Talvez a maior imprudência que qualquer indivíduo possa cometer seja ocupar a presidência ou o cargo de conselheiro de alguma estatal e similares. Nosso Brasil burocrático e formalista sofreu uma avalanche de leis, decretos, portarias e... recados com a democratização pós 1988.
Sem acreditar na má fé dos legisladores, ganhamos uma enxurrada de documentos que atormentam qualquer executivo e transformam toda empresa pública na mais clássica das repartições, algo muito semelhante ao que já vimos em chanchadas da década cinqüenta, ou, sendo atrevidos, arriscando o pescoço, em instrumento de ações eficazes a favor do povo.
O formalismo é o paraíso dos bandidos. Quem quer é só respeitar regras de quadrilha e terá o apoio dos parceiros e tudo o mais. Afinal quem entende de leis e as utiliza em benefício próprio sabe orientar seus pupilos. Ou seja, uma Copel, por exemplo, pode muito, mas enfrenta a violência de leis mal feitas e pessimamente regulamentadas. O sucesso de sua equipe dirigente depende muito de atitudes como vimos o ex-presidente Ronald assumir, negando apoio da Fundação Copel à ampliação da Arena do Atlético, algo que alguns queriam, sugerindo a desculpa da mídia positiva (e inútil, nesse caso).
Felizmente o Governo Federal descobriu essa situação ao querer implementar seu famoso PAC. Talvez tenhamos um período de ajustes nessa parafernália, paraíso dos achacadores, chantagistas e oportunistas.
Os mais “espertos” usam bem seus poderes. Qualquer investigação independente descobrirá, em qualquer nível, como alguns exploram direitos esquecendo deveres. Os mais honestos acabam se afastando de obras e serviços públicos. Aliás, por equidade e a favor do povo, seria justo e necessário a divulgação ampla e irrestrita, em detalhes, da administração das concessionárias privadas, afinal prestam serviços essenciais ou, no mínimo, de interesse geral. O público centra atenção sobre as empresas estatais e se esquece das outras, não menos importantes; algumas até com imensas responsabilidades técnicas e sociais.
Temos heróis e bandidos no serviço público. O resultado da abnegação desses valentes executivos e conselheiros é a perda da saúde, a necessidade do apoio de amigos advogados, pois qualquer ação nessa área custa uma fortuna ao réu, dedicação 24 horas por dia, vigilância máxima ou a entrega ao Diabo de sua alma e cargo.
Felizmente existem situações gratificantes, oportunidades raras de realizar e ser alguém respeitável. Quando amigos chegam a essa situação é motivo de orgulho mostrar-se com eles e de pesar quando algo ruim lhes acontece.
Assim soubemos com imensa tristeza do acidente que vitimou o Economista Ronald Thadeu Ravedutti.
Conhecemos esse jovem em tempos de trincheira política e pudemos indicá-lo, na primeira ocasião possível, à diretoria da Copel. Lá teve competência e capacidade que revelaram um executivo hábil e capaz de lidar com companheiros nem sempre razoáveis e freqüentemente sem preparo para o desafio de administrar a COPEL. Com ele, entre 1993 e 1994, abrimos o capital da empresa e fizemos muito, algo que só cresceu quando lhe deram poder nos diversos cargos após 1994.
Insistimos em dizer, é fácil criticar, muito, mas muito difícil conciliar interesses e tomar a melhor decisão em ambiente poluído por interesses pessoais, políticos, corporativos e necessidades sociais imensas.
A Copel cresceu com ele e agora partia para a internet em banda larga (BEL), com certeza algo mais importante para o estado do Paraná do que as obras que a empresa venceu em São Paulo. Para manter sua corporação afiada, contudo, e os interesses de acionistas, era importante assumir projetos de grande porte na área energética, o que a Copel fez com o atual presidente eng. Raul Munhoz Netto, na época diretor, e o Ronald presidente.
Infelizmente o Paraná perdeu um cidadão que poderia continuar trabalhando pelo seu povo, perdeu-o muito cedo. Mais ainda sua família, sua esposa Tânia e seus três filhos. Para eles não haverá o que console. Sabemos do amor entre eles, algo fácil de entender diante da personalidade alegre, comunicativa e amiga do Ronald. O Paraná perde um executivo competente, nós deixamos de conviver com mais um amigo, entre tantos que o Grande Arquiteto já levou para outra dimensão.
Nossos pêsames a todos, em especial à Tânia e suas crianças, como são os filhos em qualquer idade de qualquer casal apaixonado.
Cascaes
26.11.2010
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