No Brasil a educação nas escolas, primeiro grau, não era prioridade. Em tempos difíceis a lógica era “onde fizermos um estádio de futebol teremos uma vitória da ARENA (partido político)”, ou seja, optava-se pela fantasia. Alguns anos antes, estudando em Minas Gerais, os professores de qualquer nível tinham dificuldades de receber o salário pontualmente. Em alguns estados o atraso podia durar meses, principalmente nas escolas do que chamamos agora de “primeiro grau”. Obviamente em colégios mantidos por ordens religiosas a situação era diferente e em alguma outra escola maior, privatizada, provavelmente os salários não atrasavam, afinal os alunos tinham pais que pagavam mensalidades ou os próprios alunos. Com a liberação sindical muita coisa mudou, mas estamos longe do razoável.
A imprensa explora ao máximo a chacina do Realengo. Crianças foram metodicamente assassinadas por um desequilibrado mental, que estudara naquela escola.
Inimputável, criminoso, demente ou um assassino frio influenciado pelo “11 de setembro”? Teremos por aí inúmeras teses de mestrado.
Por quê tanta violência?
A Educação plena (técnica, social, comportamental) é essencial e depende de todos nós, inclusive nas eleições, optando por candidatos comprometidos com a evolução do nosso povo.
Diante da degradação em ambiente familiar, facilitada ao extremo pelas leis “modernas”, que desprezam solenemente a vida da(s) criança(s) afetada(s) pela dissolução do casal, precisamos investir pesadamente no “primeiro grau”. Nesse primeiro período de estudos é essencial que se ensine muito mais que Português, Matemática, futebol etc.. Na escola as crianças devem encontrar o que de saudável possam ter perdido em casa.
Temos ONGs, clubes de serviço e outras formas de organização. O pesadelo nesse arquipélago de instituições é a diversidade de orientações. Assim, dentro de uma visão de consenso nacional, estadual e municipal (afinal temos uma Constituição Federal), com muito critério e cuidados devemos nos integrar às escolas, procurando auxiliar seu corpo profissional a educar, acima de tudo.
Em Curitiba, por exemplo, existe o Programa Comunidade Escola [ (Cascaes, 2010) (PMC) (Vinicius Boreki, 2011)], quem o conhece? Alguém contribuiu de alguma forma para o seu sucesso? Ele acontece em seu bairro? Somos todos, adultos, responsáveis pelo futuro dos que nos sucederem em vida sobre a Terra. Infelizmente, dentro de lógicas oportunistas, parte-se da valorização excessiva do individualismo em casa e dentro de alguns ambientes externos. Esquecem que, se no RJ agora mataram crianças, as vítimas poderão ser adultos e alguns muito ricos, como aconteceu nos EUA. Precisamos reverter o quadro de alienação perigoso em que mergulhamos.
Tivemos nesses últimos anos uma ênfase total em teses importadas, agora descobrimos o resultado pior; existem outros efeitos, mas não enxergamos, não dá mídia.
Precisamos pensar, analisar e avaliar o que está acontecendo no Brasil. A alienação parece onipresente. A displicência em relação ao que acontece bem perto, nas ruas, nos bares e esquinas da vida é enorme.
Todos falam dos efeitos da internet. Por quê não usá-la intensivamente a favor de uma educação melhor [ (Cascaes, Literatura Técnica Didática Digital - LTDD) (Cascaes, Ensino a Distância Inteligente)]? Ou os grandes grupos empresariais dedicados à indústria do ensino não querem competição...
Os administradores públicos devem e podem reverter erros, nada é impossível. A questão é: querem? Sabem? Têm competência?
Enquanto grupos de trabalho e seminários acontecem, o Brasil continua campeão de reciclagem de latinhas e plantando árvores no asfalto. Reciclamos por quê? De que jeito? Só em Curitiba temos dezenas de milhares de pessoas que não estudaram, não tiveram as benesses de uma boa formação profissional, puxando carrinhos e catando lixo. Nossas árvores caem, plantadas em locais errados. Será que vendo as belas árvores de Curitiba não nos lembramos dos erros antigos, que fazem do Brasil um país mais e mais perigoso? Erramos no “antigamente”, e agora? Pão e circo?
Oportunisticamente vemos os parlamentares querendo proibir armas de fogo, como se existisse apenas isso para cometer crimes premeditados. O atropelador de bicicleteiros em Porto Alegre (Opinião sensata sobre o atropelamento de ciclistas em Porto Alegre) não premeditou, cometeu, contudo, um crime hediondo. Vamos proibir a utilização de automóveis?
Seria interessante ver, ouvir, participar de discussões permanentes, públicas, sem censura de qualquer espécie, do padrão de ensino de nossas escolas e de como deixar de ser campeão de reciclagem de latinhas, do jeito que a coisa acontece. Seria interessante ver aqui o que descobrimos na França, Bordeaux: moças uniformizadas e com carrinhos especiais coletando latinhas abandonadas, pois lá eles não precisam disso para sobreviver.
Nossa sociedade é crudelíssima. A classe média descobriu o buraco para enfiar a cabeça, os “shopping centers”, e as mais altas, quando estão no Brasil, têm seus clubes. Nos bairros das grandes cidades, quando os donos do tráfico deixam, as crianças e jovens talvez encontrem várzeas para jogar e sonhar chegar um dia a ter o padrão de vida de seus heróis.
Dá vontade de perguntar, quem são os assassinos do Realengo?
Cascaes
13.4.2011
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 20 de 3 de 2011, disponível em Ensino a Distância Inteligente: http://eadinteligente.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Acesso em 22 de 2 de 2011, disponível em Literatura Técnica Didática Digital - LTDD: http://ltde.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (2010). Fonte: Mirante do Comunidade Escola: http://mirante-do-comunidade-escola.blogspot.com/
Opinião sensata sobre o atropelamento de ciclistas em Porto Alegre. (s.d.). Fonte: Esquentadinh, por um mundo mais cool: http://esquentadinho.com/2011/02/28/opiniao-sensata-sobre-o-atropelamento-de-ciclistas-em-porto-alegre/
PMC. (s.d.). Comunidade Escola. Acesso em 2011, disponível em Secretaria da Educação - Curitiba: http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index.php?portal=527&PHPSESSID=9afb8fbc4568123cb3ba92432318e2e6
Vinicius Boreki, B. M. (13 de 4 de 2011). Falta preparo contra a violência. Gazeta do Povo, p. 4.
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