domingo, 27 de março de 2011

Freud ou Marx, comportamento e sobrevivência.

Freud ou Marx, comportamento e sobrevivência.
A era industrial trouxe-nos teses ideológicas que radicalizaram sentimentos de xenofobia, racismos, exclusão etc. para compensar outras que propunham igualdade, fraternidade e liberdade. Se a leitura de muitos livros de história é impossível, existe um extremamente objetivo e de leitura fácil, sem as palavras difíceis que muitas vezes só confundem, é “História da Riqueza do Homem” (Huberman, 1986). Diante de tantas questões que nos afligem, é uma obra imperdível. Nesse livro que relata a evolução de conceitos e instrumentos de mercado tão simples quanto o dinheiro (simples em termos) ao longo dos séculos, podemos entender um pouco melhor as estratégias de poder de quem manda nos governos.
O ser humano é uma espécie complexa que tende, por impulsos que os psicólogos conhecem melhor, a valorizar em suas diversas fases da vida algumas pulsões e arquétipos distantes dos tempos atuais, quando deveríamos estar vendo uma humanidade melhor com novos padrões de comportamento.
Os livros [ (Campbell, As Máscaras de Deus, Mitologia Primitiva, 1994) (Campbell, O Poder do Mito, 1990) (Chauí, 2000)] assim como as coleções de história sobre a vida privada no mundo ocidental [ (Novais, 1997) (Philippe Ariès, 1991)] reforçadas pelas obras de outros sociólogos e historiadores fantásticos deveriam, a essa altura, levar-nos a uma visão realista do que enxergamos em casa, no clube, nas ruas, em nossas cidades, estados etc.
O desafio, diante de todas as taras e softwares ocultos em nossas mentes, é descobrir o melhor caminho para a boa convivência, o governo justo e necessário, a vida sem líderes absurdos e decisões criminosas, procurando sempre a felicidade, o aproveitamento máximo de tudo o que a Tecnologia possibilita para nossa felicidade e a sobrevivência de todos.
Vemos diariamente em manchetes reportagens que já estão virando rotina sobre a degradação da “Corte” no Brasil. Talvez estejamos alheios ao aumento da corrupção em outros países, alguns deles podendo ser nossos mestres; vivemos aqui, contudo, e é aqui que devemos atuar para corrigir comportamentos criminosos.
O desafio, entretanto, é a fragilidade crescente da Humanidade. De diversas maneiras corremos riscos que aumentam em todo o espectro de possíveis inimigos, acidentes, epidemias, terrorismo, guerras ou simplesmente a ampliação do crime organizado.
Felizmente a Tecnologia também pode vir a ser a solução, talvez até como elemento auxiliar de decisão e controle dos mais fortes. A transparência desejada torna-se possível. Se a desculpa era a perda de privacidade, sob diversos aspectos não existe mais, inclusive daqueles que ao entrar em diversos prédios deixam a fotografia e dados pessoais em arquivos sob controle do síndico. Precisamos da transparência de todos em detalhes que inibam ações perigosas à comunidade, de que jeito?
Perdemos privacidade da pior maneira, ficamos reféns de quadrilhas que poderão usar mal a informação, mas ganhamos alguma proteção, que troca! Como usar a exposição pública de forma adequada?
Vimos no Fantástico desta semana o escândalo dos radares. E agora? São úteis, utilíssimos para evitar abusos de motoristas irresponsáveis, mas exigem critérios adequados e uso justo, de acordo com nossas leis. Não faz sentido, também, vermos o dinheiro do contribuinte e das pessoas multadas para enriquecimento ilícito de indivíduos que a Justiça deverá enquadrar. Filmagens secretas feitas pelos repórteres mostraram como fazemos papel de idiotas, submetidos a máfias onde o caso “radares” não é dos piores.
A verdade é que o animal homem ou mulher prevalece sobre o cidadão e a cidadã. Talvez devamos atribuir isso à mídia consumista, aos novos hábitos freudianos de conquista, onde a etiqueta é colocada no lado de fora das roupas. O ser social precisa dominar o individualista.
Felizmente nunca se investiu tanto em educação no Brasil. É pouco, apesar de tudo, afinal os brasileiros se reproduzem rapidamente, têm muitos filhos e estamos atrasados em relação a povos mais atentos à importância das escolas. Muitas famílias, pobres por diversas razões, mal sustentam suas crianças, dependendo de escolas públicas, da merenda escolar, do transporte gratuito etc., mas com todos os defeitos possíveis a educação de primeiro grau, de longe a mais importante de todos os níveis, começa a evoluir. Deveremos ter gerações de brasileiros melhores.
E no resto do mundo? Assustadoramente descobrimos os radicalismos renascendo, a ignorância imperando.
A Humanidade deve, pode, precisa investir pesadamente em boa educação, em mudanças de paradigmas, em ações que, em sintonia com a nossa realidade íntima, façam cidadãos e cidadãs melhores, mais atentos e responsáveis. De Fukushima ao Morro do Alemão descobrimos que a omissão pode custar muito caro.

Cascaes
14.3.2011

Campbell, J. (1990). O Poder do Mito. São Paulo: Editora Palas Athena.
Campbell, J. (1994). As Máscaras de Deus, Mitologia Primitiva. (C. Fischer, Trad.) São Paulo: Editora Palas Athena.
Chauí, M. (2000). Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.
Novais, F. A. (1997). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
Philippe Ariès, G. D. (1991). História da Vida Privada. Companhia das Letras.

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