O livro “Sobre a Revolução” (Arendt, 2011) trata com profundidade mais uma vez, na obra de sua autora, o que é a democracia e o processo político no mundo. Eleger a Corte é um processo complexo que ganhou um suporte caro, do qual poucos discutem sua sustentação: o marketing político, as campanhas eleitorais.
O povo brasileiro é “mão de vaca”. Doações são difíceis, o pouco que dão é extremamente festejado, serve mais para limpar consciências.
Já na campanha que fez de Jânio Quadros nosso presidente, a Revista Visão, se não nos enganamos, dizia em algum artigo que o voto custaria, cada um, em torno de 5 a 10 dólares. Gastaram uma fortuna e elegeram uma pessoa de qualidade mais do que duvidosa para governar o Brasil. O importante era o Presidente atender seus patrocinadores...
Portais nacionais informam quem doou e quanto deram para as campanhas eleitorais. É um espanto, diante de tudo isso, ver a “indignação” de brasileiros diante do comportamento dos políticos. O Jornal Gazeta do Povo (Plano Plurianual - O governo Dilma mostra a cara, 2011), felizmente mostrando que teremos dinheiro para setores importantes num país com tantos problemas sociais, não falou dos juros.
Outras reportagens, contudo, apontam para despesas estranhas, fazendo do nosso país campeão mundial em pagamento de juros e de promoção de alguns projetos que simplesmente não convencem, como o famoso TAV (TAV Brasil - Trem de Alta Velocidade), uma prioridade que não é prioridade.
Em 2010, transcrevendo da revista Banc@arios, gente que entende e sabe das coisas, “o governo destinou 44,93% de todo o seu orçamento para rolagem da dívida, seja por meio de amortização, seja refinanciamento ou para pagamentos simples de juros. Somente em juros, o Brasil gastou R$ 172 bilhões, que representou 572 vezes mais do aplicado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que teve valor de R$ 29,9 bilhões, ou 13,13 vezes os recursos para o Programa Bolsa Família (13,1 bilhões).” (Diaz, 2011)
Podemos continuar dizendo que o governo doa anualmente em juros que ele estabelece algo em torno de 172 maracanãs novos, o equivalente a quase oito e meio milhões de casas populares ou mais de oitocentos mil ônibus escolares de grande porte ou mais de um milhão de ambulâncias a emprestadores que assim faturaram sem riscos significativos, sob a desculpa de “combater a inflação” ou pagar dívidas de empréstimos para compra de dólares furados.
Nossos credores são: 8% Empresas não-financeiras, 16% Fundos de Pensão, 21% Fundos de Investimento e 55% Bancos nacionais e estrangeiros absorvendo 44,93% do Orçamento da União (números que oscilam de acordo com decisões circunstanciais e cenários internos e externos).
Note-se que “70% da inflação vem de preços administrados pelas famosas agências reguladoras que “ao invés de regular, são reguladas” pelas grandes empresas e bancos. “O detento controla o carcereiro”” (Diaz, 2011).
Para tudo isso já se fala em novo imposto, pois a atual administração quer mostrar PACs com dinheiro novo.
Além de tudo isso existe a malversação explícita do dinheiro do contribuinte e do usuário de serviços essenciais, submetido a tarifas discutíveis.
Se a liberdade de comunicação nem sempre é responsável, ela está incomodando tremendamente corruptores e corruptos, coisas desse tipo são de domínio público.
Temos, contudo, quem defenda o clima de agiotagem amplo que se instalou no Brasil.
O processo político perverso, que entroniza prepostos de gente indiferente com a sorte do povo, é até defendido com ares de indignação quando aparece alguma alternativa que diminua o poder dos financiadores de campanhas.
Estranhamente muitos articulistas se colocam contra o financiamento público de campanhas. Por quê? Porque haveria maneiras de burlar a legislação? Sim, não há dúvida que sim, mas quanto seria isso? O TRE não teria assim, com o apoio da Polícia Federal uma maneira de reduzir influências perversas?
A democracia é uma utopia sem substituto quando preserva a liberdade e procura agradar ao povo. Nossa obrigação é aprimorá-la diante de experiências negativas e detalhes perniciosos.
Queremos governos realmente atentos às necessidades dos brasileiros, dispostos a trabalhar pela formação de uma nação saudável, feliz e livre.
O que falta?
Cascaes
5.9.2011
Arendt, H. (2011). Sobre a Revolução. São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Diaz, P. (agosto de 2011). Dívida Pública e Interesses ocultos. Banc@arios, 06 a 07.
Gonçalves, A. (4 de Setembro de 2011). Plano Plurianual - O governo Dilma mostra a cara. Gazeta do Povo, p. 13.
TAV Brasil - Trem de Alta Velocidade. (s.d.). Fonte: TAV Brasil: http://www.tavbrasil.gov.br/
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