa multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de energia, sobretudo de petróleo e gás. Fez parte do cartel conhecido como Sete Irmãs, formado pelas maiores empresas exploradoras, refinadoras e distribuidoras de petróleo e gás do planeta, as quais, após fusões e incorporações, reduziram-se a quatro - ExxonMobil, Chevron, Shell, além da própria BP. - Wikipédia

Copa do Mundo – quem pagará a conta e quem já está ganhando

O Brasil entrou euforicamente em dois compromissos pesados, a realização da Copa do Mundo do Mundo em 2014 e em seguida as Olimpíadas. Coisa de gente rica. Somos?

O desastre provocado pelos banqueiros americanos, ou melhor, o tremendo golpe aplicado à Humanidade, exposto com detalhes ainda incompletos, terá efeitos ainda durante muito tempo. Afetou expectativas de rendimento de inúmeros projetos, prejudicou planos de norte a sul, leste a oeste dos EUA (dentro e fora de suas fronteiras). O cassino das Bolsas de Valores vive dizendo que agora melhorou, agora piorou, os indicadores disso e daquilo dizem... etc. Para esses o fundamental é que o povo continue apostando.

E a Copa do Mundo no Brasil?

Temos inúmeros problemas e eles não se resolvem simplesmente fazendo estádios e maquiando as cidades para receber os “atletas”, que vão deixar mais gente obesa por aqui, afinal quantos brasileiros vão tomar chope ou cerveja e comer salgadinhos, bem acomodados em sofás e cadeiras de bares, lendo e ouvindo as declarações importantíssimas de nossos comentaristas “esportivos” até a Copa? Quanto será gasto em patrocínio de programas e torpedos para discutir quem deverá ser convocado ou não? Quantas viagens e reuniões faustosas serão feitas na conta desses jogos?

Enquanto preparam os circos o povo mais humilde continuará a viver em seus barracos, pagando juros absurdos por qualquer descuido, os aposentados terão seus ganhos reduzidos para que a inflação não aumente (no ano passado essa tal de SELIC absorveu 35% da receita fiscal federal), vão contingenciar recursos para os serviços essenciais nas cidades sem COPA, deixar escolas inacabadas, travar vacinações mais caras, inibir uma série de atividades que precisamos por esse Brasil de oito e meio milhões de quilômetros quadrados e quase duzentos milhões de habitantes.

Mas teremos a COPA. Algumas das cidades eleitas para esse festival, que durará no máximo um mês, serão sede de jogos de países que poucos saberão pronunciar o nome. A TV será a grande (como há muito tempo, não importa onde fosse a COPA) janela (ótima) para ver os jogos.

Teremos dinheiro, descobriram petróleo no Pré Sal. Será? Quando começaremos a exportar em grande quantidade esse petróleo? E se a ONU determinar medidas de segurança que estamos longe de dominar (o acidente da BP foi além de catastrófico, onde estão as ONGs? O Greenpeace? O pessoal tão preocupado com o meio ambiente?)?

O povo brasileiro já foi vítima de inúmeras “quebras” desde os tempos de Rui Barbosa. Será que não aprende? Felizmente de um jeito ou de outro as empreiteiras estão demorando a começar obras faustosas. Por enquanto vemos liberação de dinheiro para projetos importantes. Contra o povo, entretanto, já começou a sandice do jogo de palavras empolgando os telespectadores, desafiando-os a gastar dinheiro dizendo o que pensam a respeito desse ou daquele tema “futebolístico”.

É fácil apaixonar, enrolar, cooptar, é só dizer o que todos querem ouvir. É ótimo e dá dinheiro para os mais espertos agradar, fazer fricotes e mostrar a garotada que corre e chuta bem fazendo malabarismos com a bola.

O problema é que essa bola poderá ser o chute de abertura de mais um jogo mortal, em tempos que exigiriam máxima cautela e revisão de planos.

O problema é o poder de convencimento de alguns e a omissão de outros junto à preguiça mental da maioria...

De qualquer forma vale à pena perguntar: quem vai ganhar muito dinheiro com essa fantasia e quem perderá?



Cascaes

5.5.2010

Democracia e a importância da liberdade e qualidade institucional

A parte mais dura de qualquer constituição é aquela que se qualifica como “lei pétrea”, imutável, exceto se a própria constituição for substituída por outra, tema para quem entende melhor de leis, que não é o meu caso. Infelizmente chegamos a duvidar de algumas dessas intocáveis. A vantagem, contudo, dessa parte dos mandamentos que inventamos é que dificilmente teremos surpresas em clima de normalidade política.

Existe a parte mutável com a possibilidade de se mudar a quase totalidade da Constituição Federal (a mais importante) e as demais, além da assustadora margem infinita para mais e mais leis.

Nós, leigos em Direito, de modo geral, nos enquadramos na massa de brasileiros que aplaudem e sofrem os efeitos de leis, decretos, normas, regulamentos, portarias públicas e secretas que fazem de nosso país o paraíso dos advogados.

Só neste final de junho ouvimos que poderemos ser obrigados a fazer exames médicos antes de freqüentar academias (Vale para a utilização dos equipamentos de ginástica instalados nos parques? Quem corre em parques também? E quem faz ginástica em seu condomínio?) e que uma lei tramita para incluir animais de estimação nas discussões do espólio dos casais que se separam. Haveria necessidade da existência de leis para isso?

Temos também as normas técnicas. O povo não participa das discussões, não tem dinheiro para se fazer representar eficazmente, mas de repente somos obrigados a despesas adicionais porque alguns iluminados mudaram o padrão dos pinos e tomadas.

Quando procuramos alguma repartição pública somos submetidos a formulários, carimbos, taxas etc. sob advertência de que é crime xingar os atendentes (interessante é que não vemos alertas aos funcionários). Está certo, afinal não é obra deles tanta burocracia.

O pesadelo só não existe quando o indivíduo se submete a padrões extremamente limitados de vida social e profissional.

O que assusta um leigo (mais “empreendedor”) em códigos civis e coisas similares é o perigo de estar infringindo alguma lei, ser preso, ser obrigado a gastar com advogados etc. porque no penúltimo minuto algum texto legal impôs alguma exigência nova.

Esse pesadelo se multiplica infinitas vezes se o pobre coitado resolver montar uma empresa. Esse é o pato preferido dos fiscais e repartições públicas, tudo porque nossos eleitos fizeram e continuam fazendo leis sem parar.

Felizmente vivemos sob democracia, se vale a lógica, pagamos a conta da nossa ignorância, mas nossos netos ou trinetos talvez iniciem um processo de reversão e racionalização dessa fobia legiferante, fiscal, punitiva, restritiva.

Antigamente toda família procurava estimular algum filho a ser padre ou militar, era uma garantia contra os abusos das elites. Agora damo-nos por felizes quando alguém próximo é advogado, alegria que aumenta com a diversidade de causídicos e funções que tenham no Poder Judiciário e sejam amigos ou familiares. É extremamente caro pagar a defesa, eventualmente necessária, e a ignorância no exercício profissões regulares poderá se transformar em desastre e vergonha.

O Brasil em 1988 passou a ter mais uma, ou melhor, outra Constituição Federal que se desdobrou em constituições estaduais e municipais, um número incrível de leis e decretos etc. Torcemos para que estejamos chegando ao final dessa reformulação institucional e que os próximos eleitos trabalhem para eliminar leis e decretos desnecessários, arrumem os mal feitos, racionalizem nosso país.

Sempre é bom lembrar que os 10 Mandamentos permanecem brilhando até hoje porque eram só 10 (ainda que alguns sejam mais difíceis que outros). A complicação veio quando começaram a criar detalhes, foram tantos que muitas religiões cristãs regrediram após algum tempo de brilho. Se quisermos um Brasil estável, duradouro, vamos pedir aos nossos políticos que facilitem o futuro de nosso povo simplificando, corrigindo leis e viabilizando o futuro de nossa terra, acima de tudo cuidando de coisas sérias e pertinentes à nossa sobrevivência.

Com liberdade e acreditando na melhor educação de nossos descendentes poderemos ter esperanças; nós, mais velhos, erramos demais.

Cascaes

1.7.2010