Criminosos e sociedade bandida
A cidade do Rio de Janeiro há muito tempo perdeu encantos que faziam a “cidade maravilhosa”. Continua lindíssima, mas seu povo mergulhou em comportamentos inadequados e confusos.
Talvez seja vício de cidade muito grande, a verdade é que o carioca está muito longe daquele ser alegre e comunicativo de antigamente.
A violência cresceu tanto que o governo teve de pedir o apoio das Forças Armadas para “pacificar” alguns morros.
Neste cenário o surgimento de pessoas bestializadas é normal, pior ainda quando ela tem facilidade de comprar armas e munição em grande quantidade.
Crianças morreram na pior chacina de nossa história recente, essa talvez motivada pela morbidez da educação recebida e desvios patológicos de conduta. E os outras? É interessante registrar o livro Freakonomics (Steven D. Levitt, 2007), que mostrou numa parte deste trabalho uma hipótese para criminalidade nos EUA, ou seja, as crianças que nascem sob rejeição, são criadas sem amor, instruídas em ambientes agressivos.
Precisamos estudar com profundidade esses casos e concluir e aplicar recomendações corretivas e preventivas. O mal que foi feito não tem retorno, crianças mortas ou lesionadas física e intelectualmente para sempre. Não é privilégio do Rio de Janeiro o sadismo criminoso, em Curitiba já tivemos situações absurdas, principalmente por efeito do consumo e comércio de drogas.
O assassino do Realengo, contudo, mostrou outro aspecto, um comportamento típico do assassino metódico, psicótico e armando até os dentes. Ou seja, se tivesse sido submetido a exames psiquiátricos estaria sob vigilância, talvez deixando de ser o bandido em que se transformou.
Infelizmente, contudo, os cariocas aprenderam a conviver com bandidos, aceitaram seu comando e passaram a ver as atuações desses criminosos como ato de rotina. Vendo atentamente o depoimento de jovens sente-se, em algumas, por exemplo, até uma certa naturalidade diante do que houve. Isso é assustador.
A violência precisa ser contida em todas as formas sob pena de se estimular crimes maiores. Lamentavelmente notamos em filmes e histórias até a idolatria a esses monstros. Isso é muito grave e precisa de diagnósticos e corretivos. Como fazer? em nosso pais tudo ficou em segunda prioridade, valendo mais o que a Bolsa e Valores e o Banco central sinalizam do que a vida dos ser humano.
Podemos dizer que isso se deve ao “capitalismo”. Melhor seria se analisássemos nós mesmos e procurássemos indicadores de agressividade e de que formas evitar excessos. A violência não é ideológica, é consequência do culto a valores e paradigmas equivocados. Qualquer povo constrói seus valores a partir de processos de mídia e educação. Qual é o nosso propósito? Onde queremos chegar?
Talvez depois de mais essa chacina, executada friamente por um indivíduo que raciocinava de forma estranha, tenhamos propostas objetivas para atuação.
O que não podemos é conviver com atos dessa espécie, apenas lamentando número de vítimas e teatralizando emoções. Esperamos que tudo sirva de lição, infelizmente o mal está feito, o fundamental é inibir outros que poderão acontecer até bem perto de nós, queira Deus que não com nossos filhos e netos.
Cascaes
8.4.2011
Steven D. Levitt, S. J. (2007). Freakonomics, O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta (4 ed.). (R. Lyra, Trad.) Rio de Janeiro: Campus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário