segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ferrovias no Brasil e no Paraná

Meu amigo Paulo Ferraz, pessoa extremamente bem informada no setor ferroviário, mandou-me o seguinte email:

No Brasil 16.000 km de ferrovias agonizam sendo desativados e canibalizados pelas concessionárias. Para reconstruir a mesma extensão de linhas o Governo Federal precisará investir R$ 40 bilhões de recursos públicos.


Temos também a considerar os passivos acarretados com o processo de privatização sejam os ambientais em conseqüências dos graves acidentes que vem ocorrendo; os trabalhistas (retroagem 5 anos ) resultado do reflexo para a União ( RFFSA) dos custos das 35.000 demissões praticadas pelas concessionárias no inicio da transição e prejuízos econômico as centenas de clientes excluídos dos atendimentos do transporte ferroviário.


Esses valores podem chegar a R$ 10 bilhões.


Segundo a ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários os Concessionários de ferrovias investiram de 1997 a 2009 o montante de 20 bilhões de reais (valor que se auditado diminui drasticamente).


Desse valor o BNDES não anuncia quanto entregou as Concessionárias, as garantias recebidas, em que obras foram aplicados e o retorno econômico-social desses recursos, pois considera esses dados sigilosos.


Nesses 12 anos as Concessionárias além do faturamento dos fretes sobre os transportes tiveram também receita da venda de sucatas ( objeto de apuração da Policia Federal ) e de negócios explorando o patrimônio arrendado.


Não é preciso ser um grande economista pra ver que a privatização foi um mau negócio que vem gerando bilhões de reais de prejuízos que se acumulam a cada ano.


Que providencias serão tomadas para estancar esse crime ao patrimônio público e quem irá cobrar dos responsáveis o prejuízo ao país?


PRESIDENTE DA VALEC CONFIRMA SUCATEAMENTO


"No decreto previsto para ser assinado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, inclui-se a possibilidade de o governo fazer uso do trecho ferroviário que atualmente pertence às concessionárias, mas que não seja explorado comercialmente. Hoje, segundo José Francisco das Neves, presidente da Valec, há mais de 16 mil km de malha nessa situação" ( trecho de matéria publicada no Valor Econômico dia 111/8/2010 ).

Mais uma vez ele, no desespero e angústia de bom brasileiro, procura chamar a atenção para um modal que faz uma tremenda falta ao país. É fácil sentir a ausência dos trilhos. Rodovias recentemente duplicadas já mostram sinais de saturação. Os acidentes rodoviários matam dezenas de milhares de brasileiros e deixam muitos mais com lesões permanentes. O prejuízo da falta de boa infraestrutura de transporte de cargas é colossal, agregando custos a produtos que assim perdem competitividade ou diminuem o lucro dos produtores.

Recuperar a malha ferroviária do Paraná, por exemplo, não é algo assim tão absurdo. A Copel, que já faz um alcooduto, a “holding Copel”, poderia assumir essa tarefa se algumas restrições equivocadas forem superadas (se é que existem). Fundações precisam de bons projetos diante da expectativa de redução da mamata dos juros altos. O país volta a crescer, ou seja, precisamos urgentemente discutir com profundidade, entusiasmo e dedicação a infraestrutura de nosso país, nós aqui a do Paraná.

Se fazer obras para a Copa do Mundo agrada esportistas de TV, pipoca, cerveja e cadeira de Arena e cria projetos bons e maus, cuidar da infraestrutura de nosso país (revendo-se, inclusive, modelos apressados, mal pensados e pessimamente executados de privatização) é imperioso diante dos desafios do século 21.

O transporte ferroviário é um dos setores mais afetados pela tenebrosa privatização fernandina. É hora de se corrigir erros do passado e iniciarmos propostas e projetos decentes.

A campanha eleitoral está começando, vamos ver o que nossos candidatos têm a dizer.



Cascaes

16.8.2010

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