sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Competição institucional

Do Dicionário Houaiss temos que “Institucional” é:
 adjetivo de dois gêneros
1 relativo ou pertencente a instituição
Ex.: uma das tarefas do antropólogo é distinguir e classificar os comportamentos i. numa sociedade
2 relativo às instituições do Estado
Ex.: âmbito i. do Estado
3 cuja finalidade é institucionalizar algo
Ex.: ato i.
4 que tem características de instituição
5 Rubrica: publicidade.
que visa estabelecer uma imagem favorável para uma dada marca, empresa, instituição, órgão público ou privado (diz-se da propaganda)

A onda neoliberal, provocando no Brasil um processo de privatização de estatais, teve a simpatia popular, pois muitas delas simplesmente desprezavam o principal, o cliente, o povo. A irritação popular pode ser tanta que até existe lei alertando o cidadão de que é crime tratar mal um funcionário público (Decreto-Lei No 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Art. 331 – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa).
Tivemos, portanto, uma competição entre a imagem da empresa pública e a expectativa de serviço ou produto dessa mesma companhia sob comando privado. Ela tinha sentido. Muitas estatais, bancos, inclusive, atendiam muito mal e apenas despertavam no cidadão a raiva de ser mal tratado numa empresa que lhe pertencia, ainda que infinitesimalmente.
Sobraram poucas estatais, o risco continua, entretanto. Felizmente para os defensores das empresas sob controle do governo, muitas concessionárias privatizadas mostraram-se terrivelmente ruins, agressivas, até, aos seus clientes.
Vivemos, dessa forma, uma competição entre propostas institucionais que aparecem com força em campanhas eleitorais. Por exemplo, a Copel deve ser privatizada? A Sanepar? O transporte coletivo urbano pode continuar como está? O SUS cumpre suas obrigações? E o INSS, seria melhor se privatizado?
Lamentavelmente a discussão se instala no plano ideológico. Deveríamos ser mais precisos, mais objetivos. Afinal aprendemos a criar indicadores, a fazer pesquisas, a ter elementos matemáticos de avaliação, medição, fazer comparações, estabelecer qualificações etc.
Qualquer solução tem aspectos positivos e negativos.
Com certeza o mais flagrante é a qualidade dos gerentes. Imagina-se que numa estatal seus chefes tenham maior sensibilidade ao cidadão comum; ledo engano, via de regra estão realmente atentos ao que os grandes caciques desejam. Nas empresas privadas a coisa é mais simples, normalmente todos olham os balanços, os indicadores da Bolsa de Valores, os resultados financeiros e a possibilidade de perder o emprego.
Precisamos evoluir e viabilizar inúmeras formas de vigilância e avaliação, principalmente em torno dos serviços essenciais. Nosso povo certamente chegará lá. Temos dezenas de milhões de brasileiros nas escolas, estudando, aprendendo. Vem por aí uma nova geração, mais moderna, melhor preparada. O desafio será, contudo, dar-lhes elementos de independência de julgamento, de discernimento, de capacidade de avaliação, vigilância permanente. O que hoje é estatal amanhã poderá ser privatizado e vice versa. Acima de tudo queremos bons resultados e não simples imagens ou natureza institucional, a favor dessa ou daquela ideologia.
Felizmente aos poucos a humanidade está aprendendo que rótulos dizem muito pouco...
Cascaes
6.9.2010

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