sábado, 24 de julho de 2010

A importância de respeitar o idoso e o PcD

A campanha eleitoral e as mudanças de governo são momentos extremamente importantes para sonhar com novos padrões de administração pública. Não tanto pela criação de leis, temo-las para tudo, e sim pelo respeito àquelas mais significativas em nosso dia a dia, onde, por incrível que pareça, nossos governantes colocam resistências à viabilização de conquistas que povo brasileiro tanto lutou para conseguir.

Os políticos preferem novidades e a última é a Copa do Mundo. Fazer o que a FIFA manda é algo imperioso, para eles a oportunidade de até endividar mais as nossas cidades.

Precisamos, contudo, de ambientes urbanos sadios, comportamentos civilizados, instalações etc. que se ajustem às necessidades do ser humano brasileiro comum, sem helicópteros, seguranças pessoais e carros blindados. Queremos atenção para as crianças, os idosos, as pessoas com necessidades especiais. Isso teve momentos de glória no passado, quando os governos (no Brasil) em todos os níveis anunciaram novas leis e até cargos e estruturas na administração pública.

Acreditávamos que aqueles que dependiam de calçadas bem feitas, escolas com tradutores LIBRAS, portos e aeroportos ajustados aos idosos e deficientes, campanhas e programas de mídia oficial, ementas de cursos novos ou feitos para essas mudanças, inúmeros projetos de P&D a favor dos PcD etc. já estariam firmes, bem apoiados.

E os padrões técnicos? As Normas Técnicas? Já deveríamos ter uma coleção de normas, se necessário feitas de imediato, pois não há muito que inventar, basta ajustar o que países mais desenvolvidos fazem. Algo como sempre se fez, quando foi o desejo dos poderosos, copiar e depois melhorar.

Isso não aconteceu. Os anos foram passando, a mídia centrou o discurso no CO2, floresta amazônica, paca, tatu, cotia e capivara e, apesar de todos os esforços, nossas autoridades urbanísticas, educacionais, aquelas que influem no comportamento dos brasileiros nada ou pouco fizeram, com raras e exemplares exceções.

Orgulhamo-nos, sendo catarinenses em Curitiba, de ouvir tantas boas referências ao nosso estado, mesmo sabendo que já foi melhor (a quantidade imensa de calamidades que afetaram muitas de suas boas cidades pode explicar uma parte dessa situação). Entristece descobrir o abandono de projetos que eram motivo de orgulho, encanta-nos, contudo, descobrir que Joinville foi uma das 6 cidades brasileiras escolhidas pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no projeto Cidade Acessível e Direitos Humanos (1.07.2010), que tem como meta melhorar a acessibilidade até o final de 2010 nestes seis municípios. Campinas (SP), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Joinville (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Uberlândia (MG) foram beneficiados pelo programa em função das ações de acessibilidade já desenvolvidas. Essas cidades servirão de modelo em áreas como mobilidade, acessibilidade e eliminação de barreiras, saúde, educação, transporte público urbano e habitação.

O prefeito de Joinville (cidade da Busscar, onde vimos há alguns anos dezenas de ônibus com adaptações, elevador inclusive, para o transporte intermunicipal na Costa Rica, prontos para exportação), Carlito Merss, assinou em nome dos demais gestores a adesão ao projeto dizendo:

"Quando aceitamos o desafio de ser uma das primeiras cidades a ser considerada acessível, sabíamos que estávamos assumindo um compromisso e um desafio. Queremos ser uma referência para o sul do país"... (do portal anunciando o programa).

Gostaríamos que essa fosse uma afirmação do prefeito de Curitiba e dos administradores de todas as outras cidades do Paraná, que o estado do Paraná assumisse esse compromisso e, finalmente, o Brasil virasse referência mundial... Por quê não sonhar?

Ontem, 23 de julho, participamos de dois eventos que nos marcaram. Em um deles, no Instituto Paranaense de Cegos, o quase desespero e esperança de que nosso novo prefeito corrija a cidade de Curitiba (considerada modelo de urbanismo) e a elaboração de documento (minutado, organizado pelo arquiteto Ricardo Mesquita) a ser entregue às nossas atuais autoridades e às próximas. Em outro, na ADAPTARE, a alegria da Mirella Prosdócimo e suas parceiras festejando a ampliação e aniversário de sua empresa dedicada à acessibilidade.

Assim vamos rindo, chorando, festejando e brigando, pensando e escrevendo, acionando o Poder Judiciário e o Ministério Público, propondo pesquisas, ajustes, novidades e vontades, fazendo passeatas e visitando quem possa entender o que é ser idoso, deficiente auditivo, visual, físico, mental ou uma combinação disso tudo, na esperança de que tenhamos progressos reais a favor do povo e não simplesmente projetos (bilionários) por determinação da FIFA ou do COI e vontade de... é melhor não pensar nisso.

Cascaes

23.7.2010

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