quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Aprendendo com a idade


É normal participar de palestras e ver reportagens sobre como conviver com uma pessoa com deficiência – PcD. Existem orientações para todas as espécies de limitações e as ouvimos, normalmente, sem muita atenção. Mais curiosidade e menos preocupação dominam as pessoas enquanto não sentem na própria família o significado dessas lições. Se, contudo, alguém mais próximo nasce ou torna-se PcD, aos poucos vamos compreendendo a dimensão do desafio e a importância para a pessoa amada de que sejamos acessíveis e capazes de interagir com elas.
Todos nós queremos viver muito. O que muitos esquecem é que a vida nos prepara para a morte, retirando gradativamente as facilidades da juventude (Os idosos no Brasil). Assim vamos perdendo, gradativamente, todas as facilidades que exercitávamos com orgulho e mesmo sem perceber, ignorando a importância da boa visão, o olfato apurado, a audição completa, o paladar sofisticado, o tato, a mobilidade atlética, a capacidade de raciocinar com rapidez, a tranquilidade de cair e só ter escoriações, a dentição completa, a beleza e atratividade sexual, sem falar de atributos que para os homens recomendam o Viagra...
Nessa “bela idade” temos vantagens. Podemos andar de ônibus de graça se conseguirmos entrar e sair deles (O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia), viajar e usar (temos tempo) aviões e aeroportos cada vez piores, subir escadas em caracol de ônibus interurbanos (que até trazem adesivos de acessibilidade), isso se conseguirmos caminhar pelas calçadas (Cidade do Pedestre), atravessar ruas, usar escadas comuns etc. sem sermos atropelados, assaltados, acidentados de uma ou outra forma. Dentro das rodoviárias e aeroportos, por exemplo, o desafio é pegar e carregar malas, entender avisos, sair correndo com tudo para não perder a viagem. E como é bom conhecer cidades diferentes quando têm banheiros públicos a distâncias bem calculadas, bancos onde possamos descansar, saber onde fica o pronto-socorro mais próximo e entender o que contêm os alimentos oferecidos, afinal alguns poderão ser autênticos venenos para cardíacos, diabéticos, obesos etc.
Nisso tudo o pior é ser pessoa com deficiência - PcD, caso extremo. O cadeirante pode estar com o pescoço fragilizado, impossibilitado de resistir às batidas das rodas nas pedras irregulares (belas e hostis ao extremo). O deficiente visual precisa entender o caos urbano e poder usar o que aprendemos no Instituto dos Cegos do Paraná (O Deficiente Visual e o IPC) e com nossos amigos Cayo Martin (Conversando com o Cayo Angel Martin) e a Lilian (Conversando com a Lilian e seus alunos).
Sabemos melhor o que é a surdez (O deficiente auditivo). A rotina é quem está conosco exigir que usemos o aparelho de surdez, sem saber que o aparelhinho, um amplificador de sons, aumenta todos sem as maravilhas do sistema auricular. Ou seja, ouvimos muito bem o aparelho de ar condicionado, o som ligado, os ruídos da rua e, somando tudo isso, o que todos falam, o desafio é entender. Pior ainda, para quem está perdendo a audição, essa redução não é linear, assim não existe prótese 100% eficaz, pois não ouvimos certas frequências. Deixamos de compreender algumas pessoas que, para nosso azar, têm uma composição sonora não reproduzida fielmente pelo nosso aparelhinho de surdez, isso sem falar no preço absurdo das melhores próteses. E teríamos tanto a contribuir se pudéssemos participar pró-ativamente das conversas...
Quando sabemos que fortunas trilionárias são gastas em armamentos e guerras e falta dinheiro para que as cidades sejam acessíveis e a pesquisa e desenvolvimento de soluções para a PcD é quase inexistente, compreendemos a frieza de nossos políticos e executivos.
Os prefeitos adoram enfeitar cidades para turistas. O povo vive em shoppings e parques, quando não está no trabalho ou nas igrejas ou templos ou ainda torcendo desvairadamente por um time de futebol. Ficamos pensando em quanto poderíamos ganhar se nossos administradores públicos e legisladores realmente se preocupassem com os idosos ou as Pcd, em vez de explorá-las politicamente, distribuindo favores a conta gotas para garantir votos. Afinal não é segredo para ninguém o que é necessário para a inclusão social de todos com segurança, por quê fazem tão pouco? Ou a FIFA deverá dizer para nossos governantes que só aceita realizar a Copa do Mundo em cidades que respeitem os idosos, as Pcd, as pessoas com doenças debilitantes e até as crianças?
Existem soluções (Acessibilidade e o Arq Ricardo Mesquita), uma visita à Reatech em 2007 é inesquecível (Inspirado na Reatech 2007) e a Tecnologia avança exponencialmente, precisamos apenas de determinação e polos de pesquisa e desenvolvimento além de irradiação de cultura a favor da PcD [exemplo (Universidade para os Surdos do Brasil)].
Temos Leis, Decretos, Normas, Estatutos etc., só falta respeitá-los (direitos das pessoas com deficiência).

Cascaes
28.12.2010

(2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Acessibilidade e o Arq Ricardo Mesquita: http://acessibilidade-e-o-arq-ricardo-mesqui.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O deficiente auditivo: http://surdosegentequeluta.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Os idosos no Brasil: http://idososbrasileiros.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em direitos das pessoas com deficiência: http://direitodaspessoasdeficientes.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Universidade para os Surdos do Brasil: http://universidadeparaossurdos.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2007). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Inspirado na Reatech 2007: http://inspiradonareatech2007.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Conversando com o Cayo Angel Martin: http://conversando-com-cayo-angel-martin.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em Conversando com a Lilian e seus alunos: http://conversando-com-a-lilian.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O Deficiente Visual e o IPC: http://o-deficiente-visual-e-o-ipc.blogspot.com/

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