domingo, 27 de março de 2011

Dinheiro carimbado, Democracia Direta

Dinheiro carimbado, Democracia Direta
O orçamento da União, dos estados e dos municípios (o primo pobre) é consumido com diversos critérios. Por força de da Constituição Federal e de algumas leis, uma parte tem destinação definida. Outra, talvez a maior, é usada para cobrir juros da dívida federal e combate à inflação.
O que serve para demonstrar o nosso atraso ou desenvolvimento político é o grau de conhecimento do destino do dinheiro pago na forma de impostos diretos e indiretos. Ontem ainda senti a raiva de um pequeno proprietário de bar em Curitiba, quando ele, que emprega mais de dez pessoas, mostrava que gasta uma fortuna em impostos. Ou seja, poderia pagar melhor seus funcionários e fazer um serviço de maior qualidade sem aumentar preços para os seus fregueses se a sanha fiscal fosse menor.
No Brasil mergulhamos num vórtice arrecadador, que penaliza principalmente os assalariados, os aposentados, os pequenos empresários urbanos e rurais em benefício de algumas corporações privilegiadas e esquemas camuflados sob rubricas diversas. De forma maldosa ou ingênua nossos políticos viabilizaram um Estado estranho e para esconderem suas inutilidades dizem que o Governo paga isso ou aquilo.
O problema é pior em países governados por ditaduras, das quais vimos, de alguns poucos deles, a poupança de seus líderes anunciada recentemente por bancos suíços e ingleses, que nunca se negaram a guardar sob 7 chaves o que era depositado em seus cofres. Com a queda de alguns, os bancos anunciaram “congelamento” de depósitos, ou melhor, passam a usar o dinheiro deles “esperando” processos que talvez algum dia determinem a devolução dessas quantias fabulosas aos povos de onde foram roubadas.
Existem diversas maneiras de lesar o povo, inclusive de forma legal, afinal as leis são feitas por quem?
Vimos uma audiência pública do EIA Rima do metrô para Curitiba. Foi extremamente didática, até pela resposta sincera a algumas questões colocadas (Cascaes). Por exemplo, o município de Curitiba pleiteou 700 milhões para corrigir drenagem na cidade, vai, talvez, receber 147, se nossos ouvidos não captaram equivocadamente a declaração do expositor. Ou seja, para fazer um metrô de forma açodada existe dinheiro, para a segurança e reforma da infraestrutura da cidade o Governo Federal libera uma fração do que seria necessário. Depois faremos campanhas de doação a flagelados, quando as chuvas vierem...
Está mais do que na hora do nosso povo acordar. Talvez uma parte dele continue se divertindo. Somos até motivo de estranheza de estudiosos (Giannetti, 2006). Como podemos ser tão felizes em meio a tanta miséria? Os senhores de senzalas souberam gerar escravos...
Teremos verbas ou não, qual será sido o critério? Bom comportamento? Submissão? Aplaudir qualquer loucura?
Podemos e devemos politizar nosso povo. Os brasileiros carecem de educação política, o que é natural se somarmos a quantidade de anos de exceção. Quando falamos em Democracia Direta sem intermediários (Cascaes, Democracia Direta sem intermediários - o povo no Poder Legislativo) é frequente ouvirmos frases tais como: o povo é ignorante, o povo não sabe votar, não estamos preparados para isso.
Sim, continuaremos despreparados se aceitarmos as mordaças, não usarmos a tecnologia, não quisermos discutir verbas carimbadas e aceitarmos covardemente aposentadorias e salários aviltados.
Pior ainda, vemos serviços essenciais piorando ou, quando progridem, a peso de ouro que descansará em paz em alguma conta bancária, aqui ou no exterior.
Até quando?

Cascaes
16.3.2011

Cascaes, J. C. (s.d.). Democracia Direta sem intermediários - o povo no Poder Legislativo. Acesso em 10 de 3 de 2011, disponível em Mirante da Cidadania: http://mirantepelacidadania.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Segunda fase da Audiência Pública - questionamentos. Fonte: Sistemas de metrô: http://sistemas-de-metro.blogspot.com/
Giannetti, E. (2006). Felicidade. São Paulo: Companhia das Letras.

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