sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Copa do Mundo na África acabou, e agora?

A Copa do Mundo na África acabou, e agora?


Durante um mês vimos jogos de futebol, diretamente, indiretamente, por osmose ou paixão. Os espetáculos esportivos não foram tão empolgantes. A violência contra a seleção brasileira marcou muito e a fraqueza de juízes e a dos técnicos mais ainda. De qualquer modo sem guerras diversos países mandaram suas seleções, muitas vezes formadas por jogadores que já estão esquecendo a língua pátria, afinal praticamente emigraram para outros continentes, mas substituíram formas de conflitos guerreiros, ótimo!

A África do Sul gastou muito. Assim como o Rio de Janeiro de 1950, ficará com estádios gigantescos. E as favelas, a infraestrutura social, a sobrevivência do seu povo? Ganhou o suficiente para compensar a espera de investimentos mais importantes?

No Brasil podemos ver o Rio de Janeiro com suas guerras intermináveis entre traficantes e destes com a polícia. Desde os tempos de Rodrigues Alves a prioridade de grandes investimentos, feitos já naqueles tempos, não foi resolver, dar dignidade, criar condições de desenvolvimento para o povo mais humilde da antiga capital federal. O Brasil saíra recentemente da escravidão, ou melhor, não tanto, o suficiente para naquela época manter hábitos aristocráticos e oligarquias distantes dos problemas do povo mais simples.

A cidade do Rio de Janeiro perdeu muitas oportunidades de desenvolvimento no século XX, até por efeito de sua maneira irreverente de tratar os ditadores de plantão.

A nossa ex-capital e a África do Sul servem, contudo, de exemplo para o que se pretende fazer até 2014. Quais serão as prioridades dos nossos governantes? Como a mídia vai focar essa questão, não esquecendo que entre torpedos e anúncios as emissoras de televisão são as grandes vencedoras desse processo? E as empreiteiras, com tanto a fazer, entrarão nesse barco ou optarão por outros projetos? Vamos gastar fortunas comprando equipamentos estrangeiros para que os turistas, no mês da Copa, tenham todo o conforto, mobilidade e segurança que a FIFA entende ser necessário?

De qualquer jeito, santa FIFA! Ela pegou nossos administradores públicos de calças curtas. Aos poucos vão descobrindo quanto falta para sediar um campeonato de futebol. Se o que a FIFA exige, exceto a monumentalidade de estádios, é o feijão com arroz que já deveríamos ter, é sinal que nos atrasamos muito.

Com certeza não poderão acontecer apagões de qualquer espécie nesse período, nem de aeroporto, estradas, energia, segurança etc. sob pena de sairmos extremamente desmoralizados, mais ainda se não conquistarmos a famosa taça que nossos heróis já levantaram com tremendo orgulho algumas vezes.

Teremos eleições. Excelente época para cobrarmos de nossos futuros parlamentares, governadores e presidente a forma de encarar essa questão e outras que nos assustam, tais como as endemias, o déficit habitacional, o transporte coletivo urbano, a mobilidade do pedestre, a sustentabilidade, enfim, tudo tão bem sintetizado nos ODM – os Objetivos do Milênio e suas metas que esperamos cumprir.



Cascaes

11.7.2010

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