domingo, 16 de janeiro de 2011

Covardia, intolerância e omissão

A convivência entre seres humanos civilizados e amantes da alegria de viver exige tolerância diante de todos os tipos de diversidades. Diferenças sexuais, políticas, étnicas, religiosas, esportivas e outras que possam surgir devem acontecer sem causar aversões nem indignações. Não podemos cair em clima de ódio gratuito, tolo, irresponsável, se é que existe alguma forma justificável de raiva extrema.
O radicalismo pode chegar a absurdos tremendos como vimos nos EUA em diversos eventos, o mais recente vitimando pessoas que exerciam o direito de discussão pública de suas opiniões.
O atentado contra a deputada Gabrielle Gifford (com muitas vítimas fatais) é mais um daqueles atos absurdos de uma nação que se orgulha de sua força e se diverte com a violência.
Infelizmente quando até governos de países “desenvolvidos” se gabam de fazerem a mãe das bombas, podemos ficar muito preocupados.
Curitiba aproxima-se desses limites. É assunto que merece estudos diversos e ações enérgicas do Governo. Sabemos que violências de todos os tipos acontecem e estranhamos muito quando sentimos o desinteresse em atender vítimas indefesas, especialmente mulheres agredidas em praça pública, como aconteceu com uma militante do Movimento Passe Livre – MPL.
Devemos entender que o MPL, gostemos ou não das teses políticas que defendam, está trabalhando, arriscando-se a favor do povo de Curitiba. Quando questiona o edital do transporte coletivo urbano, acontecido nas férias de verão do ano passado, e a possibilidade de um tarifaço faz o que todos deveriam fazer, principalmente entidades como a OAB, IEP, CREA, FIEP, MP, Câmara de Vereadores e outras.
Na ausência dessas corporações esse pequeno grupo de jovens procura uma forma de dizer com todas as letras possíveis: vem aí um tarifaço que atingirá a todos.
As tarifas do transporte coletivo urbano pesam no orçamento do povo via custos diretos e indiretos, além de ser fator de decisão entre o transporte coletivo ou individual.
Lamentavelmente o pessoal está de férias ou trabalha duro para sobreviver. Dessas circunstâncias aproveitam-se aqueles que exploram os serviços públicos e autoridades responsáveis por decisões nem sempre populares.
O essencial humano nessa história é a agressão, a provocação e agressão que indivíduos, embriagados pela força e habilidades que possuem, exercem contra pessoas reunidas para falar de seus ideais e lutas que a democracia viabiliza, ou seja, via protestos pacíficos, ainda que incomodativos à gente que gostaria de permanecer oculta.
Em família discutimos muito questões de gênero, o que nos traz estatísticas assustadoras de nosso Brasil não tão pacífico quanto deveria ser. Minha amiga Nédier cansa de escrever sobre a violência no campo. As reportagens mostram que precisamos das Forças Armadas para dominar fortalezas do tráfico. Tudo isso nos deixa tremendamente preocupados.
Minha geração está passando o bastão. Que bandeira entregaremos para nossos filhos, netos e bisnetos? Um bastão ensanguentado, vermelho de sangue de inocentes?
Na televisão temos visto muitos filmes falando dos tempos da ditadura, explícita, óbvia, em luta contra guerrilheiros.
Faremos filmes mostrando outros tempos (atuais) em que a polícia se encolhe, autoridades se omitem, entidades de classe historicamente atuantes se escondem?
Acorda Brasil!

Cascaes
10.1.2011

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