quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Voto de tabela

No processo político brasileiro temos algo estranho, muito estranho. Os candidatos a vice a Senador e para substituto do Presidente da República parecem tirados de livros de aventuras confusas, boas para assustar criancinhas. É difícil de imaginar que um sistema democrático permita essa excrescência, segundo a qual pessoas eventualmente irrelevantes ou desprezíveis aparecem como segundo e até terceiros em chapas importantes. Indivíduos, que não conseguiriam se eleger vereadores em suas cidades, poderão ser até presidentes da República se os titulares vencerem as eleições.

Cabe uma pergunta ao eleitor: já escolheu seu candidato a Senador e Presidente da República? Sabe quem são os vices? Conhece a dinâmica do Poder?

Deveríamos ter eleições separadas para qualquer cargo, em hipótese alguma nessa condição de vinculação. Até porquê parece que nem sempre existe afeto e companheirismo real entre o eleito e seu(s) vice(s), afinal nenhum “galinheiro” aceita dois galos.

A “brincadeira” existe também para os diversos Parlamentos. O famoso “voto de legenda” faz com que, apesar do cuidado de nossas escolhas, na verdade estejamos dando votos aos mais votados do partido. De novo a pergunta, o leitor tem idéia de quem serão os mais votados do partido do seu candidato? Será ele, por acaso? Se não simplesmente estará contribuindo, não raramente, para a entronização de quem não gosta.

Vimos na definição das chapas para o comando do Brasil a guerra para escolha do candidato a vice-presidente. Por quê?

Os três candidatos não têm saúde tão forte a ponto de darem tranqüilidade à nação. Se eleitos viajarão muito, sujeitos, portanto, a todo tipo de acidente. No Brasil temos suspeitas homéricas em relação à morte de algumas personalidades políticas. Carlos Heitor Cony (O Beijo da Morte, 2003) que o diga... Vimos Tancredo eleito e Sarney sendo empossado. A desculpa é a segurança institucional, a normalização democrática. Desse jeito?

Com certeza é hora de uma revisão política. A questão é: como fazê-la? Quando? Mudar o quê?

Tudo começa pequeno. Devemos provocar debates, discussões, estudos, dissertações, teses, doutorados etc.. O fundamental é que nosso povo evolua e corrija as imperfeições de sua “Democracia”. Isso é palpável quando sabemos que agora milhões e milhões de brasileiros freqüentam escolas, tem acesso à internet, estudam e acompanham algo mais que futebol e carnaval. Aliás, os grandes chefes fazem uma força tremenda para que o famoso “pão e circo” não falte no cotidiano dos brasileiros. Essa é uma lição romana que os políticos brasileiros usam intensivamente.

De passo em passo podemos progredir. Temos bons candidatos. Talvez alguns partidos políticos ainda não estejam impregnados de esquemas, de estruturas de cooptação de votos tão odiosos quanto vimos no escândalo da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, agora com “agentes políticos” institucionalizados..

Precisamos escolher criteriosamente em quem votar. Esquecer programas eleitorais e ir fundo na biografia dos candidatos e na de seus companheiros de chapa, seus vices e vices dos vices. Principalmente quem vive por aqui não tem a desculpa da ignorância. Temos bons jornais, rádios, blogs, portais etc. Quem quiser encontrará informações talvez não suficientes, mas necessárias a tirar muitas dúvidas.

O Brasil precisa de nosso respeito, carinho e disposição de luta. Simplesmente bater no peito e cantar o hino nacional é muito pouco. Agora, vote certo, vote conscientemente.



Cascaes

8.9.2010

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