terça-feira, 20 de julho de 2010

Mais uma vez os juros

Cobrança de juros no Brasil é algo que ultrapassou todos os limites do razoável graças a uma série de decisões macroeconômicas que implodiram a industrialização do Brasil, abriram nosso mercado a países sem leis nem documentos, construíram um gigantesco estado burocrático, formal, cheio de carimbos, tribunais e fiscais, ... e socializaram os riscos de forma explícita, indecente. O famoso “spread”, que nossos bancos cobram, nada mais é do que transferir para todos os brasileiros os perigos que nossos negociantes de dinheiro deveriam calcular melhor e assumir como parte seus “negócios”.

Obviamente, sem produção industrial própria e exportando tudo o que pode para pagar os luxos de uma parte privilegiada da população, o Banco Central descobre que a inflação é alta e deve aumentar o “enxugamento” do mercado de moedas, títulos etc. pagando mais a quem pretende ganhar sem qualquer esforço ou risco.

Não temos leis trabalhistas internacionais, o subsídio é livre quando praticado por nações entupidas de foguetes, bombas nucleares, porta aviões, armas e soldados de toda espécie. É utopia acreditar na “boa vontade” deles.

O livro Economia Bandida, de Loretta Napoleoni, editora DIFEL, traduzido por Pedro Jorgensen Jr. leva-nos a admirar a lógica islâmica do uso do dinheiro e a pensar num novo contrato social, principalmente diante do que estamos vendo no mundo ocidental, cheio de crises e tragédias absurdas.

Vamos ter eleições, ótimo!

Qual é a proposta dos nossos candidatos em relação à política econômica? Ao Banco Central? À nossa legislação indecentemente prolixa e restritiva?

Continuaremos construindo shoppings para gastar enquanto tivermos dinheiro? Vamos desperdiçar ou eregir uma nação forte, independente, respeitada?

O Seminário Nacional “Investimento Público: análise e perspectiva” realizado em 9 de julho de 2010, em Curitiba, promoção do (Senge-PR), da (Fisenge) e (Dieese) e com o apoio do (Ipea) e do (Crea-PR), que tivemos a oportunidade de filmar a sua quase totalidade (vide http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com) mostrou, entre outras coisas, a angústia ou ironia de alguns eminentes palestrantes, perplexos com tudo o que aconteceu nessas últimas duas décadas de Brasil.

A verdade é que erramos demais e caímos prisioneiros da banca internacional, a ponto do nosso presidente anunciar o comando da equipe econômica nos EUA, quando de sua primeira eleição (agora, sabendo falar em Inglês, deve usar algum telefone ou internet...).

Relembrando o livro Economia Bandida começamos a sonhar com a lógica monetária do que os autores chamam de “A Economia da Xariá”, estratégia que deveríamos estudar com profundidade e pensar, por exemplo, na “gharar”, a proibição islâmica de especular. Transcrevendo: “A economia da xariá está centrada no conceito de parceria e deriva de uma visão religiosa do mundo adotada por mais de um bilhão de muçulmanos. Seu Objetivo final é honrar os valores da comunidade a que serve, a Umma.” (pg. 285)

Ou, vide Wikipédia: “A operação bancária islâmica tem a mesma finalidade que a operação bancária convencional salvo que opera-se dentro do acordo com as regras de Shariah, conhecidas como Fiqh al-Muamalat (Regras islâmicas em transações). O princípio básico de operação bancária islâmica é a partilha do lucro e da perda e a proibição de riba (usura). Entre os conceitos islâmicos comuns usados na operação bancária islâmica seja partilha de lucro (Mudharabah), custódia (Wadiah), empreendimento misto (Musharakah), custo a mais (Murabahah), e aluguel (Ijarah).”

Com ou sem as lógicas do Cassino Internacional e observando alternativas, até o presidente Obama já se convenceu de que o mundo precisa mudar para enfrentar os agiotas e a jogatina internacional.

Para nós fica a pergunta, qual é a proposta do nosso futuro presidente da República e seus deputados e senadores?



Cascaes

19.7.2010

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