quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os perigos e descuidos nas canaletas de ônibus de Curitiba

Os perigos e descuidos nas canaletas de ônibus de Curitiba

Um sistema, qualquer empresa, toda atividade complexa exige atenção em todas as suas etapas de realização, operação e até para reformas ou desmonte.
Cidades que se desenvolvem rapidamente precisam de muito. Não é raro oferecerem benefícios fiscais, que depois farão falta ao pagamento do que se fizer para atender a demanda social (vide exigências atendidas da FIFA).
O transporte coletivo urbano, saneamento básico (vale a pena ver o que isso significa em (Saneamento) na Wikipédia), telecomunicações, energia, saúde em geral, educação etc. exigem um cuidado especial.
O aspecto negativo é o desconhecimento de eleitores e eleitos em torno desse conjunto que, para ser administrado, cobra extrema competência de quem tem poder de decisão.
Em Curitiba estamos vendo algumas situações exemplares, boas, outras nem tanto.
As canaletas são a marca do transporte coletivo urbano de Curitiba, que deveria ter evoluído para utilização de sistemas guiados (trilhos (monotrilho, VLT, O-bahn ou metrô ou uma operação segura e estratégias de urbanismo com possibilidade de velocidades menores e ambientes saudáveis.))
Obviamente, se as canaletas forem usadas para sistemas mais complexos que o modal “ônibus” provavelmente estaremos inviabilizado uma função importantíssima desses circuitos, que é servir de via expressa para veículos de serviço (carros de bombeiros, ambulâncias, policiamento e outros eventualmente urgentes e essenciais).
A saturação ou má operação do sistema é visível, contudo.
Nelas (canaletas) trafegavam (antigamente) ônibus com velocidade máxima razoável, agora, lamentavelmente, podendo chegar a 60 km/h (excessiva se lembrarmos que andam em mão e contra mão numa pista estreita sem qualquer barreira segura entre eles), o que configura a hipótese de acidentes gravíssimos, lembrando que a energia cinética é proporcional ao quadrado da velocidade. Assim um impacto direto na velocidade dos dois veículos em 60 km/h terá que dissipar 2,25 (dois vg vinte e cinco) vezes mais energia que na velocidade de 40 km/h.
Uma colisão frontal poderá, nas condições limites atuais, ter um choque a 120 km/h como velocidade relativa, o que seria catastrófico, lembrando que a lotação dos atuais ônibus articulados ou biarticulados chega a mais de cem pessoas. Carregados pesam dezenas de toneladas... Além disso, em abalroamento, os dois ônibus seguirão, naturalmente, um circuito diferente, eventualmente saindo da canaleta com outro potencial e tipo de desastres.
Sabemos que em carros biarticulados o último segmento “dança”, não seguindo fielmente o trajeto do “cavalo”, se a pista estiver com irregularidades (buracos, elevações).
Os passageiros de ônibus não têm as regalias dos usuários do transporte individual (mesmo sentados), ou seja: cintos de segurança, “airbags”, poltronas e carrocerias otimizados para impactos etc., tornando cada acidente um caso de resultados imprevisíveis e preocupantes.
Simplesmente criar um seguro ($$$) para os passageiros não resolve essa situação. Nada paga o sofrimento das vítimas e suas famílias.
Vimos e filmamos em 28 de março deste ano um trecho da canaleta entre a Praça do Japão e o Passeio Público.
Ficamos apavorados com a invasão de pista [crianças, carrinheiros, entregadores, pedestres, corredores “jogging” e até skatistas (o que não filmamos e motivou o acionamento posterior da filmadora)].
Os filmes estão no blog (O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia) assim como nossos comentários.
Ou seja, além de falhas de manutenção no sistema viário, a falta de policiamento eficaz está induzindo o povo a um comportamento suicida. Um ônibus não tem a manobrabilidade de um automóvel e seu motorista pode, inclusive, ter a visão impedida por passageiros em pé ao seu lado.
É um cenário que exige ações severa.
Precisamos de uma auditoria técnica competente, séria, honesta, rigorosa e recomendações à PMC para correções urgentes de tudo, de calçadas junto às estações tubo até as condições operacionais das canaletas e veículos.
O cenário é assustador para quem já teve a responsabilidade de ser Diretor de Engenharia da URBS, como aconteceu conosco entre 1985 e 1987.
Somando essa a outras experiências, podemos afirmar que a PMC precisa agir imediatamente ou o potencial de acidentes continuará elevado e crescendo assustadoramente.
Infelizmente, estranhamente, perdemos oportunidades excelentes de aprimoramento do transporte coletivo urbano de Curitiba no processo que terminou com a assinatura dos contratos de concessão atuais. A aceleração final foi ruim e inibiu discussões importantes, como, por exemplo, estratégias de aprimoramento e de subsídios (Cascaes, Férias caras, 2011).
Os editais das férias em Curitiba que o digam.


João Carlos Cascaes
Curitiba, 31 de março de 2011

Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 28 de 12 de 2010, disponível em O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (3 de 1 de 2011). Férias caras. Fonte: Jornal do Alcy Ramalho - Paraná Político: http://pp1-mirantedoaprendiz.blogspot.com/2011/01/ferias-caras.html
Wikipédia - colaboradores. (s.d.). Saneamento. Acesso em 30 de 3 de 2011, disponível em Wikipédia, a enciclopédia livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento

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