domingo, 9 de outubro de 2011

A Dívida Interna e os juros bancários e prestações

O controle do endividamento é algo sagrado e merece sempre extrema atenção. Quando a dívida cresce muito mais do que a riqueza de um país é para se ficar assustado. Estamos vendo o resultado da irresponsabilidade europeia, onde muitos países foram estimulados a investimentos de retorno duvidoso (dependiam do sucesso do turismo, por exemplo) e agora os países de onde saíram os trens da alegria cobram rigor orçamentário, querem salvar seus bancos e seguradoras e na ponta o parque industrial exportador.
No Brasil a perda de sensibilidade em relação a custos financeiros faz a fortuna de muitas empresas, de bancos a lojas.
O “freguês” gasta sem perceber o endividamento e a quantia absurda de juros que paga. Temos até lei impondo que as compras via cartão de crédito devem ser de valor igual se comparadas a débito em conta ou pagamento no final do mês. Algumas empresas ainda permitem o parcelamento “sem juros”, ou seja, que paga à vista está gastando mais do que devia e o cidadão é induzido a não prestar atenção aos custos financeiros.
Que festa, e que desculpas!
Nosso competente Banco Central onde todas as alquimias foram feitas para enfrentar o endividamento e a inflação [livro imperdível (Leitão, 2011)] acatou a sugestão dos credores, impondo ao Brasil uma lógica linear e simplória de combate à inflação. Nossos economistas parecem os médicos de meio século passado, receitavam penicilina até para dor de barriga. O medicamento exagerado acabou se tornando pouco eficaz e os antibióticos são cada vez mais fortes, necessários à medida que as doenças têm outros vírus e bactérias mais robustos...
Vendo os gráficos da dívida interna no Brasil, crescendo à medida que o Governo pega dinheiro no “mercado” para cobrir déficits ou combater a inflação ou comprar dólares etc., podemos ver que já atinge valores astronômicos em relação ao nosso PIB. O portal (Auditoria Cidadã da Dívida) merece ser visto , lido, estudado, debatido e divulgado para que não venhamos mais adiante usar a famosa frase “eu não sabia de nada”.
O mais incrível de tudo é que esse endividamento foi desnecessário. É fruto de uma lógica absurda de combate à inflação (Diaz, 2011) que só é possível porque lamentavelmente nos deixamos empolgar com os resultados do Plano Real sem muita atenção a momentos de ajustes de rotas. Afinal os juros altos são o diferencial de inúmeras empresas na luta contra a concorrência e no enriquecimento próprio. A produção e o comércio tornam-se instrumentos de ganhos financeiros, simplesmente.
O atual governo demonstra preocupação e parece sinalizar mudanças, com reações mais do que esperadas de certos setores de nossa “Economia”. Quanto maior for a sangria orçamentária, menos o Governo faz, mais fácil aos partidos de oposição elegerem seus candidatos. A maldita política não existe a favor do povo.
Felizmente temos muitas formas de comunicação, lamentavelmente também encontramos muita falta de atenção ao que realmente existe. Maravilhosamente alguns sindicatos estão acordando e mostrando que o trabalhador será a principal vítima do desgoverno.
Ainda podemos corrigir planos e caminhos, o fundamental é rever prioridades, planos e na Política Econômica não repetir os erros dos países mais ingênuos da Comunidade Europeia.

Cascaes
13.9.2011

Cidadã, O. m. (s.d.). Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida: http://www.divida-auditoriacidada.org.br/
Diaz, P. (agosto de 2011). Dívida Pública e Interesses ocultos. Banc@arios, 06 a 07.
Leitão, M. (2011). Saga Brasileira, A longa luta de um povo por sua moeda. Rio de Janeiro: Editora Record.

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