quinta-feira, 19 de agosto de 2010

República sindical

O fascismo italiano propunha a criação de um estado corporativista. Mussolini tomou o Poder e fez da Itália um estado totalitário. Na Argentina e no Brasil, em diversos períodos, corporações militares se deram o direito de alternar o poder com as elites do café e do leite, assim, além dos sindicatos dos leiteiros e cafeeiros, passamos por ditaduras de generais e marechais.

Antes desses períodos corporativos o Brasil passou pela experiência da Monarquia, ou seja, um grupo de pessoas que, sob bênçãos divinas, dizia-se legítima dona do Brasil.

Agora o medo é das centrais sindicais. Realmente elas assustam, essas centrais talvez disputem com outras, mais antigas, o famoso Poder. Febraban, FIESP, cartéis, sindicatos explícitos de empresários mandam no Brasil, tanto mandam que nossas leis eleitorais não mudam, continuam dependendo de dinheiro privado para a sustentação de campanhas caríssimas.

As centrais sindicais ganharam força nesses últimos anos assim como outros processos de arregimentação da população. Isso assusta quem está no comando do país. Afinal, como escritores mais atentos já o disseram, os poderosos têm medo. Quem tem algo a perder não gosta de descer do pedestal de suas facilidades.

Infelizmente nessa constelação de sindicatos, cartéis, associações etc. faltem os sindicatos que representem o povo mais simples, os deserdados, os sem terra, sem profissão, sem saúde, sem emprego... É até interessante notar na maioria das discussões, audiências públicas etc. a ausência do povo real. Vemos, nesses ambientes, líderes de ONGs, partidos políticos, empreiteiras, indústrias e até de religiões, mas não encontraremos, com raras exceções, os catadores de lixo, os favelados, os mais pobres até porque dificilmente saberão da existência desses eventos.

Maravilhosamente o Brasil muda. Ser rico ou poderoso não é sinônimo de maldade. Nossas elites, pelo menos alguns de seus representantes, acordaram para a necessidade de redenção universal, do povo. Talvez tenham chegado lá por simples conveniência. Afinal prêmios no outro mundo ou os perigos dos assaltos e assassinatos feitos por pessoas desesperadas tenham afetado suas decisões.

Existe gente boa e má, pessoas de boas e péssimas índoles em qualquer ambiente. Na história da Humanidade vimos os efeitos de paranóicos no Poder assim como de pessoas especiais, promovendo avanços espetaculares.

Nesse processo de avanços e recuos chegamos à Democracia, tímida ou ampliada, pois a palavra, apesar de querer dizer basicamente “governo do povo, pelo povo” sofreu restrições na compreensão do que os poderosos entenderam por essa palavrinha pequena, mas extremamente importante: POVO.

Para completar o quadro atual, o modelo brasileiro de organização, talvez esteja faltando o sindicato mais importante, o dos brasileiros mais desprotegidos, abandonados, sem recursos para manterem escritórios em Brasília e nas capitais estaduais, fazendo lobby e ...

Na república sindicalista brasileira precisamos viabilizar a presença de todos, pois o perigo é termos situações contínuas de desrespeito àqueles que dependem do SUS, por exemplo. Tivemos progressos importantes, a representação é quase completa, mas ainda sentimos a falta de uma parcela significativa dessa estrutura de poder.

Teremos eleições, pobre também vota. Vamos trabalhar para que tenham boa orientação e não desperdicem seus votos. Pode ser utopia, mas é uma boa luta.

Cascaes

18.8.2010

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