Envelhecimento, pessoa idosa, prioridades e a Engenharia
A pessoa idosa certamente foi agente ou paciente da tremenda
evolução tecnológica do século 20 e, agora, no século 21, a necessidade de
adaptação a cenários que assustam ou empolgam, dependendo do que possamos usar
e sentir.
Falar de celulares, tablets, computadores etc. é algo que
preocupa. Temos novos verbetes e frases que geram um processo de exclusão para
seres humanos sem escolaridade adequada e mais ainda a todos aqueles que
gradativamente perdem a eficácia por efeito de doenças, acidentes e o famoso
relógio biológico.
Parece que cometemos crimes hediondos quando não usamos “telemóveis”,
não dirigimos automóveis, não queremos sair correndo pelas ruas e parques,
recusamos convites até de amigos mais próximos e assim por diante.
Na terceira Idade
talvez sejamos vítimas de nossas decisões técnicas quando tivemos oportunidade
de mudar ou decidir com mais consciência o que agora usamos, como, por exemplo,
aquele apartamento que era o sonho da esposa, nele mergulhando sem avaliar de
forma adequada detalhes de acessibilidade (Desenho Universal), segurança
externa e urbanismo para reunir em uma palavra detalhes eventualmente mórbidos
de vilas que puderam crescer muito.
É muito difícil a autocrítica honesta e responsável que deve
conduzir o time sênior durante o tempo de vida restante, eventualmente algumas
dezenas de aniversários adicionais.
E a Política?
Extremamente triste é sentir que tecnocratas tendem a culpar
os aposentados pelos seus erros sistemáticos, inclusive morais no exercício de
atividades políticas e institucionais.
No Brasil mergulhamos em mais uma crise econômica e
financeira. Nossa pátria empobreceu e agora condena milhões de jovens ao
desemprego e empurra até gente aposentada para filas de esmolas e cartórios de
protesto. Governantes e seus asseclas pulverizaram fortunas. Querem agora que
esqueçamos tudo em arenas, carnavais, praias e feiras catando o que for
digerível.
Naturalmente, se pensarmos em Darwin, estamos em processo de
eliminação dos mais fracos. Se lembrarmos que o Brasil é um país com potencial
para sustentar e dar trabalho a centenas de milhões de pessoas, precisamos
procurar entender o poço em que mergulhamos.
Em tempo, os gerentes da Economia talvez venham a usar dados
de redução da expectativa de vida e usem isso em seus cálculos atuariais
opacos, mal explicados, deixando impunes empreendedores desonestos e irresponsáveis,
os verdadeiros donos do Poder.
Para nossa satisfação, principalmente entre os brasileiros
que abominam esmolas, sofrendo o que for necessário, talvez vejamos rigor e
celeridade no julgamento de inúmeros administradores públicos e seus patrões
ocultos. As máfias, contudo, procuram artifícios e nomeações fiéis a seus
quintais.
A Lava Jato, Zelotes e outras operações estão criando
processos inéditos no Brasil. Talvez muitos dos políticos que fizeram leis que
agora pretendem mudar não imaginassem que eles próprios seriam alvo do rigor do
Poder Judiciário no Brasil.
Com certeza todos os argumentos mais sofisticados serão
usados na defesa dos bandidos. Têm poder e dinheiro até para mudar a
Constituição Federal. É, portanto, fundamental que nosso povo mostre a cara,
não se deixe levar pelas fantasias que desesperadamente procuram gerar (até
verbas federais para o Carnaval Carioca, só ele?).
E os brasileiros idosos? Estão com vergonha? Nós, mais
velhos, talvez tenhamos sonhado com um Brasil melhor; desprezamos, contudo, a
vigilância cívica e a participação política. Imersos em questões secundárias
esquecemos o principal: o futuro de nossos filhos, netos, bisnetos, amigos e
amigas.
Estamos vivos? Podemos gritar? Votar melhor? Apoiar quem se
atreve a lutar?
O Gigante precisa acordar.
E a Engenharia? Considerada Ciência Exata por aqueles que
desprezam minúcias pode educar para o civismo. Técnicos e Engenheiros sabem que
não adianta enganar a Natureza. Data Vênia, nossos profissionais da Justiça
precisam enquadrar os criminosos, os velhinhos agradecem.
Estamos cansados de firulas jurídicas que estão
transformando o Brasil num campo de batalha, uma autêntica guerra civil entre
aqueles que cresceram sem escolas e creches ou simplesmente mal-educados (ainda
que em gaiolas de luxo) e o resto da população, trabalhadora, séria,
responsável.
Cascaes
Curitiba, 30,7,2017