Temos falado muito de calçadas e a importância delas para as pessoas com uma ou mais deficiências, para os idosos, seres humanos adoentados, crianças e, enfim, para todos nós. Parece que nada comove nossos planejadores urbanos, que preferem respeitar a opinião de gente do tempo das carroças ou de quando titias diziam que o desenho criado com petit pavê (por exemplo) era “artístico”.
Se a segurança, a acessibilidade e a mobilidade tranquila de pessoas em cadeiras de rodas, empurrando carrinhos de bebê, com bengalas para descobrir detalhes e não mergulhar em buracos ou bater nos queridos orelhões etc. não são importantes, podemos acrescentar motivos para uma reengenharia radical das calçadas.
Dificilmente algum cidadão responderá que a calçada é extremamente importante para as concessionárias de serviços essenciais e outros sob responsabilidade das prefeituras. Pois é, e muito!
Abaixo do piso das calçadas temos circuitos de águas pluviais, água potável, esgoto, eletrodutos e até cabos para comunicações, em alguns casos. Sobre o piso veremos os famosos orelhões, canteiros que as prefeituras querem para garantir um milionésimo de permeabilidade, postes, árvores, pontos de ônibus e táxis, bancas de revistas e outras coisas poderão acontecer dependendo das simpatias de quem pedir aos políticos. Com certeza seria infinitamente mais lógico, sensato e justo transferir para as concessionárias a responsabilidade de fazer e manter calçadas, sob a supervisão das prefeituras. Simplesmente não há sentido impor ao proprietário do imóvel confrontante fazer e manter calçadas. Ele deveria ser fiscal, vigilante, incumbido de avisar a prefeitura de defeitos e maus usos.
Neste final de 2010 e início de 2011 pudemos ver em Curitiba, no Balneário de Camboriú e em Blumenau mais um argumento a favor de maior atenção com o que existe sob o piso dos passeios.
Chuvas um pouco mais fortes transformaram a Avenida Getúlio Vargas, esquina do Clube Curitibano com a Saint Hilaire, numa área de enxurradas que simplesmente colocam em risco veículos e pessoas que passam pelo local. No Balneário de Camboriú o pedestre parece que está sendo abandonado, podendo, inclusive, morrer afogado na Avenida Brasil, entre outras. Blumenau choveu, o trânsito para em alguns lugares por efeito de acúmulo perigoso de águas das chuvas.
Em Santa Catarina até podemos relevar muita coisa, afinal passaram por algumas catástrofes, mas em frente ao Curitibano (ou do lado como alguns poderão dizer) já é sinal de relaxamentos que começam a assustar.
O pessoal da Economia e do próprio governo encanta-se com o número de prédios novos e outros tipos de obras, e a drenagem?
Sabemos que em Curitiba, principalmente após o anúncio de que os cartolas da FIFA e o Governo escolheram a cidade como um dos lugares para os profissionais chutarem bola por um mês, alguns cuidados estão em andamento. Deveremos até passar por reformas na região da Baixada e estudos de drenagem estão sendo feitos. Ótimo!
O que notamos é o resultado de muitos anos de desprezo pelo que existe debaixo das calçadas. Em cima delas o que menos importa é o pedestre. Cuidando da drenagem, contudo, poderão, pelo menos, evitar o afogamento de algum mochileiro durante a Copa do Mundo ou a inundação da Arena da Baixada.
A verdade é que nossos prefeitos precisam acordar para as demandas técnicas de cidades que crescem sem parar. Está na hora de mais Engenharia e menos perfumaria.
Cascaes
7.1.2011
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