terça-feira, 20 de julho de 2010

Entradas, bandeiras e capitais

O Brasil cresceu, formou-se, ganhou dimensão física graças a expedições que estudamos na escola primária (agora “primeiro grau”). De Laguna, por exemplo, saíram as bandeiras que ocuparam o território que forma o estado do Rio Grande do Sul. Assim o território nacional ganhou parte dos pampas gaúchos e uma riqueza imensurável, os tropeiros fizeram história e muito dinheiro levando charque para São Paulo.

O Tratado de Tordesilhas veio para evitar uma guerra entre um pequeno país, Portugal, e a potência militar da época, a Espanha, já capaz de bombardear muitas cidades. De qualquer jeito, pouco a pouco os portugueses residentes no Brasil ultrapassaram essa linha criada em nome da paz européia e sob autoridade papal.

Os portugueses, chegando da Europa, fizeram de Salvador, na Bahia, nossa primeira capital. Opção lógica diante da proximidade do monte Pascoal e da docilidade dos índios da região. Com o tempo viram a dimensão do continente que começaram a ocupar e, por muitas razões estratégicas a capital passou a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Em 1950 o Brasil era ainda um tremendo espaço de florestas com o seu litoral coberto de cidades que cresciam, tomavam forma. A cidade do Rio de Janeiro era maior que a de São Paulo e a Mata Atlântica perdia espaço a todo tipo de ocupação.

O Brasil teve formação geológica “sui gêneris”, assim a costa se levantou criando serras onde nascem grandes rios que correm para o interior, até descobrir o Oceano Atlântico, já bem longe de suas origens serranas. Com algumas exceções, ostentamos circuitos fluviais que vão descendo ao longo de milhares de quilômetros, em corredeiras ou cachoeiras, muitas delas dando-nos hidrelétricas que nos fazem líderes de energia renovável.

Sob a terra, além disso, existem aqüíferos colossais e nas florestas remanescentes, clima subtropical, uma riqueza biológica mal explorada, belíssima, que desaparece aos poucos, graças à fertilidade de nosso povo (crescendo e avançando sobre as florestas, praias e planícies) e às vacinas e remédios que prolongam a vida de todos nós.

Maravilhosamente, contudo, o Brasil é enorme, ainda com população reduzida. Enquanto na Europa e Ásia, “via de regra” viajamos pouco para chegar noutra cidade, aqui gastamos horas de viagem para descobrir algumas vilas.

O Brasil pede encarecidamente uma redistribuição da sua população. Vemos, assustados, o crescimento absurdo de cidades que já deveriam ter revertido sua evolução, sem degradar seus padrões de vida, ao contrário, devolvendo a elas a graça perdida.

Somos um país com muitos funcionários públicos. Vimos a quantidade gigantesca de gente a serviço das assembléias e do parlamento federal. Que tal mudar mais uma vez a capital do Brasil e dos estados? Esse povaréu arrastaria muita gente para outros lugares e geraria atividades acessórias importantes.

Criaríamos ambientes privilegiados, atraindo mão de obra, serviços, projetos... Inibiríamos a formação de favelas em torno de metrópoles e daríamos novo alento à economia de nosso país, até porque tudo isso poderia ser feito pela iniciativa privada, que daria de compensação os palácios tão desejados pelos políticos. Naturalmente imaginamos editais honestos e definição de regiões para apresentação de propostas, que seriam intensamente analisadas e discutidas pelos brasileiros. Entre outras, poderíamos revelar ao mundo novos urbanistas, arquitetos, engenheiros, sociólogos, ambientalistas, soluções inovadoras e tropicalizadas, tudo dentro das lógicas mais modernas de sustentabilidade.

E o que fazer com os palácios existentes? Bem, sempre existe a possibilidade de transformá-los em museus, escolas e outras coisas, dependendo da fama que tiverem.

Cascaes

19.7.2010

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