O verbete República tem muitos significados, explicações e histórias. De Platão ao mundo dos estudantes podemos contar muita coisa.
A melhor, a mais simpática é “habitação particular e coletiva de estudantes”, que tiramos do Houaiss com muitas saudades dos tempos de estudante longe da casa, lutando por um lugar na universidade ou, melhor ainda, estudando Engenharia (nas horas que sobravam).
Algo sensacional foi morar numa república. Em Itajubá, durante dois anos emeio tive a felicidade de conviver com uma turma muito especial. Três sargentos do Batalhão de Engenharia local, três estudantes no IEI que mudou para EFEI, e, completando o time, mais três vestibulandos, eventualmente algum outro, aumentando o número de pagantes daquele apartamento no Edifício Issa.
Aprendi muito e me diverti mais naqueles anos sessenta.
Antes (1963), em São Paulo, fazendo cursinho (Di Túlio), conheci gente fantástica, numa república em que alunos do ITA, da Politécnica de SP e vestibulandos moravam, dividiam a mesa comigo e espaço para estudar, pensando no vestibular (eu). Nesse ambiente conheci o primeiro torcedor fanático e folgazão do Corinthians; era alvo da gozação da turma a luta por um título que seu clube perseguia há anos. Lá também senti na plenitude a São Paulo quatrocentona de Adoniran Barbosa.
Apelando mais uma vez ao Houaiss que diz, transcrevendo tudo, uma república é:
(1) forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos
(2) Rubrica: termo jurídico.
forma de governo na qual o povo é soberano, governando o Estado por meio de representantes investidos nas suas funções em poderes distintos(p.ex.: Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário)
(3) Derivação: por extensão de sentido.
o país assim governado
(4) habitação particular e coletiva de estudantes
(5) Derivação: por extensão de sentido.
o grupo de estudantes que aí vive
(6) Uso: informal.
associação em que há muita desordem
Talvez, de tudo isso, a descrição mais apropriada ao nosso país seja a (1) mais (6), apenas acrescentando que somos um estado constituído de modo a atender o interesse geral de alguns cidadãos.
Vamos ao dia e à nossa história formal.
15 de Novembro é data de comemoração da República do Brasil, que talvez merecesse outras denominações. Surgimos, contudo, com promessas de modernidade e influências positivistas. Esse era o discurso de 1889, que da espada com grandes filosofias passou ao café com leite, etc.. As razões do interesse sobre o bem público, contudo, até hoje, insistindo, merecem inquéritos e ajustes diante da visão de elites, que se consideram acima de leis que elas próprias fazem.
Por bem ou mal avançamos muito. Talvez mais por efeito de guerras estrangeiras, ideais fascistas perderam força e o espírito escravagista vai se exaurindo devagarzinho...
Devemos, mais do que nunca, ter esperanças no Brasil. De forma não linear, como poderíamos dizer em linguagem matemática, avançamos rumo à universalização da cultura, escolas melhores e ambientes de maior potencial de aprendizado. Trazendo invenções estrangeiras, em destaque o mundo WEB, e aplaudindo algumas decisões competentes de nossos últimos governantes progredimos, evoluímos. Nossos grandes chefes erraram muito, mas merecem este crédito de valor inestimável.
É especialmente bom ver em nossas escolas de primeiro e segundo graus, pelo menos aqui no Paraná, as salas de Informática, professores estudando em cima de terminais, fazendo cursos especiais e a possibilidade de ampliação de tudo isso com novas tecnologias de acesso à cultura (com destaque para o EAD e literatura digital via internet).
As universidades foram multiplicadas de forma exponencial (termo matemático, vício de engenheiro), a ponto de entidades corporativas ficarem assustadas com a concorrência de mais e mais profissionais em suas searas.
Ou seja, o dia da República do Brasil pode finalmente merecer comemorações sinceras.
Cascaes
15.11.2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário