quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Funções técnicas, cargos estratégicos e tribunais técnicos.

Ainda não superamos a barreira da má influência política ou de investidores irresponsáveis em cargos estratégicos. Talvez isso nenhum país tenha conseguido. Pode-se imaginar isso diante das neuroses humanas e suas limitações. O pesadelo é proporcional ao tamanho das instalações e de riscos inerentes à sua estrutura. Descobrimos, no caso do acidente de Fukushima, que até países desenvolvidos não dominam técnicas de vigilância e gerenciamento em atividades essenciais de grande complexidade.
Isso é um assunto que mereceria uma ONU especial, alguma entidade internacional que no mínimo definisse notas e indicadores de qualidade e risco. Ficaríamos surpresos com as notas.
No Brasil constatamos o óbvio, a degradação do DNIT, por exemplo. A sensação que temos, contudo, é que por má-fé, incompetência ou ignorância o problema é infinitamente maior.
Naturalmente o que mexe com emoções é a corrupção. Temos até tribunais para analisar rituais de contratos e pagamento de contas.
Não temos tribunais técnicos.
Não existem entidades independentes e bem equipadas auditando a qualidade técnica de coisa nenhuma. As agências reguladoras são uma tremenda ilusão, verbas contingenciadas e ingerência política mataram uma ideia que poderia ser boa.
As lutas contra a inflação e a estabilização financeira do Brasil demoliram a tecnologia em todas as atividades de destaque. Faltava dinheiro para tudo. A improvisação e o desprezo pela qualidade atingiram níveis absurdos.
As empresas descobriram que gastar dinheiro com publicidade era mais eficaz do que investir em bons serviços. No Brasil vale o “engana que eu gosto”.
As seguradoras parecem que agem sem concorrência, a impressão é que a cartelização é a regra em tudo.
No Setor Elétrico ouvimos coisas espantosas, como, por exemplo, grandes transformadores queimando porque na outra ponta a empresa de transmissão resolveu aplicar de forma temerária o religamento automático. Os atrasos na entrada em operação de grandes máquinas parecem algo natural e quando o sistema cai algumas concessionárias simplesmente dão a impressão de estarem sem a proteção de “load shedding”, deixando para outras o ônus do reequilíbrio entre carga e geração.
A má qualidade das obras e o gerenciamento incompreensível desmonta portos e aeroportos sem maiores explicações e até explosão de gasoduto aconteceu sob chuvas fortes, parece piada.
O pesadelo poderá ser maior. Aliás, existe sem que as pessoas reclamem. Nossas cidades crescem sem parar, em caso extremo, contudo, que perigos a população poderá enfrentar em caso de calamidade?
As ruas e avenidas não são de borracha, por onde se deslocarão ambulâncias, carros de bombeiros, de policia e a própria população? Quais são os planos do que denominamos “Defesa Civil”? Os planejadores estão atentos? Temos até estádios de futebol no centro das cidades, pode?
Energia elétrica, exemplificando, é essencial a praticamente todas as atividades humanas. E o que vemos? Uma infinidade de ONGs dizendo besteiras monumentais em torno da transformação e produção de energia. É até compreensível que muitos desprezem seus filhos e amigos, afinal, a muitos o ser humano é a praga da Natureza...
O que é real é a fragilidade da Humanidade. Em todos os setores, da Saúde à Energia dependemos mais e mais de grandes instalações, serviços e soluções táticas e estratégicas. Quem governa isso tudo? Quais são os critérios de definição de gerentes? Como estão os nossos cursos de terceiro grau e a formação de técnicos?
Dizem que Deus é brasileiro. Quando vemos acidentes como o do bondinho de Santa Tereza a impressão que dá é que nem a estátua do Cristo Redentor consegue convencer o Grande Arquiteto do Universo de que fazer pouco das leis da Natureza pode ser um direito de algumas nações.
Acorda Brasil.

Cascaes
4.9.2011

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