quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Riscos, Engenharia, Fraudes e desvios de verbas públicas

Nossa legislação precisa criar punições severas contra consultores, consultorias e autoridades venais, omissas ou eventualmente coniventes com atos desonestos ou displicentes.
Vemos agora a notícia de que a Polícia Federal enquadrou diversos prefeitos na Bahia. Infelizmente isso não é “privilégio” daquele estado.
Na iniciativa privada, exemplificando, auditores podem enxergar mal as contas de empresas (vide Banco Panamericano) colocando investidores em situação difícil.
Na Europa lemos reportagens dos erros que levaram aqueles países à situação atual, entre elas a de que “especialistas” contratados para análise de planos de investimentos simplesmente erraram, e erraram feio. Quem paga a conta, nesse caso, é o povo que vê seus países mergulharem em crises monumentais.
No Brasil agora teremos a Copa do Mundo, trem bala e outras coisas. Teremos divisas, impostos, taxas etc. e conseguiremos pagar as contas? Vão aumentar os impostos? Quem fez os estudos de viabilidade? Temos, ancorando esses profissionais, grandes empresas de seguro em condições de compensar erros de cálculo, mudanças de cenário?
Quem toma decisões precisa ter confiança naqueles que o orientam, quanto? De que jeito?
As conseqüências de relatórios errados, auditorias precárias, projetos improvisados, obras inoportunas, mal executadas, manutenções e operações mal feitas podem ser catastróficas (sob diversos aspectos). Por exemplo, no Brasil temos centenas de barragens em construção, máquinas enormes sendo instaladas, prédios gigantescos, pontes monumentais, metrôs, gasodutos, portos etc., e se falharem? Quem paga os prejuízos? Algum dinheiro do mundo compensa a perda da família sob as águas de alguma enxurrada ou queimada em grandes incêndios, esmagada sob escombros ou no fundo de deslizamentos de encostas erodidas ou abaladas por explosões?
O que vemos após acidentes significativos e até em empresas e instituições quebradas por efeito de fraudes é a perda de qualidade de companhias de auditoria, projeto e consultoria. Isso até é compreensível, afinal o Brasil parou e regrediu durante as décadas da crise econômica.
Agora, contudo, retoma obras e programas ambiciosos, faltando tudo, até profissionais técnicos capazes dos serviços mais simples.
Vimos na lógica da “contratação pelo menor preço” o aviltamento de profissões. Essa idéia nem sempre sensata, ou melhor, raramente prudente, expôs o Brasil a desastres que já aconteceram e a outros em potencial, alguns poderão ser assustadores. Explorar ao máximo trabalhadores especializados, que deveriam atuar com tranqüilidade, parece ser a tônica desse mundo extremamente avarento e irresponsável.
Ou seja, a humanidade carece de outra dinâmica de avaliação de profissionais e contratação de projetistas, auditores etc. e até de seleção de políticos. Não podemos viver simplesmente sob a lógica da menor tarifa possível, do melhor discurso. Precisamos entender que as leis da Natureza são intocáveis, inclusive algumas da Economia e que preço é qualidade. Qualidade significa segurança.
Nossas instalações, edifícios, empresas etc. se agigantam. Queremos tirar petróleo do fundo do mar. Exigimos trens mais velozes. Os aeroportos deverão ser maiores assim como imensas usinas produzirão energia elétrica (hidrelétricas, nucleares e até aerogeradores gigantescos). Podemos conviver com tudo isso ou estaremos fazendo um castelo de cartas?
Tudo e todos se adaptam a leis e normas. Se fazer porcaria é a regra, vamos rezar mais e continuar pagando menos.
Os grandes acidentes e até as fraudes contra o sistema financeiro nacional e de outras nações recomendam uma rediscussão de estratégias de formação de especialistas, de contratação de profissionais. Diante de tudo o que aconteceu e continua sendo descoberto, qual é a competência e a idoneidade de nossos executivos e de políticos com grande responsabilidade administrativa? A legislação coíbe efetivamente a incompetência e a desonestidade desses líderes?
Perdemos ciência e ganhamos diplomas, qual será, no futuro, o custo dessa ingenuidade legislativa e de administração?

Cascaes
11.11.2010

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