sábado, 30 de outubro de 2010

O programa que eu não vi

Bons programas merecem registro. Nesta semana, última de campanha eleitoral, aconteceu um que minha esposa descreveu com emoção. Seu relato deixou-nos, estávamos com amigos, extremamente emocionados. Foi um momento de reflexões sobre o Brasil, suas ferrovias, a saúde, o problema habitacional e como as pessoas humildes são tratadas e se comportam.
O passeio cultural abordou temas sérios, seriíssimos.
Lembrei-me, por exemplo, de uma senhora, faxineira de meu escritório, cuja casinha fora simplesmente desmanchada para o prolongamento da Avenida das Torres. Em compensação, à época, lhe venderam (COHAB) um terreno para refazer a vida... de nada valeu tentar comover nossos vereadores de “esquerda” para algum tipo de mobilização, afinal outros enfrentaram a mesma situação, justificando uma ação política. Agora temos uma avenida maior e, pelo menos, uma pessoa (já viúva quando tudo aconteceu) que perdeu a “maloca”. Maloca querida, certamente bem cuidada.
Não consegui esquecer outro colega, defensor apaixonado de ferrovias e da necessidade de se rever planos mal feitos de privatização. Aquela hora de memória da nossa cultura, que certamente entrará para a história da televisão brasileira, dizia até do horário dos trens e da saudade que deixaram, quando existiam e atendiam bem seus passageiros.
Obviamente a educação foi tema importante nessa noite. O comportamento e a maneira de falar, por exemplo, foram assuntos implícitos e explícitos do que minha esposa viu e ouviu. Com certeza ainda temos muito chão até chegarmos onde deveríamos estar...
Nesta semana tive a felicidade de participar de uma palestra sobre Inovação com um companheiro do Lions num colégio da Vila Liberdade em Colombo. Assim a reportagem mostrada surgiu como exemplo de muito do que dissemos. A criatividade, a inovação artística, por exemplo, podem colocar muitos brasileiros em destaque, mais ainda com as facilidades atuais. Blogs e o Youtube são janelas mal exploradas, afinal estamos atrasadíssimos também nesse item das telecomunicações (capacidade, velocidade e custos da internet), mas já dão condições de mídia pessoal a quem souber usar o mundo web.
O cenário desse momento de nossa história cultural com tantas historietas da vida de um artista e as entrevistas, guardadas em arquivos da Rede Globo (em tempo, parabéns à RPC pelo seus 50 anos de existência), do saudoso e inestimável Adoniran Barbosa foi São Paulo. A capital paulistana e o estado de São Paulo tiveram com a obra desse compositor, cantor, humorista e ator um marco significativo, símbolo do seu povo.
Nós, brasileiros, aqueles que conhecem as músicas de João Rubinato, nome de batismo de Adoniran Barbosa (1910 – 1982), podemos ter orgulho de tantos artistas, em especial dele, magistralmente apresentado pela Rede Globo.
Aliás, vale repetir, gravar, distribuir, vender cópias dessa reportagem. Ela é uma aula de Brasil e um exemplo para tantos que esquecem caminhos agora mais fáceis, contudo importantíssimos para revelar talentos.
Adoniran Barbosa merece nosso respeito e vale à pena, antes de amanhã, ouvir suas músicas para uma reflexão sobre o Brasil.
Pense antes de votar, nosso povo carece de respeito.

Cascaes
30.10.2010

Nestor Kirchner – o Presidente

A Argentina perdeu um grande líder, um de seus maiores em toda a sua história, com certeza.
Quando assumiu a Presidência em 1987, seu país estava literalmente quebrado. Graças à submissão radical às lógicas neoliberais, a Argentina mergulhava no que poderia ser o início de décadas de paralisação econômica e desastre social.
Nos anos anteriores, a visão da catástrofe levou inúmeros “argentinos” a emigrarem com malas cheias de valores portáteis, dólares, jóias etc.. Amor à pátria?
Negociando com firmeza e ousadia o Presidente mudou a situação argentina, que ainda sofre, contudo, pressões violentas do cassino internacional. De qualquer jeito voltou a crescer e estaria muito melhor se os seus grandes fazendeiros tivessem aceito impostos de exportação de alimentos. Sem desejar ver seus lucros diminuírem, agiram com violência no inicio do Governo Cristina Kirchner, impedindo, assim, que o povo “hermano” viesse a encontrar o equilíbrio fiscal e de divisas que precisa ansiosamente para poder retomar com vigor o desenvolvimento econômico e social.
Talvez agora, diante da veneração ao grande líder morto para a vida terrena, herói e venerado por aqueles que viram seu trabalho, possa, sua imagem e teses, ajudar o atual governo a reagir com mais força. A Argentina precisa se reequilibrar de forma sustentável, segura, e pode. É um país naturalmente rico e com potencial produtivo.
Desindustrializou-se, possui, contudo, talentos profissionais que só carecem de oportunidades. Apoio às micro, pequenas e médias empresas (Os grandes? Onde investem os lucros? Precisam do assistencialismo?) e investimentos federais tirarão a Argentina de riscos econômicos e sociais de que ainda padece.
O ex-presidente Nestor Kirchner mostrou ao mundo os erros de seus antecessores, cobrou dos banqueiros acordos, refez sua pátria. Falta, entretanto, concluir um trabalho de reconstrução, se possível sem submissão aos eternos especuladores e banqueiros internacionais. Afinal, de que adianta ter bases econômicas fortes (???) e a nação enfraquecida e castrada?
Teremos eleições, infelizmente, a mídia do “sucesso” brasileiro e a profissão dos dois candidatos assustam. O circo está sendo montado. Teremos a Copa do Mundo. Nosso governo até ampliou o direito dos municípios sede de Copa a se endividarem mais, como é bom ver o dinheiro do contribuinte pagando juros... O pão é distribuído sem muito critério. Muita coisa precisa ser ajustada para realmente termos um país seguro e saudável sob todos os aspectos.
A campanha eleitoral no Brasil mostra, na guerra de escândalos e contribuições para campanha, quem manda em nosso país. Talvez o futuro governo, seja quem for, mude este cenário vergonhoso (pelo menos).
Quem sabe a morte de Nestor Kirchner também ajude nosso povo, tão ligado a circos e arenas que até esquece a miséria, a carência de infra-estrutura e o custo astronômico das facilidades dadas para podermos ingressar no planeta dos negociantes de dinheiro.
Nossos pêsames ao povo argentino, e medo em relação ao futuro de nosso país...

Cascaes
29.10.2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Concursos públicos e vagas especiais

A legislação determina que concursos públicos e empresas de porte médio ou grande tenham Pessoas com Deficiências (PcD) contempladas com uma cota de aprovação. Essa é uma condição que cria oportunidades a milhões de brasileiros que, dentro de padrões antigos de seleção, estariam alijados do mercado formal de trabalho.
A PcD, como todos dizem e o senso comum confirma, acaba desenvolvendo habilidades que outros perderam na vida comum. São pessoas que, portanto, podem ser utilizadas com muito sucesso em serviços onde outros falhariam por falta de atenção, concentração e habilidades excepcionais.
De qualquer modo encontramos muitas diferenças entre pessoas nessas condições. Infelizmente até em documentos e pronunciamentos oficiais vemos e ouvimos a qualificação “deficiente físico” quando nessa categoria de vida (PcD) encontramos pessoas com problemas sensoriais, mentais, metabólicos etc. Ou seja, os responsáveis por seleções de profissionais precisam dominar essas situações e criar concursos justos, necessários e suficientes aos empregos que oferecem.
Os surdos, por exemplo, ainda sofrem barreiras monumentais de comunicação, pois jornais e revistas usam expressões muito distantes da formatação gestual, a LIBRAS, que tem um padrão extremamente simplificado de comunicação. Sistemas e programas televisivos que poderiam ter intérpretes em LIBRAS são poucos e normalmente específicos a determinados interesses.
Obviamente uma pessoa que tenha sido oralizada saberá melhor como ler e escrever, terá, contudo, dificuldades de compreender situações especiais. Pior ainda é quando, em provas de redação adotam-se temas mais complexos, algo muito mais difícil para um deficiente auditivo do que seria para um ouvinte completo.
Após as eleições deveremos ter abertura de concursos públicos e muitas empresas privadas precisam ajustar seus quadros para atenderem a legislação. Será que teremos situações justas, adequadas às necessidades das PcD em geral?
É mais do que evidente que carecemos de um trabalho formal e profundo de compreensão da PcD, suas necessidades e facilidades. Mais ainda, em tempos em que o conhecimento humano dobra a cada 72 horas e os sistemas de comunicação criam tantos prodígios tecnológicos, vemos muito pouco sendo feito a favor dos idosos (PcD gradativos), pessoas com deficiências e sistemas de apoio a pessoas debilitadas por doenças crônicas.
Mudanças de governo sempre criam esperanças de evolução. A saturação de quem está no Poder se reflete na mediocrização do governo. Como dizem: vassoura nova varre melhor. Assim, graças à Democracia, temos esperanças de avanços.
Mudanças a favor de qualquer grupo organizado dependem, acima de tudo, de luta, militância. Esperamos que de norte a sul, leste a oeste do Brasil os clubes de serviço, ONGs, instituições filantrópicas etc. estejam pressionando os políticos a aprimorarem nossa legislação em torno das PcD, assim como cobrando mais pesquisas, produtos e serviços adequados e, entre todas essas situações, concursos públicos bem feitos.

Cascaes
26.10.2010

Estado e economia

A França vive o clímax de uma fantasia. A aposentadoria é, antes de mais nada, uma equação financeira. Pode-se pagar em função do que se tem em caixa, a questão maior deve ser, o que fazem com o dinheiro das contribuições de todos nós e porque a situação se deteriorou tanto.
Infelizmente a administração política é tudo, menos administração. Quando vemos quem é indicado para determinados cargos públicos ficamos convencidos da fragilidade do poder que os eleitos conquistaram.
A privatização é uma conseqüência direta do descrédito sobre os políticos, tanto mais forte quanto mais incapaz forem os governos.
Visitando a Colômbia vimos um país em obras e um guia turístico falava com orgulho da valorização das ações que comprara de uma empresa de energia. Na Inglaterra podia-se comprar participação de empresas em processo de privatização em bancas de revistas. Aqui virou negócio de fundos de pensão e investidores privilegiados.
Passamos por uma época em que seminários técnicos tinham como objetivo principal exaltar as maravilhas de uma ciência com palavras exóticas e mal explicadas, falava-se de coisas que só economistas entendiam... será?
No Brasil é difícil de dizer o que é pior, se estatal ou privada. As estatais foram amarradas por leis absurdas e as não estatais continuam com liberdade excessiva.
A campanha eleitoral pouco contribuiu para esclarecer métodos e propostas. Elas são o resultado de marqueteiros que nivelaram muito baixo as mensagens dos candidatos. A convicção de que nosso povo é analfabeto e idiota é amplificada durante as propagandas. Raramente vemos e ouvimos algo que preste. O negócio é fazer promessa. Para nós sobra rezar e torcer para que tenhamos um bom governo.
Estamos num período delicado, difícil. Sob todos os aspectos o próximo Presidente da República deverá ser extremamente capaz. O mundo está em crise graças à desonestidade de alguns mega banqueiros e no Brasil pagamos juros que compensam qualquer incompetência bancária. Sorte para os fundos de pensão que assim têm onde aplicar o dinheiro arrecadado e alegria dos banqueiros, ganharam um negócio sem riscos.
Difícil mesmo será fazer o que a FIFA exige sem quebrar os municípios, distribuir dinheiro caro, reduzir e racionalizar impostos, construir tudo o que prometem. A famosa sustentabilidade continuará falando de saquinhos de plástico e os lobbies industriais mantendo a guerra contra as hidrelétricas. Automóvel será artigo permanente de mídia enquanto as mesmas emissoras falarão do efeito estufa... Pior ainda será diminuir a burocracia, mãe de cartórios e regulamentos que gratificam tantos fantasmas.
A luta entre privatização e estatização é um dos focos da campanha. Que privatização? A do FHC? A estatização do Lula?
Precisamos racionalizar o governo brasileiro. O Brasil é um país fantástico, que querem dividir para vender armas em comprar diamantes, nióbio, ouro, etc., a desculpa é a nova forma de racismo, camuflada em proteção de etnias.
Teremos uma eleição importante, vamos pedir ao Grande Arquiteto do Universo que tenhamos maturidade para escolher o melhor, mais capaz, mais competente. Temos poucas opções, infelizmente.

Cascaes
24.102010

domingo, 24 de outubro de 2010

Pragmatismo ou ideologia

A visão realista do ser humano (muito clara na Pirâmide de Maslow) deve ser uma qualidade essencial do político, principalmente dos grandes líderes. De modo geral todos os eleitores querem “pratos feitos”, simplicidade, algo que as religiões e ideologias oferecem, mas o que vale são os resultados e a linguagem simples, que atinjam o nível de necessidades imediatas do indivíduo.
A campanha eleitoral felizmente tem dois turnos se nenhum candidato convencer a maioria dos eleitores no primeiro, revelando detalhes que de outra forma desconheceríamos. Isso é importantíssimo, vale o sacrifício.
A estratégia de mídia é sintonizada com os eleitores. Os argumentos, a maneira de falar, obviamente refletem a cultura do povo na malícia dos marqueteiros. Falar “difícil” não dá votos e confundir o cidadão com excessos de propostas também não ajuda, afinal o tempo é curto e não permite divagações.
Bons resultados podem dar a liberdade de ajustar o discurso dos candidatos e seus cabos eleitorais. O Presidente Lula, apesar de seus defeitos, teve um bom governo e consegue, diferentemente de seus antecessores, ser o cabo eleitoral decisivo na candidatura da economista Dilma Roussef, uma bem sucedida chefe da Casa Civil, cargo extremamente difícil num país com o padrão do Brasil. O Setor Elétrico, quando Ministra das Minas e Energia, ganhou um formato praticamente definitivo com ela e todos sentiram na pele sua determinação e capacidade de liderança.
José Serra é um líder que soube governar São Paulo (estado e cidade). É o candidato de um partido mais do que dividido, autofágico. O maior inimigo do ex-presidente da UNE são os seus “aliados”. O maior mérito de seu governo (José Serra) foi dar consistência num estado e cidade que beiravam o caos nas mãos do crime organizado e saber respeitar as PcD, além de ser oposição ao governo federal. Infelizmente a idade pesa em seus ombros e em torno dele temos gente que já mandou no Brasil com resultados discutíveis.
De tudo fica muito clara a capacidade de dois presidentes (Lula e FHC), um parece que elegerá a sucessora enquanto o outro só atrapalha com sua verbosidade empolada.
Lula é mais do que presidente do Brasil. Tem sido capaz de exercer uma liderança mundial indiscutível entre tantos países ditos desenvolvidos. Suas palavras simples mostram o ser humano na sua essência, e Lula não poderia ser diferente, afinal faltam-lhe os diplomas que bitolam o estudante e moldam cabeças de acordo com “mestres” nem sempre saudáveis, sobra-lhe, contudo, a grande universidade da vida, de onde soube aprender e galgar todos os postos, chegando à Presidência da República. Com certeza essa carreira mortifica muitos opositores...
Felizmente o Brasil é uma democracia, ainda que relativa. A liberdade de expressão, graças à internet, tem sido usada à exaustão. Revistas e jornais disseram o que queriam. Milhares de candidatos de todos os tipos colocaram suas posições. E Lula manda apenas subindo ao palanque e dizendo o que pensa. Muitos podem lamentar os tempos em que todo o dinheiro dos impostos era carreado para usineiros e projetos superfaturados que ainda não foram analisados em profundidade. O povo sentiu a diferença.
De qualquer jeito temos dois bons candidatos à Presidência da República, esse é o dilema que brasileiros, que acompanharam a vida dos dois, agora deverão resolver nas urnas, clicando seu voto. O que será um diferencial, contudo, será o séquito dos aduladores, as inspirações e o poder e autenticidade que terão.
O fundamental é que tenhamos o melhor, isso só saberemos após os próximos quatro anos de mandato do próximo Presidente, que esperamos venha a ser respeitado como o líder de uma nação democrática, que precisa resolver problemas gravíssimos de educação, sociais, infraestrutura e até políticos.
Que vença o melhor!
Cascaes
24.10.2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Poder e discurso

Algo que realmente mostra o caráter de uma pessoa é o exercício de um cargo poderoso, tanto maior quanto suas limitações o permitirem. Descobriremos a nós mesmos nesses momentos, nem sempre razoáveis, eventualmente extremamente desagradáveis, mas com todo o charme que, principalmente os bajuladores eternos, aplaudem.
As eleições para a Presidência da República colocarão no maior posto político e administrativo do país um ser humano que podemos imaginar quem será, de modo algum, entretanto, será o que marqueteiros e a própria vida pregressa mostrou. A escada do poder é equivalente a escalar montanhas, quando o alpinista vai se segurando onde pode, resistindo a ferimentos e respeitando e ultrapassando cada obstáculo que aparece. Chegar ao cume da montanha é o grande prêmio de onde poderá saborear sua vitória ou procurar outra para o próximo desafio.
Compete ao eleitor escolher os alpinistas, orientá-los e muitas vezes cobrar lições inúteis. Se dar palpite fosse demonstração de inteligência e conhecimento, ninguém erraria. Temos, no entanto, milhões de pessoas que falam com convicção, muitas vezes dando demonstrações de ignorância absoluta, mas suas certezas lhes pertencem, assim como os votos que dedicarão a algum candidato.
Sempre é bom refletir, lembrar a história da humanidade, a nossa própria onde tantos esqueceram seus discursos, não de campanha, mas alguns que repetiram ao longo da vida até chegar lá, com direito a mordomias, honrarias e bons salários...
Pobre país inculto e belo, rico por natureza, gigante adormecido...
O Brasil ficou para trás. Poderia ser uma grande potência. Acomodou-se às suas facilidades. Agora é terra fértil para todo tipo de exploração política, pior ainda, de imensos interesses estrangeiros. Dividido será mais uma fonte de diamantes, madeiras, minérios, escravos para as lutas entre grandes capitalistas que demoliram a África e mantiveram parte da Ásia sob governos que, entre outras coisas, aceitavam o comércio de drogas alucinógenas, afinal o que valia era o “livre comércio”, o liberalismo radical.
Temos problemas sociais gigantescos. Não precisariam existir se há algumas décadas tivéssemos implementado programas de educação profissional e social abrangentes, financiado micros e pequenas empresas, contido a burocracia sufocante, distribuído melhor o dinheiro dos impostos e não concentrado benesses em grupos perdulários e irresponsáveis.
Teremos eleições, votar em quem?
É difícil imaginar quem será melhor, afinal os dois candidatos têm seus vices, partidos coligados, compromissos explícitos e ocultos de campanha. Talvez seja um desafio semelhante a jogos de baralho onde aleatoriamente escolhemos uma carta, na esperança de ser aquela que esperamos, ou não tão ruim para podermos continuar jogando.
A verdade pura e simples é que não tivemos muitas opções. O modelo “democrático” criado pela Constituição de 1988 é tudo, menos cidadão (ou Constituição Cidadã como gostam de dizer). Continuamos com vícios antigos e medo do povo.
Votar em quem?

Cascaes
12.11.2010



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Campanha eleitoral e a PcD

A campanha para a presidência da República recomeçou. Vale a pena ver e ouvir os debates, a propaganda?
Os marqueteiros devem estar doutrinando os candidatos. Digam isso, mostrem aquilo, batam aqui, critiquem ali. O que importa é conquistar votos de alienados ou simplesmente indecisos, pois as pessoas mais atentas à política e problemas brasileiros provavelmente já decidiram. Afinal a campanha e os candidatos são conhecidos há tempo.
O povo brasileiro tem um tremendo desafio, pois além dos titulares existem os vices, quem são eles? Por aí sim, as dúvidas são imensas. Nenhum deles teve projeção em cargos administrativos e poder para mostrar a cara de forma confiável. É uma loteria via urna eleitoral.
Temos tudo a ser feito. O Brasil carece de infraestrutura e seu povo de meios adequados para educação, saúde, segurança etc., e as prioridades?
Vamos, pois, defender “nosso peixe”, sugerindo o que entendemos ser urgente, algo a merecer atenção maior e melhor de nossas autoridades e na esperança de que nossas propostas convençam o futuro governo.
Uma parcela significativa de brasileiros já pode ser considerada idosa ou prestes a entrar nesta situação. Um número enorme é afetado por doenças perigosas, algumas permanentemente debilitantes. A subnutrição e as péssimas condições de vida de antigas crianças produziram uma multidão de pessoas com deficiências culturais, físicas, mentais, sensoriais ou uma combinação de tudo isso.
Quem quer ser presidente do Brasil? Tem capacidade para enfrentar esse desafio?
Sem falar na maior praga nacional de nossas elites políticas, a tradicional corrupção, que afeta boa parte de pessoas nesse ambiente, temos esperanças. Afinal o Presidente da República será alguém que, ocupando um cargo tão elevado, não quererá marcar sua biografia com manchas que sujaram tantos ao longo da história brasileira. Vamos acreditar que teremos um bom governo.
Temos propostas.
Entre as grandes prioridades nacionais estará aplicar com eficácia nossa melhor legislação. Não necessitamos de mais leis, mas de operacionalizar de forma justa e eficaz as existentes.
Nesse período, apreciaríamos ver debates longos, meticulosos e objetivos sobre as Pessoas com Deficiências (PcD). O que fariam nossos candidatos se eleitos? Como viabilizarão, por exemplo, a educação, a pesquisa e desenvolvimento de soluções para as PcD?
Note-se que ao atenderem os surdos, cegos, cadeirantes, deficientes mentais etc. estarão viabilizando um mundo melhor para todos, pois quem viver bastante chegará a ter restrições sensoriais, mentais, motoras...
Podemos e devemos pensar na prevenção e minimização de patologias debilitantes, em soluções urbanísticas, acessibilidade a próteses, tratamentos, em todo o universo que afeta ou atingirá nossos futuros idosos e PcD. Não podemos esquecer que a violência do trânsito, cidades hostis, estradas mal feitas, remédios errados e muito mais coisas continuam a acrescentar, diariamente, centenas de PcD ao universo brasileiro.
Quais são as propostas de nossos candidatos? Eles entendem disso? Serão fiéis às suas propostas?

Cascaes
11.10.2010