Uma coleção de acidentes gravíssimos nestes últimos anos merece atenção especial de todos, principalmente dos brasileiros que vivem sob a égide de leis mal feitas, pessimamente reguladas e precariamente analisadas no Poder Judiciário e tribunais de contas.
As desculpas podem vir de muitas formas, normalmente desaparecem da mídia, afinal o patrocínio é fundamental à sobrevivência dessas empresas. De qualquer forma, sob condução eficaz, todos poderão lucrar com a percepção da importância da qualidade, confiabilidade e oportunidade de serviços e empreendimentos essenciais ou invasivos, que de alguma forma nos afetem significativamente.
Na telinha temos os programas científicos feitos no exterior, ótimos para quem é poliglota e não tem problemas de audição. Infelizmente aí também é preciso muito cuidado, afinal os lobbies industriais e políticos (e agora as FIFAs e COIs da vida) pretendem conduzir a população a soluções que interessam suas entidades e, mais uma vez, a lobistas associados a grandes empresas.
Precisamos, contudo, rever a gerência técnica de obras, a escolha de projetos, fabricantes, aumentar a fiscalização, definir melhor os padrões, enfim, democratizar o conhecimento e alertar a população que não basta simplesmente escolher propostas pelo menor preço e cuidar da burocracia (paixão de nossos fiscais formais) de grandes trabalhos.
O acidente no Golfo do México mostrou em dimensão planetária o que uma petroleira mal administrada sob o ponto de vista técnico pode fazer. As declarações do presidente desta empresa ao Congresso Norte Americano são assustadoras, mas, infelizmente, não são novidades para os engenheiros brasileiros mais experientes.
Tivemos desastres inacreditáveis que, pelo jeito, não darão compensações justas às suas vítimas. Afinal, grandes empresas, excelentes advogados, e nossa jurisprudência mais parece jurisimprudência, em prejuízo das vítimas e, em última análise, dos brasileiros em geral. Justiça lenta não é Justiça e pior ainda quando nela encontramos válvulas infinitas a favor dos bandidos. Obviamente tudo isso acontece porque a legislação no Brasil não determina prazos, estruturas e simplificações inteligentes em torno do Poder Judiciário, um poder independente em suas decisões, quando sob o império de leis feitas pelos parlamentares e sancionadas pelo Poder Executivo (devidamente publicadas nos Diários oficiais).
Mas acima de tudo é fundamental educar, ensinar, preparar a nação brasileira (agora falam em estado mercado, evoluindo para a Economia Bandida) para o desafio de se fazer bem grandes obras.
Em todas as profissões deveríamos ter programas didáticos, claros, inequívocos e bem feitos mostrando como, quando, quanto, custos, profissionais, empresas etc. sobre o exercício de suas atribuições. Nossas TVs Educativas ganhariam dimensão se pudessem apresentar (em língua portuguesa e LIBRAS, nossas 2 línguas oficiais, brasileiras) o que é um viaduto, um gasoduto, aeroporto, poço de petróleo, refinaria, caldeira, turbina, usina e por aí afora e que padrões de qualidade são necessários e suficientes. Isso vale para todas as profissões. Afinal que médico procurar? Qual o tipo de advogado ideal para o problema que possamos ter? para que servem os engenheiros, arquitetos, urbanistas? ...
Na TV comercial aprendemos a fazer barreado, sushi e macarrão, está na hora de termos a oportunidade de podermos ter, rotineiramente, a TV (ou programa) Qualidade, muitas TVs Qualidade, não para dizer que tipo de formulário são necessários, mas para mostrar a condução de serviços, instalações, projetos, a construção, operação e manutenção de indústrias, barragens, pontes, túneis, viadutos, gasodutos, plataformas petrolíferas... de modo a que nós, brasileiros, sejamos minimamente capazes de perceber o que pode ser corrigido, o que está mal feito, quais são os benefícios e os perigos dessas coisas.
Não é difícil e seria uma excelente forma de usar recursos de mídia técnica e os encargos que pagamos em nossas contas de água, luz, telefone, transportes etc.
Teremos eleições, aproveitemos para escolher bem nossos legisladores e executivos políticos, é um bom (fundamental) começo. Temos bons candidatos, é só votar neles.
Cascaes
18.7.2010
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