quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Universidade Especial e os óculos

Universidade Especial e os óculos
Nos temas Acessibilidade e Inclusão, no Brasil passamos por décadas de inúmeras discussões, muitas teses e soluções formuladas por leis, decretos, etc., mas com resultados práticos deploráveis. Tivemos muito poucas (principalmente) ações reais e eficazes a favor da Pessoa com Deficiência, a PcD. A inclusão ainda é um sonho e sua história já longa (Oliveira) e a acessibilidade e a mobilidade da PcD quase utopias.
Podemos ver, por exemplo, em frente a universidades (centros de educação de nível superior) calçadas intransitáveis com conforto e segurança pelas pessoas com dificuldades de mobilidade. Para não falar de nada complexo, recebemos de personalidades de entidades estratégicas, que deveriam ser modelo de acessibilidade, cartões de visita ilegíveis, feitos por artistas sem atenção para as dificuldades de leitura.
Na maioria das cidades o ato de “entrar e sair” de um ônibus é uma aventura, isso sem falar da forma como esses veículos são dirigidos, via de regra com acelerações bruscas e freadas evitáveis, sem falar das acelerações em curva e layout perigoso.
Em rodoviárias, portos e aeroportos, dane-se o idoso, a PcD, a pessoa incapaz de ler e ouvir painéis distantes, pegar malas em esteiras, conversar com atendentes etc.
Obviamente a dificuldade começa pela mais elementar das necessidades humanas, a segurança policial, que para a PcD é essencial. Afinal os bandidos escolhem suas vítimas em função das facilidades de assaltá-las em ruas mal iluminadas, sem calçadas adequadas, cheias de obstáculos (alguns tão absurdos quanto os famosos orelhões, solução que só não é antediluviana porque naquela época não existia a telefonia).
Podemos, contudo, criar muito, corrigir quase tudo e construir um mundo melhor. Isso depende de determinação e vontade política de nossos governantes e de todos os cidadãos conscientes, eleitos e eleitores.
Temos proposta para acelerar ações a favor da PcD. A maior, talvez, seja formar ambientes dedicados ao ensino, pesquisa e desenvolvimento, à educação a favor dos idosos, das PcD, das pessoas com lesões em potencial.
Nossa sugestão é a criação de pelo menos uma Universidade Especial.
Não simples Universidades, mas algo além, com um projeto de construir um Brasil melhor através da educação de mestres e alunos, de produção de soluções e irradiação de cultura.
Precisamos de polos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de soluções e a associação desses centros de P&D a favor da PcD a indústrias para que a produção de nossos cientistas não termine em “papers”.  Felizmente, graças à tecnologia, pode-se muito com simples laboratórios de informática se os seus operadores forem competentes e criativos.
Para exemplificar o que significa uma prótese bem sucedida, uma invenção antiga é um exemplo do que a Tecnologia é capaz. É só pensar e responder, o que seria da Humanidade sem a existência dos óculos? Esse par de lentes, que prendemos ao rosto, evoluindo para as lentes de contato e agora as cirurgias corretivas viabilizou a vida normal de bilhões de pessoas.
No Brasil existe dinheiro, e não é pouco, para P&D nos Fundos Setoriais (Ministério da Ciência e Tecnologia). Pagamos um encargo quando usamos o transporte, a energia e uma série de outros produtos e serviços, dinheiro para ser usado em Pesquisa e Desenvolvimento dos diversos setores em que é arrecadado. A acessibilidade dos clientes a esses serviços não é importante? A inclusão de trabalhadores PcD? A mobilidade em suas instalações? Quanto a ser desenvolvido...
E a educação? Onde aprender a viver em ambientes com PcD? Como poderíamos reunir profissionais para ensinar, pensar e promover ações a favor das PcD?
Vimos a criação de universidades e laboratórios dedicados a temas específicos. Desde sempre encontramos faculdades e institutos de Engenharia, Medicina, Agronomia e até Militares. Por quê não criamos uma Universidade Especial onde o foco dessa unidade seja atender a PcD em todas as suas expectativas profissionais e sociais?
Essa Universidade Especial seria um modelo de referência de acessibilidade, um centro de P&D, lugar de treinamento de mestres e cidadãos, um farol do saber de cidadania.
Podemos e nossa esperança está nos eleitos. Ontem, com a Senadora Gleisi Hoffmann (Observando o trabalho da Senadora Gleisi Hoffmann, 2010) reafirmamos nossa proposta em excelente evento promovido pela Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional, FEPE (Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional - FEPE).
Temos muita esperança nessa sugestão, pois experiência não nos falta para afirmar que precisamos e podemos fazer muito com uma Universidade Especial a favor da PcD, mais ainda agora em que temos tantas personalidades no município, estado e na União com sensibilidade real em torno da Pessoa com Deficiência.
Cascaes
1.12.2010
Ministério da Ciência e Tecnologia. (1999). Acesso em 1 de dezembro de 2010, disponível em Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia: http://www.finep.gov.br/fundos_setoriais/fundos_setoriais_ini.asp
Cascaes, J. C. (30 de novembro de 2010). Observando o trabalho da Senadora Gleisi Hoffmann. Acesso em 1 de dezembro de 2010, disponível em http://observando-a-gleisi-hoffmann.blogspot.com/
Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional - FEPE. (s.d.). Acesso em 1 de dezembro de 2010, disponível em http://fundacaoecumenica.org.br/site/
Oliveira, J. B. (s.d.). A PERSPECTIVA DA INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL: UM ESTUDO SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS. Acesso em 1 de 12 de 2010, disponível em NET SABER Artigos: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_23643/artigo_sobre_a_perspectiva_da_inclus%C3%83o_escolar_da_pessoa_com_defici%C3%8Ancia_no_brasil:_um_estudo_sobre_as_pol%C3%8Dticas_p%C3%9Ablicas

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