Em primeiro de abril comemoramos o Dia da Mentira, quando procuramos pregar alguma peça nos amigos. É um dia de brincadeiras, de alegria.
A mentira pode assumir outras formas, ser instrumento de privações, tristezas e até de falsas confissões de fé, ou melhor, de louvação oportunista a seres superiores, tanto no plano material quanto metafísico.
Quando muitas religiões disseram que o homem foi criado à imagem e semelhança do Criador, com certeza deram uma tremenda demonstração de ignorância e ousadia... Deus não é hipócrita.
Disciplinar hordas, contudo, levou muitos líderes a apelarem para sacerdotes e rituais assustadores e outros, espetaculares, mostrando a conveniência do bom comportamento. Por medo ou esperança as multidões faziam de conta que acreditavam.
O Natal é uma dessas festas com rituais religiosos que intrigam tremendamente em nossos tempos modernos. Afinal, o que se comemora?
A mercantilização e a eterna desinteligência do ser humano comum conseguem perverter momentos que deveriam ser de profunda reflexão, no mínimo por aqueles que se dizem fiéis a Cristo. O Jesus Cristo que descobrimos na Bíblia era muito diferente de seus seguidores atuais. Suas pregações eram de amor ao próximo, de humildade, de preocupação sincera com o ser humano, ainda que preso a tradições de seu povo. Teve coragem de enfrentar os poderosos e sofreu o martírio para, no mínimo, demonstrar coerência com seus ensinamentos. Muitos apóstolos entenderam essa mensagem criando uma religião que, infelizmente, afastou-se demais das pregações originais.
Vale, contudo, acreditar que em algum dia do futuro nossos crentes leiam com mais atenção os ensinamentos de Cristo, em especial o Sermão da Montanha.
Cristo, contudo, sabia o que era um ser humano. Assim ensinou o perdão, dando exemplo até em meio a dois ladrões no Gólgota, anistiando-os, prometendo-lhes o céu, assim como não vociferou contra a multidão que o condenou à morte.
O importante é que Jesus Cristo nasceu, existiu. Ele e outros seres humanos iluminados, capazes de nos fazerem pensar na importância da vida fraterna e da necessidade de amor ao próximo têm espaços de destaque na História da Humanidade e até anonimamente, simplesmente sendo pessoas realmente boas.
O Natal deveria ser um dia de autocrítica, de revisão de comportamentos. Transformou-se em momento de troca de presentes, muitas vezes sem qualquer preocupação com a lógica de suas origens, aliás, tão irracional que nosso Papai Noel usa roupas de inverno, vermelhas e com enfeites estrangeiros, e as árvores (pinheiros) mostram neve, aparecendo apenas uma vez por ano nesse Brasil tropical. Se Jesus recebeu presentes, isso aconteceu quando os reis magos o visitaram. Na manjedoura seus pais, com certeza, nada tinham a oferecer exceto muito amor e respeito pela criança recém-nascida.
Será que nossos cristãos ainda se lembram e querem viver sob os ensinamentos de Cristo?
Cascaes
24.12.2010
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