Durante uma semana, dois eventos vinculados ao CONFEA, a 67ª. Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e o 7º. Congresso Nacional dos Profissionais, realizado em Cuiabá, MT, de 22 a 28 de agosto de 2010 discutiram a situação desses profissionais no Brasil e o cenário brasileiro. Vimos e ouvimos com dados e fatos a decadência da aplicação das ciências exatas em nosso país e o apagão que ameaça inúmeras obras programadas. Chegamos a temer pelo resultado de muitos projetos em perspectiva, pois as profissões “engenheiro”, “Arquiteto” e “Agrônomo” perderam valor e deixaram de atrair inúmeros jovens, levando outros para países distantes e fazendo-nos regredir tecnicamente.
Duas décadas tenebrosas de ajustes econômicos e leis mal feitas mataram empresas de projetos, demoliram boas empreiteiras e indústrias e agora fazem falta na perspectiva de retomada do crescimento. As escolas dedicadas a essas profissões se esvaziaram. Não temos instituições bem equipadas nem para formar profissionais quanto mais para fiscalizar efetivamente suas atividades. Os indícios estão por aí em acidentes inexplicáveis e na falta absoluta de infraestrutura. Podemos dizer que alguns serviços não entraram em colapso total, mas também devemos lembrar que regressões econômicas e dilúvios salvaram a imagem de governos que teriam morrido na praia, desmoralizados pela inépcia.
Os problemas não são pequenos. Estradas saturadas, cidades engarrafadas, falta de segurança, saneamento básico, portos e aeroportos etc., uma coleção de equívocos gravíssimos piorados pela má qualidade de gestão técnica tem sido a tônica até de empresas privadas.
Caímos no discurso falso da compressão de tarifas (sem redução de impostos), preços impossíveis e péssimas especificações, leis tão mal feitas quanto a 8666 (carente de bons critérios na sua regulamentação) de modo a se evitar opções erradas...
A legislação ambiental, ineficaz e mal formulada, atrapalha e não impede o pior.
De qualquer modo parece que, pelo menos para agradar os cartolas da Copa do Mundo, teremos projetos de grande porte, mais ainda com as imensas usinas hidrelétricas em construção e algumas ferrovias e ajustes em rodovias e portos.
Estamos, contudo, carentes de bons profissionais.
E agora José?
Baixaram salários, aviltaram os postos de trabalho de engenheiros, arquitetos e agrônomos, desmotivaram carreiras, esvaziaram escolas. A lógica do leilão imperou. Ganhava serviço quem se dispusesse a fazer o que o contratante quisesse, ao preço que determinasse. É fácil de descobrir obras mal feitas, algumas extremamente perigosas. Valeu comprar vagão usado, queimar dormentes, asfaltar de qualquer jeito, fazer de conta que administravam... A relação de desmandos é gigantesca, só não é crime porque podem ser classificadas como simples atos ridículos de pessoas despreparadas em funções para as quais não estavam formadas.
Felizmente teremos eleições. Nossos eleitores deveriam estar muito atentos a tudo isso.
Lamentamos que muitos discursos e afirmações feitos na 67ª. SOEAA e 7ª. CNP não sejam divulgados pela grande imprensa. Além de mostrar a omissão de muitos líderes, que tiveram a responsabilidade da defesa do exercício da profissão em cargos específicos a esse fim, serviriam para alertar nossos eleitores para a necessidade de maior cuidado ao elegerem seus governantes e representantes.
Cascaes
30.7.2010
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