domingo, 20 de fevereiro de 2011

O stress da dúvida

Marqueteiros e editores de noticiários sabem que o público nesse mundo de novidades de minuto a minuto não aguenta o stress (Dr. Vladimir Bernik) da dúvida. A competência está na explicação, seja qual for. Talvez isso aconteça por efeito de nosso superego e de um tal de “id” (Teoria Psicanalítica Clássica) que aos poucos definem personalidades e comportamentos. A certeza alivia a pressão do conhecimento investigativo, pode, contudo, levar a comportamentos nocivos, equivalentes ao simples stress que, em níveis elevados, mata.
Um bom exemplo de como “raciocinamos” está na adesão a algum clube de futebol. Nada mais lúdico, ingênuo e infantil, mas à medida que os anos avançam as pessoas começam a agredir e odiar quem não fez a mesma opção.
A complexidade de grandes instalações e sistemas cresce exponencialmente com as exigências de consumo. Queremos ter, não gostamos de pagar, aceitamos teses, não questionamos, embarcamos em coisas midiáticas, boazinhas, simpáticas, esquecemos o mérito dos bons projetos, do governo eficaz.
O sectarismo assusta. Quem vive o suficiente aprende a ser bombeiro. O dito popular diz isso, nascemos incendiários e morremos apagando incêndios. Com o passar dos anos lembramos a galeria de amigos que se perderam ao longo do caminho vestindo camisas, aceitando “teses” e lutando sem sentido.
Tive um colega em Itajubá, Jaime Petit, companheiro de escola e quase de lutas. Li em algum lugar ou ouvi em documentário a tristeza imensa dele quando soube que sua irmã morrera em luta no Araguaia. Ele acreditou em livrinhos vermelhos e doutrinações ideológicas. Valeu a pena? Ele morreu por lá assim como seu irmão e irmã também. Para que?
Temos dúvidas, é importante alimentá-las.
Na história da Humanidade o ser humano dividiu-se entre pessoas que pensam, que não pensam e um milhão de alternativas entre esses dois extremos. Precisamos ver e ouvir com atenção, estudar, e pensar muito antes de agir voluntariosamente.
Nas reportagens dos suicidas em causas políticas ou religiosas deploramos as vítimas e os “kamikazes”. O que poderão conquistar com isso? Algum paraíso? E suas vítimas, qual a relação com os principais alvos de suas atitudes fanáticas? Aliás, que belo monumento os russos doaram aos norte-americanos contra o terrorismo (Monumento em memória das vítimas do terrorismo), uma das piores formas de radicalismo.
Alguns lutam por mudanças positivas da Humanidade. E outros por simples e incrível paixão esportiva. Esportiva? No Mundo o futebol se transformou em simples negócio, espetáculo, cujos artistas cobram caro para chutar a bola desse ou daquele lado. Multidões choram, riem, torcem e brigam por causa desse jogo, simplesmente. Virou algum tipo de seita, com muitos fanáticos (Souza).
Por aí temos a dúvida, queremos ou odiamos o stress?
O funcionamento do cérebro é uma das fronteiras em exploração pela Ciência. Desde os filósofos da antiguidade, passando por pregadores religiosos e políticos até nossos dias atuais a submissão e cooptação de pessoas foi consequência da habilidade quase intuitiva de se criar e manipular comportamentos humanos.
Os donos de cassinos sabem como levar indivíduos a extremos perdulários, suicidas. Os grandes políticos e pregadores também.
Felizmente talvez tenhamos em breve conhecimentos sobre as mentes humanos mais precisos. Isso é bom ou ruim? De novo, cuidado com os manipuladores de opiniões e vontades.
O stress da dúvida gerou sempre decisões apressadas. Se tivermos um grau de certeza maior, será saudável à Humanidade?
Quando vemos preleções de marqueteiros políticos ficamos assustados. E se eles souberem como resolver o nosso stress levando-nos a repetir loucuras do passado? Vendo os fanáticos do “esporte” (ou desporto?) podemos imaginar os efeitos de uma nova era de trevas, piras e fornos...

Cascaes

Dr. Vladimir Bernik, M. (s.d.). Estresse: O Assassino Silencioso. Acesso em 11 de 2 de 2011, disponível em Doenças do Cérebro: http://www.cerebromente.org.br/n03/doencas/stress.htm
Monumento em memória das vítimas do terrorismo. (s.d.). Acesso em 11 de 2 de 2011, disponível em Mirante pela Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/2011/02/russia-honor-u-s-911-view-more.html
Rowell, M. H. (s.d.). Teoria Psicanalítica Clássica. Acesso em 9 de 2 de 2011, disponível em Página de Freud: http://www.freudpage.info/freudpsicoteoria.html
Souza, E. (s.d.). Futebol: da paixão ao fanatismo. Acesso em 11 de 2 de 2011, disponível em Artigonal: http://www.artigonal.com/psicoterapia-artigos/futebol-da-paixao-ao-fanatismo-2746313.html

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