Vaidades excessivas e o poder
Algo impressionante é a forma de como as pessoas se transformam quando atingem um certo nível de poder ou fama. Ao longo da vida descobrimos que em qualquer nível, o indivíduo chegando onde acredita ser uma posição de força, pode aparecer como um ser extremamente petulante, agressivo, exigente, cobrador de honrarias e rapapés. Pior ainda, chegam a se considerar donos da verdade.
Assim tivemos países dominados por ditadores de diversas espécies, não por que assim agiam a favor do povo, mas para construir altares à própria excelsa personalidade (Arendt, 2007).
Na história da Humanidade temos inúmeros registros de gente que martirizou o próprio povo construindo túmulos colossais, quando podiam ter feito obras de interesse de todos, assim como outros que foram (Herrero, 1945) desmontando seus estados para se manterem no poder.
A democracia sempre foi uma esperança de inibição de excessos. Em países mais cultos e educados para a valorização da liberdade e seriedade essa é uma condição que funciona. Em outros, acostumados a triunfalismos e conflitos medíocres, a entronização de reizinhos é rotina, com leis e tudo o mais na esperança de alguns, que em algum momento conseguiram aprovar leis disciplinadoras.
Na América latina temos um tipo muito especial de chefes produzidos pelo populismo, poderemos ganhar outros padrões de ditadura.
Isso demonstra a necessidade da dúvida, da vigilância cívica, da necessidade de transparência e da fragilização de quem assume postos muito elevados.
Os poderosos poderão se esconder atrás de paredes, muros, fortalezas, mas felizmente as telecomunicações e até o serviço antigo de Correios pode ser usado para alertar a nação para possíveis radicalizações.
“Gato escaldado tem medo de água fria”, diz o dito popular. O Brasil já passou por diversas formas de governo “forte”. Excessivamente fortes e isso não foi bom.
Na Grécia (Wikipédia) vem a primeira expressão para “Tirano”: Tirania (do grego τύραννος, líder ilegítimo) é uma forma de governo usada em situações excepcionais na Grécia em alternativa à democracia. Nela o chefe governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que devia representar a vontade do povo. Hoje, entre sociedades democráticas ocidentais, o termo tirania tem conotação negativa.
Nossa Constituição Federal prevê a hipótese de governo “sob exceção”, o famoso “estado de sítio”. Aí tudo se justifica, pois a maior prioridade de todas é a sobrevivência física, valendo, pois, em caso extremo, um comando forte, ainda que arbitrário, algo que nem no Japão atual ainda não aconteceu, em pleno desastre nuclear, uma catástrofe que se agrava dia a dia.
Temos um governo que mostra sua personalidade. Com certeza Sua. Excia. Dilma Rousseff não é uma pessoa disposta a diálogos em que suas teses não prevaleçam. O nosso regime é presidencialista e assim ela simplesmente exerce seus poderes de acordo com o figurino que escolheu. O perigo é gostar demais e acreditar que governa duzentos milhões de bajuladores e idiotas (no sentido inicial dessa palavra).
No jogo do poder o povo pode e deve sinalizar limites. A questão é: é isso que enxergamos ou realmente preferimos governos ditatoriais?
Maravilhosamente já possuímos “urnas eletrônicas” e a possibilidade de ampliar padrões de participação popular, amplos graças à internet, redes sociais, pesquisas “online”.
No facebook, por exemplo, criamos uma “cause” [ (Democracia Direta sem intermediários) (Democracia Direta sem intermediários - o povo no Poder Legislativo)], infelizmente com essa denominação inglesa, pois é como viabilizaram espaço para nossas propostas. Acreditamos na Democracia Direta sem intermediários, possível e há muito tempo existente para muitas questões nos EUA, por exemplo, onde os referendos juntam-se às eleições formais, levando o eleitor a votar em dezenas de propostas.
Podemos ter mais poder via “Democracia Direta”, com mais força talvez tenhamos menos manchetes policiais em torno do Poder Político e mais reportagens educativas, simplesmente.
Cascaes
16.3.2011
Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Cascaes, J. C. (s.d.). Democracia Direta sem intermediários. Acesso em 10 de 3 de 2011, disponível em a favor da Democracia no Brasil: http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com/2011/03/democracia-direta-sem-intermediarios.html
Cascaes, J. C. (s.d.). Democracia Direta sem intermediários - o povo no Poder Legislativo. Acesso em 10 de 3 de 2011, disponível em Mirante da Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/
Herrero, G. (1945). O Poder Os gênios invisíveis da cidade. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti.
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