domingo, 28 de novembro de 2010

Prioridades justas, necessárias e prudentes e o PACidadania

O mundo demora a sair da crise econômica em que mergulhou por um conjunto de fatores adversos e perversos. Talvez o mais grave, apesar de minha formação não ser de economista (leitor apaixonado, contudo), tenha sido o endeusamento da Econometria, que Allan Greenspan (Aventuras em um novo mundo, 2007) coloca num pedestal. Vendo gráficos e esquecendo o que é uma empresa nossos “analistas” dão cada vexame...
Hobsbawn [ (A Era do Capital, 1848-1975, 2007) (Hobsbawm, A Era dos Impérios, 1875-1914, 2006)] mostra onde se pode chegar com a supervalorização da livre exploração dos seres humanos, isso sem esquecer as didáticas guerras que a Europa e EUA moveram contra a China no século 19 (Guerras do Ópio) sob a desculpa de se defender o “livre mercado internacional”. Aliás, tirando as religiosas e as mais primárias, quais guerras não foram movidas por motivos econômicos ou obra de lunáticos? Imperdível o livro “Origens do Totalitarismo" (Arendt, 2007) onde podemos ter um exemplo tenebroso da personalidade totalitária de alguns chefes de estado. Agora temos a Economia Bandida (Napoleoni, 2010) que merece o máximo de estudos e atenção. Temos livros brasileiros mais antigos que devem ser lidos, em especial (História Geral da Civilização Brasileira, 1978) que, na década de sessenta, aguçou nosso interesse em Economia e História.
Isso tudo sem esquecer meu pai, Pedro Cascaes, que tinha paciência para conversar diariamente comigo (anos cinqüenta e início da década de sessenta) sobre esse assunto, antes que eu me mudasse para São Paulo, onde fiz cursinho e depois Engenharia em Itajubá (Engenharia).
Vamos à nossa atualidade. Parece que os marqueteiros das maldades econômicas ganharam força. Aparecem com tudo. Falam pouco do principal. A necessidade da reforma fiscal (utopia de acordo com muitas autoridades), a diminuição da tremenda burocracia existente em nosso país, a assustadora parafernália fiscal, a redução da quantidade absurda de leis (temos uma agora para o filtro solar, obra de um iluminado), decretos, portarias e, conseqüentemente, fiscais e varas para pegar os contribuintes “criminosos” e empresários etc. O ideal é ser funcionário público, pacato, bem comportado...
A quase impossibilidade de ser empresário pequeno ou médio no Brasil e a mídia excessiva em torno de padrões de vida, que nosso povo está distante de possuir, estão criando as “Forças Armadas Revolucionárias do Brasil”, as futuras FARB que, por compensação ao que nosso governo faz, possam ser reconhecidas oficialmente por alguns governos irresponsáveis. A geração dos anos sessenta colhe o que plantou.
Nossas contas externas perdem fôlego com a adoção simplória de teses de comércio internacional que só o Brasil respeita... Como sempre somos os trouxas do mundo, fosse o contrário e seríamos uma grande potência militar e econômica, com todos os reflexos que isso significa. Afinal, de uma forma nem sempre louvável, mas pragmática, o financiamento e desenvolvimento de novas armas deu às grandes potências a desculpa que precisavam para formar parques tecnológicos importantíssimos. A proteção (ainda que por motivos militares) de indústrias estatais, mistas ou privadas garante autonomia para enfrentar muita coisa.
Felizmente vamos para outro governo sobre os sucessos do anterior, que muitos insistem em atribuir ao Banco Central, esquecendo que a agroindústria brasileira assim como o bom desempenho de algumas outras permitiu-nos conseguir montanhas de divisas num período em que gigantes como a China e Índia começaram a consumir alimentos. O governo Lula aprendeu, no final de sua gestão, que é importantíssimo apoiar a industrialização do Brasil. Assim nossos estaleiros estão produzindo grandes navios e outras fábricas, ainda que multinacionais, dão dólares ou evitam a evasão descontrolada de divisas. Onde e quando a iniciativa privada falha, que voltem as empresas estatais fazendo usinas, portos, estradas, ferrovias, etc. ótimo! E vice versa. Melhor ainda se criarem um padrão de PPP confiável.
O resgate da miséria, naturalmente, passa pela esmola estatal. O “Bolsa Família” é um programa importantíssimo, como qualquer outro, passível de aprimoramentos.
Mais do que tudo devemos investir em boa Educação. Para isso as escolas de primeiro grau devem evoluir para serem escolas integrais e termos programas modelo “Comunidade Escola” (Mirante do Comunidade Escola, 2010) em todas as cidades brasileiras. O Exemplo de Curitiba merece ser imitado.
Com certeza o Brasil deve rever as lógicas de combate às FARB, talvez em nova Constituinte introduzindo a pena de morte e simplificando estratégias de julgamento de bandidos, sejam eles fantasmas ou tão reais quanto os traficantes de nossas metrópoles.
Na Economia os mestres simplistas deveriam estudar mais. Essa ciência deve existir para apoiar o desenvolvimento da Humanidade e não para eternizar a escravidão, penalizar os idosos, as PcD, as cidades, o povo. Vemos e ouvimos discursos de arrepiar, está na hora no Brasil do PACidadania.

Cascaes
25.11.2010

anônimo. (s.d.). Guerras do Ópio. Acesso em 25 de novembro de 2010, disponível em Wikipédia: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:y1Uzc96U2uUJ:pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio+guerra+do+%C3%B3pio&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Cascaes, J. C. (novembro de 2010). Fonte: Mirante do Comunidade Escola: http://mirante-do-comunidade-escola.blogspot.com/
Greenspan, A. (2007). Alan Greenspan, a era da turbulência. (A. C. Serra, Trad.) São Paulo: Elsevier e Campus.
Hobsbawm, E. J. (2007). A Era do Capital, 1848-1975. (L. C. Neto, Trad.) São Paulo: Editora Paz e Terra.
Hobsbawm, E. J. (2006). A Era dos Impérios, 1875-1914. (Y. S. Sieni Maria Campos, Trad.) São Paulo: Paz e Terra.
Napoleoni, L. (2010). Economia Bandida. (P. J. Junior, Trad.) Rio de Janeiro: Difel.
Sérgio Buarque de Holanda, P. M. (1978). História Geral da Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: DIFEL.

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