A lógica neoliberal procura transmitir a todos que somos descartáveis, material de consumo e que o mundo é terra do “cada um por si e Deus por todos”. Essa mensagem subliminar se sustentava com o sucesso de um país que aprendeu a explorar a humanidade e afundou querendo ganhar dinheiro demais à custa do seu próprio povo. A esperteza da era Bush, infelizmente, custou muito caro aos nossos irmãos do norte, em todos os continentes. No hemisfério sul o egoísmo é atávico, não surpreendeu, mas aqui a motivação da violência é o mandonismo arbitrário, o prazer sádico do exercício do poder.
No caudilhismo esquerdista temos a alternativa latino-americana, o Governo totalitário, incapaz de gerar um povo inovador, criador, empreendedor. Nesse estilo de dominação vimos situações antológicas (sem ofensa às antas) no Brasil e no Paraná. Perplexos, testemunhamos espetáculos de deboche de pessoas trabalhadoras, sem maior preocupação dos grandes caciques que demonstrar autoridade até sobre indivíduos bem colocados na hierarquia de poder. As ofensas não se limitaram aos meio fortes. Nossa legislação para o inquilino, por exemplo, mudou draconianamente e ninguém protestou (incrível o grau de castração do nosso povo). Aposentado? Que morra! Seguros? Taxas em cima dos trouxas... Pretensos projetos sociais aos poucos se revelam autênticos pesadelos para seus beneficiários. O cidadão comum, quanto mais pobre, mais se transforma em estatística. Solução? Esmolas oficiais mal feitas...
O lucro é a meta (para o Estado a Receita Fiscal e o lucro das estatais). As empresas se viram para mostrar balanços favoráveis. Seja ao custo de “enxugamentos” ou limitações em investimentos e custeios, o fundamental é exibir-se bem para a banca internacional e o cassino entre jogadores de Bolsa; até cafezinho cortaram em companhias que tradicionalmente cuidavam bem de seus “colaboradores”, eufemismo inventado pelos consultores em administração.
Problemas gravíssimos de infraestrutura, por exemplo, foram “empurrados com a barriga” e a incompetência administrativa do ponto de vista técnico tornou-se flagrante. Em dois congressos e seminários vimos isso com exaltação, emoção e tristeza.
Dois eventos vinculados ao CONFEA (Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), a 67ª. Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e o 7º. Congresso Nacional dos Profissionais, realizados em Cuiabá, MT, de 22 a 28 de agosto de 2010 e o seminário nacional “Investimento Público: análise e perspectiva”, promovido pelo FISENGE, DIEESE e SENGE-PR com o apoio do IPEA e CREA-PR (9 de julho de 2010, vide blog http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com/ ) mostraram isso com todas as letras.
Questões importantíssimas foram deixadas para mais tarde, colocando nossas grandes concessionárias, COPEL, por exemplo, sob riscos institucionais diante da inação de muita gente, que deveria ter batalhado para resolver as incoerências de leis mal feitas e decisões equivocadas. Em Curitiba, no desprezo pela opinião pública (devemos ser idiotas na visão desses “administradores”) chegamos ao absurdo de desmontar uma boa lógica técnica em torno do transporte coletivo urbano com uma licitação para outorga de concessões inacreditavelmente mal conduzida e o lixo da RMC será o pesadelo a ser resolvido após as eleições (assim como as tarifas dos ônibus). A solução do que poderia ser fácil, a Copa do Mundo, vê todos os prazos esgotados pela incapacidade de descobrirem alternativas a propostas inaceitáveis. Incrível!
Mas, e os jovens?
Num evento no IEP alguém experiente em política perguntou, e os jovens? Só vimos cabeças brancas.
Sim, e os jovens? Teriam disposição para fugir a seus afazeres domésticos e lutar por ideais que ao longo dos últimos anos foram demolidos sistematicamente?
Felizmente nosso povo é muito diferente daqueles que Hannah Arendt descreve em seu livro (Origens do Totalitarismo, 2007) e simplesmente se afasta de processos políticos que não o atraem após tantas frustrações e vivência em empresas com espírito primário. Se a garotada prefere lutar pelo futebol é na falta de empolgação em torno de um processo político que, no geral, mostrou-se sórdido, hipócrita e agressivo. Ou quem sabe, a ausência dos jovens aconteça porque dentro das grandes empresas não viram ambiente para exercitarem a cidadania, algo que as nossas universidades inibiram na esteira de lógicas repressivas do período militar...
Se queremos um Brasil melhor precisamos empolgar, cativar, reeducar os jovens. Eles são (para nós mais velhos sempre garotos e garotas) e serão o futuro do Brasil. Queremos ver garotos jovens e adultos imberbes empunhando bandeiras sociais, gritando, falando de política. Essa será a vacina contra maus governos e novas ditaduras.
Vale a dúvida, contudo: será que estamos educando de forma correta nossos filhos e netos?
Cascaes
14.9.2010
Perfeito!!
ResponderExcluirNossos jovens nos remetem a nossa juventude, quando muitos de nos viveram a angustia da repressao ao pensamento, a liberdade de expressao.
Hoje os jovens vivem outra realidade, a da competicao e da inseguranca quanto ao futuro.
Ontem, tinhamos o conforto da estabilidade, hoje eles vivem a mudanca constante!!