Calçadas – um excelente indicador de respeito ao ser humano
As cidades revelam sua cultura, ética, moral e respeito aos
direitos humanos na construção e manutenção de circuitos para pedestres. Esses
caminhos dizem muito sobre a personalidade de um povo, inclusive sua capacidade
de sobreviver num planeta cheio de modismos, mídia paga, propostas venais, irresponsável,
inconsequente, poluído de todas as formas possíveis.
Com certeza os cidadãos mais velhos, principalmente, talvez
não percebam a velocidade estonteante das mudanças em torno da mobilidade em
geral e da segurança de todos, desprezando detalhes vitais à própria
sobrevivência. O pior é que alguns deles mandam.
Países mais ricos criam tecnologias e modelos que procuram
vender aos mais atrasados (armas, principalmente). Incutem prioridades falsas.
Neles, contudo, a preocupação com os pedestres é notável,
com destaque para aqueles lugares onde gente idosa, com deficiência(s),
adoentadas e as crianças são até veneradas ou simplesmente respeitadas.
No Brasil precisamos da Lava Jato para descobrir o grau de
alienação de nosso povo, algo absurdamente elevado. Assim como aconteceu na
Europa, exemplificando, esperamos ter novas gerações de brasileiros mais
conscientes.
Muitas cidades estão mostrando soluções de convivência do
pedestre com tudo o mais; assustador, contudo, é saber que moramos numa capital
considerada modelo de urbanismo que prefere pedrinhas com desenhos considerados
obras de arte e outras calçadas piores, usando simples paralelepípedos e lajotas
som superfície irregular.
Valorizamos demais detalhes de ornamentação da capital
paranaense esquecendo requisitos técnicos, que bons laboratórios poderão criar,
demonstrar, estabelecer criando padrões de segurança a favor dos pedestres.
Alternativamente a cidade poderia prescrever uma série de
recursos técnicos para o cidadão que anda, à semelhança dos passageiros de
automóveis (sapatos especiais, airbag, roupas acolchoadas, alarmes etc.). Diante do ridículo dessa proposta o que
realmente é importante é termos passeios, calçadas, calçadões etc. feitos e
mantidos com boas técnicas e sem invasões violentas de outros veículos, com boa
iluminação, segurança, WC públicos (inclusive junto às estações tubo), lombadas
em vias mais lentas e até nas famigeradas “vias rápidas” e muito mais,
dependendo dos objetivos funcionais.
Naturalmente a calçadas e seus derivativos são parte de um
sistema maior.
Com certeza Curitiba, por exemplo, carece de outros modais
de transporte coletivo, quem pagará?
A corrupção quebrou o Brasil assim como muitos estados e
municípios.
Na impossibilidade de resolver os piores problemas em prazo
curto, deveríamos no menor tempo possível promover cursos de “caminhante com
segurança” assim como tornar mais rigorosas as regras para dirigir veículos
motorizados e bicicletas, skates, patinetes etc.
No mínimo estaremos economizando na área da saúde, onde
parece faltar tudo.
Em tempo, nossas calçadas são faixas de servidão gratuita à
disposição das concessionárias...
João Carlos Cascaes
Curitiba, 24.5.2017
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