quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O planejamento urbano e a educação

Afinal o que é uma cidade? Quantas pessoas devem morar próximas para que se viabilize uma visão urbana? Viajando pelo Brasil podemos ficar confusos, pois muitos municípios existem em torno de pequenas aglomerações, onde eventualmente encontramos algo mais que a Prefeitura, algum cartório, igreja e praça. As escolas nem sempre merecem o mesmo capricho dado às autoridades formais, o que gerou multidões de analfabetos em nosso território.

Novas visões políticas, contudo, colocaram a Educação em foco e já não temos situações comuns no Brasil dos anos sessenta do século passado, quando os salários dos professores, além de ridículos, atrasavam eventualmente, em alguns estados e até da União, por meses a fio. Principalmente no que se chamava de escola primária, as professoras, na visão patriarcal da época, deveriam depender de seus familiares. O salário era um ganho adicional dispensável...

Mudamos muito nessas últimas décadas. O número de estabelecimentos de ensino (em todos os níveis) cresceu exponencialmente. A industrialização e a organização de grandes empresas estatais mostraram a carência de profissionais. Tivemos dentro de algumas delas centros de treinamento, que eram autênticas universidades. Grandes laboratórios e estímulo a cursos de mestrado apareceram no início da década de setenta, criando-se no Brasil uma base que não tem mais retorno, avança e abraça, inclusive, temas mais complexos pelas novas visões de sustentabilidade, acessibilidade, diversidade em todos os sentidos, cidadania, enfim.

Essa complexidade cultural começa a exigir novas posturas políticas. As decisões precisam ser bem pensadas. Obviamente a democracia verde amarela é um tanto relativa e, apuradas as eleições, entronizamos pessoas que, não raramente, esquecem discursos e propostas. De uma certa forma o povo encontrava dificuldade de se expressar, o que felizmente é coisa do passado. As telecomunicações vieram com tudo e não há mais como passar trotes na população sem chamar a atenção dos mais atentos.

O desenvolvimento do nosso povo não é uniforme, algo perfeitamente compreensível diante da diversidade cultural e econômica desse país-continente. Somos deixados em paz graças ao nosso tamanho (querem dividir o Brasil), mas também temos dificuldades diante do gigantismo territorial. Assim eleições para presidente da República são norteadas por propostas assistencialistas, projetos simplórios e discursos medíocres. A esperança é que, apesar disso, tenhamos gente capaz no governo...

As dificuldades de escolha de bons governantes acontecem em diversas escalas, tudo dependendo da formação das comunidades, dos estados.

As cidades brasileiras, unidade base de qualquer nação, agora estão sob inúmeras leis disciplinadoras de seu desenvolvimento. Vemos isso lendo o livro “O Automóvel” (Caruso, 2010) que apresenta dez entrevistas com pessoas de destaque em urbanismo e/ou rodoviarismo. Nas palavras dos entrevistados a preocupação com o planejamento urbano é onipresente, assim como as muitas formas de educação e de respeito às melhores lógicas de ocupação de espaços.

Ou seja, no Brasil já podemos contar com excelentes profissionais (o livro mostra isso) para a construção e reforma de nossas cidades, talvez só esteja faltando, ainda, é educação suficiente para se compreender a importância da “NÃO IMPROVISAÇÃO”.

Cascaes

18.8.2010

Caruso, R. C. (2010). O Automóvel, o planejamento urbano: a crise das cidades. Florianópolis: fiscal TECH.

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