Iniciamos o ano de 2011 em meio a catástrofes no Brasil e em diversos lugares do mundo. Naturalmente os preços do tomate, alface e de outras verduras e cereais subiram, muito! Exportamos muita carne, o custo da carne para os brasileiros explodiu. Uma legislação draconiana foi aprovada a favor dos proprietários de imóveis, assim os aluguéis cresceram como nunca. A violência urbana sobe assustadoramente, os seus moradores desesperadamente trocam casas em ruas horizontais por ruas verticais, onde podem ter guardas e guaritas particulares. Os custos dos serviços mais simples aumentaram, ótimo, pois isso significa que falta gente para esse tipo de trabalho, é natural. A mídia consumista não para de dizer, gaste e gaste, as etiquetas que vocês exibem no traseiro ou na frente mostram que estão fora da moda. O governo estimula o consumo de bebidas estrangeiras, até podemos trazer mais do Paraguai, que legal.
Mudamos de hábitos, estamos melhorando o padrão de vida de milhões de brasileiros que trocaram os campos maravilhosos e vidas dolentes pelo inferno das ocupações e carrinhos de catar lixo ou, situação melhor, empregos na construção civil. Somos campeões em reciclagem de latinhas de cerveja e doação de roupas usadas.
Nossa indústria perde competitividade com outras em paraísos de suadouros (Napoleoni, 2010). As opções do povo sem instrução e sem postos de trabalho nas indústrias é essa, os serviços que não podem ser importados. Demoliram cidades industriais no Brasil a favor de uma competição nem sempre justa. Ou melhor, raramente sadia.
O livro (Mauá, Empresário do Império, 1997) mostra bem o que significou a utilização de conceitos monetaristas na Corte, que fez de tudo para destruir o tremendo empresário Irineu Evangelista de Souza (Enciclopédia Barsa). Se podiam ganhar dinheiro criando bois no pasto sob os cuidados de escravos, para quê indústrias, ferrovias etc.? E a inflação? A falta de trabalhadores numa época em que o mundo proibia a escravidão formal (em algum livro Bertrand Russell escreveu que o progresso da Inglaterra do século 19 deveu-se à escravidão das crianças britânicas...)? Combater a inflação é importante. Óbvio, de que jeito e a favor de quem?
No Brasil de hoje o Banco Central expressa essa preocupação usando até as tarifas de ônibus como desculpa para, numa cesta de produtos e serviços, alguns controlados pelo próprio Governo em algum de seus níveis (federal estadual e municipal), definir taxas de juros. Temos tantos fantasmas milionários que nas capitais os preços dispararam...
O Brasil é um país bonzinho, assim atrai fortunas de estrangeiros que estão abandonando outros lugares de especulação fácil, mas desabando pela imprevidência e incapacidade (ou falta de vontade) de se impor limites ao cassino internacional.
Se o Banco Central adotou lógicas radicais, remédio único (parece desconhecer outros), para combater uma inflação que surge pelo desenvolvimento do povo brasileiro (mais gente comendo e vivendo de forma razoável, se é isso que podemos dizer de nossa gente nas vilas mais pobres) e o governo federal entende que deve respeitar essa independência, nada mais correto do que paralisar o que for necessário para se reduzir os juros, diminuindo a dívida pública, assim como segurar o salário mínimo, o povo precisa comer menos, e travar os aposentados (oh gente chata). Ao final retomaremos o desenvolvimento sem sermos campeões da agiotagem.
O Governo Federal sabe que nosso povo tendo praias, feriadões, carnaval, futebol e lugares para rezar aceita tudo. Teremos quatro feriadões em 2011, foram 9 em 2010 (Mira), isso é preocupante.
Assim é que ficamos pensando no significado dessa quase ciência chamada “Economia” e seus profissionais. De uma coisa temos certeza, falam difícil e sem qualquer descaramento reaparecem nos noticiários esquecendo os erros de ontem.
O Brasil precisa retomar seu desenvolvimento, refazer sua infraestrutura; vimos isso com veemência em Curitiba no seminário nacional “Investimento Público: análise e perspectiva” em 2010 (Cascaes, Engenharia - Economia - Educação e Brasil) e em outros eventos e no noticiário diário dos apagões, desastres e catástrofes.
O pesadelo que vivemos é consequência de anos de descompasso entre combate à inflação e desenvolvimento. E agora?
Quando descobrimos que viabilizar a Copa do Mundo justifica tudo e a vida do nosso povo vale tão pouco ficamos preocupados com as lógicas da Corte.
Talvez os levantes populares no norte da África ponham os cortesãos e tecnocratas do dinheiro em alerta. Não deve ser divertido sair correndo de um país por desatenção às necessidades básicas de um povo.
Cascaes
13.2.2011
Caldeira, J. (1997). Mauá, Empresário do Império. São Paulo: Companhia das Letras.
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 16 de 1 de 2011, disponível em Projeto Zumbi - Mauá: http://zumbimaua.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 11 de 2 de 2011, disponível em Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/
Enciclopédia Barsa, V. 9. (s.d.). Visconde de Mauá: o maior empresário. Acesso em 13 de 2 de 2011, disponível em Nosso São Paulo: http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/B_ViscondeDeMaua.htm
Mira, M. (s.d.). Quatro feriadões em 2011; em 2010 foram nove. Acesso em 13 de 2 de 2011, disponível em Fala Bahia: http://www.portalibahia.com.br/falabahia/?p=53577
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